Talvez o Gigante que esteja acordando.

Talvez o Gigante que esteja acordando.

No dia que saíram as revelações do Joesley Batista simplesmente uma boa parcela da população que até aquele momento estava dormindo acordou. Estavam dormindo simplesmente porque na verdade o que este empresário revelou foi simplesmente um velho segredo de Polichinelo.

As revelações de Joesley foram mais importantes do que todos os depoimentos dos empresários do setor da construção na Lava-Jato. Quando iniciou tanto o processo das propinas na Petrobras, para muitos estas ficavam restritas ao setor de petróleo e gás estatal, ou seja, uma corrupção ligada diretamente ao governo nas duas pontas, o governo como proprietário da empresa e os beneficiários também pertencentes a coligação governamental. O que se viu foi uma reprodução de alguns esquemas fraudulentos, como a famosa lista de Furnas que não teve a mesma divulgação que o caso da Petrobras, mas para quem sabia colocava na mesma pasta.

Agora Joesley revela algo que a imensa parte da população sabia que existia, mas não tinha noção da intensidade da mesma, a corrupção de agentes públicos em todos os poderes para transferir recursos para empresas privadas. Nesta linha segue-se o caso de Eike Batista e de mais centenas de outros casos que começam a ficar evidentes não porque fossem inexistentes, mas sim porque as pessoas se acordaram do longo sonho.

Todas estas denúncias, que incorporaram além de figuras do executivo e legislativo, chegam até ao judiciário e beira ao ministério público. Parece que de uma hora para outra o país se desmanchou. Discursos inflamados de políticos, de jornalistas e do público em geral trazem do passado cadáveres que já estavam enterrados, as corrupções dos governos militares e dos governos civis posteriores e anteriores começam a ser divulgadas, e o que ocorre? Por enquanto nada, pois quando um gigante desperta ele ainda passa algum tempo para adquirir a sua total consciência dos que passa ao seu redor.

Se alguém se der ao trabalho de verificar decisões estranhas nos tribunais desde a primeira instância até o Supremo, verá que juízes e promotores nunca foram, o que alguns fantasiavam como, arautos da decência e da probidade.

Já há algum tempo atrás escrevi que os promotores da Lava-Jato estavam conspirando contra o capitalismo brasileiro, pois simplesmente eles por outros objetivos, abriram um pequeno furo num dique e diferentemente da lenda do menino holandês não veio ninguém para colocar o dedo no furo. O furo foi aumentando, a quantidade de água que passava virou uma inundação, e o desastre está ficando quase que incontornável, pois não se acha ninguém para agora com uma comporta de grandes dimensões tapar a passagem da água.

A grande conclusão que podemos chegar é o que mudou não foi à situação política e a ética dos atores políticos no Brasil, o que mudou foi à capacidade de observação do público que olha o desastre. A evolução do processo mostra não só que o rei está nu, mas sim a corte inteira. Por outro lado o conhecimento da situação pode a curto e médio prazo levar a predisposição de todos para mudanças mais relevantes no sistema de poder.

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador