A rota metalúrgica de produção de silício grau solar: uma oportunidade para a indústria brasileira?

Resumo
Este artigo tem o propósito de apresentar um quadro da indústria de geração de energia fotovoltaica no mundo e no Brasil e, em particular, da produção de seu principal insumo, o silício cristalino em grau solar (SiGS), com o qual se produzem as células fotovoltaicas. Inicialmente, apresentam-se as características e a ocorrência do silício e suas principais aplicações, enfatizando sua utilização na produção de módulos fotovoltaicos. Em sequência, discorre-se sobre a produção e o mercado global tanto de energia fotovoltaica quanto de SiGS. São feitas considerações sobre a viabilidade da produção, no Brasil, de SiGS pela rota metalúrgica, para suprimento do mercado interno e para que possa vir a ser um fornecedor em nível mundial, bem como para incentivar e ampliar o uso da energia fotovoltaica no país. Por fim, apresenta-se o papel que o BNDES pode desempenhar no estímulo ao desenvolvimento e fortalecimento da produção doméstica desse insumo.

BNDES Setorial 40—setembro de 2014-(pdf-482 pgs-15.9MB)Publicação semestral editada em março e setembro

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A rota metalúrgica de produção de silício grau solar: uma oportunidade para a indústria brasileira?__p. 205-234

Pedro Sérgio Landim de Carvalho—Pedro Paulo Dias Mesquita—Marco Aurélio Ramalho Rocio(*)

(*)Respectivamente, gerente, economista e geólogo do Departamento de Indústria de Base da Área de Insumos Básicos do BNDES. Os autores agradecem a colaboração do pesquisador João Batista Ferreira Neto, do Centro de Tecnologia em Metalurgia e Materiais do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), e da Companhia Ferroligas de Minas Gerais (Minasligas).

O silício e suas aplicações
Silício

O silício, de símbolo Si, é um elemento químico pertencente ao
grupo 14 (IV-A) da Classificação Periódica dos Elementos, de número
atômico 14 (14 prótons e 14 elétrons) e com massa atômica igual a 28 u.
À temperatura ambiente, encontra-se no estado sólido. Apresenta-se tan-
to na forma amorfa quanto na forma cristalina, em estrutura octaédrica,
de coloração azul acinzentado e brilho metálico. É um elemento relati-
vamente inerte e resistente à ação da maioria dos ácidos, mas reage com
halogênios e bases. O silício transmite mais de 95% dos comprimen­tos
de onda das radiações infravermelhas. Está presente em minerais como
as argilas, os feldspatos e o quartzo, normalmente na forma de dióxido
de silício ou sílica (SiO 2 ) e de silicatos (compostos contendo silício,
oxigênio e metais). É o principal componente do vidro, do cimento e
da cerâmica, da maioria dos componentes semicondutores eletrônicos
e dos silicones.
Industrialmente, a produção de silício se dá na forma de silício me-
tálico (metalúrgico) ou na forma de liga ferrossilício. A liga ferrossilício
responde por cerca de 94% da produção de silício, com base no peso, e por
cerca de 75% em conteúdo de silício. Os maiores produtores mundiais de
ferrossilício são China, Rússia, Estados Unidos da América (EUA), Brasil
e Ucrânia. Em termos de silício metalúrgico, os maiores produtores são,
respectivamente, China, Brasil, EUA, França e Noruega.
A produção mundial de silício metalúrgico somada à de silício contido
na liga ferrossilício foi de 7.700 mil toneladas, em 2013. O Gráfico 1 apre-
senta a participação dos principais produtores na produção mundial de silí-
cio (metalúrgico e contido em ferrossilício) nesse ano.
Apesar de ser um dos maiores produtores mundiais, o Brasil, com uma
produção de 170 mil toneladas em 2013, apresentou queda de cerca de 19%
em relação ao ano anterior.
Cabe observar que o silício metalúrgico é a matéria-prima para a
produção do silício cristalino, usado na produção de células fotovoltai-
cas, que representa atualmente entre 8% a 10% do total do consumo do
silício metalúrgico.

Ocorrência na natureza
O silício não é encontrado no estado nativo; apenas seus compostos po-
dem ser encontrados na natureza. É o segundo elemento mais abundante e
perfaz mais de 28% da massa da crosta terrestre. Em abundância, fica atrás
apenas do oxigênio, que compõe quase a metade da crosta. Na água do mar,
sua concentração é relativamente baixa, com apenas três miligramas por
litro. No espaço, pode-se encontrar um átomo de silício para cada 30 mil
átomos de hidrogênio.
O principal componente mineral em que o silício está presente, e principal
fonte de exploração, é o quartzo (SiO 2 ), um dos mais abundantes minerais
da crosta. O elemento está presente ainda nos minerais de argila, como a
caulinita (silicato de alumínio hidratado) e a montmorillonita (silicato de
alumínio, magnésio e cálcio hidratado). O silício também é um componente
essencial da maioria das rochas que formam a crosta terrestre, por exemplo,
arenitos e granitos.
Aplicações
O silício é um elemento indispensável em várias indústrias. A areia
quartzosa e a argila, por exemplo, são importantes constituintes na
produção do cimento portland. É também utilizado para a produção
de ligas metálicas, de silicones e de cerâmicas industriais e, por ser
um material semicondutor abundante, tem um interesse muito espe-
cial na indústria eletrônica, em que é empregado como material bási-
co para a produção de transistores para chips, de células fotovoltaicas e
de circuitos eletrônicos.

Outros importantes usos do silício são como componente em:
•     vidros e cristais;
•     carboneto de silício, um importante abrasivo;
•     fontes de laser.
Uso do silício na geração fotovoltaica
O uso de células fotovoltaicas (Figura 1) para a obtenção de eletri-
cidade vale-se da conversão da energia proveniente da radiação solar.
A essa conversão dá-se o nome de efeito fotovoltaico. A primeira gera-
ção de células fotovoltaicas é constituída por células de silício cristalino,
que consistem de uma lâmina de silício na qual é formada uma junção
metalúrgica P-N. 1
O efeito fotovoltaico foi descoberto, em 1839, por Edmond Becquerel
(1820-1891). Entretanto, só após 1883 as primeiras células fotovoltaicas
foram construídas, por Charles Fritts (1850-1903), que cobriu o selênio
semicondutor com uma camada extremamente fina de ouro, de modo a
formar junções. Atualmente, cerca de 89% das células fotovoltaicas são
produzidas com silício.

O silício – elemento semicondutor – possui quatro elétrons em sua últi-
ma camada, compartilhados por ligações covalentes sem liberdade de mo-
vimentação. O silício não é um bom condutor de eletricidade. Quando o
silício é dopado com fósforo (elemento do Grupo V da Tabela Periódica),
por exemplo, que tem cinco elétrons na última camada, restará um elétron
livre ou não compartilhado. Uma pequena energia é capaz de movimentar
esse elétron. Esse tipo de silício dopado com fósforo é chamado tipo N
(N, de carga negativa).
Quando o silício é dopado com boro (elemento do Grupo III da Tabela
Periódica), que tem três elétrons na última camada, restará uma lacuna
(ausência elétrons) para ser ocupada por um elétron. Constitui-se, assim,
um silício do tipo P (P, de carga positiva).
Na junção P-N, ocorre um desequilíbrio de cargas e, consequentemente,
um campo elétrico é formado.
A incidência de luz (fótons) excita os elétrons, o que os faz fluir de um
lado a outro. Esse fluxo de elétrons produz uma corrente elétrica e uma di-
ferença de potencial elétrico. Assim funciona a geração fotovoltaica.

O conjunto de células fotovoltaicas chama-se placa fotovoltaica. As pla-
cas fotovoltaicas baseadas em silício não são as mais eficientes. A eficiência
teórica fotovoltaica de uma célula de silício chega a 33%. O rendimento de
conversão de uma célula comercial produzida com silício monocristalino é
de 18% a 20%, enquanto o da célula com silício multicristalino é de 15%
a 16%. O melhor material para aplicação fotovoltaica é composto de arse-
nieto de gálio. Entretanto, o silício é muito mais viável economicamente,
já que o gálio é um elemento escasso.

O SiGS – rotas tecnológicas
O silício comercial é obtido a partir da sílica de alta pureza em forno de
arco elétrico pela redução(2) do dióxido de silício(SiO2) com eletrodos de
carbono a uma temperatura superior a 1.900°C.
O silício líquido se acumula no fundo do forno, de onde é extraído e
resfriado. O silício produzido por esse processo é denominado metálico ou
metalúrgico e apresenta um grau de pureza de até 99,5%.
Para a construção de dispositivos semicondutores, é necessário um silí-
cio de maior pureza, que pode ser obtido por métodos físicos ou químicos.
Os métodos físicos de purificação do silício metalúrgico baseiam-se
na maior solubilidade das impurezas contidas no silício líquido, de forma
que este se concentre nas últimas zonas solidificadas. O primeiro método,
usado de forma limitada para construir radares durante a Segunda Guerra
Mundial, consiste em moer o silício de forma que as impurezas se acumulem
nas superfícies dos grânulos, dos quais, por dissolução ácida, obtém-se um
pó mais puro. A fusão por zonas, o primeiro método de obtenção industrial,
consiste em fundir a extremidade de uma barra de silício e, depois, deslocar
lentamente o foco de calor ao longo da barra, de modo que o silício vai se
solidificando com uma pureza maior, em razão do arrasto, na zona fundida,
de grande parte das impurezas. O processo pode ser repetido várias vezes
até se obter a pureza desejada, cortando-se, então, a extremidade em que se
acumulam as impurezas.
Os métodos químicos de purificação do silício atualmente emprega-
dos atuam sobre um composto de mais fácil purificação, que se decompõe
para a obtenção do silício. Os compostos mais usados são o triclorossilano

(HSiCl3), o tetracloreto de silício (SiCl4 ) e o silano (SiH4).

No processo Siemens de purificação, as barras de silício reduzido ou
metalúrgico (cujo grau de pureza chega até a 99,5%) são expostas, à tem-
peratura de 1.150°C, ao gás triclorossilano, que se decompõe e deposita o
silício puro nas barras, fazendo com que se atinja uma pureza aproximada
de 99,9999999%. A decomposição do triclorossilano se dá segundo a se-
guinte reação:

2 HSiCl3 → Si + 2 HCl + SiCl4

O silício obtido por esse método e por outros similares apresenta uma
fração de impurezas de uma parte por bilhão ou menos e é denominado si-
lício policristalino.
O processo DuPont consiste em reagir tetracloreto de silício, à tempe-
ratura de 950°C, com vapores de zinco, na reação:

SiCl4 + 2 Zn → Si + 2 ZnCl2

Esse método, entretanto, está repleto de dificuldades (por exemplo, o clo-
reto de zinco, subproduto da reação, solidifica-se e provoca a obstrução das
linhas de produção), por isso foi abandonado em favor do processo Siemens.
O silício policristalino pode ser produzido em diferentes graus de pu-
reza. O silício de grau eletrônico (SiGE) apresenta o mais alto grau de
pureza e é utilizado para a fabricação, pelo método Czochralski, do silício
monocristalino, que é usado nas indústrias de semicondutores e fotovoltai-
ca. Esse silício de alta pureza requer mais energia para sua purificação em
comparação com o SiGS, de pureza inferior, que é utilizado para fabricar
lingotes ou faixas policristalinas. A vantagem do silício monocristalino re-
side em resultar em módulos de mais alta eficiência quando comparado ao
silício policristalino.
Pelo fato de a indústria fotovoltaica permitir o uso de silício menos puro
do que a indústria de semicondutores, os passos da rota química tradicional
foram modificados para consumir menos energia. A destilação, nesse caso,
pode ser conduzida mais facilmente e a deposição do silício pode ser feita
em um reator de leito fluidizado, em vez de em um reator de tipo Siemens.
Outra possibilidade é a purificação do silício de grau metalúrgico
(SiGM)
por meio de rota metalúrgica para a produção do chamado silício
de grau metalúrgico melhorado (SiGMM), a partir do qual se obtém o SiGS
[De Wild-Scholten (2008)].
O mercado fotovoltaico e o mercado do silício cristalino
A energia fotovoltaica é uma das principais fontes renováveis a despontar
como alternativa às fontes tradicionais de geração de energia.
A Europa é líder em capacidade de geração acumulada e responde por
aproximadamente 70% da capacidade mundia
l. Em 2012, na União Europeia,
a energia fotovoltaica apresentou a maior expansão em termos de adição de
nova capacidade instalada entre os diversos meios de geração de energia elé-
trica, com adição de 16,7 GW de capacidade, contra 11,7 GW de energia de
geração eólica e 5,0 GW de geração a gás (saldo líquido, incluindo desmo-
bilizações), segundo dados da European Photovoltaic Industry Association
[EPIA (2013)]. Para ter uma referência da dimensão desse aporte de capa-
cidade, cita-se a Hidrelétrica de Itaipu, no Brasil, que possui capacidade de
14 GW de geração.
Ainda segundo dados da EPIA, a capacidade de geração fotovoltaica
acumulada mundial superou a marca de 100 GW,
volume capaz de gerar
110 TWh anualmente, suficiente para suprir o consumo de 30 milhões de
residências europeias.
A partir da rápida expansão observada na última década, a indústria fo-
tovoltaica é, atualmente, o principal demandante do silício metálico produ-
zido mundialmente, superando em larga escala a demanda voltada para a
indústria de semicondutores.
A cadeia fotovoltaica
A indústria fotovoltaica é composta pelas empresas envolvidas nas di-
versas etapas de produção de sistemas fotovoltaicos, como mostrado pela
Figura 2.

A cadeia é composta principalmente pelas empresas responsáveis pela
produção de módulos, células, wafers e SiGS. A indústria inclui, também,
os produtores dos demais componentes que integram o sistema de geração
(baterias, controladores de carga e inversores), a exemplo das brasileiras
Moura e Weg. O elo final da cadeia é o investidor que decide pela aqui-
sição dos sistemas fotovoltaicos, a partir da análise dos ganhos potenciais
com a geração da energia.
Os módulos fotovoltaicos são formados por células, produzidas a par-
tir dos wafers (lâminas) de silício cristalino, que, por sua vez, derivam de
processos de cristalização do SiGS.
A produção mundial de silício cristalino, estimada em 228 mil tonela-
das em 2013, é muito concentrada em um número pequeno de empresas,
as quais respondem por 90% da produção total. Os principais líderes em
produção são as empresas Wacker Chemie (Alemanha), Hemlock (EUA),
GCL Solar (China) e OCI Company (Coreia do Sul).
Já a produção de wafers tende a ser mais pulverizada, enquanto a pro-
dução de células é muito concentrada na China, liderada pela Suntech
Power, que também é a maior produtora mundial de módulos. Em geral,
a montagem do módulo é realizada nas unidades produtoras de células,
sendo estas as etapas com maior ocorrência de verticalização na cadeia
produtiva. Em alguns casos, a montagem pode ser realizada em unidades
menores próximas aos mercados consumidores, a fim de reduzir o custo
de transporte.
Trata-se de uma cadeia pouco verticalizada, com fluxo importante de
comércio entre as diversas etapas, o que é refletido na alternância de po-
sição das empresas entre as líderes de produção em cada etapa.
A cadeia tem vivenciado uma situação de sobreoferta nos últimos anos,
o que tem pressionado as margens e elevado a pressão sobre os custos,
levando à migração de unidades produtivas para países asiáticos, com
custos mais competitivos.
Somando-se a isso o avanço da política chinesa de desenvolvimento
interno da tecnologia fotovoltaica, o mercado deverá observar, nos próxi-
mos anos, uma concentração ainda maior da cadeia em produtores chine-
ses e de demais países asiáticos.
Evolução da energia fotovoltaica e da
demanda por silício de alta pureza
O mundo e, principalmente, a Europa assistiram, a partir de 2000, a
uma rápida evolução na geração de energia fotovoltaica, com um cresci-
mento médio anual de 44% da capacidade instalada acumulada entre 2001
e 2012. O Gráfico 2 apresenta a evolução da capacidade instalada acumu-
lada mundialmente.

A expansão da capacidade acumulada, que se deu em larga escala na
Europa, é resultado de incentivos de diversos países na busca de uma ma-
triz enérgica mais limpa e renovável, avanços na regulação voltada para
geração e distribuição da energia gerada e tecnologias aplicadas à produ-
ção, com a consequente redução nos custos dos equipamentos.
A renovação da matriz energética através de fontes de energia lim-
pas e renováveis é uma estratégia consolidada na busca conjunta da re-
dução de emissões de CO 2 e consequentes impactos ambientais. Assim,
programas de incentivos têm sido utilizados para encorajar a indústria
fotovoltaica a atingir a escala necessária para competir com outras fon-
tes de geração de energia. Tais programas possuem ainda outras mo-
tivações, como a promoção de independência energética e o domínio
da tecnologia aplicada.
Esses programas, associados à definição de regras claras para a geração
e comercialização e à redução progressiva do custo de geração, levaram ao
crescimento robusto da nova capacidade instalada a cada ano, com refle-
xo direto na elevação da demanda por SiGS, o qual representa atualmente
90% da demanda total mundial por silício cristalino
. Em 2012, a demanda
mundial pela indústria fotovoltaica foi de aproximadamente 6,5 vezes a
demanda da indústria de semicondutores.

A evolução ocorrida nos últimos anos demonstra uma dependência
muito grande do volume anual de novas instalações de sistemas de ge-
ração fotovoltaicos em relação aos programas de incentivos adotados.
Como exemplo, o mercado observou taxas explosivas de crescimento en-
tre 2004 e 2011, suportadas principalmente pela expansão em dois países,
Alemanha e Itália, como reflexo de elevados incentivos implementados
por ambos. Por conta disso, a projeção da demanda futura é um grande
desafio para os analistas, que constantemente subestimam a demanda real
observada a cada ano.
A evolução irregular da demanda, associada ao longo prazo e elevado
investimento para implantação de novas plantas, tem levado historicamen-
te a um comportamento cíclico do mercado, alternando entre períodos de
escassez e excesso de oferta, com reflexo direto nos preços do silício, que,
por sua vez, replicam esse comportamento cíclico, com elevada amplitude
entre os preços máximos e mínimos nos últimos anos.

O cenário recente do mercado de silício foi marcado por uma bai-
xa taxa de crescimento de novas capacidades em potência fotovoltaica.
Segundo dados de EPIA (2013), o volume instalado no mundo, em 2012,
cresceu apenas 2,32% (Gráfico 3) em relação ao ano anterior, enquanto
na Europa houve no mesmo ano uma redução de 23,43%,
parcialmente
explicada por uma relativa estabilização do mercado alemão e pela queda
brusca das novas instalações na Itália, após o boom verificado em 2011.

Assim, o mercado observou uma queda da participação da Europa em
2012, o que deve ser uma tendência também para os próximos anos, com
crescimento mais acelerado nos países com maior potencial de geração
solar (maiores taxas de irradiação) em comparação com um mercado eu-
ropeu mais maduro e menos impulsionado por políticas de governo.

Para os próximos anos, são projetados cenários considerando tanto o
mercado atuando livremente como dirigido por políticas de incentivo, o
que demonstra o quanto, no estágio atual, o mercado ainda é influenciado
pelas decisões políticas, enquanto o desenvolvimento pelas leis de merca-
do depende da redução dos preços dos sistemas de geração, a exemplo do
ocorrido em 2012.
Considerando a realidade atual de adoção de políticas de governo vol-
tadas para a geração de energia fotovoltaica, espera-se um crescimento da
demanda por silício cristalino em torno de 20% ao ano de 2014 a 2017, al-
cançando um volume em torno de 250 mil toneladas em 2014 e quatrocentas
mil toneladas em 2017, de acordo com dados divulgados na apresentação
de Schmid Silicon Technology no V Congresso Brasileiro de Energia Solar,
realizado no Recife, de 31 de março a 3 de abril de 2014.

Oferta
Impulsionado pelos programas de incentivos e pelo crescimento acele-
rado da nova capacidade instalada em 2007 (158%) e em 2010 (130%), o
mercado observou uma grande elevação da oferta nas diversas etapas da
cadeia fotovoltaica nos últimos anos.
Segundo relatório de junho de 2012 da Associação Brasileira da Indústria
Elétrica e Eletrônica (Abinee) [Abinee (2012)], ao fim de 2011 a capacidade
anual de produção de células fotovoltaicas era de 57,9 GW, enquanto a de-
manda por nova capacidade nesse ano foi de 30,4 GW. As taxas de cresci-
mento da oferta situaram-se entre 36% e 120%, de 2007 a 2011, notando-se
maior crescimento na Ásia, com China e Taiwan respondendo, juntas, por
68% da oferta mundial em 2011.
A partir do aprofundamento da crise iniciada em 2008, principalmente na
Europa, o mercado observou uma redução da taxa de crescimento da deman-
da, o que agravou o excesso de capacidade da indústria, levando à mais acen-
tuada reversão observada no setor. Segundo Meza (2014), em 2013 os gastos
com equipamentos para geração solar reduziram-se para US$ 1,73 bilhão,
o menor valor em oito anos, em contraste com o pico de gastos de aproxima-
damente US$ 13 bilhões em 2011.
O excesso de capacidade levou também
à queda acentuada dos preços dos sistemas de geração nos últimos anos,
causando o fechamento de fábricas de células menos competitivas, obriga-
das a deixar o mercado.
Com base nos dados de EPIA (2013), haveria uma sobrecapacidade ain-
da maior para produção do silício cristalino, o que justificaria a queda mais
acentuada verificada nos preços. O pico dos gastos com equipamentos e a
consequente elevação dos preços do silício cristalino levaram ao aumento
da capacidade produtiva, em um cenário que já era de sobreoferta de siste-
mas de geração. O excesso de capacidade para produção de silício levou à
queda significativa das taxas de utilização mesmo dos grandes produtores
de baixo custo, ocasionando queda acentuada dos preços.

A elevada disponibilidade de oferta de silício e a difusão de tecnologias
de purificação mundialmente configuram um mercado muito competitivo,
de margens operacionais reduzidas.
Além disso, a expansão futura da ge-
ração de energia fotovoltaica depende da competitividade dessa fonte em
relação às demais fontes de energia, o que pressiona ainda mais a indústria
a reduzir os custos de produção dos sistemas geradores.
A queda do preço da energia solar, possibilitada pela queda dos cus-
tos dos sistemas de geração, observada ao longo dos anos, gera um oti-
mismo em relação ao alcance futuro da paridade de preços com formas
convencionais baseadas em combustíveis fósseis, o que levaria a enorme
expansão do mercado fotovoltaico. Segundo o prêmio Nobel de Economia
Paul Krugman [Krugman (2011)],
“se a tendência de queda de preços
continuar – e parece que de fato está se acelerando –, em poucos anos atin-
giremos o ponto em que a eletricidade gerada pelos módulos solares se tor-
na mais econômica que a eletricidade gerada pela queima de carvão”.
Essa
expectativa e a busca do domínio das tecnologias de purificação e fabrica-
ção de mais baixo custo podem ser consideradas fator indutor da oferta de
silício cristalino.

Em 2012, o preço de SiGS atingiu o valor mínimo de US$ 15,35/kg, e
os principais produtores de silício cristalino, Wacker Chemie (Alemanha),
Hemlock Semiconductor (EUA), GCL Solar (China) e OCI Chemical
Corporation (Coreia do Sul), responderam, juntos, por mais de 60% da pro-
dução mundial. A China é o maior produtor mundial de silício cristalino,
com produção em torno de 70 mil toneladas em 2012, voltada para o aten-
dimento da demanda interna da indústria chinesa, que concentra a produção
de células fotovoltaicas, liderada pela Suntech. A produção dos demais paí-
ses, após atendimento de suas demandas internas, é parcialmente exportada
para fabricação de células e módulos chineses.
Por fim, pode-se constatar que os anos de 2011, 2012 e 2013 foram ca-
racterizados por um enorme desequilíbrio do mercado gerado por escalada
de elevação de oferta, em um contexto de pico da demanda pela geração
fotovoltaica em 2010, não sustentada nos anos posteriores. Para os próxi-
mos anos, espera-se que o crescimento da oferta ao longo da cadeia ocorra
em patamares mais sustentáveis, amenizando os desequilíbrios entre oferta
e demanda observados historicamente.
Nos itens “Preços” e “Tendências de preços e custos”, a seguir, faz-se
uma análise mais detalhada do comportamento recente dos preços e custos
para uma avaliação das tendências do mercado de silício.

Preços
Nos primeiros quatro meses de 2011, em função da expectativa favorá-
vel de aumento da demanda por energia fotovoltaica, o estoque mundial de
painéis atingiu um volume equivalente a 10 GW. Nesse processo de estoca-
gem, toda a cadeia produtiva sofreu pressão de alta de preços, especialmente
os preços do silício cristalino, produto de maior consumo na fabricação de
módulos fotovoltaicos. Todo esse movimento, entretanto, deu-se em uma
estrutura de oferta que já apresentava sobrecapacidade.
Na segunda metade do ano, três das maiores produtoras mundiais de
silício cristalino colocaram em marcha novas capacidades. Além disso, a
Noruega começou a aumentar a oferta de wafers no mercado spot, fazendo
com que os preços desses produtos e, consequentemente, do silício crista-
lino começassem uma trajetória de queda.
Como consequência desse movimento, muitas pequenas empresas chi-
nesas que operavam, em sua maioria, no mercado spot e apresentavam cus-
tos de produção na casa dos US$ 30,00/kg começaram a sair do mercado,
sendo substituídas por capacidades com maiores escalas e menores custos
médios de produção.

É interessante observar uma alteração na correlação de preços e
de volume de importação de silício cristalino da China. Antes desse
movimento, à medida que aumentavam as importações chinesas, o preço
spot do silício cristalino aumentava. Agora, apesar do aumento das im-
portações, o preço spot tem apresentado queda. Empresas de custos de
produção competitivos, por exemplo, a Hemlock Semiconductor e a REC
Silicon, dos EUA; a OCI, da Coreia do Sul; e a Wacker, da Alemanha,
têm suprido parcela do mercado doméstico chinês, em substituição às
empresas locais menores.

Cabe destacar, que, em outros países, empresas menos competitivas
também pararam a produção, como na Itália, na Rússia e até mesmo na
Coreia do Sul.
Apesar de os grandes produtores operarem com contratos de longo prazo,
os preços desses contratos têm sido influenciados pelo preço spot. Ainda
em 2011, os principais fornecedores renegociaram preços com seus clientes
refletindo o ajuste dos preços spot.
Em 2012, um dos principais movimentos do mercado foi o de desova
de estoques. Empresas chinesas produtoras de silício cristalino, que aban-
donaram as operações, começaram a se desfazer de seus inventários, para
obterem liquidez, vendendo-os no mercado spot, a baixos preços, pressio-
nando ainda mais os preços que já se encontravam muito abaixo da média
dos últimos anos. Como resultado, os níveis de utilização da capacidade
instalada (Nuci) de várias plantas produtoras apresentaram quedas expres-
sivas. Na Coreia do Sul, por exemplo, a OCI chegou a operar em um nível
de utilização da capacidade de 40%, no fim do ano.

Durante o ano de 2012, o preço spot internacional caiu 52%, mesmo
depois da queda de 58% observada em 2011, chegando a fechar o ano no
valor de US$ 15,35/kg, praticamente a metade dos preços dos contratos de
longo prazo.
A queda severa nos preços fez com que se iniciasse uma segunda onda
de fechamento de unidades, principalmente na Coreia do Sul e na China.

Em novembro de 2011, o Departamento de Comércio dos EUA iniciou
um processo antidumping relativo aos preços de módulos fotovoltaicos
contendo células fabricadas na China. Em janeiro de 2012, o Ministério de
Comércio da China solicitou uma investigação antidumping e antissubsídio
na produção norte-americana e coreana de silício cristalino.
O resultado da ação norte-americana foi anunciado em outubro de 2012.
Esperando que as ações chinesas fossem anunciadas em abril de 2013, hou-
ve antecipação das importações de silício por parte de empresas chinesas,
fazendo com que o preço spot batesse o valor de US$ 18,60/kg. Como o
Ministério de Comércio Chinês postergou o anúncio das medidas, o preço
cedeu um pouco, chegando a US$ 16,60/kg em julho, mas fechou o ano de
2013 em US$ 19,00/kg.
Gráfico 4 | Evolução do preço médio spot do silício policristalino (em US$/kg)

Tendências de preços e custos
Em uma distribuição cumulativa de custos de produção de SiGS, in-
cluindo todas as tecnologias disponíveis, em 2012, das cerca de 350 mil
toneladas de capacidade instalada, aproximadamente 55% operaram
com custos de produção abaixo de US$ 20,00/kg. Com uma deman-
da mundial por SiGS, em 2012, de 189 mil toneladas, ou seja, com um
Nuci de 54%, o preço de 2012 fechou próximo a esse valor (custos
marginais de produção).
A indústria fechou o ano de 2013 com uma capacidade instalada apro-
ximada de 290 mil toneladas de SiGS e um Nuci de 76%. No ano, cerca
de 77% da capacidade industrial operou com custos de produção abaixo
de US$ 18,00/kg, fazendo com que os preços fechassem próximos a esse
valor (US$ 19,00/kg)
.
Graças ao movimento anteriormente apresentado pelo mercado, a ten-
dência é que novas instalações, que estão substituindo instalações menos
competitivas, venham a operar com custos abaixo desses valores. Em 2014,
deverão entrar em produção cerca de 60 mil toneladas, com baixos custos.
Cabe destacar uma pequena reação nos preços, nos primeiros meses de 2014,
fazendo o do silício spot atingir o valor de US$ 21,00/kg.
Esperam-se, para os próximos anos, custos marginais entre US$ 15,00/kg
e US$ 17,00/kg, podendo os preços, em cenário de baixa demanda, assu-
mir esses valores.

Mesmo em cenários mais otimistas, dificilmente, nos próximos três anos,
os preços spot chegarão a valores superiores a US$ 30,00/kg.

Brasil – oportunidades e perspectivas
O Brasil é considerado um país com potencial elevado para geração
de energia fotovoltaica, em virtude da oferta elevada de energia solar,
representada pelos bons níveis de irradiação solar apurados em seu ter-
ritório. Segundo dados disponíveis no site do projeto Solar and Wind
Energy Resource Assessment (SWERA), o Brasil é o quinto país com
maior potencial solar no mundo, de 24.993.114.080 MWh/ano, diante de
618.698.987 MWh/ano da Alemanha, país com a maior capacidade insta-
lada de geração fotovoltaica (36 GW, em 2013).
Dentre os principais benefícios advindos da expansão da energia foto-
voltaica no Brasil, destacam-se:

•     Sinergia com a carga: no Brasil, os maiores picos de utilização
de energia são registrados em dias de intenso calor, por causa do
uso massivo de equipamentos de ar condicionado. Os dias mais
quentes são, em geral, dias ensolarados; portanto, a geração foto-
voltaica levaria a um aumento da carga gerada coincidente com
aumento da demanda.
•     Complementaridade com a geração hidrelétrica: mais de 70%
de toda a eletricidade gerada no Brasil é proveniente da geração
hidrelétrica, a qual depende dos níveis dos reservatórios, determi-
nados pelo volume de chuvas em cada período. Logo, em períodos
de maior escassez de chuvas e, consequentemente, com maior
incidência de radiação solar, a maior produtividade da geração
fotovoltaica poderia compensar parcialmente quedas de produção
das hidrelétricas.
•     Empregos e geração de renda em regiões de baixo desenvolvi-
mento
: a quantidade de empregos gerados pela indústria fotovol-
taica é significativa quando comparada à das outras fontes. A maior
parte dos empregos é concentrada em empresas de instalação dos
sistemas, enquanto a fabricação dos módulos seria responsável por
aproximadamente 25% dos empregos gerados. O potencial de ge-
ração de emprego é especialmente importante no caso da geração
fotovoltaica no Brasil, pelo fato de as regiões com maior irradiação
e, portanto, maior potencial de geração solar, serem, em muitos
casos, regiões muito pobres, com baixo nível de desenvolvimento
e carentes de empregos. Dessa forma, as instalações fotovoltaicas
representariam uma atividade dinamizadora da economia dessas re-
giões, graças à geração de empregos diretos e indiretos, resultantes da
injeção de renda.
O setor fotovoltaico brasileiro conta com uma capacidade instalada acu-
mulada em torno de somente 20 MWp (megawatts-pico) e pode ser carac-
terizado pela presença de empresas atuantes apenas nas extremidades da
cadeia: produção de silício metalúrgico e montagem de módulos.

A Figura 3 mostra de forma simplificada a cadeia da indústria fotovol-
taica partindo do silício metalúrgico.

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de silício metalúrgico,
com produção atual de 170 milhões de toneladas, 8% da produção mundial
em 2013.
Cerca de 82% da produção nacional é voltada para a exportação.
No Brasil, concentram-se as maiores reservas mundiais de quartzo de
alta qualidade, no qual é encontrado o óxido de silício processado para ob-
tenção do silício metalúrgico. A qualidade das jazidas brasileiras é um dos
fatores de competitividade das indústrias brasileiras, que exportam grande
parte da produção para abastecimento dos fabricantes de células no exterior.
O silício metalúrgico é comercializado a US$ 2,00/kg a US$ 3,00/kg,
enquanto o silício cristalino foi comercializado em torno de US$ 20,00/kg
ao fim de 2013
, um valor da ordem de dez vezes maior. A produção de si-
lício cristalino no Brasil ainda é inexistente, assim como a produção de cé-
lulas, tendo em vista as economias de escopo envolvidas nos processos de
fabricação. No entanto, há alguns projetos em curso para desenvolvimento
e internalização de tecnologias de purificação, os quais poderão começar a
colher resultados nos próximos anos.

O setor fotovoltaico conta com apenas um fabricante de módulos: a
empresa Tecnometal, que iniciou sua produção em 2010, com capacida-
de de produção de 25 MWp ao ano. A empresa importa as células e faz a
montagem dos módulos em sua planta local. Este pode ser o início do de-
senvolvimento da cadeia fotovoltaica brasileira, a exemplo do ocorrido na
China – que iniciou sua produção pelas etapas finais da cadeia e atualmente
lidera o mercado mundial.
A indústria fotovoltaica pode ser considerada um setor estratégico, seja
pelos benefícios aqui expostos, seja pela trajetória de aumento da eficiência
e queda dos custos de implantação dos sistemas de geração e consequente
expectativa de avanço em direção a uma energia cada vez mais competitiva
em relação às demais fontes. O setor tem sido alvo de políticas de incentivos
de diversos países que vislumbram a evolução para um mercado de grandes
cifras. Trata-se de um mercado em desenvolvimento, no qual o Brasil deve
avançar para a produção ao longo de toda a cadeia e evitar a dependência
externa nos elos de maior valor, a exemplo do ocorrido na indústria eólica.

Relatórios de consultorias internacionais, em 2014, já demonstram a
paridade de rede da energia fotovoltaica (custo de geração equivalente ao
preço oferecido na rede) na Alemanha e na Itália. O Brasil é considerado
uma nação com elevado potencial, contudo os altos preços de instalação
seriam o maior obstáculo para o desenvolvimento da energia solar no país.
A redução dos preços de instalação, no entanto, somente é possível a par-
tir da consolidação de demanda mínima capaz de atrair novos agentes para
produção e distribuição dos sistemas de geração no Brasil.
Dessa forma, o aumento da demanda da indústria fotovoltaica deve ser
incentivado, o que vem ocorrendo em um movimento bem recente de par-
ticipação da energia solar em leilões de geração de energia e estímulo à in-
serção da energia solar no mercado de geração distribuída, caracterizada por
plantas de pequeno porte localizadas próximas aos centros de carga, sem
depender, necessariamente, do sistema nacional de transmissão.
O Brasil apresenta grande potencial para inserção da geração fotovoltaica na
forma de sistemas de geração distribuída, que ganharam maior destaque a partir
do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa),
de 2004. O programa, cujo objetivo era aumentar a participação da energia
eólica, da biomassa e da energia gerada em pequenas centrais hidrelétricas
(PCH) através de projetos conectados ao Sistema Elétrico Interligado Nacional
(SIN), não incluiu a energia solar, por esta apresentar, naquele momento, custo
de produção consideravelmente superior às demais fontes.
A partir de 2004, foram estabelecidas as primeiras diretrizes para gera-
ção e comercialização da energia proveniente de geração distribuída. Em
2012, como resultado de consulta e audiência públicas realizadas em 2010
e 2011, respectivamente, com objetivo de reduzir barreiras à geração dis-
tribuída, a Resolução Normativa 482 estabeleceu as condições gerais para
o acesso de micro e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição
de energia elétrica, e criou o sistema de compensação de energia elétrica
correspondente (net metering).
O sistema definido na Resolução Normativa 482 tem a finalidade de
regular a troca de energia entre concessionária e usuários/geradores. Com
o sistema, o consumidor pode compensar seu consumo de energia a par-
tir da energia injetada à rede com micro ou minigeração distribuída, que é
abatida no momento da cobrança. O governo lançou em março de 2014 um
caderno para orientação ao público sobre o sistema. Espera-se que o desen-
volvimento do sistema impulsione nos próximos anos uma expansão mais
acelerada de projetos de micro e minigeração de consumidores comerciais
e residenciais, para os quais o custo de geração fotovoltaica já é bem pró-
ximo da tarifa final de energia (paridade de rede).
O ano de 2014 tem sido marcado pelo desabastecimento dos reservató-
rios de água e problemas para geração hidrelétrica, com a necessidade de
acionamento de usinas termelétricas e encarecimento do preço da energia
ao consumidor final. Enquanto os grandes projetos de geração não ficam
prontos, o governo busca promover projetos de geração menores, o que abre
mais espaço para a energia fotovoltaica. As previsões quanto às condições
geoclimáticas brasileiras indicam maior ocorrência de situações extremas
(como ausência prolongada de chuvas), tornando ainda mais representativo
o caráter complementar da energia fotovoltaica no sistema nacional.

Em 27 de dezembro de 2013, o estado de Pernambuco lançou o primeiro
leilão específico de energia solar no Brasil, com a contratação de 122,82 MW
de geração, em torno de seis vezes mais a capacidade acumulada instalada
atual. O leilão garantiu o início da instalação das primeiras seis usinas sola-
res de grande porte no país e estabeleceu um preço mais realista, em média
R$ 228,63/MWh, para futuras concorrências.

A energia solar já havia estreado nos leilões de energia do governo fe-
deral realizados no fim de 2013, mas competindo com usinas eólicas e à
biomassa. No entanto, o valor máximo estabelecido para a energia vendida
nos leilões A-3 (R$ 126,00/MWh) e A-5 (R$ 122,00/MWh), na prática, in-
viabilizava os projetos fotovoltaicos.

Com a realização de leilões específicos, espera-se gerar a demanda mí-
nima necessária para a instalação no Brasil das indústrias atuantes nos elos
de maior valor da cadeia fotovoltaica. Ao que parece, o leilão específico
para energia solar feito pelo estado de Pernambuco foi apenas o primeiro,
pois já há estudos para realização de leilões como esse pelo estado de São
Paulo e pelo governo federal. Recentemente, o governo federal anunciou,
ainda para outubro de 2014, leilão de energia de reserva, com contratos es-
pecíficos para energia solar.

De acordo com Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), em palestra durante o Energy Summit 2013 [Farid (2013)],
a energia fotovoltaica poderá superar todas as projeções de crescimento e
registrar um fenômeno de expansão, como ocorrido com a energia eólica.
A previsão, que, segundo ele, deverá ser revisada, é de que o país terá uma
nova capacidade de 1,4 GWp (gigawatts-pico) instalada nos próximos dez
anos. Trata-se de uma previsão muito conservadora, quando comparada à
expansão da energia eólica, a qual se encontra em um estágio mais avançado
de desenvolvimento no país e deverá alcançar uma capacidade acumulada
em torno de 10 GWp em 2015.
Com a evolução da energia fotovoltaica no Brasil, pode-se esperar que
o país comece a apresentar uma adição de capacidade fotovoltaica mais ex-
pressiva, a exemplo do que já ocorre na Europa, onde a energia fotovoltaica
foi responsável por 27,2% da nova capacidade em 2012.

Uma nova capacidade fotovoltaica de 2 GWp, instalada nos próximos
dez anos, representaria uma demanda brasileira em torno de 12 mil tone-
ladas de SiGS no período. Considerando um preço médio de US$ 20,00 a
25,00/kg, tratar-se-ia de um mercado de US$ 240 milhões-US$ 300 milhões
e um volume de cerca de 1,2 mil toneladas ao ano.

Há, no país, expectativa de implantação de unidades produtoras de SiGS,
nos próximos anos, de cerca de oitocentas toneladas ao ano. Inicialmente,
deverão ser feitos investimentos em plantas-piloto comerciais de até cem
toneladas ao ano, para ajustes e adaptações dos processos desenvolvidos a
partir dos resultados de pesquisas que estão sendo desenvolvidas.
Um importante aspecto a ser observado é a redução progressiva dos custos
de geração fotovoltaica. Esta tem sido uma realidade, ao passo que tem se
elevado o custo de geração do sistema elétrico. O Brasil vive um momen-
to oportuno para o desenvolvimento da indústria fotovoltaica e, diante das
oportunidades vislumbradas, as empresas já estão se engajando em projetos
de produção de SiGS no país.
No início da cadeia produtiva, há atores relevantes que já fabri-
cam silício metalúrgico. Os principais são os seguintes:Dow Corning,Liasa, Minasligas e Rima.

Dentre esses, destaca-se a iniciativa das brasileiras Minasligas (em parceria com o IPT e o BNDES) e Rima de investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I) na rota metalúrgica de produção do SiGS.

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em par- ceria com a brasileira Tecnometal, também está realizando P,D&I na rota metalúrgica, cujo projeto – no âmbito do Fundo Tecnológico (Funtec) – está em análise no BNDES.

Destacam-se, ainda, investimentos da Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul (PUC-RS) – que possui acordo de cooperação
com o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel/Eletrobras) – e do
Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec-MG) em P,D&I de
purificação de silício na rota química. Segundo informações no site do Cepel,
a PUC-RS atingiu em seus painéis solares, em testes laboratoriais, níveis de
eficiência energética superiores aos de produtos equivalentes no mercado.

No tocante à produção local de painéis fotovoltaicos, no Brasil, há
a Tecnometal, que possui uma linha de produção de 25 MWp ao ano e
intenciona expandir sua capacidade produtiva.
Vários grupos estrangeiros estão prospectando o mercado nacional, seja
para comercialização de suas tecnologias, seja para a implantação de li-
nhas de produção no país. São exemplos as empresas Oerlikon, SunPower,
Saint-Gobain e CEA-Liten.
Apesar do momento oportuno, o desenvolvimento da indústria foto-
voltaica ainda enfrenta desafios relacionados à capacidade do sistema de
distribuição em receber e gerir um maior volume de energia fotovoltaica,
dada a intermitência natural do recurso que causa súbita queda de geração
no sistema.
Além disso, a situação do setor elétrico, após a Medida Provisória
579/2012 e em um momento de preços mais elevados da energia no curto
prazo, a partir do aumento da geração térmica, tem representado um proble-
ma para a sustentabilidade das indústrias de silício metalúrgico. A produção
de silício metálico é eletrointensiva, a energia elétrica chega a representar
até 35% dos custos de produção do silício metalúrgico. Há incerteza quan-
to à energia disponível para negociação futura no mercado livre, o que tem
impedido a renovação de contratos de fornecimento de longo prazo, funda-
mentais para a sustentabilidade das indústrias desse segmento.
A incerteza relacionada à contratação de energia futura pode induzir ao
adiamento de projetos de produção do SiGS no Brasil, por meio do desen-
volvimento da rota metalúrgica de purificação do silício. A rota metalúrgi-
ca beneficia-se da experiência metalúrgica brasileira e os projetos poderão
alcançar em pouco tempo um processo competitivo mundialmente.

A inovação brasileira para a produção de SiGS via rota metalúrgica
Até o fim da década de 1990, a fonte de silício para a indústria de pai-
néis fotovoltaicos era de rejeitos gerados na produção do silício empregado
na fabricação de circuitos integrados (SiGE, o qual tem aproximadamen-
te 99,9999999% de pureza), já que o nível de pureza do silício exigido na
produção de células solares, de 99,999% a 99,9999%, é inferior ao da in-
dústria eletrônica.
No entanto, com o aumento da demanda pela energia solar fotovoltaica,
o qual não foi acompanhado pela indústria de semicondutores, houve a ne-
cessidade de instalação de unidades cativas para a produção de SiGS, que
hoje já supera a produção de SiGE, conforme já visto.
Paralelamente, em
função da necessidade de redução de custos de produção, iniciou-se uma
corrida por processos alternativos de obtenção de SiGS.
Uma primeira consequência desse panorama foram os investimentos
que os produtores de SiGE fizeram, na tentativa de adaptar etapas menos
onerosas ao processo químico de produção de SiGE, conhecido como pro-
cesso Siemens-C.
Outra importante consequência foram os investimentos realizados por
parte de empresas, institutos e universidades para tentar obter um SiGS a
partir da purificação direta do SiGM.

O Brasil não conta com nenhuma indústria química de produção de SiGE,
as quais, como mencionado anteriormente, são grandes indústrias químicas
e de alta tecnologia, voltadas ao mercado de equipamentos eletrônicos. É
importante observar que dificilmente se pode dissociar a indústria de pro-
dução de SiGE da de produção de SiGS pela rota química, já que essa rota
é derivada da rota do SiGE, com algumas etapas a menos. Portanto, para a
produção de SiGS a partir da rota química, há necessidade de aproveitamento
de escala e de escopo de uma unidade de SiGE.

A principal rota de produção do SiGS que está sendo investigada no
Brasil é a rota metalúrgica.
Na rota metalúrgica, o desafio é muito mais
tecnológico do que econômico (como é o caso da rota química), já que as
operações envolvidas na purificação do silício por essa rota (por exemplo,
fusão, solidificação controlada, refino piro e hidrometalúrgico) são muito
mais próximas do que é dominado hoje pelas indústrias brasileiras produtoras
de SiGM, facilitando sua adaptação. Além disso, a técnica de purificação até
o grau solar não está ainda totalmente dominada, ou seja, ainda há espaço
para competição, diferentemente da rota química, em que as empresas que
já são produtoras de SiGE levam grande vantagem.
O país conta com institutos de pesquisa que já têm experiência na puri-
ficação do silício metalúrgico, podendo-se citar o IPT e a Unicamp.
Contando com o apoio do BNDES, através de recursos do Funtec, dois
projetos visando à produção de SiGS solar estão sendo desenvolvidos: (i) um
pelo IPT, em parceria com a empresa Minasligas; e (ii) outro pela Unicamp,
com a interveniência da Tecnometal.
No projeto que está sendo desenvolvido pelo IPT em parceria com a
Minasligas, a rota de purificação está praticamente desenvolvida, faltando
apenas definir quais etapas são mais vantajosas do ponto de vista econô-
mico e a qualificação do produto, que será feita por meio das medidas fí-
sicas realizadas em lâminas obtidas após a cristalização do silício. Pode-se
afirmar que se atingiu o refino pretendido, ou seja, aumento da pureza do
silício de 99,5% (SiGM) para um teor maior que cinco noves de pureza
(>99,999% – SiGS).
Apesar de ainda haver possibilidade de ajustes ou pequenas alterações nos
processos desenvolvidos até o momento, a empresa interveniente Minasligas
está iniciando o estudo de viabilidade econômica da rota tecnológica desen-
volvida. Cabe ressaltar que a Minasligas submeteu projeto, no âmbito do
Plano Inova Energia, pleiteando apoio financeiro a seu plano de negócios, o
qual objetivará, em um primeiro momento, a instalação de uma planta-piloto
de purificação de silício com capacidade anual de cem toneladas.
Pode-se ainda citar a inciativa da empresa Solven, que, também no âmbi-
to do Plano Inova Energia, está pleiteando financiamento para a construção
de uma planta-piloto com capacidade de produção anual de 72 toneladas de
SiGS pela rota metalúrgica e de wafers.
É importante destacar que a inovação brasileira no processo de
purificação do silício pela rota metalúrgica, além de se ater à questão da
eficiência fotovoltaica, deve se preocupar com os custos dos processos em
escala industrial, por causa da tendência de preços baixos e do movimento
de instalações de novas unidades que estão substituindo instalações menos
competitivas e que deverão operar com custos cada vez menores.

O papel do BNDES
A evolução recente observada no setor elétrico brasileiro abre oportuni-
dades para negócios no âmbito de novas fronteiras tecnológicas, incluindo
o desenvolvimento da indústria fotovoltaica brasileira. Com a realização
dos primeiros leilões fotovoltaicos, espera-se gerar uma demanda capaz de
estimular a produção brasileira nos diversos elos da cadeia. A energia solar
também acaba de receber impulso gerado pela recente normatização dos
critérios de inserção e comercialização da geração distribuída pela Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
No mercado, há propostas de empresas com planos de negócios para
explorar tanto a comercialização de equipamentos (por exemplo, painéis
fotovoltaicos) para os consumidores finais quanto a própria implantação de
usinas geradoras. Além disso, também estão em curso projetos de desenvol-
vimento de processos de purificação de silício e produção ao longo da cadeia.
O Programa Inova Energia, lançado em parceria com a Finep – Inovação
e Pesquisa e a Aneel, já selecionou projetos para desenvolvimento produ-
tivo em elos de maior valor, como a produção de SiGS, e pode ser o início
de um período de apoio crescente a novos projetos na cadeia.
Como principal instituição de financiamento de longo prazo para a rea-
lização de investimentos no Brasil, o BNDES possui linhas e programas de
financiamento capazes de suportar projetos que visem ao desenvolvimento
de processos de fabricação e instalação de plantas produtivas da nascente
indústria fotovoltaica no Brasil.

Conclusões
Nos últimos cinco anos, observou-se uma evolução bastante pronunciada
de instalações de unidades de potência fotovoltaica em todo o mundo. Esse
crescimento, mesmo que se dê a taxas menores que as verificadas nesse
período, deve continuar de forma robusta nos próximos anos, ancorado em
uma estratégia consolidada de renovação da matriz energética por meio de
fontes de energia limpas e renováveis.

Um dos aspectos fundamentais no desenvolvimento da cadeia produtiva
fotovoltaica, que tem como etapa de maior desafio tecnológico a produção
de SiGS, é a necessidade de se obterem baixos custos de produção, para
fazer frente a um cenário mundial de instalação de novas capacidades com
custos cada vez menores.

Entre os países com maior potencial solar no mundo, o Brasil, que con-
ta com jazidas de quartzo de alta qualidade – um dos principais fatores de
competitividade na produção de silício metalúrgico –, realizou seu primei-
ro leilão específico e garantiu o início da instalação das primeiras usinas
solares de grande porte.
As recentes iniciativas brasileiras para a promoção da energia fotovol-
taica, que incluem também o incentivo a projetos de micro e minigeração
de consumidores comerciais e residenciais, poderão consolidar demanda
mínima capaz de atrair o interesse de investidores para o desenvolvimento
da produção nas diversas etapas da cadeia fotovoltaica no país.
A exemplo do ocorrido na China, que iniciou sua produção pelas eta-
pas finais da cadeia e atualmente lidera o mercado mundial, o Brasil pode
verticalizar a montante a produção de módulos fotovoltaicos e viabilizar a
produção de SiGS em escala, podendo vir a ser um fornecedor desse im-
portante insumo para a geração de energia fotovoltaica.

notas

1-Denomina-se junção P-N a estrutura fundamental dos componentes eletrônicos comumente denomi-
nados semicondutores, principalmente diodos e transistores. É formada pela junção metalúrgica de dois
cristais, geralmente silício e germânio, de natureza P (positivo) e N (negativo), segundo sua composição
em nível atómico. Esses dois tipos de cristais são obtidos ao se doparem cristais de metal com impurezas,
normalmente algum outro metal ou composto químico, como o boro e o fósforo [Wikipédia (2007)].

2-Redução é diminuição algébrica da carga formal ou do número de oxidação de uma espécie quí-
mica. Forçosamente, isso se dá através da transferência de elétrons vindos de outra espécie química
[Wikipédia (2004)].

Referências

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