Foco na luta contra o golpe

Cada vez que Dilma Rousseff ou seus apoiadores falam em novas eleições, ou em plebiscito para referendá-las, o impeachment fica mais perto de se concretizar. No mínimo, é uma confissão de derrota. E pode virar um incentivo para os senadores deixarem as coisas como estão.

Antes de maiores especulações, é necessário reforçar que a ideia não tem viabilidade prática. Ninguém a aceitaria no Congresso, no Judiciário, no empresariado ou na mídia corporativa. Nem no PT há unanimidade a respeito.

Dilma deve permanecer no cargo porque a Constituição o exige, e não por um acordo conveniente de bastidores. Encurtar o mandato, sob qualquer pretexto, sacramentaria o golpe. Dependendo da narrativa em torno do arranjo, poderia até legitimá-lo.

Mesmo que vingasse, o tal “pacto” seria um presente para os golpistas. Eles ganhariam a chance de apagar a vergonha desse governo ilegal, corrupto, autoritário e antissocial que instauraram visando garantir a impunidade dos seus líderes.

Mas então por que a direita não apoiaria o acordo? Porque a impopularidade de Michel Temer poderia desembocar em eleições gerais, viabilizando a candidatura de Lula antes que a Lava Jato atinja seu objetivo central. Simples assim.

Depois do ruinoso prefácio da gestão interina de Michel Temer, não faz sentido discutir se Dilma conseguiria governar. A mera recondução da petista já selaria um pacto informal pelo retorno a certos padrões de decência e responsabilidade administrativa.

Por outro lado, prevalecendo o golpe, é preferível que ele se complete sem máscaras reconfortantes. Seus apoiadores na imprensa, no Judiciário e na sociedade não merecem afagos negociadores. Que integrem a memória do país como cúmplices do triunfo do banditismo sobre a democracia.


http://guilhermescalzilli.blogspot.com.br/2016/06/foco-na-luta-contra-o-golpe.html

Redação

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