Crônicas do Rio, cenas de um lugar bestial

   

Por Gustavo Gollo

Jogavam futebol, quando os policiais entraram na favela atirando.

A morte sempre chega com eles.

Caio correu, todos correram.

Do que correm? Correu da polícia é culpado, e se é culpado deve morrer.

Caio tinha 14 anos. Levou um balaço mortal nas costas, outro na perna. Seu primo Erik levou um tiro na mão. Esteve sob vigilância e ameaça no hospital; testemunhar assassinatos cometidos por policiais causa pesadelos diurnos. Também acertaram o Jackson e outro garoto de 16, pegaram o time todo. Do que corriam?

Vida na favela é assim, se correr o bicho pega.

* Caio, 14, foi levianamente assassinado por policiais em Manguinhos, na cidade do Rio de Janeiro, em 9/3/2015.

 

Redação

9 Comentários

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  1. Se contássemos o número de

    Se contássemos o número de crianças e jovens mortos no Brasil em apenas um ano, teríamos a certeza de que aqui se vive uma guerra. Pelo fato de dois programas de São Paulo, da Record e da Band, mostrarem as cenas violentas das cidades da maior cidade do Brasil, muitos ficam pensando que no resto do país é diferente, quando, em realidade, o que se sucede em São Paulo e no Rio sucede do mesmo modo em todas as capitais e nos interiores também. 

    Quando teremos um sistema de segurança que sirva para proteger a população brasileira? Os militares perdem sua importância, e são muito ridicularizados, pelo fato de torurarem e matarem jovens e crianças por serem pobres, negras, de periferias. Até mendigos têm sido alvos de intolerência e discriminação. As cadeias brasileiras chegam a impressionar pelo número de presos, sem nada a fazer, vivendo como bichos pestilentos, amontoados em cubículos. 

    O Estado tem uma dívida grande com as mães dessa rapaziada que morre todos os dias vitimadas por quem teria que os amparar. Mas, infelizmente, não existiu nenhum governo, até hoje, que mesmo diante de tantos fatos levantados e comprovados de ciminalidade por parte das polícias, agisse com firmeza para combatê-los.

     

  2. Mas o Caio não é Lula e por isso ninguém se mobiliza!

    O facismo e autoritarismo só serão esmagados nesse país quando se fizer por Caio e Erick a mesma mobilização que se fez contra a  ‘condução coercitiva’  e o ‘pedido de prisão’ de Lula. Garanto que aí os autoritários e fascistas vão tremer de verdade.

    1. André

      Por que você não se mobiliza pela Revolução Negra no país ?

      Além disso Lula é respeitado por muitas lideranças negras.

      Por que não pedir o apoio de Lula para a Revolução Negra, liderada por homens e mulheres negros e negras, pardos e pardas ?

  3. Infelizmente

    O que que podemos dizer? Esses são os aliados do PT no Rio. Uma vergonha.

    Choro choro choro, por que é só questão de poder pelo poder. Eu não compactuo com o governo do Rio.

    1. Tenha paciência, Carla

      Não põe isto na conta do PT, não.

      A gestão da PM não é do PT.

      E o Pezão, o governador do PMDB, não aceita, em hipótese alguma, esses assassinatos de jovens negros.

      Por que você não se mobiliza para fazer a Revolução Negra no país ?

  4. Revolução Negra já !

    Revolução Negra já!27/01/2016 – 01:53

     Mais um jovem negro assassinado nas ruas das grandes cidades do país, todos os dias: até quando ?

    Enquanto ficarmos perdendo tempo e energia em embates acadêmicos com capitães-do-mato das elites fascistas, o racismo, o machismo, a homofobia e a exterminação dos povos indígenas não cessarão.

    É preciso entender que o racismo, assim como o machismo, antes de se caracterizarem como preconceito, são, antes de tudo, métodos utilizados pelo poder econômico para diminuir, humilhar e dominar um determinado contingente de mão-de-obra, visando obter uma força de trabalho com a mesma produtividade dos trabalhadores homens e brancos a um custo bem menor.

    Por outro lado, o capitalismo precisa ter um exército de reserva de mão-de-obra (desempregados) para pressionar para baixo os salários dos trabalhadores ocupados. O racismo e o machismo servem, por um lado, para “enquadrar” a mão-de-obra negra e feminina para que aceitem salários mais baixos e, por outro lado, para aqueles que não se “enquadrarem”, servem para extirpá-los do mercado de trabalho formando o exército de reserva de mão-de-obra., 

    Existem, portanto, duas opções para negros e mulheres: ou se “enquadram” e aceitam condições desiguais no mercado de trabalho ou não se “enquadram” e vão formar parte do exército de reserva de mão-de-obra.

    É a luta de classes, estúpido!

    Então, não resta alternativa a não ser aceitar a guerra proposta pelas elites.

    No Brasil, a única alternativa para enterrar o racismo é uma Revolução Negra..O primeiro passo  é a organização do povo negro e pardo com o objetivo de realizar  imensas manifestações de rua. Só assim o povo negro e pardo terá visibilidade e será ouvido.                                                     

    A REVOLUÇÃO NEGRA 

    Até quando negros e negras, pardos e pardas e suas lideranças vão ficar sem agir, objetiva e efetivamente, para eliminar o racismo e o holocausto de jovens de nossa raça.

    Os apartheides racial e social, aí incluindo os brancos pobres, não podem prosseguir. Precisam ser extirpados logo, antes que um tsunami social imploda o país, afetando seriamente sua economia e o seu desenvolvimento, prejudicando toda a sociedade brasileira

    Avançamos nos últimos 13 anos, mas este avanço é claramente insuficiente para evitar a explosão social que virá, inevitavelmente.

    O empoderamento do negro e do pardo não vai se realizar através do atual sistema político-eleitoral que privilegia os ricos, os brancos e os homens.

    Também, não poderá surgir em decorrência de manifestações violentas, de ações de guerrilha e similares pois se deslegitimará imediatamente perante a própria opinião pública negra e parda e a opinião pública branca esclarecida, progressista e, obviamente, antiracista.

    O que fazer, então ?

    Recentemente, tivemos em Brasília uma manifestação de mulheres negras e pardas, reunindo 20.000 pessoas, comemorando o Dia da Consciência Negra.

    A imprensa oligárquica televisiva, auditiva, escrita e digital praticamente a ignorou. Mas, foi um passo adiante, não há dúvida.

    Mas, isto não basta e, de novo, é claramente insuficiente.

    Somente imensas e repetidas manifestações pacíficas de massas, de negros e negras, pardos e pardas conseguirão dar visibilidade e empoderamento políticos a negros e pardos.

    Temos que colocar 2 milhões de negros e negras, pardos e pardas, na Av. Atlântica e descer até o Leblon, passando por Ipanema

    + 1 milhão na av. Paulista

    + 3 milhões no Farol da Barra em Salvador

    + 1 milhão nas pontes do Recife

    + 1 milhão no centro de Belo Horizonte

    + 1 milhão na av. Beira Mar em Fortaleza +++++++ e, assim, por todo o país.

    E tantas vezes quantas forem necessárias.

    A primeira manifestação Alckimin vai tentar impedir, da segunda em diante, Pezão, Alckmin, Rui, Câmara, Pimentel, Camilo, etc vão liberar as catracas dos metrôs e dos ônibus.

    Somos 54% da população brasileira: 108 milhões de habitantes negros e negras, pardos e pardas.

    Não temos toda a fôrça, mas temos um pouco mais da metade dela..

    O racismo no Brasil e o assassinato massivo de jovens negros, pardos e brancos pobres tornaram-se intoleráveis, Filhos, irmãos, tios, primos, pais, amigos são as vítimas diárias do racismo contra negros e negras, pardos e pardas.

    Essa história de preconceito é uma falácia. O racismo é um método de dominação de classe utilizado pelos que detém o poder econômico para manter os negros e negras, pardos e pardas como mão-de-obra submissa e barata.

    Assim como o machismo. Por que a mulher tem que ganhar em média 70% do que ganha um homem, quando ambos desempenham a mesma função ? E ainda mais quando a mulher tem a dupla jornada em casa e no trabalho ? E ainda tendo que aguentar assédio sexual no trabalho, nas ruas e no transporte coletivo ?.Ora, o machismo, óbvio, é um método para diminuir a mulher, dominá-la e explorar sua mão-de-obra com menores salários.

    Negros e negras, pardos e pardas: temos que sair às ruas pacíficos mas coléricos como as últimas manifestações de mulheres contra o corrupto Eduardo Cunha.

    Não adianta posarmos de vítimas do racismo, pois é exatamente isto que o poder econômico e o seu corolário político querem: a vitimização que leva à inação, à paralisação.

    Não pensem que o Congresso e o Judiciário brancos vão ceder espaço para os negros e negras, pardos e pardas sem luta, muita luta

    É preciso fazer uma Revolução Negra no Brasil. As nossas reivindicações são:

    – 50% das cadeiras em todos os parlamentos municipais, estaduais e federal para negros e negras, pardos e pardas;

    – 50% dos assentos nas Universidades Públicas;

    – 50% das vagas em concursos públicos para novos postos no serviço público, municipal, estadual e federal, no Executivo, Legislativo e Judiciário.

    Isto só para começar. Se começarmos já, temos condições de colocar um Presidente da República negro ou negra ou pardo ou parda em 2018 e empoderar, definitivamente, os negros e negras, pardos e pardas..

    Nós temos que pensar grande e alto e agir com a energia necessária para impor a vontade do povo negro e pardo.

    Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

    Antes que o pior aconteça e a História se imponha.

    1. Gustavo Gollo

      Você está satisfeito por ter cumprido um dever cívico ao postar essa denúncia no blog do Nassif ?

      Vai dormir de consciência tranquila ? Fiz a minha parte.

      Isto é claramente insuficiente.

      Amanhâ, vão assassinar mais 137 jovens negros, pardos e brancos pobres no país. Cálculo: 50000 por ano/ 365 dias =

      137 por dia.

      Por que você não se mobiliza para realizar uma Revolução Negra no país e parar essa matança.

      Que tal começar reunindo 100.000 negros e negras, pardos e pardas (brancos e brancas também podem apoiar) aí em Brasília e marchar em direção ao Congresso Nacional.

      Pauta reivindicatória não falta.

      Abraço, Jorge. (um descendente de negros, com certeza)

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