Wilson Ferreira
Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
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A bomba semiótica do resgate dos cães de laboratório

Em tempos de atmosfera politicamente mais leve, certamente o resgate por ativistas de 178 cães de um instituto de pesquisas farmacêuticas em São Roque (SP) seria relegado pelas redações da grande mídia aos blocos noticiosos de notícias diversas. Mas o suposto descontrole das lideranças que viram ativistas quebrando portões, depredando e levando os cães para, depois, receberem a “ajuda” de black blocks elevou o evento à pauta nacional, para ser submetido ao script da engenharia das bombas semióticas: “era uma vez uma manifestação pacífica e…” Mas aqui temos uma novidade: a exploração da relação mágica e mítica que nós temos com os animais, relação didaticamente mostrada no filme “As Aventuras de Pi”.

Primeiramente quero me desculpar com os leitores desse humilde blogueiro pela insistência sobre o tema bombas semióticas. Para quem se dedica à pesquisa em meios e processos audiovisuais é impossível ficar indiferente à atmosfera cada vez mais saturada e pesada semioticamente – e por consequência politicamente. No futuro, pesquisadores certamente irão transformar os acontecimentos pelos quais passamos em objetos de dissertações e teses. Essa parece ser a miséria das ciências da comunicação: só conseguimos entender os acontecimentos a posteriori, isto é, interpretamos depois os acontecimentos como fenômenos filosóficos, psicológicos ou sociológicos. Nada conseguimos compreende-los no momento, no “aqui e agora” dos eventos, quando eles são acontecimentos comunicacionais.

                Nesse momento, representado pela metáfora do “gigante que despertou”, uma histeria das manifestações toma conta da agenda midiática: incêndio no Itamaraty, agressão a jornalistas, pedidos de intervenção militar, protestos dos médicos contra a “escravidão de médicos cubanos”, planos detalhe de carros virados e incendiados, Batmans Black Block do bem e uma infindável série de eventos iconicamente anabolizados pela mídia.

                Depois de um ano sendo investigado pelo Ministério Público sobre denúncias de maus-tratos de animais pelo Instituto Royal em São Roque (SP), ativistas se acorrentaram aos portões do instituto o que, na madrugada do dia 18/11, resultou na invasão e resgate de 178 cães da raça beagle.

                Certamente, se fosse noutros tempos menos carregados politicamente, esse episódio seria visto nas reuniões de pauta dos “aquários” da grande mídia como um fait divers (“fato diverso”, no jargão jornalístico) e teria sido pautado para blocos de notícias de variedades, assim como, por exemplo, notícias sobre ativistas que invadem passarelas de moda contra desfile de casacos de pele de animais.

São Paulo Fashion Week: fosse hoje, protesto
contra racismo na Avenida Paulista contaria
com black blocks, depredações e muita mídia

                Fosse hoje, as modelos (recrutadas por uma agência de modelos negras) que desfilaram em protesto na Avenida Paulista em março contra o estilista Ronaldo Fraga acusado de racismo no São Paulo Fashion Week, certamente seriam vistas pela mídia como “manifestantes” e teríamos imagens de “black blocks” e “anonymous” quebrando vitrinas de lojas e bancos. E veríamos a narrativa midiática recorrente para todas as manifestações: “começou como pacífica, mas depois vândalos se infiltraram…”

                Com o resgate dos cães beagles do Instituto Royal não foi diferente. A cobertura midiática seguiu rigidamente o mesmo padrão semiótico de saturação de significados retóricos e semiológicos, o que faz acreditarmos na existência de um modus operandi linguístico em ação, tão sistemático que é impossível não acreditarmos em uma intencionalidade.

                Nas últimas postagens (veja links abaixo) viemos denominando esse modus operandi como “bomba semiótica”, sugerindo com esse conceito uma intencionalidade cada vez mais evidente por trás de uma guerrilha semiológica que estaria sendo articulada nesse momento na mídia.

Pois bem, nesse episódio sobre supostos maus-tratos no instituto de pesquisas farmacêuticas em São Roque, além dos tradicionais mecanismos retóricos e semiológicos, encontramos uma novidade que certamente a promoveu como “bomba semiótica”: a mitologia (no sentido dado pelo semiólogo francês Roland Barthes) do cão ser o melhor amigo do homem e, por isso, tocar os nossos corações.

modus operandi

Script retórico –

(a) Beagles, bonitos cãezinhos de estimação, típicos das classes médias. E sendo resgatados por personagens que nas edições das coberturas midiáticas receberam um especial destaque: mulheres, igualmente de classe média. Apesar de décadas de movimento feminista e afirmação definitiva das mulheres na sociedade, elas ainda na mídia são símbolos de fragilidade. Em situações de perigo, então, assume um significado poderoso (muito explorado em filmes de ação). Elas receberam o destaque nas edições das imagens de resgate no meio da madrugada.

Personagens femininos especialmente
destacados pela cobertura

(b) Quem é o culpado? No atual ambiente político denso, culpar a “indústria farmacêutica” ou um “instituto” que até então a opinião pública desconhecia não obtém o efeito de indignação. É necessário buscar o inimigo em um órgão público. Por exemplo, a primeira cobertura do Jornal Hoje tentou aproximar a responsabilidade à ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão regulador do Ministério da Saúde, que emitiu comunicado de desmentido durante o telejornal – a bomba semiótica explodiu no colo do JH ao vivo. O que obrigou os apresentadores da bancada do JH a pronunciar o desmentido no final daquela edição.

Mais tarde, no Jornal Nacional, foi ao ar matéria que ainda não conseguia o culpado pretendido – que deve ser necessariamente o governo federal. Apenas falou-se em “leis” e “legislação”. Até que no “Fantástico” de 20/10 longa matéria onde finalmente a emissora consegue encontrar por onde: o CONCEA (Conselho Nacional de Controle da Experimentação Animal do Ministério da Ciência e Tecnologia) .

O coordenador do CONCEA fala que o Brasil “tem regras rígidas de vigilância”. E é mostrada prontamente a impactante imagem de um cão andando desnorteado entre fezes e confinado em uma pequena baia de laboratório e com as costas tosadas… A imagem em corte dramaticamente seco retoricamente condena o coordenador do CONCEA.

(c) Na manhã do dia seguinte do resgate dos cães, eis que surgem os black blocks sob a justificativa de proteger os manifestantes (por que eles não aparecem também em retomadas de posse para defender famílias em luta contra a polícia de choque nas periferias?). Clichês de imagens de carros da polícia depredados, fumaça e incêndios. E as tradicionais imagens aéreas mostrando a extensão dos estragos. Era uma vez uma manifestação pacífica… e aí os vândalos apareceram.

Script semiológico –

(a) O objetivo em sustentar o script das manifestações é mostrar que

desde as grandes manifestações de rua de junho, o País se encontra em estado de pré-insurgência civil, imerso no caos porque o governo é fraco. Por isso, para criar um índice forte da instabilidade nacional repete-se a imagem da bandeira nacional perdida no meio dos confrontos: a bandeira como escudo, desfraldada no meio do conflito, ou abandonada, pisoteada, esfarrapada, esquecida. As imagens dos protestos capricham nas imagens da bandeira nacional em meio ao confronto com a polícia – veja imagens acima.

(b) Mais índices de insegurança, dessa vez criminógenos, com depoimentos de pessoas que não querem se identificar, dando depoimentos em contra-luz ou de costas com a voz alterada por filtros. Imagens de ativistas encapuzados para reforçar ainda mais uma atmosfera assustadora de crime organizado – veja imagens acima.

Cães: Mito e Fetichismo

 

Wilson Ferreira

Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.

45 Comentários

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  1. o espectro rondando..

    o espectro de Guy Debord tem rondado ultimamente os acontecimentos cobertos pela midia com  força total no impacto das imagens para causar um “espetáculo” de terror.

    .ótima análise, parabéns

  2. animais de laboratórios

    Estes malucos “protetores dos animais” se esquecem que há milhões de pessoas que devem as suas vidas devido a  medicamentos oriumdos do uso de  animais em suas elaborações e pesquisas, primeiro deveriam perguntar a estas pessoas o que elas acham. 

    Segundo, fariam melhor se divulgassem, quais medicamentos usaram animais em seus estudos,  e, principalmente, deixassem de usar tais medicamentos.

    1. Albert Sabin

      Ola

      Everaldo

      Vc. deveria ler mais, Albert Sabin disse que os testes em animais atrasaram em dez anos a criação da vacina contra Polio. Eles só usam cachorros para ficar mais barato do que fazer testes em células tronco.

  3. animais de laboratórios

    Estes malucos “protetores dos animais” se esquecem que há milhões de pessoas que devem as suas vidas devido a  medicamentos oriumdos do uso de  animais em suas elaborações e pesquisas, primeiro deveriam perguntar a estas pessoas o que elas acham. 

    Segundo, fariam melhor se divulgassem, quais medicamentos usaram animais em seus estudos,  e, principalmente, deixassem de usar tais medicamentos.

    1. Chamar uma população de louca

      Chamar uma população de louca é algo que deveria ser proibido em Constituição. NINGUEM tem o direito de sair ofendendo publicamente um grupo de pessoas.

  4. Para conhecimento

    Bem em cima do que o jornalista Ricardo Feltrin antecipou, Valdemiro Santiago gastou boa parte de um programa, na segunda (21) à noite, batendo forte no Edir Macedo, porque está perdendo para a Universal os seus horários na Band e Canal 21.

    Foram os mais variados tipos de golpe. Entre os mais suaves, é que ele, Edir, será severamente castigado por Deus.

    Mas parou por aí. A direção da Band mandou avisar que isto não deve voltar acontecer, porque não se encaixa com a política da casa. Não pode atacar mais.

    O doitrinador

    7 minutos atrás

    Valdemiro é o maior rogador de praga e amaldiçoador da igreja evangélica, este e outros sacripantas do falso evangelho de Mamom falam do que o coração deles está cheio, ou seja, MALDIÇÂO, pois já estão amaldiçoados pela Palavra de Deus.

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    Avatar de Santamaro

    Santamaro

    18 minutos atrás

    Para estes individuos Deus é o caminho e eles os postos de pedagio. Pagou o dizimo o ceú está garantido.

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    Avatar de Paulo Sergio Ribeiro

    Paulo Sergio Ribeiro

    18 minutos atrás

    Finalmente alguém com bom senso e poder de decisão pra mandar o “chorãozinho” calar a boca. A d o r e i !

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    Avatar de Sandra Oliveira

    Sandra Oliveira

    21 minutos atrás

    vamos lá é so ler mateus cap,24……….ao cap,25 que tds vão entender a POCA VERGONHA QUE VIROU AS IGREJAS………..MAS DEUS ESTÁ VENDO TUDO.

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    Avatar de BARBOSALIMA

    BARBOSALIMA

    23 minutos atrás

    Boa noite amigos é claro que a Band uma emissora que já foi tradicional e hoje vive das migalhas pagas pelos vendedores de franquias de templos,que iludem e exploram pobres dizimistas usando as más emissoras como meio de cooptação,acho que ningúem pode tirar proveito entre a luta de satanás e Lucifer,Deus nos livre deles.

     

    1. ????

      Que diabos é isso? Perdi o bonde? O que o Edir Macedo tem a ver com cachorros? E quem serão os f.d.p. que virão limpar as calçadas da minha rua, cheias de fezes caninas? Quando a gente vai, olha aquela sujeira e presta atenção, Mas quando volta, se esquece de onde estava aquela m…. toda e acaba pisando e levando para dentro de casa. Imposto para donos de cães que moram em apartamentos. Obrigatoriedade de levar o cão no colo na via pública. Quem descumprir, sequestra-se o cão e só devolve depois de pagar multa de 2 SM. Assim essa classe méRdia aprende a não defecar nas calçadas através de seus amigos/amantes cães. Por que amantes? Outro dia vi na internet um site onde um adestrador de cães ensinava as proprietárias a fazerem sexo com os cachorros. É um horror atrás do outro.

  5. Não precisa se desculpar por

    Não precisa se desculpar por abordar o tema pelas questões da Semiótica, foi ótimo, esclarecedor, e, numa tacada só pretende resolver também o problema da cientificidade a posteriori em relação às ciências da comunicação. Bravo!

  6. Gu y Debord entendia das

    Gu y Debord entendia das imagens , sabia que o imediatismo , inerente à imagem , era  o supra- sumo das produções midiáticas e mais do que meramente  imagens sabia que que a produção imagética era o fim produzido  por uma realidade social mediada  por imagens , onde o reino do aparecer era o fulcro da finalidade irracional do próprio poder  do capital , que na sociedade do espetacular integrado  sempre tem como objetivo também  produzir  teorias e teses  que orientam uma suposta verdade .

  7. Instituto Royal se manifesta

    O Instituto Royal é um dos centros de referência no país para pesquisas pré-clínicas de medicamentos e tem como objetivo principal o desenvolvimento de estudos inovadores em prol das vidas humanas. 

    Neste vídeo, a Dra. Silvia Ortiz, Gerente Geral da instituição e PHD em Ciência de Animais de Laboratório pela Unicamp/Instituto Pasteur de Paris, esclarece à população sobre as práticas do Instituto Royal.

      

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=Pg_Jk3LFjOE&feature=youtu.be%5D

    1. Que ignorancia

      Vou repetir leiam! Esse instituto só utiliza cães porque fica mais barato, lá são feitos testes com dinheiro público e quem lucra é o dono que é de Itapira e está ficando milionário.

      Albert Sabin disse que os testes em animais atrasaram em 10 anos a criação da vacina contra polio.

      Temos vários métodos alternativos , porém saem mais caro e eles são pensam em lucros.

      Esta na hora de parar com a exploração da natureza e da vida em nome da ciência, se eles são tão bons assim porque não inventam um metodo alternativo. 

      1. Eh mermo

        Ana, não é mesmo, prá que mexer na natureza, e podemos nos virar com nossos chás de boldo para curar câncer, risoterapia, passes em centros espíritas, enfim…

    2. instituto royale

      não acredito em tudo que foi dito na midia ,nem de um lado ou outro, a grande realidade é que animais sempre foram e sempre serão maltratados em nome da ciencia ou em nome da alimentação, enfim procurar meios alternativos para desenvolver remedios tem que ser o objetivo e não apenas utilizar a comodidade da vida fragil destes cães, as doenças que o homem possue na grande maioria das vezes é criada pelo proprio homem com as quimicas e correria da vida moderna,  mas o que pesa no final é sempre o maldito financeiro da industria farmaceutica e industrias consumistas em geral.

  8. Ah, as manifestaçoes. Que tal

    Ah, as manifestaçoes. Que tal um protesto por causa das sapatilhas do balé do municipal, feitas, quem sabe, com pele de caes? Ou contra a criação de frangos para abate? Aquele jornalista que o FHC e o Raul Jungman pagavam para fazer reportagens contra o MST, lembram? Pois é, Josias de Souza e seu mensalinho. Pois agora ele é fã de movimentos rebeldes, vive badalando o que ele chama de ‘rapaziada’. Anteontem escreveu um artigo lamentando que o ‘ronco das ruas’ nao tinha dado em nada. Mas terminou o artigo dizendo que ainda havia esperança, porque “o brasileiro aprendeu que, com um computador e dois neurônios, qualquer pessoa pode detonar uma revolta”. Fantástico, porque o Josias tem um computador. Então, pelo que entendi, lhe faltam os dois neurônios. Para ele e para a ‘rapaziada’ que ele adora. Para detonar uma bomba, semiótica, quem sabe.

  9. Caro Nassif e demais
    Então se

    Caro Nassif e demais

    Então se entra num laboratório, onde são feitas pesquisas com animais, sabe-se lá que tipo de pesquisas e com o quê cada um foi inoculado. De repente, vem alguém, sem nenhuma roupa apropriada, pega os animais e saem com eles, totalmente desprotegidos e são elevados a categoria de heróis.

    Se isso horroriza alguns, imagine se verem as crianças que estão nascendo no Oriente Médio, com as degenerações, causadas pelas balas de urânio enfraquecido. Para parar apenas nesse exemplo.

    Saudações

  10. Manifestações

    Acho que não será nada estranho que o assunto de terrorismo volte ao debate nacional e internacional, por conta dos Black Blocks. O Brasil sofreu intensa pressão para aceitar a tipificação de terrorismo em organismos internacionais e não acatou. Até que ponto em uma democracia se “protege” o país de seus próprios cidadãos? Imagina como será em anos de eventos internacionais, quando teremos a Força Nacional+PMs nas ruas? Voltaremos a misturar segurança nacional com defesa?? Aguardemos atentos a esse desdobramentos!

  11. O artigo ia bem mas no final

    Forçou demais:

    “desde as grandes manifestações de rua de junho, o País se encontra em estado de pré-insurgência civil, imerso no caos porque o governo é fraco.”

     

    Será que dá tempo de PEDIR DESCULPA, li depressa e logo abaixo da foto, não vi que se tratava de uma análise sobre o comportamento da mídia

    1. O objetivo a médio longo

      O objetivo a médio longo prazo das “bombas semióticas” é criar um clima de instabilidade tal que crie uma percepção na opinião pública de que o governo é fraco e de que o país está ingovernável. Isso poderá ser o cenário onde os black blocks se oferecerão como inocentes cordeiros para o altar do sacrifício do golpe. Espero estar errado…

  12. Indefesos cães

    Eu morava no centro em Belo Horizonte. O chão era sujo de papeis e lixo. Mudei-me para o Anchieta, bairro chique. Agora o chão continua sujo. Mas não são papéis. São fezes…

    Fezes dos cães de apartamentos de luxo!! Dos donos que dizem que “quem não tem um animal de estimação não tem coração”. Coitados dos cães… Irmãos daqueles do laboratório… Sozinhos no apartamento… sem ter onde cagar!!

     

  13. Descupa aí

    Até agora não me manifestei em lugar nenhum sobre esse assunto, mas não estou resistindo à minha curiosidade. Vi, li sobre o muito que tem sido falado, documentado sobre esse resgate dos cães. A minha curiosidade é sobre comportamento das pessoas. A pergunta: se no lugar dos simpáticos Beagles as experiências fossem com pitbulls, será que fariam o mesmo?

    1. Essa é uma pergunta

      Essa é uma pergunta relevante, que vai ajudar você a diferenciar as pessoas que realmente se importam com os direitos dos animais daquelas que se importam com os direitos dos “pets”.

      Se você pesquisar na internet vai perceber que as que realmente se importam com os diretos dos animais já discutem esse assunto há anos, décadas, séculos e milênios, e que elas possuem bons argumentos.

      Já as pessoas que se preocupam com “pets”, essas pouco discutem, não sei se você vai encontrar muita coisa fora do facebook.

    2. Isso é o que torna esse

      Isso é o que torna esse episódio uma bomba semiótica. Reuniu o fato de serem beagles (cãozinho típico das classes médias) e ativistas de classes médias (os mais sensíveis a essas táticas semióticas).

      Você agora fez agora um teste que em semiologia chama-se teste de comutação: se mudarmos o significante, muda-se o significado? Se o resultado é positivo, então estamos diante de uma construção arbitrária (ideológica) de significado.

      Com certeza, se fossem pitbulls o significado seria outro… mas certamente com os infalíveis black blocks, ganhariam a pauta nacional da mídia…

      Aliás, por que black blocks não aparecem para enfrentar a polícia de choque nas periferias urbanas? 

      1. Periferia não dá midia

        Aliás, por que black blocks não aparecem para enfrentar a polícia de choque nas periferias urbanas? 

        Os BB não estão preocupados em alterar o status quo, daí que não constestam as ditaduras militares egícia e saudita, até mesmo pq, contestar estes regimes não dá mídia, então, como disse um camarada BB egipcio, melhor se ocupar com Chile, Brasil e Turquia, democracias em construção,  isso dá mídia, dá BS

  14. Mídia, dois pesos e duas medidas

    Parabéns, Nassif, pela análise, você é uma luz no fundo do túnel de tanta mediocridade que ronda a mídia tupiniquim.

  15. Wilson, suas contribuições

    Wilson, suas contribuições são ótimas, como sempre. O meu problema, mais em relação aos comentários do que ao seu artigo, é quemuita gente aqui no blog, infelizmente, confunde a cobertura que mídia deu com tudo que está por trás do que aconteceu.

    Um coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

    Se a mesma lógica fosse seguida em relação às manifestações de junho, elas não passaria de uma imensa manifestação do movimento cansei (como foi construída pela mídia) o que sabemos que não é a verdade.

    Todo mundo tem o direito de ser a favor de testes em animais, todo mundo tem o direito de achar que o ser humano é superior aos outros animais, mas por favor, pelo amor de qualquer divindade ou de do legado de Darwin, NÃO SEJA PAUTADO PELA MÍDIA.

    Não reduza todo o movimento de luta a favor dos direitos dos animais a uma manchete com a foto de Luísa Mell estampada na primeira página de qualquer jornal ou portal de notícias. Não utilize os espaços democráticos de comentários para vomitar ideias pré-concebidas de qualquer que seja sua ignorância em relação ao assunto em está tentado ser discutido.

    Aproveite a internet, essa mesma que você utiliza para generalizar qualquer um que luta pelos direitos dos animais como “lunáticos” e adjetivos afins, para pesquisar sobre o assunto e descobrir que existe muito, mas muito mais por trás de uma, digamos, operação de resgate de cobaias.

    Essa operação não foi a primeira e não será a última, e único motivo de muitas aqui estarem dispostos a dar seus pitacos venenosos sobre isso é puro e simplesmente por influência da mídia que sensacionalizou (quem diria?) um ocorrido a favor de seus próprios interesses.

  16. Bomba emotiva

    Wilson, e volte mais vezes com o termo “bombas semiológicas”, pegou. Bomba mesmo, para enganar os trouxas. Hoje a tarde perguntei a um estudante de ensino médio sobre o que ele achava e ele disse ser contra o uso de animais em pesquisas científicas. Pedi para ele uma sugestão de substituição de animais e ele me veio com essa: As pessoas tem que morrer de câncer, sou contra se fazer pesquisa com animal. 

    Notei que muitos estão indo muito pela emoção do espetáculo, sim, o que é garantido pela mídia que, como vc aponta, dispara suas bombas semiológicas de milhões de megatons de emotividade e nenhuma racionalidade. Pesquisas que demoraram 10 anos sendo feitas simplesmente foram destruidas, arquivos físicos e digitais foram levados. Vamos caminhar em direção à Idade da Pedra Lascada? Quanto aos Blacks Blocs, depois que eles ajudaram a entronizar a ditadura militar no Egito, sumiram do mapa, e agora reclamam do sistema da Turquia, Brasil e Chile (democracias em construção) e não dão um piu contra a secular ditadura da Arábia Saudita, estranho, não.

    1. Talvez o termo “semiótica”

      Talvez o termo “semiótica” seja mais atual. Não vou entrar na discussão sobre os Black Blocs, mas gostaria de deixar uma pergunta: se a mídia utiliza (lê-se sensacionaliza, corrempe) algum tema (manifestação, ato) em favor próprio, mesmo que esse tema tenha sido completamente ignorado por ela quando não convinha, esse tema perde seu valor e o que vale é o que ela noticiou (mesmo que ela só noticie o que convém)?

      1. Semiótica vs semiologia

        Luddita, foi por desatenção mesmo que escrevi semilogia, obrigado pela observação.  A respeito de semiótica estudei o assunto dentro da disciplina de comunicação visual, é muito interessante este assunto, essas técnicas de manipulação midiática através de jogos de imagens, palavras, signos. Muita gente não entende, não sabe explicar o que a imagem de uma devastação provocada por um bombardeio sai na capa de um jornal cuja manchete principal é sobre inflação. Engraçado como o olho humano casa a imagem e a manchete como se a imagem ilustrasse a manchete, sendo esta uma das façanhas da semiótica. Ai vem o Wilson com este assunto das “bombas semióticas”, um assunto que dá muito pano prá manga, que ele crie uma série sobre este tema, afinal de contas nesse pais não temos muito acesso sobre estes “segredos” do jornalismo.

        Ah, e  ao ver a diferença entre um e outro termo, achei isso:

        (…) Também caiu em desuso um antigo sentido do conceito desemiótica ligado à sinalização militar, embora, no Novo Dicionário Aurélio (edição de 1975), encontra-se ainda a seguinte definição de semiótica: “arte de comandar manobras militares por meio de sinais, e não de voz”.

         

        Tanto o termo semiótica quanto o termo semiologia têm as raízes de suas constituintes iniciais e principiais nas palavras gregas semeîon, ‘signo’, e sema, ‘sinal’, ‘signo’. Tal como a gramática e a aritmética ou a biologia e a filologia, que são campos de estudos de diversas áreas de conhecimento humano, a semiótica e a semiologia, nas suas origens, são os campos de estudo dos signos e dos sinais(….)’

         

        http://comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edicao=11&id=82&tipo=1

         

        1. Semiótica e semiologia
          Semiótica na comunicação publicitária: alguns pingos nos “is”Por Eneus Trindade 
           Semiologia e semiótica são termos freqüentemente abordados nos estudos da comunicação e, especialmente, nos estudos de linguagem publicitária. Normalmente, os conhecimentos referentes a tais áreas criam uma grande confusão na cabeça de alunos da graduação e da pós-graduação em comunicação social. Isso acontece por algumas razões que aqui busco sintetizar.

          A primeira grande dificuldade, se estabelece no ranço histórico de conformação do campo da comunicação, pelo entendimento que se tem da área como uma subárea das ciências sociais, que busca a reflexão sobre as questões da influência midiática nas sociedades, excluindo desse processo social midiatizado, a condição de linguagem que estrutura os processos de comunicação que, por sua vez não podem ser compreendidos apenas como meios, mas sim como elementos que dão a conformação tecno-discursiva dos ambientes socioculturais, não sendo simplesmente o meio, mas o próprio ambiente organizador das relações sociais.

          Ou seja, os estudos da sociologia não dão conta do objeto, o ambiente discursivo de textos/mensagens veiculados nas mídias, no qual estamos inseridos e que chegam até nós por meio de signos, produções de linguagens, carregadas de significados e sentidos, e que precisam ser estudados por uma perspectiva das linguagens midiáticas e não de uma sociologia da comunicação.

          É aí que entram em cena a semiologia e as semióticas. Digo semióticas porque estas teorias não têm uma única matriz e possuem percursos e visões metodológicas distintas, sobre as questões de linguagem e nas suas aplicações sobre os estudos dos discursos midiáticos.

          Isso instaura a segunda problemática, pois quando se estuda semiologia e semiótica é preciso se perguntar sobre qual semiótica estamos falando? Grosso modo, existem três matrizes de estudos semióticos, que surgiram quase que sincronicamente no período entre o final do século XIX e início do século XX, a partir da necessidade de se compreender os novos fenômenos de linguagem e suportes midiáticos que começavam a tomar conta do mundo com o desenvolvimento das comunicações em cartazes, revistas, jornais, rádios, fotografias e cinema.

          A primeira dessas matrizes é a semiótica formulada pelo americano Charles Sanders Peirce. Esta teoria faz uma abordagem lógico-filósófica da linguagem, tendo o signo, a unidade mínima de representação (entendendo que toda linguagem é uma forma de representação do mundo), como referência para se pensar os níveis de percepção sobre o mundo (primeiridade, secundidade e terceiridade), e desses níveis, decorrem tipos de signos/representações (ícones, índices e símbolos) que levam, em suas infinitas recombinações, a uma dimensão, sintática, semântica e pragmática das linguagens de qualquer natureza. De todas as teorias semióticas essa é a única que, em sua origem, não tem referência nos estudos lingüísticos.

          Tal aspecto, dá a esta formulação teórica um papel desbravador nos estudos das linguagens midiáticas, tendo aplicações no universo do discurso das mensagens publicitárias, pois a análise gramatical dos tipos de signos, como uma das possibilidades de utilização da teoria peirciana, permite a avaliação do impacto perceptivo das mensagens, logomarcas, logotipos e embalagens, entre outros suportes de comunicação publicitária, o que torna essa semiótica uma aliada para os estudos da linguagem publicitária e para o trabalho e formação de designers e profissionais da área de criação publicitária.

          Grande parte da obra desse filósofo e matemático encontra-se na publicação americana denominada Collected papers e suas obras de referência traduzidas para o português sãoSemiótica e filosofia e Semiótica, respectivamente editados pela Cultrix e pela Perspectiva.

          A segunda matriz, não menos complexa que a primeira, é fundamental para desdobramentos científicos da lingüística, ganhando uma amplitude maior a partir da segunda metade do século XX. Trata-se da semiologia postulada por Ferdinand Saussure em 1906, na Universidade de Genebra, em seu famoso Curso de lingüística geral, que gerou obra homônima, uma publicação póstuma ao seu autor, organizada por seus discípulos.

          A semiologia postulada por Saussure era uma ciência maior que estudava os signos no seio da vida social, ou seja, propunha o estudo de outras linguagens não-verbais, tendo como referência a lingüística, que estuda os mecanismos gerais de todas as línguas (linguagem verbal). E rompendo com a tradição positivista, esse lingüista afirmava que a língua é um produto social, cuja unidade mínima de comunicação, o signo (a palavra) é dotada de um significado (o conceito/função) e de um significante (a parte material), interessando-se metodologicamente pelo que constitui o signo e excluindo de sua proposta teórica a realidade que dá origem aos signos, já que esses constituem o modo de representação de uma dada realidade.

          Saussure inaugura uma tradição de pesquisas que se caracterizou como Lingüística imanente, centrada nos estudos dos textos, na organização e no sentido das obras em si, desconectadas de seus contextos de produção discursiva. Sua teoria, muito criticada no momento de sua apresentação, foi quase esquecida, mas foi resgatada no final dos anos 40, início dos anos 50, quando célebres pesquisadores europeus como o dinamarquês Hjelmslev, o russo Roman Jakobson e o francês Roland Barthes ressignificam a obra saussureana, instaurando momento teórico conhecido como estruturalismo e que trabalhou a proposta de uma semiologia estrutural, partindo da mesma noção de signo dado em Saussure, mas com alterações sobre a idéia original do autor.

          Esta semiologia estrutural tinha como referência a língua como sistema de linguagem maior para os estudos das outras linguagens não-verbais. Nessa referência a língua, em seu conjunto de normas, para a utilização das palavras (unidades paradigmáticas) de um falante, combina tais elementos para a constituição de uma mensagem (seqüências sintagmáticas), a frase no sistema verbal de linguagem oral ou escrita.

          Na perspectiva dos paradigmas (signos) que constituem sintagmas (mensagens) temos, a partir dos anos 60, contribuições francesas obrigatórias aos estudos de linguagem publicitária, como o artigo Réthorique de l´image publicado na revista Communication de Paris, por Roland Barthes, também autor da obra Sistema da moda, que formulou estudos pioneiros sobre o código do vestuário; a obra de Gustave Péninou La sémiotique de la publicité; as publicações de Jacques Duran entre outros autores.

          A publicidade, com estas publicações, ganha lugar, por seu discurso mediatizador das sociedades de consumo, no âmbito das pesquisas acadêmicas e seu estudo torna-se modelar na referência teórica da Semiologia.

          Contudo, a teoria semiológica é revista em meados dos anos 60, gerando o movimento teórico conhecido como pós-estruturalismo e gerando uma teoria, pautada na apropriação do signo saussuriano, realizado no trabalho intelectual de Hjelmslev, que ao transformar a noção de signo constituído por significado e significante, por conteúdo e expressão, para libertar o signo do seu viés lingüístico, possibilitou a criação de uma teoria gerativa que estudava todo e qualquer tipo de texto, a partir de seus conteúdos independentemente de suas expressões/significantes.

          O grande expoente desse movimento é pesquisador Algirdas Julien Greimas e a partir daí o nome semiologia cai em desuso, sendo encampado pela chamada semiótica narrativa e discursiva que pode ser melhor compreendida nas obras greimasianas intituladas Du sense: essais sémiotiques e Du sense II: essais sémiotiques.

          A publicidade brasileira também foi, e ainda é, bastante estudada nessa perspectiva teórica que vai da semiologia estrutural à semiótica narrativa e discursiva, destacando-se as pesquisas brasileiras realizadas principalmente no âmbito dos programas de pós-graduação da Comunicação e Semiótica da PUC-SP; dos Estudos Literários na Unesp de Araraquara-SP; da ECA/USP e do Departamento de Lingüística da FFLCH-USP.

          Por fim, chego à última matriz semiótica, que se refere aos estudos russos. O primeiro ramo de estudos sígnicos na Rússia, refere-se a uma semiótica da cultura, construída a partir dos trabalhos de Yurij Lótman na Escola de Tartut, anos 60, que buscou a compreensão da cultura como linguagem. E se a publicidade é um produto cultural, ela é passível de uma abordagem via semiótica da cultura. Esta vertente ganha maior interdisciplinaridade associada aos estudos de antropologia, ao se fundir à noção antropológica de artefato cultural, para uma análise mais rica das representações culturais da humanidade. Este ramo da semiótica estudou contos, folguedos do folclore russo e guarda uma forte herança das pesquisas formalistas, que também influenciaram asemiologia estrutural, a partir dos trabalhos de Roman Jakobson (autor de formação formalista).

          Há ainda, na Rússia, a produção de uma teoria semiótica pautada na dialética dos processos de enunciação verbal, que se fazem marcar nos enunciados. Trata-se da Teoria Polifônica formulada por Mikhail Bakhtin. Para este autor o signo reflete e refrata a realidade que representa, trazendo em si, cargas subjetivas em conflitos. Esses conflitos gerados por vozes/sujeitos, representados no discurso, criam os efeitos de polifonia. Tal polifonia cria um jogo constitutivo de redes discursivas que ele denominou de dialogismo e é nesses dois grandes conceitos que a teoria semiótica desse autor está pautada.

          Sua teoria dialógica, postulada no final da segunda década do século XX, foi levada à França pelo trabalho da pesquisadora Júlia Kristeva, mas ela simplificou o conceito de dialogismo à idéia de intertextualidade, quando o dialogismo se torna mais visível, marcado. Contudo, esse conceito em Bakhtin tem uma dimensão muito maior para o funcionamento dos processos enunciativos.

          Nem precisa dizer que esta vertente semiótica, assim como as outras mencionadas, tem dado grandes contribuições aos estudos da linguagem publicitária, principalmente na análise de discursos políticos e de campanhas eleitorais, bem como nos estudos intertextuais da publicidade.

          Bem, com este panorama e sem me prender aos rigores da escrita acadêmica, tentei mostrar as características gerais das abordagens semióticas, mas nem de longe conseguiria esgotá-las nessas poucas linhas. As teorias semióticas são um arsenal poderoso que, via linguagem, podem propiciar uma porta de entrada para o exercício da pesquisa interdisciplinar da comunicação, como eu acredito. Mas as semióticas sozinhas não dão conta de tudo, embora entenda que o uso delas na construção de uma teoria das linguagens midiáticas é fundamental. E aos que pretendem ingressar nos estudos da linguagem midiática e da redação publicitária, eu diria que esses conhecimentos são essenciais, pois eles fazem a diferença e aumentam a capacidade crítica de leitura sobre o texto/discurso que produzimos.

          Aqui estão sintetizados conhecimentos de uma década de estudos. Leva um bom tempo para se entender o que é semiótica peirciana, semiologia, semiologia estrutural, semiótica narrativa e discursiva, polifonia e dialogismo, semiótica da cultura e as novas vertentes que hoje surgem e colocá-las nos seus lugares. A pesquisa nessa área não pára e para os que pretendem se aventurar, eu recomendaria começar a estudar desde já.

          Eneus Trindade é professor da Escola de Comunicações e Artes da USP, do Curso de Publicidade e Propaganda e membro do Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Linguagem Publicitária (Nielp), do Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da ECA/USP.

          http://comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edicao=11&id=77

           

  17. Nós queríamos ver é ativistas

    Nós queríamos ver é ativistas agindo sim, mas  na saúde, invadindo os hospitais públicos, denunciando o total desprezo com que são estes são cuidados; protestando ao encontrar macas enferrujadas e sujas suportando pacientes  nos corredores, a falta de esparadrapo, o lixo e as infecções grassando por toda parte e por aí afora. Em seguida  entrando nas enfermarias pediátricas públicas e,  em meio àquela imundície, denunciar o mal trato recebido pelas crianças e o total descaso junto às mães que dormem de banho não tomado e famintas debruçadas nos leitos dos filhos adoecidos. No entanto, espera-se que até as eleições já estejam programados outras provocações semelhantes seduzindo  ativistas ingênuos que não percebem que tudo não passa de uma manobra arquitetada pela inteligência da máfia socialista, cuja paixão passa longe de cãezinhos de laboratório, mas sim,  que pretende eternizar seu domínio sobre o Brasil. Para tanto,  nada mais conveniente, no momento, do que entregar  o estado de São Paulo ao ungido pelo grande chefe, que não é, senão, o hoje titular da pasta da saúde no governo federal.

  18. Filme: OS DOZE MACACOS?

    Uma turminha de malucos “beleza” abrindo a porta do zoológico soltando os animais pelas ruas da cidade. Muitos devem ter assistido.

    Mas isto aqui foi um assalto (por mais que a mídia tente tornar ele como algo simpático), com invasão de domicilio e seguido de roubo, feito por uma quadrilha organizada e, ainda, com cobertura da mesma mídia. Uma quadrilha de dondocas brincando de “sorria, está sendo filmada!”

    178 mil reais em valor de mercado foram subtraídos (a mil reais cada cachorro), junto com danos ao patrimônio da empresa vitima; além dos riscos à saúde ao penetrar num centro de pesquisas.

    Essa turminha deveria apresentar alternativas e sugerir projetos de Lei, mediante os seus representantes, visando alterar a situação vigente, como toda a sociedade faz ou deveria fazer.

    Que vem agora? Gangues e arrastões na cidade com roupinha de Robin Hood?

    A “justiça” pelas próprias mãos vai levar a situações bizarras que melhor nem pensar se essa moda pega. O PIG está colaborando com a sensação popular de perda de respeito pelo governo e pela nossa democracia representativa, ao não conseguir vencer ao PT e aliados pelo caminho democrático vigente: o voto popular.

    Claro, é muito mais difícil chamar a cada uma dessas dondocas e tentar convencê-las para votar no Aecim, sob o argumento de que é melhor privatizar, que FHC era o máximo, etc.

    Então que venha o caos, que acabem os políticos, vamos deixar diretamente o Brasil na mão dos EUA e dos seus poderes paralelos sem voto. É essa a estratégia do PIG?

     

  19. Uma Crise da Representatividade Política

    Em qualquer lugar do mundo a pesquisa científica usa animais como cobaias e todo mundo sabe disso. Infelizmente, ainda não há – e não sei se haverá algum dia – tecnologia que nos permita descartar esses testes. Se o Instituto Royal praticava algum ato cruel e desnecessário, cabia ao Ministério Público apurar isso e pedir a aplicação das medidas cabíveis na Justiça. Portanto, essa tarefa tinha que ser feita por quem de Direito, com critério e dentro da lei – e não por uma turba ensandecida. Já pensaram nas consequências dessa invasão para quem depende dessas pesquisas? Além disso, imaginem se algum desses animais estivesse infectado por algum patogênico – vírus ou bactéria – perigoso, em razão de pesquisas acerca da ação de um medicamento? Contudo, a incompetência, a insensibilidade, o descaso e a omissão dos políticos brasileiros criaram um vácuo que deu azo a que se faça aqui todo tipo manifestação, num leque que vai das mais legítimas e corretas às mais tolas e sem razão. Estamos caindo num círculo vicioso de descrédito e qualquer um acha que tem direito a tudo, cada um acha que pode fazer leis à imagem e semelhança de suas necessidades ou idiossincrasias. Esse processo tem que ser freado agora, com medidas transparentes, sérias e responsáveis, sob pena de se inviabilizar o próprio país.

  20. Bomba semiótica na capa da Folha

    Bastante salutar estas análises do Wilson sobre o uso das técnicas da semióticas pelos meios de comunicaçao para conquistar corações e mentes, neste sentido os BB cairam do céu e, caso a situação caminhe para um caos que justifique a intervenção militar, os bebês correrão todos para debaixo da saia da mãe, e os movimentos sociais é que irão, mais uma vez, para a resistência contra os milicos e, consequentemente, para o pau de arara, tal como no Egito e Arábia Saudita, não veremos bebês protestando.

    Vejam como o texto de Wilson confere com a capa da Folha, de hoje: Um BB (prefiro chamar bb ou bebê mesmo) pulando uma catraca em chamas num ato do MPL na periferia de SP. Esta imagem não tem nada a ver com a manchete principal, que é sobre economia mas, conforme explica a semiótica, nosso cerébro se encarregará de juntar as peças, imagem e manchete nos dirão que o Brasil vai pegar fogo.

    Esses bebês cairam do céu e, na falta de chances eleitorais, a oposição política e midiática se agarra aos BbB, ops BB com suas tochas em punho,,…eles,,.humm…

     

    Veja a versão digital da Folha

    1. Tens toda razão Avatar, o

      Tens toda razão Avatar, o Wilson acertou na mosca com essa interpretação.

      Mas, por outro lado, não tem como deslegitimar os atos do MPL por causa de uma foto, não se pode confundir a cobertura que a mídia dá sobre os fatos e os próprios fatos reais. Eles vão utilizar o que eles bem entenderem, para proteger os próprios interesses, e quando não precisarem mais, irão descartar. Olha o Barbosa aí, sumido, esses dias até disse que queria ser candidato, mas ninguém mais está dando bola…

  21. O Instituto Royal se denomina

    O Instituto Royal se denomina uma OSCIP e portanto deveria ser transparente e mostrar em seu site o balanço social indicando sua função de benefício à sociedade e para o governo. Como não ví nada além de uma tentativa de defesa na página do site, portanto considero apenas uma associação que vem mamando nas tetas do governo por serviços particulares de testes de cosméticos , sem nenhum comprometimento com o público ou com pessoas em condição de vulnerabilidade social. Não se percebe no site nenhum resultado prático sobre as ações efetuadas. Acredito que o governo deveria ser melhor seletivo na ajuda a essas associações civis, visto que a maioria das entidades do terceiro setor não consegue divulgar suas causas e captar recursos governamentais devido a alta burocracia. Acredito correto o fim das doações do governo a esta entidade.

  22. criminosos bb

    é lamentável ver criminosos que depredam lojas e veículos de pessoas que nada tem a ver com sua “manifestação” serem chamados de baderneiros e manifestantes.

    não passam de criminodos que deveriam ser presos e responder por seus crimes contra o patrimônio

    no olho dos outros, proprietários inocentes que tiveram seu patrimôno destruído, tudo é refresco!!!

    pior ainda é quando destroem o patrimônio público, que ao contrário do que muitos acham, é de todos nós, e não de niguém!!! daí, amigos, não é refresco não, pois é no nosso olho que vai arder…

  23.  
    Todos sabemos, pelo menos

     

    Todos sabemos, pelo menos muitos sabem, que na África, América do Sul e Central, sempre houve e há utilização de cobaias humanos para testes medicamentosos pelos grandes laboratórios mundiais. Eles, cobaias nem sabem disso muitas vezes. Eu estou sentindo tudo tão estranho nesses últimos dez anos. Parece que os valores estão confusos, teleguiados e a classe média, sempre ela, não pára de botar os pés pelas mãos. Não há, nunca houve, um protestinho que fosse contra os grandes e milionários laboratórios(início de tudo) para que investissem na modernidade para evitar mortes desnecessárias de humanos e de animais,   A frequencia que tem acontecido protestos  que nunca atingem, nunca tem como alvo o grande capital, é de questionar se essas pessoas  que protestam têm noção do que fazem.

  24. black blocks

    Há muito oportunismo.  Pior: muita coragem sem identificação. Mostrem a cara e assumam os efeitos. Quanto ao efeito das bombas semióticas, a que se refere o Nassif,  nossos governantes são  muito, assim dizer , antas.  Depois da Constituição de 88, que tal ouvir um juiz dizer “que está havendo uma exacerbação da cidadania”, em relação ás ações de danos morais.

    É que antes, ninguém se importava – nem vitima nem algoz, e a vida ia naquele ritmo cinzento da ditadura (civil e militar) e o judiciário no vai da valsa.

    Só uma vez vi um julgado por exemplo, que se referia  aos fatos e estabelecia “que a honra de um desembargador não pode ser considerada melhor que a de um gari”…

    Há garis que devolvem dinheiro achado, mas no congresso…

    Há muitos erros e excessos, talvez seja a demonstração de que algo está acontecendo. Que tal criar o esquadrão de desarmadores de bombas semióticas ?

     

  25. Não se desculpe, caro Wilson.

    Não se desculpe, caro Wilson. O termo “bomba semiótica” realmente lembra blablablá acadêmico. A semiologia dá muita margem para masturbação intelectual.

    Mas de jeito nenhum é o caso aqui, Muito pelo contrário, acho sua abordagem fundamental para aproximar-se de um entendimento razoável sobre a tal jornada de Junho e seus desdobramentos. Talvez seja a que mais chegue no ãmago desse surto de manifestações que até antes de junho ninguém em são consciencia preveria que acontecesse.

    Sou fã do seus textos, e procuro absorve-los em minha reflexão sobre o fenômeno

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