A OPERAÇÃO VAZA-JATO

A denúncia de Janot de que a operação Lava Jato tinha um canal de vazamento para poderosos tem que que ter um começo, um meio e um fim. Afinal, estas coisas não podem ser enunciadas por aforismos. Ora, se não fosse o Supremo, André Esteves continuaria recebendo informações privilegiadas da República de Curitiba (no mundo dos negócios, isso se chama “insider trading”) Mas só o banqueiro recebia? Não era pra ele, com certeza, era para os negócios do banco. É muita ingenuidade achar que os xerifes durões só passavam informações a ele, André Esteves. O BTG é bonito, mas o mundo é de gente bonita e esperta. Quem mais recebia informações privilegiadas? Quais outros bancos? Quais outras empresas? Quais outros políticos?

O nosso Lava Jato é justamente aquilo que na Itália recebeu o nome de Operação Mãos Limpas (Mani Polite): uma aventura jurídica. Que sai muito caro.

Na Itália, em nome do combate à corrupção, deixaram o campo livre para um aventureiro de marca maior, Silvio Berlusconi (que logo depois reformou o judiciário para não ter problemas). E a máfia ficou ainda mais ousada. 

Só em 2013, segundo o jornalista Achille Lollo, levaram 60 bilhões de euros dos cofres públicos (uma ninharia de 240 bilhões de reais). Para não contar no envolvimento de juízes durões com o próprio crime.

No Brasil, não deve ter aventureiro político como resultado, pelo simples fato de que um partido amigo está sendo poupado. Mas 51 mil empresas – e alguns milhões de desempregados – sofrem os efeitos de uma operação que, em nome do combate à corrupção, vem desmantelando o setor mais estratégico da indústria nacional.

Se quiser combater corrupção, mude as instituições. Mas não vem fazer presepada. Estas coisas não costumam dar certo.

Em tempo: “Senhor Janot, quem são os poderosos que recebem tais informações?  E quem passa? E Furnas, como fica”

 

 

Redação

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