A Teoria da Supermente e a questão de Flávio Furtado

 

Este artigo é uma resposta a uma pergunta feita  no texto A Teoria da Supermente

     O Flávio Furtado pergunta:

     “Interessante, mas explique mais sobre a conexão entre cérebro e supermente. Pois como é que o “hardware” processa as informações se elas não estão guardadas lá de alguma forma? meio como “crowd memory” ?”

     Marco Aurélio Dias responde:

     – Olá, Flávio Furtado, em primeiro lugar quero dizer que estou apenas buscando uma melhor compreensão das coisas que imagino…

     Todavia, embora exista uma escala de dependência entre as partes de um corpo, não quero compreender a operação mental como totalmente dependente de cérebro. Não vejo a mente como pedaço, cada pessoa tendo um pedaço de mente. Só consigo imaginar a mente como um campo mental unificado. O cérebro estaria dentro da mente e sua função seria receber e emitir informações sensoriais. O que imagino, por enquanto, é que todas as pessoas usam uma única mente. 

CÉREBRO E MENTE SÃO DUAS COISAS DIFERENTES

     Se for verdadeiro que a supermente é um campo mental unificado, neste caso existimos dentro da mente, logo de alguma forma somos seres mentais e estamos dentro da supermente. Seríamos semelhantes a pensamentos dentro da supermente? A supermente seria responsável por dar suporte mental ao nosso cérebro e a todas as coisas? Calculo que cérebro e mente são duas coisas diferentes. Pensamos na mente e somos a mente unificada. Através do cérebro recebemos as informações sensoriais do corpo físico e do mundo externo. A supermente então não é uma porção de alguma coisa que se instala no cérebro da pessoa e faz a ponte entre a consciência pessoal e o banco de dados das informações dessa pessoa. A supermente está nos pés, nas mãos, nos braços, no cérebro e no corpo inteiro da pessoa. Nossa conexão com ela cria a nossa psiquê, refiro-me ao nosso estofo mental. O meu processamento mental ocorre na mente unificada, e se ela está em toda parte, as operações mentais de qualquer pessoa estão em toda parte, logo não fica localizada no cérebro.

SOMOS APENAS ARQUIVOS, BANCO DE DADOS E INFORMAÇÃO

     Dessa forma, o banco de dados de uma pessoa estaria em qualquer parte do campo unificado e também no meu cérebro. Imagino que não somos o corpo e nem somos a mente unificada, somos as informações que formam o nosso banco de dados pessoal. O meu cérebro recebe as informações de um objeto que está fora de mim, mas “minha mente” (O que chamo de “minha mente” penso como sendo apenas uma operação mental acontecendo na supermente) se detem no objeto, analisando-o. Quando a luz de uma imagem entra nos meus olhos e é percebida no meu cérebro, ela esteve o tempo todo na mente. O cérebro está na mente unificada. A mente não está localizada no cérebro como um ponto central de consciência pessoal, embora o cérebro esteja localizado na mente. A supermente não é localizada, é unificada. Mente e cérebro não são equidistantes. Portanto, o banco de dados das informações sensoriais de uma pessoa está no cérebro, está fora do cérebro, está no pé, nos braços, nas outras pessoas, em toda parte, e os neurônios funcionam processando as informações fisiológicas, recebendo informações sensoriais e processando os comandos automáticos. As imagens que recebemos formam a nossa consciência.

O PROCESSO MENTAL PODE NÃO ESTAR LOCALIZADO NO CÉREBRO

     Diz-se que pensamos por imagens. Como a parte central do corpo que recebe as informações sensoriais é o cérebro, imaginamos que o nosso processo mental ocorre no cérebro, mas ele ocorre na mente, ocorre fora do cérebro. Imagino que o cérebro não só recebe as informações do que chamamos de mundo externo a nós mesmos, mas recebe também as informações da supermente. Claro que se trata de um jogo de palavras, pois se a supermente é um campo mental unificado, todas as coisas existentes são formas mentais e o cérebro seria apenas um decodificador de informações sensoriais. Nessa minha abordagem, não existe pessoa, o que existe são informações. Se você tirar de uma pessoa todas as informações culturais que caracterizam sua pseudo individualidade, como nome, família, trabalho, etc., ela não terá nenhuma informação pessoal e nem consciência de si mesma, apenas vivenciará as informações como se fosse as informações, e, na verdade, todos nós somos apenas informações. A consciência pessoal que recebemos da sociedade são informações inventadas de nome, cultura, religião, parentesco, etc., e as vivemos como se fôssemos elas, como se isto formasse uma entidade eterna. Mas pode não ser assim. As informações não possuem consciência pessoal. O que chamamos de individualidade é apenas uma invenção cultural. Quando uma criança nasce, a família inventa para ela uma “individualidade”, e aquela criança cresce e passa sua vida inteira acreditando que é aquilo, e até acha que aquilo é eterno e que sobrevive eternamente depois da morte.

     Prezado Flávio Furtado, preciso pesquisar mais para ter outras respostas. Acredito que não respondi satisfatoriamente sua pergunta, mas creia que ela é também uma pergunta que eu mesmo faço.

     Obrigado!

 

Redação

2 Comentários

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  1. Eu tenho pensado em algo parecido há mais 10 anos…

    Em 1999, eu morava em Belo Horizonte, e a leitura de Espinosa Ética demonstrada à maneira dos geômetras me fez pensar sobre este tema. A idéia de que todos somos um me pareceu muito clara e depois disto tenho muita dificuldade (posso dizer mesmo que não consigo mais) pensar de outra forma.

    Existem barreiras para avançar nas respostas e a principal delas é que poucas pessoas se interessam por debater isto (ao menos no meu universo), e assim as idéias não fluem.

    Mas, da mesma forma que a vida biológica é algo que surgiu na Terra por conta de suas condições especiais, mas não se confunde com o próprio planeta (podemos abandonar o planeta, ao menos em tese), a mente surge nos seres vivos, e de forma mais acessível a nós (ou talvez mais potentes) nos seres humanos, mas não se confunde com eles. A mente não se confunde com os seres vivos, habita neles.

    Acho que esta visão pode ter importantes implicações na saúde humana e em outros campos. (falo na saúde, porque sou desta área).

    Embora eu tenha interrompido as construções teóricas, e não tenha avançado, gostei muito de ler o teu artigo, e espero ler mais produções suas.

    Veja que utilizo aqui os pronomes possessivos, mas os utilizo apenas por hábito, mesmo. Pois não creio que sejam meus ou teus, apenas estas idéias da “supermente” se expressam através de você agora.

  2. Eu tenho pensado em algo parecido há mais 10 anos…

    Em 1999, eu morava em Belo Horizonte, e a leitura de Espinosa Ética demonstrada à maneira dos geômetras me fez pensar sobre este tema. A idéia de que todos somos um me pareceu muito clara e depois disto tenho muita dificuldade (posso dizer mesmo que não consigo mais) pensar de outra forma.

    Existem barreiras para avançar nas respostas e a principal delas é que poucas pessoas se interessam por debater isto (ao menos no meu universo), e assim as idéias não fluem.

    Mas, da mesma forma que a vida biológica é algo que surgiu na Terra por conta de suas condições especiais, mas não se confunde com o próprio planeta (podemos abandonar o planeta, ao menos em tese), a mente surge nos seres vivos, e de forma mais acessível a nós (ou talvez mais potentes) nos seres humanos, mas não se confunde com eles. A mente não se confunde com os seres vivos, habita neles.

    Acho que esta visão pode ter importantes implicações na saúde humana e em outros campos. (falo na saúde, porque sou desta área).

    Embora eu tenha interrompido as construções teóricas, e não tenha avançado, gostei muito de ler o teu artigo, e espero ler mais produções suas.

    Veja que utilizo aqui os pronomes possessivos, mas os utilizo apenas por hábito, mesmo. Pois não creio que sejam meus ou teus, apenas estas idéias da “supermente” se expressam através de você agora.

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