Mostre-nos o Dinheiro: Europa Procura Bilhões de Euros Para Reviver Sua Economia

Reuters | 13 Set, 2014.

BY ROBIN EMMOTT AND JAN STRUPCZEWSKI

MILAN: A União Europeia, neste sábado, procurou descobrir como mobilizar bilhões de euros na sua lenta economia sem se envolver mais em dívida, abrindo amplamente a antena para captar todas as opções possíveis desde um mercado de capital pan-europeu até um enorme fundo de investimento. 

Os ministros das Finanças do bloco dos 28 países europeus estão tentando dar forma a um conjunto de idéias que circulam nas capitais europeias. Com taxas de juros batendo em mínimos históricos, os ministros precisam de medidas radicais para ajudar no crescimento em tempos de desemprego que se aproxima de seu recorde.

“Estamos pensando em instrumentos que facilitem os investimentos”, disse o ministro da Economia da Itália, Pier Carlo Padoan, quando chegou para a reunião em Milão.

“Os recursos (para investimentos) virão principalmente do setor privado, mas, é claro que os recursos do setor público serão fundamentais para alavancá-los, disse ele. 

Da idéia vinda da Polônia, de injetar 700 bilhões de euros (5% do PIB/UE) no Fundo Europeu de Investimentos, ao plano do Banco Central Europeu de ressuscitar o mercado europeu com títulos lastreados em ativos, essa capacitação da Europa, para canalizar o fluxo de crédito para as pequenas empresas, é fundamental para a sua recuperação econômica.

A economia da União Europeia, que gera cerca de um quarto da produção mundial, cresceu apenas 0,1 por cento no ano passado, e sua taxa de desemprego é quase o dobro dos Estados Unidos, com cerca de 25 milhões de pessoas desempregadas. 

Investimento é a nova palavra da moda entre os ministros, substituindo o mantra alemão de cortes no orçamento. A Alemanha está sob pressão crescente de parceiros como a França e a Itália, para soltar as rédeas fiscais e usar seus lotados cofres públicos para aumentar o investimento público. 

Mas, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schaeuble, nesta semana rejeitou os apelos feitos a Berlim para gastar mais e impulsionar a economia da zona do euro, pois não houve crescimento no segundo trimestre, enquanto a recuperação permanece estagnada.

 Num discurso em Milão, o presidente do BCE, Mario Draghi descreveu o investimento empresarial como “uma das grandes vítimas” da crise financeira, dizendo que este caiu 20 por cento desde 2008.

 “Nós não vamos ver uma recuperação sustentável a menos que isso mude”, ele disse aos representantes, na quinta-feira à noite.

O novo Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, quer um programa de investimento de 300 bilhões de euros para reativar a economia europeia. 

Ao contrário dos Estados Unidos, as empresas europeias dependem de bancos para fornecer 80 por cento dos empréstimos, mas os bancos estão relutantes em emprestar após a pior crise de toda uma geração. 

Na Itália, a quarta maior economia da Europa, o crédito a empresas diminuiu em mais de € 70bi desde meados de 2011 e continua se contraindo, é o que mostra os dados do CBUE. 

Esse problema se reflete em toda a Europa, atrasando a recuperação, pois são as empresas menores que fornecem dois em cada três empregos no setor privado na União Europeia. 

A GELEIA ORGANICA DOS ITALIANOS

Os países endividados, como a Itália e a França, têm pouco dinheiro público para as empresas. Outro efeito colateral da crise é o custo de financiamento se tornar diferente dentro da zona do euro, uma área monetária que teve como objetivo criar as mesmas condições de financiamento para todos. 

Na reunião, os ministros se defrontaram com quatro idéias: uma manchete de jornal italiano com novas ferramentas de financiamento para as empresas, uma proposta franco-alemã sobre a forma de aumentar os investimentos privados, a proposta polonesa da criação de um fundo comum da UE e o pedido da Comissão Juncker (Comissão Europeia, presidida por Jean-Claude Juncker) para o programa de 300 bilhões de euros.

A Polônia quer um “Fundo Europeu de Investimentos”, que seria capaz de financiar através de capital próprio, com 700 bilhões de euros para investimentos. O fundo poderia ser um instrumento com propósitos específicos, sob a égide do Banco Europeu de Investimento, o banco da união de propriedade de governos europeus.

“No Banco Europeu de Investimento não falta dinheiro. Há, sim, uma escassez de projetos e, se pudermos combinar o dinheiro com bons projetos, nós poderemos chegar lá”, disse o ministro das Finanças do Luxemburgo, Pierre Gramegna.

A proposta da Itália é um mercado pan-europeu, onde as pequenas empresas possam levantar capital, com base na sua legislação interna de 2012 – “minibond” – que permite às empresas “não categorizadas” (pequenas e médias empresas não têm permissão de vender suas ações na Bolsa) a emitir débitos.

Isso poderia ser parte de uma união do mercado de capitais da UE, interno da união bancária da zona do euro, mas precisará de uma participação maior de Londres, o principal centro financeiro da Europa.

Vinte e seis empresas familiares italianas, incluindo uma que faz geleia orgânica, emitiram títulos nos últimos dois meses, levantando € 1 bi combinados, de acordo com o Tesouro italiano.

Redação

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