O novo, o velho e o velhaco

Na Folha de São Paulo deste 14 de maio de 2017 – Dia das Mães, uma viagem pelo novo, pelo velho e pela velhacaria de sempre.

marisa loja

O novo-velho

Luciano Huck reafirma mais uma vez que não é candidato a presidente, a menos que venha a sê-lo.

É estranho que alguém que declara ”Não, não sou candidato a presidente da República”, apresente-se logo a seguir: “em mais de 20 anos de carreira, sempre quis ser alguém que …faz o que pode para usar sua energia a favor da evolução da sociedade e da nação”.

Que frente à sugestão de FHC para que se apresente para disputar com João Doria o posto de “o novo na política”, posto esse que já foi de Collor, recuse o chamamento declarando que:  “não vou me furtar a esta discussão, mas isso não significa que esteja me lançando a qualquer tipo de cargo”.

E os que criticam Lula por fazer discursos auto laudatórios, que durmam com esse do Huck: “… meço o sucesso daquilo que faço pelo impacto positivo que eu possa produzir na vida das outras pessoas… não tenho a menor dúvida de que estas duas últimas décadas de trabalho na televisão… fizeram de mim um homem, pai, marido e cidadão melhor”.

E termina mais um artigo seu sobre o tema para um jornal com: “reafirmo: não sou candidato a nada”

Para logo em seguida dizer: Contem comigo na construção deste Brasil mais humano, mais positivo e mais justo de se viver”.

Isso em um texto que tem o sugestivo título de: “Estou aqui”.

Isso não é novo. É velho, pelo menos desde 1950, mas faltou a Huck o jogo de palavras de Getúlio: “não sou oportunista, sou um homem de oportunidades: se um cavalo passar encilhado em minha frente, eu monto”.

O velho-velho

Elio Gaspari, tempos atrás, mostrou-se abespinhado com o fato de a esposa de Temer ser chamada de Marcela enquanto a esposa de Lula era chamada de Dona Marisa.

Apanhou para aprender que é deselegante chamar uma mulher de trinta anos de “dona” e desrespeitoso não o fazê-lo para com uma senhora de mais de sessenta.

Pois bem, agora, vigou-se. Em seu artigo “Lula fritou-se lidando com a história do Brasil”, dispensa o uso do pronome de tratamento a Dona Marisa em três citações que lhe faz e a chama de “a falecida”.

Para concluir: Marisa Letícia nunca foi dona dessa imagem”.

Lembrou-me a loja de lingerie que desrespeitou a memória de Dona Marisa na tentativa de convencer filhos-da-puta a comprarem calcinhas e sutiãs para dar de presente no dia das mães.

Com a diferença de que a agressão de Gaspari é gratuita e a tal loja aceita pagamentos à vista, a prazo e no cartão de crédito.

O velho-velhaco

Em relação ao velhaco, socorro-me das palavras do mestre Janio de Freitas:

“Em indireta com má pontaria, o ministro Gilmar Mendes disse haver pessoas que “ao envelhecerem passaram de velhos a velhacos”. Sem esquecer, por favor, os que assim abordam a velhice é porque assim já eram”.

Gilmar bebia da fonte do Dr. Ulisses Guimarães que se dizia velho, mas não era velhaco. Janio citava Rui Barbosa: “não se deixem enganar pelos cabelos brancos, pois os canalhas também envelhecem”.

PS1: conhecedor do gênio de Dona Marisa e das estratégias de sobrevivência de Lula, Janio em nada estranhou a passividade de Lula em relação à segunda visita da esposa ao triplex no Guarujá, após ele ter dito que não se interessava pelo imóvel. Tampouco eu e maridos em geral estranhamos. Exceção são aqueles homens que realmente mandam em casa, mas esses são todos mancheteiros de jornal.

PS 2: o título do texto de Gaspari – “Lula frito” – se nada tem de culinário, revela, mais uma vez, a turbulência emocional em que vive a nossa grande imprensa. O inconsciente à flor da pele.

No caso, Gaspari refere-se a um erro de Lula que confundiu João Cândido “o almirante negro”, líder da revolta da chibata, com Antonio Cândido, o grande intelectual recém falecido. Confundiu também a patente, chamando-o de marechal.

Imagino que ambos os Cândidos se sentiriam homenageados com a confusão de nomes feitas por Lula.

Gaspari é sabedor que Ulisses Guimarães – o “senhor constituinte” de 88 – também confundia nomes. Tratava Dante de Oliveira – autor da emenda das “diretas já” – por Dante Alighieri. Não imagino, no entanto, Gaspari fritando o Dr. Ulisses. Aliás, em relação tanto a Lula quanto a Ulisses Guimarães, nem os militares da ditadura conseguiram fritá-los.

PS 3: este Oficial de Plantão – filho, pai e avô – agradece às suas mães por essa condição e lhes rende suas homenagens.

Redação

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