Qual o verdadeiro motivo para intervenção na Síria? O Irã, Arábia Saudita ou a Europa?

Quanto mais velha fica uma superpotência, maior é o número de jogadas de xadrez que são antecipadas no jogo internacional, e quanto maior o número manobras diversionistas que forem feitas, melhor será o jogo.
 
A possível intervenção na Síria é tida pela maior parte dos “analistas internacionais de geopolítica” como uma estratégia de cercar o Irã, porém se for olhado com cuidado esta hipótese mais parece uma manobra diversionista do que o verdadeiro jogo.
 
Nos últimos cinco anos os Estados Unidos estão num novo surto de produção de hidrocarbonetos, o gás do xisto e as areias betuminosas do Canadá. Ambas as fontes de combustível tem duas características em comum, são abundantes e caras.
 
Para a extração do gás através do faturamento hidráulico ou o refinamento do betume das areias do Canadá, é necessário um preço do petróleo próximo aos US$100,00 o barril. Isto é facilmente verificável pela produção do gás por faturamento, pois todas as vezes que este preço atingiu valores da ordem de US$60,00 o barril, a produção destas fontes despencam. Um poço que produz gás por faturamento hidráulico, tem nos dois primeiros anos uma perda de produtividade em torno de 60%, logo, para manter a produção é necessário a abertura de novos poços, encarecendo em muito o produto final.
 
Devido a isto os Estados Unidos precisam de um preço alto no petróleo, não para a segurança de abastecimento, pois tanto uma como outra fonte está no seu território ou está no seu quintal, mas sim para manter a competitividade internacional e de preferencia acabar com a concorrência.
 
Quem compete com os Estados Unidos no mercado internacional? Europa, China e Índia, logo é necessário inviabilizar, ou pelo menos tornar cara, a produção industrial dos países que dependem de energia importada, para isto, o melhor que eles podem fazer é manter caro o preço do petróleo no mercado internacional e ter fontes de energia de menor custo no seu mercado, mesmo que esta seja cara, o importante é ser mais barata do que nos outros mercados.
 
Pode-se pensar que um dos objetivos dos Estados Unidos seja de dominando o mercado internacional de petróleo. Conquistando Iraque e a Líbia, e se for conquistado o Irã eles poderiam manter o preço alto artificialmente, porém como seus aliados europeus participam do saque do Iraque e da Líbia, não tem como garantir este truste.
 
Agora vamos aos fatos para tentar compreender a estratégia norte-americana. Tanto o Iraque como a Líbia não conseguem, e provavelmente não vão conseguir tão cedo, retomar a produção de petróleo que tinham antes das intervenções militares, pois zelosamente os verdadeiros amigos, os “radicais islâmicos”, não deixarão que isto ocorra.
 
Por outro lado a produção de petróleo do Irã e de outros países detentores de grandes reservas (como Nigéria e Venezuela) não deslancha e nunca deslancharão, ações de boicote as tecnologias mais sofisticadas de pesquisa e exploração de novos campos, que podem ser levadas por poucas empresas detentoras dessas tecnologias, inviabilizando o aumento da produção.
 
Resta somente um perigo, a Arábia Saudita. O reino com suas dezenas de príncipes e com uma voracidade de dólares para sustentar toda a família real, pode simplesmente pensar em aumentar a sua produção para gerar receitas. A produção de petróleo da Arábia Saudita está estagnada a anos, de forma confortável ela gera riquezas e satisfaz o “status quo” local, porém isto é garantido pelo atual Rei, ninguém sabe qual e como será o próximo!
 
Há pouco se começa a de um lado para outro ouvir-se vozes de príncipes contra a brutal e medieval dinastia saudita, algo muito conveniente, prepara-se com tempo o próximo Rei, um Rei talvez mais permeável aos ditames norte americanos e que terá uma primeira e grande missão. Desorganizar e diminuir a produção de petróleo da Arábia Saudita através de mais uma longa guerra.
 
Uma conclusão simples de tudo isto, é que o cerco é contra o Reino Saudita e o objetivo não é conquistar o domínio da produção do petróleo, é simplesmente inviabilizar o seu crescimento.
Redação

3 Comentários

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  1. Hydraulic fracturing, ou

    Hydraulic fracturing, ou apenas fracking, não se traduz por faturamento, como está no texto em várias oportunidades.

  2. Retificação

    De fato Andrei, Hydraulic Fracturing não poderia jamais  ser traduzido como “faturamento hidráulico”! Faturamento é um termo ligado às finanças e ao comércio. Na verdade, o termo mais adequado seria FRATURAMENTO” no sentido de quebrar, subdividir…

  3. Este texto foi corrigido por um corretor automático.

    Quando passou pelo corretor automático o Fraturamento Hidráulico passou para Faturamento Hidráulico. Ele é de 2013 e na época a palavra não existia no dicionário do corretor.

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