Dallagnol ganha dinheiro revendendo apartamentos do Minha Casa Minha Vida.

Dallagnol ganha dinheiro revendendo apartamentos do Minha casa minha vida.

O probo, impoluto e moralista Beltran Dallagnol seguindo a velha e conhecida lei de Gerson, aquela que diz: Quem não gosta de tirar vantagem em tudo, certo. Aproveitou-se dentro da legalidade para comprar dois imóveis que foram construídos com dinheiro do Minha Casa Minha Vida.

A translação é ilegal? Claro que não, para unidades que passam um pouco o mínimo do Minha Casa Mina Vida, as empresas podem vender no mercado estes imóveis para especuladores ganharem dinheiro com eles.

No caso do probo Dallagnol o mesmo que dedica suas horas de folga para promover jornadas contra a corrupção em Igrejas Evangélicas entre um e outro compromisso comprou dois imóveis de 55 metros quadrados de área privativa, um pouco maior do que os menores apartamentos da faixa mais baixa do Minha Casa Minha Vida, por 76 mil um e 80 mil o outro.

Estes apartamentos, segundo informações do Site Diário do Centro do Mundo estão sendo vendidos por 135 mil cada, o que resultaria num lucro especulativo do em torno de 50 mil reais cada um.

Há pouco tempo este procurador e pregador evangélico, disse que a grande diferença entre o Brasil e os Estados Unidos estava que enquanto naquele país foi um grupo de pessoas tementes a Deus enquanto que para o Brasil vieram ladrões e degredados.

Pois então vamos exatamente comparar as éticas e a moral de cada um deste grupo e depois fazer uma pequena análise da evolução da ética destes pioneiros tementes a Deus e degredados. Procurando entender em parte do por que da prosperidade daquele país do Norte em relação a nossa pátria

Para partir o raciocínio vamos nos basear na Suma Teológica de São Tomás de Aquino, obra máxima dos conceitos da moralidade Católica. Entendendo não só o procurador como a prosperidade dos nossos amigos do norte.

A Suma Teológica é um dos livros que bons fiéis Católicos deveriam seguir, já os protestantes não seguiam as mesmas normas, pois a Suma era Católica.

A Suma descrevia em detalhes os atos a serem seguidos pelos católicos como o descrito na sua parte II – Questão 77, onde é posta a seguinte pergunta:

É permitido no comércio vender algo mais caro do que se comprou?

A partir desta pergunta é desenvolvida uma longa digressão do que é válido para um cristão que queira seguir corretamente as escrituras. Para quem quiser saber mais sugiro que procure na Suma Teológica, porém para que não fique incompleta colocarei alguma de suas partes que resumem o pensamento deles.

Com efeito, Crisóstomo declara: “Todo aquele que compra uma coisa, para revendê-la inteira e tal e qual a adquiriu, com o fito de obter lucro, é um daqueles vendilhões, expulsos do templo”. E comentando as palavras da Escritura: “Porque não sei escrever”, ou, segundo outra versão: “porque ignoro o comércio”. Cassiodoro diz o mesmo: “Que é o comércio, senão comprar mais barato e vender mais caro?”. E acrescenta: “Tais comerciantes, o Senhor os expulsou do templo”. Ora, ninguém é expulso do templo a não ser por algum pecado. Logo, tal comércio é pecado.

Um pouco mais adiante São Tomás de Aquino considera uma tolerância quanto ao lucro da venda considerando dois tipos de lucro:

É próprio dos negociantes praticar a comutação dos bens. Ora, como explica o Filósofo, há duas sortes de comutações. Uma, como que natural e necessária, em que se troca uma coisa por outra, ou uma coisa por dinheiro, para satisfazer às necessidades da vida. Esse tipo de comutações não é próprio dos negociantes, mas dos chefes da casa ou da cidade, os quais devem prover a família ou a população, das coisas necessárias à vida. Outra espécie de comutação é a de dinheiro, ou de quaisquer objetos por dinheiro, não pelas necessidades da vida, mas em vista do lucro E tal é o negócio que pertence propriamente aos negociantes. Segundo o Filósofo, a primeira espécie de troca é louvável, pois está a serviço de uma necessidade natural. A segunda, porém, é reprovada com justiça, porque, de si mesma, fomenta a cobiça do lucro, que não conhece limite, mas tende ao infinito. Por isso, o comércio encarado em si mesmo, possui algo vergonhoso, pois, por sua natureza, não visa nenhum fim honesto ou necessário.

Ou seja, o lucro para suprir a necessidade da família ou para ajudar os necessitados é lícito e louvável, porém o lucro com o mero objetivo da cobiça, que não conhece limites, é algo vergonhoso por sua própria natureza, pois não visa um fim honesto e necessário.

De posse destes comentários podemos então chamar a atenção que na sociedade Católica Brasileira havia freios morais e éticos em relação ao enriquecimento, já na nação do norte estes freios não haviam.

Enquanto o católico via com reserva não só a seu enriquecimento como também a aparência externa de uma riqueza que não provinha do trabalho, os protestantes mais primitivos e suas seitas posteriores, como os evangélicos, não possuíam este mesmo tipo de ética.

Segundo descrito na famosa obra de Max Weber que o protestante via na busca metódica da riqueza como um verdadeiro dever moral, porém o pai da sociologia, nunca acusou os protestantes tradicionais, como religiões com objetivo de uma vida aquisitiva como um valor em si mesmo, mas sim um produto da vida acética dos mesmos.

A obra de Max Weber é terminada em 1920 e centrada nas religiões protestantes até o início do século XX, e com isto ele não consegue captar a centralização em conceitos antropocêntricos do pentecostalismo que são desenvolvidos posteriormente e tornando-se básicos na chamada terceira onda que chegou ao Brasil mais recentemente.

Há uma evolução da iteração crente Deus que a partir da primeira onda que chega ao Brasil com o surgimento das igrejas pentecostais clássicas (Assembleia de Deus, e outras). A teologia apocalíptica era centralizada na chegada de Deus, logo denominada por alguns como a onda do “Deus dos carismas”.

Com a chegada da segunda onda, caracterizada pelas igrejas Deus é Amor, Evangelho Quadrangular e outras, a centralidade da religião acrescenta os milagres como manifestação divina, tornando estes cultos mais com viés utilitário da aprovação do senhor através de curas, prodígios e milagres, esta fase há uma inversão na fé, passando do “Deus dos carismas” da primeira onda para “Os carismas de Deus”, ficando este a serviço do homem e não ao contrário.

Com a última onda dos movimentos pentecostais, inaugura-se a Teologia da Prosperidade, onde a ideia de troca de favores entre o divino e o humano torna o Deus um ser utilitário, que se pagando se recebe. Ou seja, como já citado inaugura-se uma teologia antropocêntrica, onde Deus é um objeto de troca.

Mesmos as igrejas de primeira e segunda onda passam lentamente a aderir à teologia da prosperidade, uma teologia antropocêntrica, sendo que a partir deste momento Deus serve ao homem e não ao contrário como na origem do protestantismo Luterano, Calvinista e outros.

Esta mudança fundamental, fruto impregnação do utilitarismo das religiões aos anseios econômicos do capitalismo, levam que a ética do lucro se transforme, passando de algo quase que imoral a algo desejável e a ser incentivado como é feito na maioria dos cultos pentecostais.

O que procuro demonstrar é que dentro da sociedade brasileira, a lei de Gerson, que era algo até certo ponto vergonhoso, passa ser algo desejado, mesmo para as pessoas que se declaram cristãs, e olhando-se o evangelho e as palavras que se atribuem a Cristo, não se encontram justificativas para alguém que se diz religioso comprar algo que valia X e vende-la por valores bem mais altos obtendo o que se chama lucro especulativo. pois seria expulso do templo por estar lá comercializando.

É ilegal? Não. É imoral? Depende da posição ética e religiosa que cada um propagandeia e faz seu cavalo de batalha.

Redação

1 Comentário

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  1. rdmaestri,
    Peço desculpas

    rdmaestri,

    Peço desculpas pelo tratamento simplista, e até mesmo grosseiro, a abordagem que deste ao tema em questão. A explicação, não a justificação, é que somente hoje é que fui perceber que já havia um post analisando o tema. Incidi no mesmo erro que sempre aponto nos outros: a pressa em dar opiniões sem a devida reflexão. Com o agravante do apelo aos juízos terminativos.

    Afirmo agora que li e gostei do teu artigo e, sem ousar receber qualquer condescendência da tua parte, realmente é(era, à época) merecedor de uma análise mais acurada. Decerto que não concordo  100%, mas também é raso que está bem embasado e merece uma reflexão. 

    Um abraço.

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