Wilson Ferreira
Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
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Por que jornalistas vestem roupas corporativas?

Foi-se o tempo em que víamos apresentadores de telejornais de paletó e gravata escondendo bermudas e chinelos por trás da bancada. Hoje devem caminhar pelo cenário apresentando infográficos em telões. Mas por que vemos jornalistas e repórteres em um figurino preferencialmente corporativo? Por que o traje mais informal assemelha-se ao de um funcionário de algum escritório saindo para um “happy hour” ou em algum “day off” concedido pela empresa? Linguagem cênica para um melhor rendimento televisual? Ou sintoma de outra coisa:  a inveja criada pela diferença de classe social entre jornalistas e seus entrevistados, o cimento psicológico do chamado “jornalismo corporativo” posto em prática pela grande mídia.

“Quem se interessou alguma vez pelos atuais problemas da semiologia, já não pode continuar a fazer o nó da gravata, todas as manhãs diante do espelho, sem ficar com a clara sensação de estar fazendo uma opção ideológica. Ou pelo menos de lançar uma mensagem ou um carta aberta a todos os transeuntes que cruzarem com ele no dia-a-dia”, afirmou certa vez o pesquisador italiano Umberto Eco.

Para Eco, o vestuário age como uma gramática com palavras e regras prontas para comunicar mensagens ou ideologias em certos contextos.

Partindo desse tese semiológica, como podemos interpretar a atual tendência do figurino de apresentadores e repórteres em telejornais? Eles, com paletós de boa confecção com atenção aos ombros e lapelas bem acabados; cores escuras entre marinho, preto e chumbo; ternos em estilo italiano, acinturado acompanhando a calça mais acertada. E repórteres na rua com blazers escuros e calças chino caquis ou calças de alfaiataria com camisas mais ajustadas ao corpo.

 

Elas, costumes femininos de alfaiataria buscando um silhueta única, sem cortes entre saia/calça e blusa. Como afirma o manual interno de figurino do Grupo RBS (Rede Brasil Sul, afiliada à TV Globo) “afirmam melhor a presença da jornalista”.

Também segundo o manual da RBS a modelagem do corpo da apresentadora através da indumentária é uma peça de afirmação – “é a melhor peça das executivas de várias áreas”, declara o manual.

O manual ainda ressalta a importância da roupa para o jornalista: “ambientes de cerimônias exigem que o profissional de televisão se mimetize para não tornar-se uma presença menor e inoportuna”.

Imagem de credibilidade?

Definitivamente ficaram para trás tempos onde apresentadores de telejornais escondiam suas bermudas por trás da bancada do cenário, apresentando apenas o paletó e gravata da cintura para cima. Hoje devem se levantar e caminhar pelo estúdio apresentando telões com infográficos. Mais do que nunca a roupa é imprescindível para “apresentar uma boa imagem e credibilidade à audiência”, como rezam os manuais internos dos telejornais.

Mas o que chama atenção na retórica desses manuais é o tipo de vestuário cujo resultado podemos assistir diariamente na TV: os jornalistas parecem trabalhar em um ambiente corporativo, reforçado pelas imagens da redação ao fundo dividida em baias onde cada redator está contido em uma célula. 

O ambiente asséptico com as apresentadoras em salto alto, esguias em seus vestidos retos enquanto os apresentadores com corte cuidadosamente curto desfilam com seus sapatos bicos finos e estreitos.

Estamos na estética do “jornalismo corporativo” – a expressão não se limita mais a forma padronizada e industrializada de produção de informações ou os interesses econômicos e políticos dos grandes grupos de comunicação que contaminam o enfoque da notícia. Mais do que isso, esse tipo de jornalismo em tudo tenta equiparar o ethos e estética dos jornalistas ao escritório de uma grande corporação.

Se no passado o típico trabalho de um jornalista era de campo (ir às ruas para apurar as informações) e como telespectadores percebíamos no rendimento televisual apresentadores mal ajambrados e nitidamente incomodados em trajar paletó e gravata (e que, por isso, dispensavam qualquer cuidado com o corte da moda), hoje vemos apresentadores e repórteres confortáveis em seus look corporativos. 

Parece que nasceram para aquilo. Mesmo fora dos estúdios e redações, quando convidados a dar uma palestra ou um workshop qualquer, apresentam-se tal como estivessem no estúdio ao vivo – paletó e gravata ou vestidos de forma “informal” como se dirigissem a algum “happy hour” fora do escritório ou estivesses em algum “day off” em plena sexta-feira.

Na TV reproduzem inclusive os melancólicos estereótipos da cultura de escritórios e ambientes de trabalho modorrentos – “Ufa! Até que enfim é sexta-feira”; ou “Coragem! Hoje é segunda-feira!”.

A saga dos cães perdidos

No passado o Jornalismo era muito mais do que uma opção profissional: era existencial. A certeza de que ao fazer a escolha estaria “condenado” a viver à margem ou nos interstícios da sociedade pela própria condição de investigar e reportar muitas vezes aquilo que pessoas e instituições não querem pensar de si mesmas.

É sintomático como na história do cinema o jornalista está associado à personagem noir do detetive particular: investigação, aventura, independência, mas também falta de escrúpulo e arrogância. De qualquer forma, o jornalista não estava integrado pacificamente à sociedade – era um espécime arredio, desconfiado e crítico.

Ciro Marcondes Filho em seu livro A Saga dos Cães Perdidos (a metáfora do jornalista como um cão que perdeu o faro e se perdeu) aponta para a origem psicológica de todos os lapsos éticos da profissão e a crise da antiga caracterização do jornalista: a inveja criada pela diferença de classe social e a dos seus entrevistados, o que leva a ambição desenfreada e a busca rápida de enriquecimento.

O rápida transformação tecnológica na comunicação dividiu o Jornalismo em dois tipos de profissionais: aqueles que trabalham sentados (a maioria que limita-se ao tratamento de notícias de agências, releases e pesquisa na web) e os que trabalham em pé – a minoria que vai à campo investigar.

Concentrados nos monitores das suas baias nas redações que se transformaram em ambientes assépticos, hierarquizados e padronizados (tal como nos escritórios corporativos), jornalistas começaram a se ver como profissionais altamente especializados e capacitados ambicionando ascender em uma carreira potencialmente análoga a de gerentes, diretores, executivos ou CEOs de empresas.

 

Wilson Ferreira

Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.

21 Comentários

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  1. Não entendi onde o autor quer

    Não entendi onde o autor quer chegar. Em qualquer profissão há um dress code formal ou informal que evolue lentamente com o tempo. Qual a novidade? Advogados ainda usam majoritariamente paleto e gravata, executivos de industria já não usam mais, o blazer com camisa social sem gravata passou a ser aceito no meio empresarial, desde que roupa de boa qualidade.

    No antigo banco BTG Pactual os socios donos andavam de camisa sem gravata e trata-se de um grande banco. No Bradesco até os continuos andam de terno e gravata.

    No geral se veste com mais formalidade em São Paulo do que no Rio, é cultural. A roupa depende do meio, do ambiente,

    da profissão, sempre foi assim. O traje “esculhambado” brasileiro é horrendo até em fim de semana, bermudão e chinelo de dedo, alguns vão em restaurantes caros desse jeito, pior ainda, entram em avião comercial como se estivessem saindo da cama. No geral as mulheres se vestem com mais cuidado e apuro que os homens, para elas o visual é algo existencial.

    O grande teste do visual são os aeroportos onde se vê rigorosamente de tudo, do refinado bom gosto ao chocante.

    O dress code da Globo me parece correto, o da Band é mais olto, nas demais emissoras tem um pouco de tudo.

    É impressionante o subconciente cultural brasileiro com o ” terno e gravata”. Um sujeito de terno e gravata parece mais respeitavel que o mesmo sujeito sem paleto e gravta.  Nos Foruns nos horarios exclusivos de advogados se vc entra de terno e gravata não pedem carteira da OAB, se estiver só de camisa e sem gravata pedem. Está implicito que se vc está de paletó e gravata vc é advogado, sem vc com grande probabilidade não é. Porisso ladrões de casas,  condominios e predios de escritorio estão sempre de terno e gravata, o porteiro deixa passar e a primeira coisa que o porteiro ou a empregada diz ao delegado “”Mas eu não desconfiei porque eles estavam de terno e gravata””. Nos Foruns se quem pede um processo está de terno e gravta é instantanemanete tratado de “” Dourotr””, se  estiver só de camisa jamais será alçado a “Doutor”.

    O “dress code” chegou à nova classe media e nos bares da Faria Lima se ve rapazes de classe C com jeans de boa qualidade e especialmente com tenis de grife, assim se julgam ser bem recebidos pelas “meninas” de classe media tradicional. Resta como diferenciador o ultimo bastião da classe media e alta tradicional: a linguagem. Quem tomou chá em criança fala de uma forma especifica e quem não teve ambiente cultural em casa usa linguagem pobre e isso é dificil

    comprar, ve-se até em certas apresentadoras de televisão quando sai um “”Isso daí” já mudo de canal.

     

     

    1. Acompanho, em parte, o relator.

      André Araújo, concordo em parte contigo por partir do suposto de que a vestimenta seria uma espécie de moldura a guardar uma pintura, mas sempre com essa concepção acessória.

      Ontem, mesmo, participei de um encontro, uma espécie de reunião, com um conhecido de há muito tempo, esposo de uma ex-colega de serviço. Era um encontro, pode-se dizer, mais informal, na medida em que ele ia me expor um projeto que está encabeçando e gostaria de contar com minha colaboração, já que estou aposentado no serviço público. Por ser ele o presidente da instituição e esse encontro ter sido realizado na sala da presidência, tive o cuidado de ir de camisa de manga comprida e blazer (além de ter cortado a barba e engraxado o sapato) – até mesmo por ser costume dele andar engravatado.

      Mas, voltando ao assunto da pauta, independentemente da vestimenta dos apresentadores de telejornais, não gosto desse estilo novo. É muita “mise-em-scène”, prestigiando-se o circunstancial em detrimento do essencial e dando-se mais importância ao periférico; no mais das vezes relegando-se o conteúdo.

      Os telejornais não vão conquistar credibilidade a partir da vestimenta de seus apresentadores, muito menos desse, digamos, “teatro”.

      “Por conta disso”, não posso estabelecer diferenças entre a história de um engravatado com e a de um índio pelado!

       

       

       

       

  2. a palavra baia sifnigica um


    a palavra baia sifnigica um compartimento separado por tábuas, na cavalariça, ao qual se recolhem os animais.

    isso é do tempo em que pastavam o bebiam água o dia inteiro.

    agora baia virou divisória.

    foi domesticado,

    por isso sua fonte de alimentação é das mais prosaicas…

    mas dizem que essa fonte é pouco variada, ração fundamentalista….

    resta aos da baia a divisória, perfeitamente delineada

    entre a casa grande e a senzala..

  3. Duas considerações.

    1) O Jornalista da grande imprensa, penso eu, se veste como o patrão, como um grande homem de negócios, um CEO da Vida porque o SISTEMA – o Capitalismo – quer engajar a todos nós, quer que sejamos adeptos e que assimilemos, inconscientemente, em nosso modo de agir, no nosso cotidiano e nas nossas ambições o padrão de comportamento dele (o Sistema).

    O caminho do sucesso, é estar bem vestido com roupa cara e de grife, é se comportar de tal maneira, é agir com determinados gestos e, então, alcançaremos a vitória. Vitória = sucesso financeiro e profissional.

    Eu posso ser bem-sucedido na Vida!

    O Jornalismo da grande mídia visa a padronização do comportamento e a criação nos indivíduos da mesma visão de mundo dos grandes capitalistas.

    O Jornalista: apresentador de telejornal é o espelho do Patrão; Patrão que é o espelho do Sistema e que todos nesta engrenagem reproduzem em série. 

    O Jornalismo da grande mídia é o Fordismo.

    Produção em série de padrões de comportamentos. Ou você se enquadra nele ou você não estará na posição de apresentador de telejornal. 

    Nós não temos o discernimento de saber quanto ganha um Jornalista (digo da população em geral). O desavisado crê que o sujeito chegou lá (alcançou o sucesso) e está ficando rico. Que o modo como ele age é o modo que leva à vitória, ao sucesso, à ascensão social qualificada e a realização profissional plena.

    Estes jornalistas acreditam nesta realidade, foram cooptados por este Sistema. Agem na esperança de chegar lá.

    O que mais não é o Capitalismo que o alimento das falsas esperanças?

    Não tem conversa. A Vida da televisão é pensada como reprodução do Capitalismo e de sua forma mais perversa: a esperança de vencer e ser um Eleito, de ser um Profissional de Sucesso, o que traz dinheiro e DISTINÇÃO. 

    O Jornalista anda alinhado e engomadinho porque quem domina a Informação no Brasil determina o padrão de comportamento do seu empregado. 

    Não é o Jornalista quem decide. Hoje, é o Sistema.

    É o interesse de quem é Dono da Rede Globo & Cia.

    Ele decide o padrão de comportamento de seus empregados e seus empregados são encarregados de ser a ponte entre o desejado pelo Sistema e o telespectador; telespectador que se quer moldar da mesma forma, com as mesmas ideias e padrões ideológicos e de comportamento que a Rede Globo & Cia. 

     

    2) Agora, o Sistema, quando vê que não está conseguindo teleguiar a maioria da população ele foge do figurino. Precisa disfarçar o seu interesse para tentar cooptar mais gente, principalmente, os jovens.

    Outro dia no Oftalmologista e a TV ligada na Sessão da Tarde. 

    Quem apareceu para dar o noticiário?

    Um moreno estilo academia, se não me falha a memória até tatuado e com camiseta polo. Fora do modelo desejado, certo?

    O Sistema precisa trabalhar para moldar a sociedade, porém, não é, como disse o ex-ministro do trabalho de Collor, o Magri: imexível. 

    O ponto central do Jornalista da grande imprensa capitalista é a aparência e dela depreendem dois atrativos essenciais:

    a) Boa voz e dicção o máximo precisa para gerar confiança em quem o assiste;

    b) Boa aparência, saúde em dia e terno na estica para gerar uma imagem de como ter sucesso profissional e alcançar a vitória no telespectador. 

    Claro, podendo dar uma brecha para atingir o público jovem, igual fazem algumas Igrejas evangélicas, como a Bola de Neve e a Renascer, que não impõem padrões de comportamento, dizendo: tatuagem percing, brincos não pode!

    Ninguém é contratado, por ser Jornalista qualificado na grande imprensa. É contratado para reproduzir o Sistema, para mantê-lo intacto, para obedecer as ordens do patrão!

    Só quem seguir o figurino, as regras postas, será bem-vindo e esta é a realidade.

    Claro, que há exceções, como, o Caco Barcelos, porém, ele está na TV faz décadas e não tem como a Rede Globo se desfazer dele, é uma grife da emissora.

  4. ri muito quando foi citada

    ri muito quando foi citada frase do chico pineiro no bom  dia brasil de segunda e da sexta.

    as frases são melancólicas e mostram a idéia de

    apaziguamento dos destroços e ruínmas noticiadas na semana, no caso da sexta.

    no caso da segunda, o início da narração das ruínas semanais.

     tem uma conotação política óbvia….

    mas soam como piada pronta…

     

  5. trajes e frescuras

    Calor de quase 40 graus ( eu conto a sensação térmica, que é o que nos atinge) Chego ao Forum de uma cidade vizinha da minha e vou entrando pela porta que é conferida aos Advogados. Queria despachar uma petição, coisa simples , de cinco segundos que levará o Deus competente para aquele processo colocar um “J. cls.”, pois o boa tarde e até logo já estou acostumado a conceder aos ventos. Obviamente que não havia a menor necessidade de me empoleirar em um paletó com gravata. Mesmo assim, conduzia um paletó nas mãos dobrado sobre o braço e a gravata frouxa do botão do colarinho. O funcionário ( segurança) já me alertou para a falta da vestimenta e disse que a Deusa ( era uma Magistrada) Não me receberia em seu reino divino sem que eu me compusesse como ela queria. Me confidenciou que ela usava toga o tempo todo. Sabendo do que me esperava, coloquei o paletó, mas não fechei a gravata. Já me sentia desconfortável, pois o ar condicionado era restrito ao gabiente e sala de audiências da Deusa da Justiça. Mas , mesmo assim, me diriji ao contínuo que , sem precisar bater o estandarte de anúncio, anunciou-me a sua divindade. Mas não reparou que eu não abotoara a gravata corretamente. Entrei, ignorando tal detalhe , pois esquecido foi e no boa tarde já fui enquadrado com o aviso par ame compor corretamente. Não percebi o deslize e fui orientado a , antes de entregar a petição ( uma simples juntada de procuração e guia de procuração) e me dirigir a sua santidade, divindade, adorada, amada e idolatrada que tem Jesus ao seu lado direito e julga todos os vivos e os mortos , deveria abotoar a gravata corretamente. Apesar de fazê-lo, argumentei sobre o calor e recebi a resposta mais estapafurdiamente deselegante e arrogante que alguém poderia me dar: ” Se o senhor fosse um Magistrado, não precisaria disto”. Peguei a minha petição despachada , fui até o cartório, juntei a petição e consegui copiar todo o processo. Cobrei R$ 2.000,00 de honorários além do que cobraria, para aguentar esta chateação. Sem negócio, me livrei do problema, antes de mandar a douta Magistrada tomar em seus fundilhos com toga, prepotência e tudo mais.

  6. A aparência é tudo

    Isto são regras e normas sociais, do mundo atual, não mudam e talvez jamais mudem, e o melhor que se pode fazer é adaptar-se a elas. Roupa social, terno e gravata, abrem portas, ajudam a passar entre autoridades, a fechar contratos, a passar em entrevistas, a fazer bom negócios, enfim, é um símbolo de confiabilidade.

    Roupa certa, aliada a uma etiqueta empresarial impecavel, é uma união de sucesso retumbante.

    Na verdade, nada disto importa verdadeiramente, mas já que o jogo é este, vamos jogar.

  7. Grande Wilson e seus textos

    Grande Wilson e seus textos sempre fantásticos. Pena que nem sempre ele esteja ao alcance de todos, já que é um tipo de abordagem um tanto mais complicada. Isso mostra como somos deseducados em comunicação, em semiologia. Esse tipo de crítica que ele faz é muito necessária, infelizmente raramente feita.

  8. Tem algo que eu notei e acho

    Tem algo que eu notei e acho adequado colocar aqui nesse post, caro Wilson. Existe no telejornal Fala Brasil da Record uma bancada só feminina. Todas uniformizadas, claro. Até aí tudo bem, o AA defende que deve ser assim. Mas a unica negra, que é a mais bonita por sinal, tem um cabelo muito, mas muito alizado. Acabo achando-a feia por conta disso, muito artiificial.

     Já no telejornal da TV Brasil tem uma negra que apresenta com o cabelo crespo natural. O que fica um visual muito mais agradável. Sem dúvida tem muita coisa “debaixo dos caracóis (ou na falta deles) do seu cabelo”, né Wilson? 

  9. Terno, gravata e ordens superiores
    Essa aconteceu n’O Globo nos anos 80. A repórter subiu ao quarto andar do prédio do jornal, na Irineu Marinho 35, vestindo jeans e blusa de alcinha (estava um calor do cão e mesmo com o ar condicionado em temperatura polar, era melhor só botar um casaco por cima do que encarar a rua vestida de executiva) para fazer uma daquelas matérias reco do Roberto Marinho recebendo algum dignitário.  A indumentária não estava mal-ajambrada, longe disso, e caia muito bem na moça bonita, mas, ainda assim, não se passaram nem quinze minutos de sua volta à redação, quando veio uma mensagem geral pelo sistema interno – a partir do dia seguinte, os homens das editorias de economia, política e Rio deveriam trajar paletó, gravata e calça de tecido, e os das outras editorias, calças de tecido, no mínimo. As mulheres tinham mais opções, mas não muitas mais: calça comprida de tecido o saia abaixo do joelho, e blusa com alças (foi assim que descobrimos a causa da ordem esdrúxula). Em ambos os casos, jeans nem pensar. Revolta na senzala. Muita reclamação e ranger de dentes. Com exceção de um colega da Rio. Ele chegara da rua trajando o uniforme (jeans, camisa polo e sapato social confortável) e, ao ler a mensagem, não se abalou e ainda procurou apaziguar os colegas. “Calma, gente. Não vai durar três dias”, prometeu. Gaúcho, moreno, 1,80m, bonitão, o colega era ainda filho da dona de uma das mais elegantes casas de roupas masculinas do Rio. No dia seguinte à ordem, ele chegou vestindo um terno – com colete e tudo – , de lã 120, azul-escuro, feito sob medida, completada com uma camisa branca de algodão, alvíssima, gravata de seda vermelha lisa, tudo completado com um sapato preto de pelica – um espetáculo. Pediu para ficar pela redação e a chefia, entendendo a jogada, o pautou para fazer duas materinhas pelo telefone.  Assim, ele passou o expediente inteiro desfilando, fazendo questão de passar sempre pela frente do aquário, mesmo que tivesse fazer o caminho mais longo. No dia seguinte, a mesma coisa. Só mudou a roupa – paletó e calça marrons, sem colete, mas igualmente de tecido nobre, e camisa azul-escura, gravata novamente vermelha e de seda, mas com listras finas, e sapato de cromo alemão, também marrom. Parecia ter saído de um catálogo de roupas de novo, impressão que se reforçava por outros desfiles pela redação, antes e depois de ter saído para fazer uma matéria. Terceiro dia: novo terno de lã 120, dessa vez verde-escuro, com camisa azul-clara, gravata rosa, de listas um pouco mais grossas, e sapato também de cromo alemão, só que preto. No fim deste dia, nova mensagem. Devido a “pedidos dos homens da redação”, este estavam dispensados do terno e da gravata, bastando vir de camisa social e jeans “em bom estado”.

  10. Até a decada de 80 havia um

    Até a decada de 80 havia um dress code em certo ambientes ou era obrigatorio ou era implicito. Nos voos da Ponte Aerea SP-Rio, que eu fazia semanalmente por causa do CIP-Conselho Interminiesterial de Preços, era raro ver um passageiro sem terno e gravata, em certos retaurantes como o Ca DÓro em SP era obrigatorio paletó e gravata, em certos clubes no salão de almoço no centro idem, nos bancos e cartorios estavam todos os funcionarios de camisa e gravata.

    No ano passado fui ao 8º Cartorio de Notas na Rua XV de Novembro,  centro de São Paulo, setor de procurações 2º andar, não tinha ninguem, era hora do almoço, só um rapazinho de camiseta dessas de firma mexendo em um arquivo de aço, perguntei a que horas chegaria o oficial maior e ele respondeu, ” Sou eu”, não acreditei, os manobristas de meu predio trabalham de camisa e gravata, o sujeito ofical maior de procurações  parecia um camelô da Praça da Sé, como pode o mundo ter mudado tanto?

    A mesma coisa nos cartorios de Foruns, os atendentes de balcão se apresentam de camiseta, um ou outro mais velho ainda usa camisa social, gravata é rarissimo, é uma impressionante queda de padrão, vulharização em marcha.

    Nos voos comerciais, especialmente os que saem de Brasilia, no passado os retirantes do Nordeste que vinham de caminhão estavam mais compostos, nos voos de hoje se ve de tudo, até caras peludos com short de jogador de futebol, brasileiro e americano são muitos relaxados em aviões, não tem qualquer pudor em andar feitos mulmabos andrajosos.

    Sou favoravel à exigencia de um dress code minimo, aplicado pela Policia Federal, para quem sai do Brasil em voo internacional portanto passaporte brasileiro. Se o cara for barrado vai dar trabalho e custo para o serviço consular do Brasil na ponta da chegada e muitas vezes é barrado pela má aparencia. Deveriam exigir ao menos um paletó e camisa para quem vai desembarcar em Nova York, Madrid ou Londres, chegar nesses lugares de abrigo de ginastica, bermuta amarrotada, chinelo,  depõe contra o Brasil e aumento o risco de problemas no controle de entrada no Pais de destino.

    Vi um sujeito de bermuta suja e camiseta regata ir de SP a Washington em Dezembro, lá é frio de doer, o sujeito não tinha sequer um casaco, desceu assim mesmo, é afrontoso para com o Pais de chegada. Especialmente na Europa o traje é levado em conta em qualquer lugar, especialmente por causa do grande influxo de refugiados não de hoje mas já há 30 anos, é tão facil e simples viajar bem vestido porque afrontar um Pais que não é o nosso?

    Na Argentina até a decada de 90 o padrão era bom nas ruas e confeitarias, na decada de 50 quando conheci a Argentina até engraxate trabalhava de gravata, hoje lá tambem relaxou, não tanto como no Brasil, somos campeões mundiais do relaxo, foi-se o tempo do Embaixador Mauricio Nabuco que jantava todo dia de smoking tanto com convidados como sozinho em pleno Rio de Janeiro.

    mas já não se exige paletó e gravata no restaurante do Hotel Plaza, o que existia até a decada de 90, em muitos restaurantes finos era obrigatorio, isso acabou. Na Feira Rural de Palermo de 1878 os puxadores de gado se apresentavam elegantissimos de terno completo e botas ganaderas puxando animais na grama lamacenta.

    Agora a elegancia fica por conta de cada um,  o dress code está enterrado porque acabou a elite que parametrava as classes inferiores, até 1950 o padrão era a elite antiga dos quatrocentões (em SP), com o fim dessa elite, subiram os novos ricos sucateiros, almoçam como quem sai da cama e por consequencia as classes abaixo perderam a referencia e  cada define o que é elegancia do sei jeito, geralmente o pior possivel.

    Ainda bem que as emissoras de Tv tem um padrão, se não houvesse nenhum veriamos ancoras vestidos de churrasqueiro e palitando os dentes, os comentaristas esportivos que já agora se vestem como Tiriricas de tenis encardido

    iriam se apresentar como o Colhada do Chico Anisio, já que o “ramo” não prima pela elegancia em nenhum sentido.

     

    1. O AA não perde a chance

      O AA não perde a chance de destilar o pestilento preconceito de classes. Não basta as prerrogativas elitistas, deve-se fuçar amiúde nos estertore malditos do ”ai que nojo”’. Faltou apenas esplanações detalhadas sobre os trajes lupanares das mulheres quotidianas, quando ”tudo era melhor”. Vá fumar um charuto, sr AA e não nos empesteie com sua protossofisticação tabajara….

  11. E se a vestimenta for por minha conta??

    Eu nada teria contra a toga do juiz se sua excelência pagasse pano, costureira, e fios, não se esquecendo de pagar também para lavar de vez em quando.

    Em suma, as togas são de um ridículo sem tamanho, mas não me oporia a seu uso pelas autoridades, se fossem eles mesmos os pagantes.

    Mas, não são. Somos nós que custeamos aquilo, e não deve ser nada barato – considerando a quantidade de juízes, e os custos de manutenção.

    A gente paramentar todo aquele pessoal a troco de dress code, ou seja qual for o nome, faz um mal danado.

    Diga-se de passagem, duvido que já não haja alguns juízes que de bom grado parariam de usar aquela trepeça se o CNJ suspendesse o  uso daquilo.

     

  12. Até no mundo corporativo mudou

    Quem passa pela Faria Lima, JK (e os respectivos shoppings centers) na hora do almoço, percebe que o “visu” happy friday consolidou ao logo de toda jornada semanal. Raro quando você almoça com gestores de assets e de bancos de investimentos ver esses “traballhadores” talhados num razoável costume, como se via até nas a década de 1990. “Ah, mas faz calor”, “Ah, mas na City em Londres não mais, “Ah, não sei o que”. 

    Definitivamente, o conjunto paleto, calça de bom alfaiate e a gravata (discreta) não é mais uso frequente. Muitos passaram a preferir, como vestimenta de negócios, a terrível combinação: calça JEANS com PALETÓ de costume e sapato. Uns mais exóticos (tipo assim querer se mostrar cult) temperam a vestimenta com sapatenis louis vitton. Nada a ver.

    Em se tratando de elegância, desculpe, não há camiseta polo Lacoste que de conta.

     

     

  13. a imagem do post estimula a

    a imagem do post estimula a gente a pensar no final do filme

    truman show – o show da vida, não o da globo,

    mas cujas semelhanças em alguns aspectos são  evidentes…

    desde bebê o personagem truman vivido por jim carey

     é manipulado num reality show televisivo visto por milhões pelo mundo todo.

    criado e manipulado por um deus da tv chamado sugestivamemnte christof.

    é o simulacro da realidade, que vira ficção mas os

    telespectadore assumem como verdade…

    representação  do mito da caverna de platão, aquele  em

    que as pessoas só veem as imagens embaçadas na parede,

    como meras sombras da realidade….

    no final, truman sobe uma escada semelhanre a esta

    da foto para a porta de saída do show de ficção e de mentiras,

    pafa entrar na realidade..

    antes repete como sempre “bom dia, boa tarde, boa noite a todos”….

    curva-se,,,a porta abre…

    sai da caverna para ver a claridade….

    o público vibra. mas passará a ver o próximo show de

    mentirinhas a ser criado pelo divino mago da tv….

     

     

     

     

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