Já que tudo virou bosta…

Ruminando a geleia geral – a situação da política brasileira está tão louca que Michel Temer precisou caprichar nas gafes para ser notado. Chacrinha para presidente.

Chacrinha

Vou pegar carona na parte final de uma frase de Leandro Karnal: “… talvez não faça sentido para alguns. O mundo não é linear”.

Nada está fazendo muito sentido.

Vejamos.

O fenômeno havia começado há um tempo quando Ronaldo Caiado passou a pedir a renúncia de Temer e eleições diretas.

Logo após, Reinaldo Azevedo lembrou seus tempos de Convergência Socialista e partiu para a luta contra a direita xucra. Recebeu a devida resposta da direita loira.

José Yunes entrega Eliseu Padilha. E a Odebrecht entrega Temer, Yunes e Padilha. Mais o Jaburu a quatro.

Gilmar Mendes e FHC, então, passam a defender que caixa dois é delito, mas não é crime e que é preciso separar quando é corrupção e quando não é. Porque tem aqueles que fumam, mas não tragam e aí não é vício. E uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.  Cartesiano.

Bolsonaro parte para cima do MBL que revida com Fernando Holiday chamando o capitão para o pau.

O “MBL” e o “Vem pra Rua”, duas das principais organizações de recrutamento de pessoal para eventos dominicais, marcam protestos para março de 2017. Seriam em apoio a Lava Jato que estaria sendo minada no Congresso. O mesmo Congresso que lhe foi só elogios quando do impeachment de Dilma.

Mas vá à página do MBL. Não encontrará chamamento algum para as tais manifestações.  Na página do “Vem para a Rua” é só convocação, mas para ato contra o foro privilegiado.

Cadê o apoio à Lava Jato?

Bem, agora que a Lava Jato chegou no Temer e no PSDB, como fazer uma manifestação de apoio a ela sem bater em ambos? Bater em cliente? Em cliente não se bate nem com uma flor.

As duas organizações vão tentar a quadratura do círculo. E separadas. Uma num cantinho da Paulista e a outra no cantinho oposto. Estão de mal.

Aliás, nas duas páginas, nenhuma menção à “mula” nem à delação premiada. Passaram a discutir moda.

Depois de Alckmin mandar um “pó pará, governador?” para cima de Aécio Neves e anunciar sua candidatura, toma uma rasteira de João Dória que cansou rápido de brincar de ser prefeito e quer agora se fantasiar de presidente. A criatura comendo da árvore do conhecimento do criador. Bíblico. Perguntem para o Malafaia sobre as voltas que o mundo dá. O mundo gira e o Malfaia roda na PF.

No campo das esquerdas, Humberto Costa sai do armário na Veja e Chico Alencar estabelece relações carnais com Aécio Neves na suruba do Noblat.

E para ficar nas relações carnais, o professor Leandro Karnal que empresta a frase que abre este texto, acreditou que estava dando um golpe de mestre de marketing e cometeu uma das maiores cagadas da sua vida empresarial de sucesso. O jantar com Sergio Moro.

Levar para jantar até pode, se for escondidinho. Agora, botar a foto no Facebook é o mesmo que pedir divórcio pelas redes sociais. Mais ou menos como aquela foto do Sergio Moro com o Aécio. Entregou geral.

Ruminando a geleia geral.

Gostaria de lembrar Karl Marx e concluir que tal nível de contradições se dá porque o golpe chegou a um ponto crítico onde tudo o que era sólido se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado e os golpistas, mas não só eles, são finalmente forçados a encarar suas opções para o futuro próximo e suas relações recíprocas.

Masturbação sociológica, como diria o meu xará no aumentativo, é muito mais simples citar os versos de Moacyr Franco:

“O ovo frito, o caviar e o cozido. A buchada e o cabrito. O cinzento e o colorido. A ditadura e o oprimido. O prometido e o não cumprido e o programa do partido: tudo vira bosta”.

 

https://www.youtube.com/watch?v=8eeFv8b2vug

 

PS1: Elio Gaspari na Folha de São Paulo se candidata a ganhar o prêmio Nobel de física por esta descoberta: Michel Temer é radioativo, mas estranhamente só contamina seus amigos. Os raios-Temer já fritaram José Yunes e Geddel Vieira Lima (bem passados), Eliseu Padilha e Romero Jucá (ao ponto).

PS2: Oficina de Concertos Gerais e Poesiaa casa é pequena, mas o coração é grande.

Redação

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