No século XX, a Eugenia, no século XXI a Pegada Ecológica.

Quando ouço falar em “Indicador de Pegada Ecológica” fico com urticária ou erisipela. Pode parecer absurdo e me chamarem de monstro e ecocida, mas explico o que me move contra esta e outras expressões e posturas deste tipo.

Nos últimos anos estamos sendo bombardeados por propagandas de “Pegadas Ecológicas”, uso consciente dos recursos naturais, a propaganda é tanta que uma pobre senhora que em Manaus, na beira do Amazonas estiver utilizando água para lavar a sua calçada se sentirá a maior criminosa do mundo porque está comprometendo as futuras gerações.

Cálculos de “Pegada Ecológica” são disponibilizados na Internet, e as mesmas sugestões que são dadas para a Frau Schmidt em Hamburgo, Alemanha são dadas a Dona Mariazinha em Crato no Ceará, Brasil.

Há uns tempos atrás numa discussão sobre ecologia, fui levado a consultar num “desses sites” de “Ecological Footprint”, neste site aparecia uma publicação com o ranking mundial de países com a menor Pegada Ecológica. Países como Serra Leoa e Haiti apreciam como primeiros colocados da lista e o mais surpreendente de tudo, é que na publicação desses grandes senhores do primeiro mundo, não havia nenhum comentário sobre mortalidade infantil, desnutrição, analfabetismo e outros índices de qualidade de vida desses países. E digo mais, 90% dos teóricos da proteção ambiental, desejariam ver realmente mortas estas pessoas do terceiro mundo do que extinto uma espécie de caranguejo do mangue.

O quero chamar atenção com isto? Não é que poluição seja sinal de progresso, nem que o mundo deve procurar modos de vida como os dos Norte-Americanos ou dos Europeus. O que chamo a atenção é que hoje em dia olhar um “Indicador de Pegada Ecológica” está se olhando é um “Indicador de pobreza, fome e mortalidade infantil”, ou ainda pior do que isto, darmos importância as análises de só um fator, a “Pegada Ecológica” estaremos é reforçando a política eugênica que o Estados Unidos e Países Europeus desejavam impor nos países do terceiro mundo no início do século XX. Isto está dentro das mais nobres tradições da direita Norte-Americana, ou do nazismo alemão de Hitler.

Seguindo com a explicação. Hoje em dia um “Indicador de Pegada Ecológica” só indica mesmo que um país é mais miserável do que o outro e não que neste país a consciência ecológica é maior. Olharmos para estes índices sem a mínima critica não leva a conclusão nenhuma. Países como a Alemanha, França ou mesmo os Estados Unidos, a consciência ecológica está em alta, países como Serra Leoa ou Haiti o problema é a comida para o dia de hoje. Para reforçar os argumentos, vamos a um exemplo:

Cozinhar com fogão a gás no lugar de utilizar refletores de luz solar é ecologicamente correto? Se olharmos em qualquer publicação desses institutos internacionais, eles dirão que não. Entretanto se olharmos a realidade da África Subsaariana é extremamente humano esta solução. Milhares de pessoas morrem de problemas pulmonares causados pela fumaça dos primitivos fogões a lenha e se consomem milhões de toneladas de árvores imaturas para alimentar esses fogões. Há algum programa internacional para fornecer um pequeno fogão a gás para essas pessoas? Não! Mas há programas que tentam passar para eles fogões solares de baixíssima pegada ecológica (que só funcionam de dia, é claro, a noite eles não precisam comer!).

Por outro lado o que é feito em relação aos USA, estes institutos de pegada ecológica lutam contra a entrada dos USA em guerra contra o Iraque para pilhar o seu petróleo? Não. Estes mesmos institutos propõe leis que impeçam um automóvel consumir mais do que uma determinada quantidade de combustível por quilômetro? Não, isto vai de encontro aos princípios da livre iniciativa dos grandes conglomerados.

O que fazem esses institutos? Eles se influenciam organismos financeiros internacionais para que os mesmos insiram normas nos projetos de engenharia que são as mesmas para a Holanda ou para o Haiti. Talvez porque as condições sejam totalmente semelhantes!

Empregos verdes deverão ser criados em todos os países, empregos verdes que se diga de passagem custam 3 vezes mais que os empregos convencionais. Logo no lugar de criar 300 mil empregos normais no Haiti, criam-se somente 100 mil empregos verdes, e o resto, que morra de fome, pois aí parte do problema da superpopulação fica resolvido.

Lendo o livro “A Guerra Contra os Fracos” de Edwin Black, vi claramente que no início do século XX as Teorias Eugênicas propunham a morte dos pobres do Terceiro Mundo por seleção natural, para que o mundo pudesse ser povoado por belos nórdicos geneticamente mais puros e mais humanos do que os outros. Esta proposta Eugênica do século passado mudou de nome, agora se chama “Pegada Ecológica”.

Em nenhum das publicações “ecológicas” se diferencia o que se tem que fazer num país que praticamente cada habitante tem um automóvel para o que se deve fazer noutro onde a preocupação é a refeição por dia. O que se quer mesmo é que os pobres morram de fome, desta forma sobrará espaço para os filhos e netos das grandes nações venham apreciar a natureza sem a incômoda presença de crianças ranhentas ou mulheres famélicas.

As publicações Eugênicas pré guerra do século XX, deploravam inclusive a caridade, dizendo que dar dinheiro para pobres é não deixar a seleção natural agir. As publicações ecológicas de hoje em dia são mais sutis, propõe padrões de transporte, habitação e trabalho que na Comunidade Europeia são obtidos a custo de fortes subsídios, como estes subsídios não existirão no terceiro mundo, não haverá transporte, habitação e trabalho, por consequência haverá fome e morte.

Não olhar os “Índices de Pegada Ecológica” junto com a qualidade de vida dos povos e uma  perspectiva de política de redistribuição global das riquezas é um desserviço aos povos do terceiro mundo. Nesta altura do campeonato, prefiro que um habitante da Serra Leoa, consuma gás para seu fogão ou que um chinês compre gasolina para sua moto e que o Mundo se exploda,pois talvez após a explosão do mesmo se consiga fazer alguma coisa.

Redação

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