Chet Baker com sentimento e paixão

Por Tamára Baranov – Rio Claro/SP

Chet Baker (Chesney Henry Baker, Jr.)
(Oklahoma, 23 de dezembro de 1929 – Amsterdã, 13 de maio de 1988) 

A vasta obra de Chet Baker é dividida em duas fases: a cool, do início da sua carreira, mais ligada ao virtuosismo jazzístico e a segunda parte, quando a sensibilidade na interpretação torna-se ainda mais evidente. Chet Baker gostava também de cantar, com sua voz pequena e frágil criando um modo de cantar no qual a voz era quase sussurrada, influenciando assim a bossa nova. Avesso às partituras, Baker era dotado de extrema criatividade, para tocar as músicas pedia apenas o tom, improvisava com sentimento e paixão. Chet Baker morreu no dia 13 de maio de 1988 ao cair da janela de um hotel em Amsterdã. Até hoje ninguém sabe como ele morreu, se foi suicídio, assassinato ou delírios causados pela droga. Para os fãs, como eu, Chet Baker, mesmo decadente, sempre será sofisticado. 

A paixão pela música herdou do pai, guitarrista de bandas country, de quem ganhou um trompete ainda criança. Ouviu jazz pela primeira vez em Berlim enquanto soldado do exército e começou a tocar em bandas militares. Ao dar baixa começou a estudar teoria musical e iniciou a sua carreira de sucesso com Charlie Parker. Chet Baker tinha grande afeição por Charlie Parker, por sua gentileza, honestidade e pela maneira como protegia os músicos da banda, tentando mantê-los longe da heroína que tanto lhe corroia. Não demorou muito para ser apontado como um dos melhores trompetistas do jazz. Em seguida, entrou para o ‘Gerry Mulligan Quartet’, que criou o estilo ‘west coast’, um estilo de jazz mais calmo, menos frenético cujas músicas caracterizavam-se por composições mais elaboradas. Tempos depois, Chet conquistou um novo público ao lançar-se como cantor, à frente do próprio quarteto. Sua versão de ‘My Funny Valentine’ com Mulligan é clássica.

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Apesar do sucesso, sua vida ia de mal a pior, com seguidas detenções por porte de heroína. Na Itália, onde morou nos anos 60, passou mais de um ano preso. O vício deteriorou sua reputação nos Estados Unidos, embora ele ainda fosse aclamado na Europa. Em 1964 voltou aos EUA, agora dominados pelo rock dos Beatles, restando pouco espaço para os músicos de jazz. Nessa mesma época perdeu diversos dentes em consequência de um briga em uma negociação de heroína. Chet Baker desceu ao inferno. No início da carreira, encantava as mulheres pela beleza e o canto suave. Vinte anos depois, com o rosto sulcado pela devastadora dependência de drogas, o outrora belo e jovem trompetista aos quarenta anos parecia estar com oitenta. (Fonte: Pintando Música)

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No documentário ‘Let’s Get Lost’, o fotógrafo Bruce Weber parece que quis parar o tempo, preservando a ilusão de que nada de trágico aconteceu a Chet Baker desde o início dos anos 50. No álbum composto especialmente para o documentário, na companhia de Frank Strazzeri no piano; John Leftwich no baixo; Ralph Penland na bateria e percussão; e Nicola Stilo na guitarra e flauta; nas músicas de Duke Ellington & Billy Strayhorn, Cole Porter, Johnny Burke & Jimmy VanHuesen e Antonio Carlos Jobim, o talento musical de Chet Baker é indiscutível, e estas gravações são um testemunho incrível disso. Cada uma delas é filtrada através do coração e alma de Chet Baker. Há momentos em que parece que ele está pendurando nas notas e carinhosamente acaricia cada canção. A intimidade que ele é capaz de expressar faz parecer que estamos em um mal iluminado clube de jazz. Os músicos são perfeitos em seu apoio e a voz de Baker é o centro de cada arranjo, e não há dor tão clara quanto a expressa na sua voz sussurrada. 

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Redação

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