Polianas em protesto

Por Sergio Saraiva

Temos visto ultimamente um movimento de pretensos polianas que afirma que o governo está tentando sufocar, ou criminalizar, movimentos sociais quando reprime com a polícia ou através de uma legislação específica para protestos as ações dos black blocs que agora se travestiram de “protestos contra a Copa” e em reivindicações genéricas, tais como, “pela felicidade geral da Nação, padrão FIFA”.

Querem nos fazer crer, portanto, que tais grupos de desordeiros são pertencentes aos movimentos sociais. São tanto quanto o PCC ou o Comando Vermelho, ao seu modo, também são.

Então, um governo que dialoga com tantos movimentos sociais, dos sindicatos aos “Sem”, sem teto, sem terra, sem floresta e que tais, não saberia dialogar com mais um? Ocorre que não se pode dialogar com o “Movimento dos Sem Diálogo”, com o “Movimento dos Sem Noção”.

Firmemos um ponto:

É um absurdo o uso da violência como forma de ação política na vigência do Estado Democrático de Direito.

Logo, a reação do governo é a adequada quando cria formas de reprimir ações que são anti-democráticas porque têm fins anti-democráticos.

É da defesa da democracia que estamos falando.

Vitorioso o “não vai ter Copa”, a próxima manifestação é o “não vai ter eleições”, quem ainda não percebeu isto? O polianas aparentemente não.

Não sejamos ingênuos, desde a Copa das Confederações, ano passado, quem vai a tais “protestos” sabe que vai participar de uma ação violenta, pretende isso.

A violência foi o único legado das tais “jornadas de junho”.

A violência é filha do momento em que as reivindicações deixaram de ser pelos 20 centavos do MPL e passaram a ser “contra tudo isso que está aí”.

Acreditar que, hoje, existem “manifestações pacíficas” infiltradas de black blocs é uma forma de auto-engano. Quem usa de um argumento tal como “não vai ter Copa” não está reivindicando nada, está ameaçando.

O que estamos assistindo é a surrada união tácita da extrema esquerda com a direita no combate à esquerda democrática, no combate à social-democracia.

A extrema-esquerda só acredita na forma revolucionária de chegar ao poder. Uma esquerda que mostre ser possível fazê-lo pela via democrática é o seu maior inimigo. Tira-lhe a razão de existir. Melhor, então, apoiar a tomada do poder pela direita, pois, isso permitiria a retomada da luta radical. É o tal de “reforçar as incoerências do sistema para fomentar a consciência social do povo”. Também conhecida como a tática do quanto pior melhor.

Do lado da direita, a extrema esquerda está fazendo o papel de idiota útil, criando a conturbação social que justifica as “medidas de exceção temporárias” necessárias ao “reestabelecimento da ordem”. Já vimos esse filme, durou 21 anos.

Não deverá se repetir, já que, como nos ensina Marx: “a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”. Dá-lhe razão o número ínfimo dos “manifestantes” que vêm sistematicamente incendiando nossas ruas e depredando patrimônio público e privado, criando situações de provocação e confronto que tragicamente já acabaram em morte. Assassinato seria melhor dito.

Que representatividade tais grupos têm? Nenhuma, eis porque do uso da violência. Sem ela, restaria-lhes os guetos auto-referentes e carregados de ódio das redes socias. Restariam desapercebidos pelo mais da população.

Ainda assim, seria temerário se o governo nada fizesse. O partido no governo, ainda que de esquerda, ainda que comprometido com a causa popular, não lidera passeata de protesto contra si mesmo. Ainda mais de grupos tão radicalizados e reduzidos querendo se passar por “povo”.

Só os polianas parecem não entender que nessas situações o preço da liberdade é a eterna vigilância.

Redação

56 Comentários

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  1. Excelente texto. Um dos mais

    Excelente texto. Um dos mais lúcidos nos ultimos tempos sobre os movimentos que tentam desestabilizar um governo democraticamente eleito. Ou alguém viu a contestação do judiciário? Da corrupção empresarial? Do discurso único da mídia? Da omissão criminosa do MP quando se refere aos crimes do condomínio PSDB/DEM/PPS? Das verbas gastas anualmente por Estados e prefeituras na promoção de carnavais e outras festas? Façamos as contas, quanto se gasta por ano em tais festas? Quais benefícios elas trazem, exceto aos aproveitadores de sempre? A intenção dessa minoria barulhenta é só uma, NÃO VAI TER PT! O resto é recheio.  o povo brasileiro não irá permitir que 1/3, ou menos que isso, da população defina os rumos do país. Muito tem que ser melhorado, mas com certeza não será com partidos de centro direita que será efetuada uma mudança benefíca ao país. O PT deu ritmo e compasso ao Brasil, os antigos donos do baile não aceitam esta situação, e tal como penetras, desejam sequestrar a orquestra e terminar o baile no meio da dança. Um Brasil para todos não passa de um pesadelo para a oposição. Para o PT e, os partidos que fazem parte deste projeto, é um grande sonho que se constrói dia a dia. Com percalços é certo, mas com direção e a certeza que nos tornamos a cada dia uma sociedade melhor. Apesar dos globoblocs, redeblocs,Psdbblocs, Demblocs, Ciablocs, e muitos outros gatos pingados.

  2. “A violência foi o único

    “A violência foi o único legado das tais “jornadas de junho”:

    Tambem foi “heranca” de virtualmente TODOS os manifestantes nas ultimas decadas, cortesia da policia militar.

    Era precisamente essa a violencia que precisava acabar, que todo mundo pensou que estava expirando -nem perto.  A dos BB’s, francamente, nao me interessa, eh coisa simples o bastante.  Violencia policial nao eh.  Eh realidade no Brasil inteiro de norte a sul.

    Por sinal, eu nego extensivamente que estaria do lado desse tal “movimento” do nao-vai-ter-copa.  Ele me interessa tanto quanto a copa em si, e se nao me engano foi o Diogo que afirmou ontem que isso nao eh “movimento” mas uma ameaca ao governo.  Eh mesmo.

  3. Eu ainda tenho medo!

    Estamos vendo rapazes e garotas sendo manipulados pela grande mídia com estas manifestações “contra tudo que está aí”! Eles não participaram dos anos de chumbo. Seus pais, a maioria ainda muito jovens, têm alguma lembrança dos idos de 1970 mas ainda assim são lembranças tênues. A idéia de saúde e educação padrão Fifa é o que todos nós queremos. Quem em sã consciência não é a favor de uma saúde e educação de qualidade? Mas daí transmudar, transferir est realidade de saude e educação para uma forma mesquinha de tomada de poder que poderá chamada de GOLPE é outro assunto. Os meminos estão sendo transformados em massa de manobras. Cabe a nós que temos convicções políticas mais acentadas abrir olhos e mentes de nossos filhos, amigos e vizinhos. Existe uma política suja, travestida de legal e racional por tras destas manifestações. Não estamos mais em 64. Não podemos deixar as coisas irem se encaminhando da forma como estão. Há a necessidade de uma participação mais assídua, mais profícua de todos os órgãos governamentais, blogs progressistas (e sujos!), pensadores e ativistas políticos no intuito de fomentar a esta geração que teima em participar, que quer ver um país melhor mas que no fim pode estar colocando nossa jovem de mocracia no cadafalço.

    1. Não estamos em 1964, como

      Não estamos em 1964, como você bem frisa, mas se aqui no blog vemos comentaristas  usando o mote da UDN quando questiona as manifestações, estamos bem. “O preço da liberdade é a eterna vigilância ” é o escambau, desculpem o meu frances.

  4. Sérgio

    Duas críticas estão sendo feitas:

    1) A formulação de Leis mais duras e de ampla interpretação, quando o Código Penal já prevê como crime a depredação de patrimônio, vandalismo, impedimento de fluxo, etc.

    2) A exaberbação já conhecida da atividade polícial.

    Três preocupações:

    1) Tal endurecimento das leis, em um governo de direita, criará riscos a qualquer movimento.

    2) A polícia está agindo como se tivesse uma carta branca da sociedade para reprimir os movimentos.

    3) A justiça até hoje só condenou o morador de rua pelo porte de coquetal molotov de garrafas plasticas e sem bucha (risível)

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=aEbVr4y-tkc%5D

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=Yln2iuwAhdA%5D

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=IFBBlcxM0nM%5D

    A recudescimento ocorre em todo o mundo e é preocupante. Nos EUA:

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=i0fjdNUfI5s%5D

     

    1. Quem está dando corda para a onda de criminalização?

      A questão é a onda conservadora que está sendo gestada no seio da sociedade como resposta à tática dos parasitas fantasiados. Esta onda conservadora não pegará somente os ratos fantasiados, pegará toda a esquerda e todos os movimentos sociais.

       

      Fico muito admirado em constatar que várias pessoas de esquerda ainda não se tenham dado conta de que a tática dos vermes fantasiados só interessa à direita. Mais do que isto, independentemente do PT, essa onda conservadora virá como resposta aos parasitas, e digo isto há quase um ano!

       

      Será que as pessoas ainda não se deram conta de que estes parasitas fantasiados destroem a esquerda por onde quer que passem? Será que as pessoas resolveram guardar no fundo do baú, para todo o sempre, as experiências históricas, os livros de história e os grandes clássicos da literatura socialista e comunista?

       

      A tática dos parasitas é funcional para o discurso conservador, desde sempre. Como já disse antes, se estes ratos fantasiados intensificarem seus intentos, será o POVO BRASILEIRO que irá pedir por uma resposta contundente do Estado.

       

      Os parasitas fantasiados destroem as manifestações sociais, afastam as massas e são a quinta-coluna perfeita para os conservadores. Isto é nítido e cristalino, basta estudar um pouco sobre essa tática infeliz. Quanto à “sociedade do medo”, por acaso não são os parasitas fantasiados que estão a alimentar isto na população?

      1. Duas críticas estão sendo

        Duas críticas estão sendo feitas:

        1) A formulação de Leis mais duras e de ampla interpretação, quando o Código Penal já prevê como crime a depredação de patrimônio, vandalismo, impedimento de fluxo, etc.

        2) A exaberbação já conhecida da atividade polícial.

      2. Concordo com tudo, inclusive

        Concordo com tudo, inclusive com uma resposta do Estado desde que se faça dentro dos limites restritos da Constituição. 

        Manifestações são expressões políticas legítimas, desde que feitas na forma da Lei. Nesse sentido, por mais que sejam parasitas ou tragam no seu escopo uma eventual erosão do sistema democrático, eles tem que ser acatadas e respeitas.Não importa que ecoem ou sublime o conservadorismo ou interesse á Direita. 

        Agora com violência, não. Nunca, jamais. Violência é uma questão de polícia, não de Política. 

      3. OK, Diogo. Mas EXATAMENTE POR ISSO nao se deve cair no jogo

        Ficar aplaudindo excessos policiais e pedindo legislaçao “antiterrorista” é fazer exatamente o jogo da onda conservadora! 

    2. Qual polícia?

      Assis,

      Uma coisa que me intriga muito é que:

      1o. A Polícia que mais reprime violentamente é a PM Paulista.

      2o. A PM Paulista sempre foi uma corporação com DNA da violência, primeiro porque é resquício da Ditadura, segundo é comandada há 16 anos por um governo (PSDB) que nada fez para a sua modernização e democratização, pelo contrário, ela é o braço forte desse governo tucano, vide Pinheirinho.

      3o. Tenho notado que o Alckmin em todas as entrevistas que dá defende vigorosamente a ação da PM. Ontem por exemplo elogiou a ação e anunciou que agora a Polícia distribuirá coletes numerados e identificados aos jornalistas, está surfando nessa onda porque a questão dos subornos Metrô e CPTM está em segundo plano e momentaneamente não arranha, como deveria, a sua imagem.

       

       

      1. Sabóia

        É por aí.

        Conhecemos como funciona a polícia e a justiça

        O comentário, lá em cima, de André Oliveira explica bem os perigos deste novo endurecimento do Estado.

        O comentarista Marcelo, às 09:07, enuncia uma série de tipificações de crimes (ainda faltam outros) que poderiam enquadrar os manifestantes que extrapolam.

        Pergunta:

        Porque não foram enquadrados, e apenas o morador de rua por porte de Molotov (lamentável) foi condenado?

        Alguns que defendem o liberalismo ainda não perceberam os riscos da exacerbação das leis e dos atos da polícia.

      2. Qual a sua fonte para dizer

        Qual a sua fonte para dizer que a mais violenta é a de São Paulo? No Ceará do seu Cid Gomes o lombo arde igualzinho aqui na paulicéia. A PM do Cabral bateu tanto em 2013 que o tal do Pezão não se elege nem síndico de prédio do Leblon. Em  Minas do andreia Neves disse que a polícia é comunitária e só age dentro da lei. Essa foi a única informação da mídia mineira…

        Enfim, concordo com seu ponto de vista, mas a violência policial está muito longe de ser apenas um problema de nossa proto-facista pauliceia.

        A PM é incompetente, corrupta, classista, racista e violenta no Brasil INTEIRO!!!!!!

    3. Só vejo uma saída, Assis. Não

      Só vejo uma saída, Assis. Não me interesso tanto por novas leis, ainda mais com esse nome “lei anti-terrorismo”. O que acho urgente é o governo tomar a inciativa de articular-se com os aparatos de segurança estaduais, para traçar planos de inteligência.

      Tudo se complicou porque ao contrário de antigamente, os manifestantes “querem” a violência polcial. Ontem na entrevista do Padilha no Roda Viva, a reporter da Folha perguntou isso: “Voce acha que se houver repressão violenta da polícia o movimento pode ficar do tamanho de junho de 2013?”

      É isso que deseja o pig, a direita e a extrema esquerda irresponsável.  

      1. Juliano

        Bingo

        O que falta é a atuação de uma nova polícia que seja mais inteligência, mais controladora e preventiva do que repressora, e que a justiça julgue.

        As leis já existem, o que falta de a atuação do Estado.

        A criação de novas leis mais duras:

        1) é cosmética e visa fazer crer que o estado está atuando

        2) a ideia (equivocada) que que novas leis afastarão os insatisfeitos.

        3) servirá para alguns bodes expiatórios como o mendigo que foi condenado com duas garrafa de desinfetante.

        4) servirá para a direita reprimir movimentos sociais e sindicais (O que pensam a polícia e a justiça sobre os sindicatos e os movimentos sociais?)

        1. Bingo 2. Fechamos então. Só

          Bingo 2. Fechamos então. Só acresento que de fato a atuação é mais importante que novas leis, mas a batalha da comunicação nesse terreno também é necessário.

          O que digo é a necessidade do governo mostrar a sociedade que se responsabiliza pela ordem pública. Não necessariamente fazendo novas leis, mas emitindo um discurso claro nesse sentido.

          Preservando o direito democrático do cidadão e coibindo abuso policial. Não é tão fácil? Não, mas a isso se chama fazer política, não é, caro Assis? Alias o que tem sido o fraco do governo Dilma, que é boa na gestão

  5. Aprecio  muito os textos do

    Aprecio  muito os textos do Sérgio Saraiva: sempre lúcidos, pertinentes e esclarecedores. Não raro “batem” com as minhas percepções ou convicções pessoais. 

    Nesse, tenho algumas discordâncias que ouso agora expor.

    Começo pelo fecho do post: “o preço da liberdade é a eterna vigilância”. O escriba sabe, como comentarista culto e balizado, que tal apelo(alguns o creditam a Thomas Jeffferson, mas há controvérsias) é uma lídima exortação do período historicamente ficou conhecido como “guerra fria”. Uma anteposição de mundos de caráter dual e que por mais de quatro décadas ossificou o diálogo político, quando não simplesmente o elidiu, e que induziu a sangrentos embates políticos-ideológicos mundo afora. Inclusive no Brasil após 1964 quando, em nome desse preceito, se optou por um regime de força que extrapolou na “vigilância” e faltou na Liberdade. 

    Concordo plenamente que a Democracia, não a Liberdade, tem seu preço. Não vejo como se antepor preços a um VALOR. Já a um regime ou sistema, sim. Por esse aspecto, não acolho a sugestão de que são legítimos ou mesmo legais medidas ou  anti-democráticos que visam supostamente arrostar atos que eventualmente confrontem algum princípio democrático. 

    A primeira indagação é: que democracia é essa que não sabe se defender na forma e dentro de seus parâmetros básicos, dentre os quais se destaca o direito à manifestações? A segunda: eventuais atos de violência ou de vandalismo são, digamos assim para simplificar o raciocínio, consequências previsíveis em qualquer manifestação. São extrapolações, exageros, desvios, disfunções, que podem existirem ou coexistirem em qualquer outra expressão de direitos previstos na Constituição, a expressão formal da Democracia. 

    Eles, exageros, até nos limites da delituosidade, há nos movimentos grevistas, em campanhas eleitorais, e outras emanações de uma democracia consolidada. Nem por isso podem ser objeto de iniciativas legiferantes de cunho restritivo visando defendê-los. 

    A meu ver, é, sim, um “tiro no pé”, as esquerdas, ou a Esquerda, passar a encampar esse tipo de racionalidade. Se o fizer vai exatamente dar razão aos que acham que ao final quando se trata de dar sustentabilidade a seus designíos políticos-ideológicos se ombreia com a extrema-direita ou Direita. 

     

     

  6. E pra que novas leis? Pelo

    E pra que novas leis? Pelo que eu saiba nada que os black blocks tenham feito de errado não está ainda tipificado. Dano ao patrimônio, descato a autoridade, incêncio, lesão corporal, assassinato, tá tudo lá, no código penal. Pra que novas leis então? Simples. Pra reprimir mais. Pra cercear o direito a manifestação. Pra cercear ainda mais TODOS os cidadãos. Até quando o povo não vai enxergar que a cada novo crime inventado pelo nossos legisladores a liberdade do cidadão diminui? Que quanto mais crimes tipificados tem um país menor é a liberdade de seus cidadãos?

  7. “A violência foi o único legado das tais “jornadas de junho”.”

    Sérgio, outros legados. Os cinco pactos de Dilma.

    é “evidente” que os cinco programas foram uma resposta às manifestações e não existiriam sem elas. “Os pactos são um bom exemplo de como o governo deve ouvir a sociedade e se movimentar a partir das demandas reais da sociedade. Então, não é um problema, é uma virtude quando você ouve e toma atitudes para atender aquela demanda”, Gilberto Carvalho, em entrevista à Agência Brasil.

    O entendimento de Dilma sobre as manifestações de junho:

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=Osxr7gbAX9c%5D

     

  8. Perfeito.

    Texto perfeito. Só quem pode ficar contra é o pessoal da linha auxiliar da direita, aqueles partidos de “esquerda” cujo único programa é derrubar o PT e, como jamais terão votos suficientes para assumir o poder, preferem entregá-lo a partidos de direita. Esta não se pronuncia; tem tais partidos para  a prática e a mídia oligopolizada para difundir e defender a teoria. Ao governo, nos seus três poderes, compete garantir, inclusive aos manifestantes, os direitos previstos na Constituição, mas também exigir a cumprimento dos deveres e o respeito às limitações, explicitados no Artigo 5º. E para isso terá, inclusive e democraticamente, de usar a força.

     

  9. Escrevi ontem e reitero hoje:

    Escrevi ontem e reitero hoje: essas manifestações tem por finalidade última desgastar o governo. Ou seja, são ATOS POLÍTICOS. Nesse sentido são legais e legítimas. 

    O que está fora de esquadro é a recorrência a atos de vandalismo e violência. Nessa situação, são ATOS DELITUOSOS e só por esse aspecto e nesse aspecto devem receber intervenção do Estado. Tudo o mais será reacionarismo. 

    Espanta-me o quanto muitos esquecem da história nesses momentos. Em qualquer momento, em qualquer lugar, sempre o os defensores do status quo tentam desqualificar manifestações através da sublimação dos seus excessos.

    Manifestações “boas” , “heróicas”, historicamente pertinentes, foram as nossas. Leio muito rede afora.Alguns até mesmo vítimas daqueles que tinham mentalidade similar às suas de hoje. 

    Os que hoje são reconhecidos como combatentes do bom combate já foram nos seus contextos rotulados de baderneiros, aliados de Moscou, contra a família, afinados com a violência, vandalos, tresloucados, e muitos outros epítetos caros aos que não suportam contestação de nenhuma espécie. 

    O melhor exemplo que poderemos dar a esses jovens é não calá-los. Seja pela truculência , da brutalidade policial; seja opressão formal. 

     

  10. …que agora se travestiram

    …que agora se travestiram de “protestos contra a Copa” e em reivindicações genéricas, tais como, “pela felicidade geral da Nação, padrão FIFA”.

    Todos tem o direito de protestar, mesmo que seja com demandas tão genéricas quanto as mencionadas, desde que seja de forma pacífica, respeitando o direito alheio. 

    O autor do post é que parece não ter entendido. Não há polianas nessa história. Há temores fundamentados sim de que essa onda de novas leis, propostas de afogadilho para reprimir especificamente os abusos cometidos nas manifestações de rua desde o ano passado, acabem por restringir de fato o direito à manifestação legítima dos movimentos sociais. E isso seria um enorme retrocesso. Os críticos argumentam que as leis existentes são suficientes, basta que sejam cumpridas. É sintomático que quem está puxando esse bloco por mais leis seja um chefe de polícia. 

    E nem falamos a respeito da proposta de lei que tipifica o crime de terrorismo. Há parlamentares que pretendem uma redação para esta lei de tal forma que seja possível enquadrar os atos de vandalismo nas manifestações como terrorismo. Quer mais absurdo que isso?  É um indicio forte de que desejam mais do que meramente coibir os abusos. Será um passo para criminalizar qualquer manifestação. É tática mais velha do que o mundo. Basta infiltrar baderneiros profissionais para açular a multidão de cabeça quente, justificando a repressão generalizada das forças políciais para o restabelecimento da ordem. Todos vão sofrer pelos abusos cometidos por poucos. 

    Caro autor do post, afinal quem está sendo poliana nessa história?

    1. Acho que o Poliana a que o

      Acho que o Poliana a que o Sergio se refere não são os que questionam a necessidade de uma lei anti-terrorismo. E sim aqueles que fazem vista grossa para a violência, a intolerância e a inconsequência presente nos protestos. E só botam foco na violência policial, que é de conhecimento de todos.

      É uma postura demagógica, marota e desonesta. E chego a afirmar que as Polinias legitimam a violência dos Black blocs. E mais, a desejam e a incentivam, como já ouvi em palestras sobre “as jornadas de junho”. Por puro oportunismo político

       

    2. Clap, clap, clap, clap, clap!

      É BURRICE nao perceber o perigo dessas propostas de lei antiterrorismo, e o aval que muitos estao dando ao arbítrio policial. 

  11. “estando eu no poder, o resto é PCC”
    “Temos visto ultimamente um movimento de pretensos polianas que afirma que o governo está tentando sufocar, ou criminalizar, movimentos sociais quando reprime com a polícia…”  Claro, repressão policial é realmente o melhor caminho para se lidar com qualquer problema social. É a chamada “Escola Pinheirinho” de resolução de problemas. Nada de errado. Não foi nem a truculência policial que começou isso tudo. Como é sabido por todos, a polícia brasileira é extremamente capacitada para lidar com qualquer tipo de manifestação.    “Querem nos fazer crer, portanto, que tais grupos de desordeiros são pertencentes aos movimentos sociais. São tanto quanto o PCC ou o Comando Vermelho, ao seu modo, também são.” E quando a Veja ou STF chamam o MST e o PT de organizações criminosas ou grupos de desordeiros, vocês reclamam. Parece que democracia é só quando concordam com a gente. O resto são criminosos.  Só uma dúvida, a que governo o texto se refere? Porque a manifestação foi em SP, a polícia é comandada pelo Alckmin, né… 

     

  12. Excelente artigo. Chama a

    Excelente artigo. Chama a atenção para os defensores de uma democracia livre e solta que não existe. Democracia não é baderna e depredação. Democracia implica responsabilidade civil. Onde está a responsabilidade civil destes grupos organizados (financiados?) e instrumentalizados pela direita que quebram e botam fogo até em inocentes fusquinhas? Isso já diz muito do “esquerdismo” de fachada de tais grupos. Depredaram algum carro de última geração? Botaram fogo em algum lugar nas zonas nobres da cidade onde moram seus familiares? Com a palavra os defensores do PSTU-PSOL e outros associados.

  13. discordo

     

    Este é um texto que serve perfeitamente de ilustração à violência argumentativa irracional que se tem propagado em muitos meios.  O autor usa de procedimentos de discurso que nada mais são que uma tentativa de convencer  pela ilusão de objetividade, sem qsta exista. Senão vejamos:

    –“Querem nos fazer crer, portanto, que tais grupos de desordeiros são pertencentes aos movimentos sociais.”  Existe, por acaso, um catálogo de movimentos sociais? Existe uma definição exata de movimento social?  Para porder se manisfestar é preciso de carteirinha de membro de movimento social oficial? Oras,  estes manifestantes mesmos  formam um movimento social. Eu não concordo com a causa deles, mas não não que les possam ser um movimento.

    — “São tanto quanto o PCC ou o Comando Vermelho, ao seu modo, também são.” PCC ou Comando Vermelho são organizações de criminosos que tem como objetivo obter ganhos financeiros ou semelhantes.  Os protestos não tem nada a ver com isso. As pessoas não ganham nada em ir protestar, até pelo contrário.  Colocar PCC, Comando Vermelho e Não Vai ter Copa na mesma frase é tentar induzir uma associação que não tem respaldo na realidade.

    –“Vitorioso o “não vai ter Copa”, a próxima manifestação é o “não vai ter eleições”, quem ainda não percebeu isto? O polianas aparentemente não. ” Ou seja, o autor não admite  sequer que sua afirmação seja discutida, pois já diz que quem o faça é “poliana”.  Debate democrático?

    –“Acreditar que, hoje, existem “manifestações pacíficas” infiltradas de black blocs é uma forma de auto-engano.”  “Black-bloc”é uma palavra que tem um contexto definido e não se aplica a qualquer pessoa que aja violentamente. Isso posto, podemos nos perguntar se todas as pessoas que vão a uma manifestação “anti-copa” de fato se desfraldam em violência. Com  recurso  à simples observação desinteressada da realidade podemos ver que não, que não são todos os manifestantes que participam de “quebra-quebra”. Parece antes que é uma minoria, a de manifestantes violentos.  Aquels que não são violentos são, por definição, pacíficos – podendo no máximo ser acusados de indeferentes à violência ( mas isto estaria ainda assim por ser comprovado).  Portanto, não há auto-engano em dizer que haja manifestantes pacíficos em maioria e violentos em minoria.

    e assim vai…..

    O uso de argumentação sem conexões lógicas, explodindo o significado das palavras, tentando provocar  associações irracionais, a falta de um olhar sobre a realidade factual, tudo isso é representativo da desonestidade intelectual do texto. Serve de discurso para açular os que já pensam como ele. Em nada aclara o debate. Não há compromisso com civilidade e civilização.

    Em tempo: acho a luta contra a copa do mundo ridícula. Discordo totalmente, mas não acho que se deva bater em quem discorda de mim.

    1. alta voltaireagem

      O autor possui duas características:

      Acredita no que escreve – não escreve com malícia, ainda que às vezes abuse da ironia.

      Não receia ser convencido – por saber que pode estar errado, considera todos os argumentos vindos da discussão de idéias e opiniões, inclusive os contrários as suas próprias.

  14. Observações agudas as do

    Observações agudas as do post, mas depois dele acho obrigatório ler os comentários de JB Costa e de Ed Doer. A  repulsa à manipulação da direita não pode virar material para medidas repressivas que não outras das legais  que já existem. Criminalizar protestos (por ridículos ou malintecionados que sejam) ou ser indulgente com o agir da policia  é um tiro no pé mesmo.

  15. Provocação

    Históricamente esses movimentos tipo black blocs sempre existiram. Não com esse nome, que parece ser mais um modismo atual. Cansei de ver ( em São Paulo) e em datas como o 7 de setembro, manifestações violentas de grupos anarquistas, punks e a extrema esquerda, assim como skinheads da extrema-direita. Haviam os mesmos confrontos com a policia, depradação, prisões, gente ferida e até mortes.Os grupos também brigavam entre si.

    A diferença de hoje é que esses confrontos eram relatados com absoluto distanciamento  pela mídia. Uma nota na página policial dos jornais, quando muito.

    A velha mídia jamais os tratou como um ato político.  Era um caso para a policia. Tipo torcidas uniformizadas.

    É evidente que atualmemte a mídia, por interesses por demais óbvios, resolveu “re-politizar” esses mesmos “ativistas” dando-lhes uma aura de rebeldia e insatisfação contra (o)s governo(s). Já que a “população civil”  está farta da violência e da absoluta falta de resultados práticos dessas manifestações, optou-se então  pelo último e mais violento fio condutor destes protestos, os velhos jovens de sempre, hoje chamados “black blocs”. Foi lhes dado o privilégio de sairem das páginas policiais e entrarem na de política. Pelo menos até Outubro.

    Dessa forma o esvaziamento dessas manifestações não foi o suficiente para que a mídia lhes tirasse as manchetes e a discussão apaixonada de seus “especialistas” que descobriram muito tardiamente que a Pm é violenta.

    Pausa para os risos. 

    Está claro que há o nítido interesse de dar sobrevida à essas manifestações até durante a Copa. Agrega-se aí um forte interesse partidário do “quanto pior melhor” em ano eleitoral.

    Como dito no texto do post, uma manifestação chamada de “não vai ter copa” depois de 7 anos do direito de realizá-la é a mais  pura e irresponsável  provocação. Apenas isto.

  16. Falta aula de cidadania.

    A população não sabe ser cidadão. Não sabe que a forma legítima de reinvidicar qualquer coisa é junto ao legislativo. Formar grupo de pessoas com a mesma necessidade e participar efetivamente nas assembléias legislativas.

    Sair às ruas fazendo manifestação é desordem pública.

    Sair às ruas fazendo manifestação usando máscara é uma forma sútil de terrorismo. 

      1. Quando isto aconteceu?

        A Dilma está sozinha abandonada.

        As camaras municipais, assembléias legislativas, auditórios do congresso federal e senado federal estão vazios.

        O povo não pediu nada de específico, as manifestações são genéricas.

        Mascarados não, nunca!!!

    1. Manifestar-se é um DIREITO LEGAL

      E o que você está defendendo é antidemocrático. 

      Uma coisa é ser contra essas manifestaçoes sem sentido. Outra é achar que nao podem ocorrer. Podem. Os atos violentos devem ser punidos, mas as manifestaçoes em si sao idiotas mas sao legais. 

      1. Quer manifestar?

        Tem uma praça gigante na frente do congresso federal, gramado impecável.

        Vamos reunir e acampar lá com uma pauta específica, ficar acampado até o fim.

        Isto nunca aconteceu.

        Parar rodovias, passeatas nas ruas, causa transtorno aos não participantes, por isto digo que é desordem pública. É moral mas não é legal.

  17. Saraiva,O texto está ótimo,

    Saraiva,

    O texto está ótimo, mas faria uma ressalva na questão dos movimentos sociais. Que esse pessoal não pertence aos movimentos sociais “tradicionais”, como os que você citou, me parece claro. Porém, até que ponto não deixariam de ser um movimento social? E já deixo claro de início, que não nutro simpatia por esses bandos de gato-pingados revoltados. Seja pelos objetivos, como pelos métodos.

    Por mais antidemocráticos que sejam, possuem pelo menos um objetivo claro atualmente (o não vai ter Copa), mas não acho que uma causa antidemocrática seja o suficiente para descaracterizar como movimento social um grupo de pessoas que carrega uma bandeira, até porque, mesmo os movimentos sociais “tradicionais” carregam causas próprias e “privadas” (são os maiores interessados normalmente), que não necessariamente interessam (in)diretamente a totalidade da sociedade. E é complicado alegar que nos “tradicionais” falamos de causas que tornam a sociedade “melhor”, pois estaríamos delegando de forma autoritária, o direito para alguém definir o que é o “melhor” para a sociedade, fugindo temporariamente da esfera democrática, que no final, valida ou não a vontade da população.

    Eu só desconsideraria tais grupos como movimentos sociais, se ficasse claro que sua totalidade ou pelo menos, maioria, está ali não pela causa em si, mas por interesses secundários, principalmente, mas não unicamente, financeiros. O que desconfio que possa ser verdade, mas que ainda não vejo elementos suficientes para afirmar com grande certeza.

    Mas vou encerrando os meus 2 centavos de achismo por aqui, aproveitando para manifestar que precisamos de mais democracia (participativa),  que está longe de ser percebida como interesse de um movimento, onde o caos impera e qualquer ação “questionável” ou condenável de algum do grupo é logo debitada na vontade individual de um único participante “independente” ou “não-representativo”…e não como característica do “movimento social” pós-moderno que são.

  18. Subscrevo do incio ao fim. E

    Subscrevo do incio ao fim. E ilustro com fatos a parte que o Sergio fala que a extrema-esquerda quer a direita no poder novamente, para se legitimar e ganhar musculatura.

    O que anda fazendo o MPL? Porque eles não reestruturaram seu movimento depois que a pauta do transporte público se diliui no “coxinhismo” do “contra tudo que está aí”? Poderiam insistir no aprofundamento da reivindicação, após a vitória dos “vinte centavos”. O próximo passo seria abrir a “caixa preta” dos transportes. Tal pauta sumiu da mídia, claro.

    Depois poderiam ter ido as ruas defender a faixa exclusiva e o aumento progressivo do Iptu, que na proposta da Erundina, financiaria o passe livre. Neca de pitibiriba. O negócio é o “#nãovaitercopa. Movimento inútil, desinfromado e sabotagem pura e simples

  19. Leitores qualificados, textos qualificados.

    Copiei e salvei o texto no meu arquivo pessoal. Sempre vi exatamente da mesma maneira desde 13.06.2013, nunca tive a menor sombra de dúvida. Por essas e por outras que o blog do Nassif é como é: leitores qualificados, textos qualificados. 

  20. Aprender a contar até 10

    Insistimos na discussão sobre a violência da PM e nos esquecemos de discutir as outras tantas violências que cometemos cotidianamente. Algumas sem a menor contibuição do estado para promove-las. Como exemplo, nesta última semana, tivemos o caso do jovem embriagado que jogou seu auto contra os participantes de um cordão de carnaval, na Vila Madalena em São Paulo.

    As estatísticas demonstram que o maior número de assassinatos e violência nos grandes centros urbanos são causados por motivos banais: brigas em família ou ocorridas na vizinhança, brigas no trânsito, casos passionais, etc. Não são portanto o crime organizado ou as “razões sociais” que influem diretamente neste alto índice de violência. Apesar disto, muitos insistem em buscar aí as explicações.

    As estatísticas também mostram claramente, somos um povo violento. É uma verdade da qual nenhum de nós pode fugir. Esta violência é maior, quando é analisada somente a população jovem brasileira. Adotamos a violência como forma de resolução de conflitos e, o que é pior, nos recusamos a assumir parte da responsabilidade por esta decisão.

    Se não queremos a violência policial, se queremos uma sociedade mais justa, se queremos a liberdade de nos manifestar, precisamos aprender a contar até 10. 

  21. Comentário.

    Estado de direito?

    QUAQUAQUÁ!

    O pior dessa joça toda é ter que começar a discutir justamente aquilo que não ocorre no país. Sei lá, dá uma olhada no 470, naquilo que o Judiciário está fazendo, as impunidades diversas nos conflitos de terras… Essa é a lógica das coisas.

    Como se parte da premissa que estamos no estado de direito (coisas da lógica), deduz-se o resto. Fantástico! De regra, não precisa desmontar cada argumento pontualmente, sabendo que a lógica inicial não é apenas dogmática, é viciada.

    Alguns blogs falavam, no início do julgamento do mensalão, que não daria em nada.  Quando deu no que deu, ninguém assumiu o seu otimismo exagerado. Agora, a vaquinha é a solução do papagaio paralítico para amenizar um julgamento político. Isso não é, por si, uma das provas de que esse papo de estado de direito é uma balela?

    Ninguém percebeu nada. Ele percebeu. Um gênio! Descobrimos a Poliana do Estado de Direito.

    A Poliana do Estado de Direito contrapõe a questão da representatividade dos grupos como critério para as suas ações. Mais uma característica da Poliana: se existe maioria, está certa, se não tem, está errada.

    Bons tempos em que os liberais falavam que a política é uma atividade racional por pessoas em acordo mútuo. Eles punham em primeiro lugar que cada um tivesse tutano pra saber o que está fazendo, não se dez bois poderiam resolver uma conta de dividir. Por isso, educação não é apenas pra conseguir trabalho, é uma questão política.

    Se você não está com a maioria, então, você é um desviado, um marginal, uma coisa qualquer.

    O pior de tudo é que a direita, quando está no poder, usa o mesmo argumento: vocẽ não tem representação. Fantástico! É um pensamento unidimensional.

    Realmente, é duro ser governo federal. Tem conservadorismo pra todo lado e empresários no Congresso, tem que fazer pactos com essa gente pra tornar esse país governável. E precisa fazer cabo-de-guerra pra ver qual projeto será aprovado, as minorias (!) GLBT (mudou tanto nestes últimos tempos que nem sei mais qual é o termo certo) pedem leis que as defendam (ah, é minoria, não pode! sorry, baby…), quilombolas, indígenas… Fora essa direitinha que traga, que fala com os Otácios (assim mesmo) de Carnalho como se fossem gênios. Uma boa parte da esquerda paralisou, ou está discutindo Marx nas universidades, enquanto não sabem se tem indígena ou não na Argentina (isso realmente aconteceu, senhores), sendo minoritários (!) e engolidos na meritocracia.

    Sobra um pessoal que carrega o piano, uma extrema-esquerda que pode ser até extraparlamentar (termo fora de moda e fora do vocabulário das Polianas do Estado de Direito) mas que pena por sua inserção social mal ajambrada. Mas a culpa é da “esquerda toda”; afinal, desde 1920 se fala do colarinho branco, tá meio complicada a aliança operário-camponesa

    Até que Hegel ia muito bem quando dizia que o motor da razão (e a razão é histórica) era a  contradição imanente. Não, não é Marx, esqueçam. Mas as Polianas do Estado de Direito não querem a contradição: tentam colocar de lado e de fora as outras Polianas, como se a política fosse apenas aquilo que os liberais diziam (racional, mas a sua implantação é outra história, eis a sua limitação e o princípio de sua contradição), mas também de força.

    Nega-se a todo o tempo a força na política. Claro, os opressores são os violentos; fazer uso da força seria colocar-se da mesma forma que o opressor. E oferece a outra face.

    A Poliana do Estado de Direito não tem contradições nem vê limite em seu discurso. Ele vê que o atual governo está ao lado do povo, mas esse mesmo governo tem que, retorno, se defender da direita que quer o golpe e uma esquerda que quer mais direitos. A direita faz o que sempre fez, o povo deveria aprender a se defender (ah, a Poliana não quer o uso da força pelo povo…), enquanto que uma parte da esquerda já não sabe muito bem por onde anda (vá ao sindicato, à associação de bairro, à sua rua… em alguns casos, esqueçam a palestra sobre Marx ou o Makhno e leiam por si mesmos… lembrando que o tempo mudou um poucão…).

    Não vai ter copa pela força, pelo medo? Realmente, por qual motivo não se mobilizaram antes; querem chegar no fim e sentar na janelinha? Coitadinhos… Mas não é igualmente lamentável que uma federação particular venha e intervenha sobre as leis do país, como se fôssemos uns incivilizados e eles os bwanas? O europeu civilizado pode beber no estádio, nós não. Mas eles também alcançaram o padrão civilizado às nossas custas. Tudo se encaixa e é uma palhaçada.

    Então, devo ser um completo pária, por exemplo, e, por isso, durante a copa, estarei fora do país, se tudo der certo. Afinal, como sou minoria, odeio futebol na televisão, clubes são entidades privadas que possuem todo o tempo do mundo para discorrer sobre seus produtos e serviços – é como ter um Jornal da Coca-Cola falando apenas do produto – e a maioria mexe a todo custo para dizer o quão importante é essa porcaria para a minha vida. No tempo do futebol na rua e na várzea eu era mais feliz. Pelo menos o João Saldanha estava vivo.

    Pois a maioria que quer a Copa acha que, como sou contra a Copa, sou contra o Governo? Sinceramente, eu fui consultado? Não. Se não te importa, fale isso lá pro pessoal removido da favela, que foi pra sei lá onde, que ficava na região do Itaquerão. Se isso te importa.

    Isso pelo fato de terem a cabecinha igualzinha a turma de discussão no Fakebook: “Eu Odeio a Copa”.

    É ali onde a patotinha da direita e da esquerda, BB, coxinhas e direitosos em geral, concordam amplamente sobre a quebradeira.

    Mas como, pessoalmente, não quero a Copa e discordo da violência por dois motivos, tanto por infiltração dos direitistas e antiesquerdistas (pois é, quanta proeza!) quanto pela esquerda mais violenta que não consegue atingir o alvo (enfim, um desperdício de tempo e energia, APENAS ISSO, sem politicagem nem moralismo das Polianas do Estado de Direito), sou, então, a minoria da minoria da minoria. 

    MAS em uma coisa é preciso se debruçar: sobre aquilo que é tratado genericamente como “estudantes”. Onde os “estudantes” estiveram agindo, forças da reação se instalaram com maior peso: Egito é um exemplo. Mas tem Bolívia, Venezuela, a bola da vez. Sim, há um descompasso, em alguns casos, entre classe, acesso à educação e “ideologia política”. Não formam uma classe, estão, algumas vezes, descolados disso, mas um grupo social que pode ser de tal e qual classe social. Não é um fenômeno novo.

    É um comentário sobre um texto repetitivo com apenas um tom mais elevado e que bate no prego torto.

    Gostaria de me estender nisto, mas tenho mais o que fazer.

    Termino dizendo o seguinte: não é pelo fato de se defender o estado de direito que se defende qualquer bobagem.

  22. Concordo, desde q sem leis de exceção e sem ARBÍTRIO policial

    Reprimir manifestantes violentos e mascarados é preciso. Mas repressao a torto e a direito, para manifestantes nao mascarados e ANTES DOS ATOS nao. As manifestaçoes sao estúpidas sim, mas sao legais. 

    1. Uma questão e uma provocação…

      … por qual motivo os próprios manifestantes não marcam a sua própria posição e tiram os tipos mais violentos? Isso afirma claramente o tipo de ação que se quer.  Ou se marca uma posição ou a direita e uma parte da esquerda (que é tosca) se abraçam. Sem polícia e sem apelo a moralismo. Afinal, alguém tem que “reprimir manifestantes violentos e mascarados”; deixar isso a cargo da polícia é pedir para que as “forças de ordem” intervenham.

      Quem é que está com medo dessa confluência, dessa ausência de diferenças, acabar? Se pra haver manifestação é ter nacionalistas de direita ao meu lado… Não haverá o fim das manifestações, mas de um tipo,

      1. Isso é uma questao lateral. Eu até acho q eles deveriam

        Mas eles nao sao obrigados a agir como eu acho que deveriam. Simples assim. E o fato de nao agirem assim NAO JUSTIFICA ARBÍTRIO e muito menos ainda PUNIÇOES A PRIORE, antes do crime ser cometido! Apego a princípios democráticos é preciso! 

  23. Quem foi condenado nas

    Quem foi condenado nas manifestações?

    Quais os políticos que foram condenados por corrupção?

    Resposta

    PPPP

    Estão acreditando muito nas polícias e no escopo judicial.

    Polianas.

  24. Todo mundo tem direito de

    Todo mundo tem direito de protestar.

    Não constituindo seu discurso crime ou propagação de discurso de ódio, e desde que não promova quebra-quebra/vandalismo, você pode protestar sobre a besteira que quiser. Igual fez o tal do “Cansei”, que se afogou nas próprias contradições, mesmo com apoio maciço da mídia.

    O caráter golpista do movimento “não-vai-ter-Copa”, a que o comentarista alude, é uma conclusão a que chegou sem nenhuma base fática. Só porque o slogan é contra a Copa, pula para o raciocínio que possivelmente eles seriam contra eleições, e já se previne antecipadamente de quem porventura aponte as incoerências deste silogismo chamando-o de ingênuo (“poliana”).

    Quais provas mais, além deste silogismo, temos que o movimento é golpista? Aliás, onde está a Abin para monitorar estas organizações? Tese de blogueiro agora vale para legitimar endurecimento de legislação penal?

    Este recurso é manjado.

    Caso o caráter do movimento não seja golpista, não seja uma aliança da extrema-esquerda e direita para derrubar Dilma Roussef, é indefensável proclamar a legitimidade de medidas draconianas como a lei anti-terrorismo, ou o decreto que autoriza a utilização do exército em manifestações. Assim, os promotores de quebra-quebras e tumultos dentro destas manifestações constituiriam-se em ovelhas desgarradas, cuja legislação penal e cível é mais do que o suficiente para puní-los.

    Agora no caso contrário, ou seja, defendendo o caráter golpista deste movimento, aí sim justificaria-se, pelo menos conforme este raciocínio distorcido, a elaboração de leis que elejam seus “inimigos internos” e estabeleçam verdadeiros estados de exceção dentro da democracia. Uma comentarista apontou isso bem aqui: isso parece discurso de ditadura militar. Elege-se um inimigo interno (antes, o comunismo, hoje, o “não-vai-ter-Copa”), alimenta-se uma paranóia e justifica-se a gestação de pequenos-grandes monstros autoritários.

    Eu não creio que as pessoas daqui acreditem piamente no que estão escrevendo. Acredito que a jornada até a eleição de 2014 está tirando o bom-senso de muitos comentaristas arrazoados. A Polícia Militar de SP é a mesma ontem e hoje. A mesma PM que meteu o cacete na turma do Pinheirinho é a que cercou manifestantes, jornalistas e transeuntes sábado, indistintamente, num claro cerceamento de liberdades públicas.

    Estão, portanto, colocando-se ao lado do que há de mais reacionário e conservador em matéria de segurança pública e trato com os movimentos sociais. Cabe sempre lembrar que alguns deputados ruralistas há anos tentam aprovar legislação que enquadre o MST como organização terrorista, e está se arriscando, com esta nova legislação, abrir a porteira para novas tentativas.

    Este novo estilo “neocon” não cai muito bem na roupagem de alguns militantes petistas que o adotam. Podem, em futuro próximo, sentir na couraça as agruras que redundam as leis que visam reduzir a eficácia dos direitos fundamentais.

  25. Discordo do autor em relação

    Discordo do autor em relação à defesa que ele faz, logo no primeiro parágrafo, de uma legislação excepcional para reprimir as manifestações.
    Produzir tal legislação é “entrar no jogo” do adversário. E pôr ainda mais em risco a democracia já ameaçada pelas tais “manifestações”.
    A democracia se defende com ação democrática e não com medidas de exceção.
    Aliás, o autor acaba por se contradizer, já que no meio do texto aponta para o risco dessas “medidas de exceção”, que chama de “temporárias” – sem que se possa ter qualquer garantia dessa temporariedade -, chamando a atenção para o fato de que “já vimos esse filme, [que] durou 21 anos”.
    Num regime verdadeiramente democrático, só o fato de concebermos a possibilidade de quaisquer “medidas de exceção”, mesmo que “temporárias”, já deveria nos causar indignação e fazer temer pelo futuro.

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