EUA, xerife do mundo, ameaçam: “Lideres autoritários” serão derrubados. A morte de Kadafi é apenas um aviso

Atualização – 11:00 Achei o artigo que trata da doutrina norte-americana que lhe permite derrubar “governos autoritários”

OS EUA, xerife do mundo, ameaçam, será que isso vale para Berlusconi. Ai me lembro de um artigo sobre a nova doutrina americana, segundo a qual um governo,mesmo eleito pelo povo, poderá ser derrubado se não implantar a cartilha neoliberal, o que é interpretado pela corte como autoritarismo, preciso procurar o link, hoje é Kadafi e amanhã pode ser qualqur governo que não reze na cartilha dos EUA, se tiver petróleo então…

Morte de Gaddafi é aviso a líderes autoritários, diz Obama

Por Matt Spetalnick e David Morgan, via portal MSN

WASHINGTON (Reuters) – O presidente norte-americano, Barack Obama, considerou a morte do líder líbio deposto Muammar Gaddafi como um aviso a líderes autoritários de todo o Oriente Médio, mostrando que os governos com mão de ferro ‘inevitavelmente chegam ao fim’.

Obama juntou-se a políticos e cidadãos norte-americanos, saudando a morte de Gaddafi, que foi durante décadas visto como inimigo de presidentes dos EUA, e também buscou reivindicar parte do crédito pela queda do homem forte líbio.

‘Isso marca o fim de um capítulo longo e doloroso para o povo da Líbia, que agora tem a oportunidade de determinar seu próprio destino em uma Líbia nova e democrática’, disse Obama a repórteres no Jardim de Rosas da Casa Branca.

Obama deixou claro que vê a morte de Gaddafi como algo que veio comprovar o acerto de sua estratégia de ‘liderar desde atrás’, que foi criticada nos EUA por deixar o país em um papel de apoio nos ataques da Organização do Tratado do Atlântico Norte na Líbia.

‘Sem colocar um único militar norte-americano em campo, alcançamos nossos objetivos’, disse Obama em discurso televisionado para os norte-americanos, já exaustos das guerras prolongadas no Iraque e Afeganistão.

A reação dos EUA refletiu uma história difícil com Gaddafi, visto nos EUA como vilão devido aos vínculos de seu governo com a explosão de um voo da Pan Am sobre a Escócia, em 1988, e uma explosão em uma discoteca de Berlim, em 1986, que teve como alvos soldados norte-americanos.

Obama disse também que a morte de Gaddafi deve servir de aviso a outros líderes autoritários no Oriente Médio, onde revoltas já depuseram líderes que passaram muitos anos no poder no Egito e na Tunísia.

Washington está fazendo pressão por mais sanções contra o presidente da Síria, Bashar al-Assad, devido à repressão brutal dos protestos pró-democracia nesse país.

‘Para a região, os acontecimentos de hoje (quinta-feira) comprovam mais uma vez que um governo com mão de ferro inevitavelmente chega ao fim,’ disse Obama.

O presidente falou ainda que os Estados Unidos serão parceiros do governo interino líbio e exortou uma transição rápida para eleições democráticas, mas não fez promessas específicas de ajuda.

Parentes de vítimas norte-americanas mortas na explosão do voo sobre Lockerbie, na Escócia, promovida 23 anos atrás por agentes líbios, disseram que a justiça foi feita com a morte de Gaddafi ao fugir de sua cidade natal e derradeiro reduto.

‘Espero que ele esteja no inferno com Hitler’, comentou Kathy Tedeschi, cujo primeiro marido, Bill Daniels, foi uma das 270 pessoas mortas na explosão do voo 103 da Pan Am em 1988.

(Reportagem adicional de Caren Bohan, Tabassum Zakaria, John Whitesides e Michelle Nichols)

http://noticias.br.msn.com/artigo.aspx?cp-documentid=31090749

 

Atualização – 11:00 Achei o artigo que trata da doutrina norte-americana que lhe permite derrubar “governos autoritários”, o  artigo do começo de 2010, tendo sido publicado na Carta Maior:

A doutrina Hillary: a gestação do argumento golpista

Os apologistas do processo eleitoral passaram a questioná-lo. Os argumentos que tiram da manga são de uma imoralidade que beira o ridículo. Dizem, por exemplo, que o que conta não são as eleições, mas sim a ação de governo; ou que o sufrágio contaminado de populismo é um engano (quando ganha a esquerda, é claro) e outras afirmações no mesmo estilo. A “doutrina desqualificadora da eleição” vem ganhando terreno em diversos setores políticos e já foi expressa, em reiteradas declarações, pela atual secretária de Estado dos EUA. O artigo é de José Vicente Rangel.

Quando o movimento popular latinoamericano se encontrava acossado, perseguido com inaudita crueldade pelos agentes de poder da região; quando a divisão interna da esquerda esgotava sua capacidade para converter-se em opção e o domínio dos partidos tradicionais era absoluto, as eleições constituíam o desideratum da política democrática. A instituição do sufrágio era a alternativa e a recomendação que se dava a quem praticava formas de lutas distintas, devido ao esgotamento a que estavam submetidas. O caminho era a incorporação à via pacífica e eleitoral.

Em resumo, a mensagem que era enviada a partidos políticos, grupos de ação e dirigentes deste universo que se movia na linha insurrecional consistia na adoção do voto como saída. Pode-se dizer que a vanguarda do movimento popular aceitou a recomendação, mas não é assim. O que ocorreu foi que o povo adquiriu consciência, os dirigentes superaram o maniqueísmo e assumiram sem peso na consciência a luta pacífica e democrática, por meio do sufrágio. O tempo acabou resolvendo o dilema luta pacífica versus luta armada. A evolução da sociedade e a maturidade de uma direção que compreendeu a nova realidade. O resultado foi impressionante. O movimento popular saiu do labirinto de um debate infinito e de sucessivas derrotas e se conectou à realidade de cada nação, colocando assim toda sua capacidade de luta, sua criatividade e coragem na direção correta.

Os setores populares passaram, em uma virada espetacular, do simples reformismo a processos de mudança social profundos, desconcertando o inimigo tradicional. A partir de então, em menos de uma década, a região presenciou a chegada de organizações populares ao governo em numerosos países. Não foi um milagre, mas sim um fato histórico: foi a comprovação da justeza de uma linha política.

Em função da experiência acumulada durante uma década de derrotas, agora o inimigo ideológico e político se dá conta do erro em que incorreu quando sacralizou o sufrágio eleitoral e incentivou o movimento popular a desenvolver a luta de massas legalmente. E, obviamente, a reação não tardou. Os apologistas do processo eleitoral passaram a questioná-lo. Os argumentos que tiram da manga são de uma imoralidade que beira o ridículo. Dizem, por exemplo, que o que conta não são as eleições, mas sim a ação de governo; ou que o sufrágio contaminado de populismo é um engano (quando ganha a esquerda, é claro; não quando ganha a direita) e outras afirmações no mesmo estilo.

O que poderíamos definir como “doutrina desqualificadora da eleição” toma corpo em setores políticos, partidos, ONGs, elites intelectuais, grupos universitários, empresários, proprietários de meios de comunicação. Uma colunista venezuelana abordou o tema cruamente e afirmou: “É preciso entender que a democracia não é sobre eleições, mas sim sobre instituições”. E um prefeito envolvido em ações desestabilizadoras sentenciou: “Chávez usa a democracia para destruí-la”. Como estas há muitas outras expressões reveladoras do propósito de desqualificar o voto do povo, de questioná-lo, para atribuir-se o direito de julgar a democracia não por sua origem, mas sim pela opinião que os poderes fáticos, os grupos de pressão nacionais e transnacionais têm sobre ela. Ou seja, que a qualidade democrática e um governo dependeria de valorações de caráter subjetivo e seria alheia à origem do mesmo.

Por que o título deste artigo? Porque em reiteradas declarações a atual Secretária de Estado dos EUA manifesta esse ponto de vista. Em entrevista a um canal de TV venezuelano, sustentou que “a democracia não é só eleições”. Claro que não, mas a que se deve a ênfase nesta afirmação? Ela logo desenvolveu sua afirmação: é preciso privilegiar a avaliação da noção “governo” e dar-lhe prioridade em relação ao processo eleitoral. Na concepção que a senhora Hillary Clinton começa a manejar, desvaloriza-se – ou, caso alguém não goste do termo, minimiza-se – o que no passado foi fundamental: a decisão do povo expressa nas eleições; e, logo em seguida, se valoriza a pretensão de que o que define a democracia é a gestão de governo. Mas na teoria universalmente aceita é o voto popular que outorga legitimidade e constitui a origem da democracia, enquanto que o ato de governo é circunstancial e sempre polêmico, uma vez que é avaliado em função de critérios políticos, o que, normalmente, é feito por grupos de pressão nacionais e internacionais.

Mas esta consideração sobre a valoração de conceitos como eleição e governo, já não é teoria, mas sim prática, como acabamos de ver acontecer em Honduras. O governo de Zelaya era (é) um governo legítimo, constitucional, produto do voto dos hondurenhos. Mas a concepção de que a origem, o voto, é relativo e o que conta é a conseqüência, o governo, abriu as portas aos golpistas militares e civis de Tegucigalpa no dia 28 de junho. Todos os preconceitos que a sociedade civil acumulou durante décadas contra a proeminência militar e a rejeição ao golpe de Estado, viraram fumaça quase que imediatamente. Aqueles que trabalham para golpes militares contra governos eleitos popularmente, sentem-se tacitamente apoiados. Na Venezuela, por exemplo, vemos aqueles que questionam o apoio dos militares a um regime constitucional, resultado de uma eleição, apoiando descaradamente os militares que derrubaram Zelaya. Por enquanto o governo Obama-Hillary equilibra-se na corda bamba das pressões e faz concessões à ultra-direita mundial quando alimenta uma inefável iniciativa que golpeou a instituição do sufrágio como fonte de poder. O que equivale retornar ao tenebroso passado golpista.

José Vicente Rangel é ex-vice presidente da Venezuela e ex-chanceler do governo Hugo Chávez.

Tradução: Katarina Peixoto

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