Nesses tempos de disputas eleitorais

Nesses tempos de disputas eleitorais tem aparecido com maior frequência aqui no blog artigos com críticas a Aécio Neves e ao PSDB e às políticas (ou falta delas) do governo Dilma Rousseff. Se no período anterior as criticas se davam quanto ao descontrole da inflação e aos atrasos das obras da Copa, sempre com a justificativa de falta de comunicação por parte do governo, agora elas se dirigem às propostas de programas de governo dos candidatos Aécio e Dilma, ao mesmo tempo em que enaltece o que propõe a campanha de Eduardo Campos.

Essa linha adotada pelo blog é descabida, pois é notório que as propostas de Campos seguem nas mesmas linhas do que vem fazendo o governo federal, e as composições de governança se dariam muito próximas ao que temos hoje no parlamento. Se alguma diferença teria ela seria dada pela menor antipatia do mercado ao candidato Campos. Nesse sentido ele seria uma cópia mal acabada de Lula, de quem o candidato é declaradamente grande fã.

A ânsia de encontrar o “novo” não permite ver que essa condição “conciliatória” seria uma volta ao passado. Sim, já foi bastante debatido por aqui o “fim do lulismo”, o “fim de um ciclo” e o próprio André Singer que cunhou a expressão já admitiu o esgarçamento dessa ideia. O lulismo como definiu Singer “é um modelo de mudança dentro da ordem, até com um reforço da ordem, ele não é e não pode ser mobilizador. Isso faz com que o conflito não tenha uma expressão política partidária, eleitoral, institucional”.

Se por um lado Dilma e Aécio têm lados bem definidos, a candidato Campos tenta redefinir o velho lulismo com o mote de terceira via. Lula conseguiu esse caminho da conciliação a partir do seu imbatível carisma.

O que seria o novo de Campos dentro dessa mesma linha de grande pacto social conservador que combinou o rentismo de FHC com as fortes políticas distributivistas de Lula?

O lulismo representou o apaziguamento dos conflitos sociais num país de grande desigualdade como é o caso do Brasil com a aquiescência da sempre temerosa elite. A agenda da redução da pobreza e da desigualdade foi conseguida sob a égide de um reformismo fraco e com uma variante conservadora de modernização.

Essa permissividade da elite para que o Estado tivesse um papel proeminente na alavancagem dos mais pobres se esgotou e a volta da carga dos ataques a este modelo se faz desde os últimos anos do governo Lula.

Não foi permitido ao lulismo, e impossível em pactos conservadores como a terceira via proposta por Campos, resolver os problemas estruturais brasileiros sem entrar em conflito com setores conservadores das elites rurais e urbanas ligados aos interesses financeiros.

Esse conflito com setores conservadores e que permita a mudança das estruturas política e econômica é o que de fato podemos chamar de “novo” no nosso país, e quem melhor propõe esse embate é a candidata Dilma.

O uso político da lentidão das mudanças e das denúncias de viés ideológico autoritário de Dilma serve para criar a desinformação de que um “novo” só será possível fora do que pretende e promete a candidata Dilma. A publicidade e a propaganda usam isso como ferramenta mestra para iludir os eleitores de que Aécio e sua gestão e Campos como novidade são os que de fato propõem algo “novo”.

Dessa forma, a proposta de Dilma de ampliar a participação política com o PNPS, Política Nacional de Participação Social, divulgada pela oposição e pela imprensa como um Decreto que “esconde uma tentativa de golpe comunista” e de “bolivarismo”, causa pavor nas elites.

Essa iniciativa na realidade se trata do “novo”, tal como única forma de se promover as mudanças estruturantes que o país urge e que só se dará por fora da estrutura de poder, conservadora e paralisante, que teme quaisquer mudanças de status quo, que nem mesmo o pacto do lulismo conseguiu e que Campos, sem o carisma de Lula, e sua terceira via sem a estrutura de potencial de mudanças do lulismo, sequer defendem-na dentro de suas propostas do “novo”.

O “novo” só será possível com as reformas política e tributária/fiscal, e enquanto todos sabem que elas não sairão completas por obra do congresso, os candidatos Aécio e Campos se calam sobre esse necessário confronto, enquanto que Dilma é a única que apontou com coragem esse caminho. Afirmar que vão fazer tais reformas dentro do congresso, como fazem Aécio e Campos, é repetir o mesmo discurso desde os tempos de FHC, ou seja, a manutenção do “velho” modelo.

Comentário ao Post:

“O fator Eduardo Campos-Marina Silva

Idem:

E Campos terá visibilidade em 3 meses, com tempo de propaganda eleitoral de 1 min, contra 11 de Dilma, 4 de Aécio e o mesmo 1 min de Pastor Everaldo e de Eduardo Jorge?

Má vontade do eleitorado com Dilma e Aécio, apenas?

Campos não teve avanço algum desde que lançou a sua candidatura, mesmo com a diminuição das intenções de votos brancos e nulos.

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Redação

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