Temer não cai porque temos um golpe tipo Coitus interruptus.

 

Não pensem que o bjetivo do Golpe era a colocação de Temer para ganhar tempo e com as “reformas” relançar a economia brasileira e posteriormente ganhar as eleições.

O problema deste golpe é que o mesmo está como o método de anticoncepção do tipo Coitus interruptus, ou seja, antes de se chegar ao gozo final estão tendo que interrompê-lo, porém como todo o final do método resta à necessidade de aliviar as tensões resultantes do coito.

Mesmo não querendo ser chato e repetitivo, vou ter que ser chato e repetitivo na posição que mantenho desde mais de dois anos, os golpistas e seus assessores da CIA simplesmente são AMADORES, agora podemos citar os assessores nominalmente com as benesses do General Etchegoyen, que até nos deu o nome dos personagens.

Como amadores em termos de golpes procurando inovar em termos de base de sustentação, tentaram realizar um golpe com uma base no judiciário, com isto os mesmos entraram numa enrascada, pois, como sempre, quando se tenta inovar a chance de erro aumenta em muito.

Vamos aos fatos:

Os golpes tradicionais utilizavam como base de sustentação as forças armadas dos países ou as polícias militares ou ainda outras milícias armadas. Os golpes a partir de uma situação de desequilíbrio gerada de fora para dentro, como bem descrito por ex-agentes da CIA, geralmente com razões ideológicas para motivar as forças militares ou paramilitares contra um inimigo interno apoiado por algum imaginário inimigo externo.

A lógica seria deixar o governo Dilma progredir assim como conspirações delirantes, como o perigo do Fórum de São Paulo, ou mesmo a possibilidade de invasão de tropas bolivarianas, podia se bem trabalhado o enredo e com atentados ou mesmo supostas conspirações para atentados, motivar as forças armadas para intervir no país.

O problema principal deste tipo de golpe é que quando as forças armadas do país tem alguma pretensão maior do que ser guarda pretoriana do poder nacional civil, ou mesmo ser gerente interno das grandes nações, no momento que estas se instalam no poder podem vir à cabeça de seus comandantes sonhos de hegemonia regional supranacional. Esta última pretensão, que num mundo multipolar com mais de uma grande nação suficientemente armada, pode num surto de independência local se tornar atrativa, e com isto o objetivo principal do golpe é pior do que abortado, volta-se contra o que se planejava.

Com esta perspectiva abandonou-se a tradicional metodologia golpista que foi utilizada por mais de um século com sucesso. Deixada de lado a prática habitual, passou-se a uma nova prática que foi executada em outros países, o golpe parlamentar com o apoio do judiciário.

Assim como os exitosos golpes em Honduras e no Paraguai, procurou-se repetir a mesma sistemática, entretanto vem o segundo problema que não foi avaliado por todos, o problema de escala. Da física todos sabem que um mosquito ou outro inseto pode caminhar sobre a água, porém mesmo sempre havendo sobre a água o que se chama a tensão superficial que garante que os insetos se mantenham fora desta, quando se tenta colocar um elefante a caminhar sobre a água certamente ele afunda, exatamente por problema de escala.

Num país como Honduras ou mesmo o Paraguai o número de atores para perpetuar o golpe é reduzido e facilmente mapeável, porém num país como o Brasil este número é de uma ordem de grandeza muito maior do que nos países anteriores, então o elefante não caminhará sobre a água, pois existem outras forças com interesses conflitantes que puxarão para o seu lado os desígnios do golpe.

As contradições existentes entre os interesses das diversas oligarquias nacionais impedem que o golpe se realize até o fim, e neste caso o fim do golpe só poderá ser obtido pela implantação de um regime de exceção onde os outros lados, os russos de Garrincha, não tenham tempo para reorganizar o contra-ataque.

Para evitar o contra-ataque se lançaria mão do judiciário principalmente de atores devidamente treinados pela CIA ou por outros departamentos de estado norte-americano. Como pretexto de eliminar a oposição, a corrupção já bem conhecida exatamente por aqueles que monitoram os sistemas de escuta e espionagem seria o mote do golpe no lugar do perigo vermelho do passado.

De novo aqui entra o problema de escala, um país em que cada juiz, procurador e delegado da polícia federal agem sem uma coordenação central, o combate à corrupção como foco pode atingir os indesejáveis aliados do momento.

Ao mesmo tempo em que a situação interna do país se torna cada vez mais confusa para os golpistas e a base do governo derrubado começa a se recompor, os monitores do exterior tem em seu próprio país uma situação que desorganiza as agências de inteligência que necessitam trabalhar em casos bem mais complexos e sérios em termos de segurança de seus postos e empregos. Perdem o roteiro e não possuem uma inteligência disponível para reorganizar todo o imbróglio.

Poderiam até procurar como solução o uso das forças armadas nacionais, porém com o desenvolvimento dos processos judiciais contra aliados do golpe, com o desgaste dos personagens chaves para uma nova formatação de poder, a hipótese de uma intervenção militar é tomada por um bando de criaturas mais incertas que o governo ilegítimo instalado.

Forças saídas de trevas medievais tomam a bandeira do intervencionismo, com discursos desconexos e com uma ideologia confusa e desagregadora. Numa situação normal de um golpe militar pré-programado com cuidado e precisão, estas forças que foram despertadas propositalmente para servir de primeira linha no embate, não serão facilmente descartadas no momento da estabilização de um golpe com um regime de exceção, podendo as mesmas até tomar o lugar dos elementos mais confiáveis.

De posse a toda esta confusão, adota-se a velha prática de anticoncepção, o Coitus interruptus, ou seja procura-se uma saída para parar o golpe, porém como no caso do antigo métodos anticoncepcional em algum lugar deve-se aliviar as tensões.

Redação

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