Médica recusa fazer exame pedido por cubano

 

É nesse tom que esses caras estão mais prejudicando do que ajudando a candidatura do oponente do inimigo.

no DiarioWeb

A dona de casa Bárbara Cristina Principal Tofanelle, de 18 anos, registrou boletim de ocorrência, ontem, acusando uma médica do AME de Votuporanga de se recusar a fazer um ultrassom da região abdominal. O motivo, segundo ela, teria sido o fato de o pedido ter sido feito por um médico cubano. “Achei um absurdo. A médica disse que teria de voltar para o postinho e passar por um médico brasileiro, porque não ia fazer um exame pedido por um médico cubano”, afirma ela, que registrou a ocorrência no plantão policial. A dona de casa mora há menos de um ano na Estância Vitória, que fica próxima a Álvares Florence. 
 
No início do mês passado, um agente da Secretaria de Saúde da cidade fez uma visita de rotina aos moradores da chácara e Bárbara contou que estava havia dias com fortes dores na barriga. Seguindo o protocolo de atendimento, o agente marcou uma consulta para a dona de casa, no dia 27 de maio, na unidade Estratégia Saúde da Família (ESF) Argemiro Pimenta, em Álvares Florence. O médico cubano Adonis Hecheavarria Gonzales atendeu a paciente e solicitou, por escrito, um exame de ultrassonografia da região abdominal. “Entendi perfeitamente o que o médico cubano falou. Explicou que era importante fazer o ultrassom para saber certinho o motivo da dor na minha barriga. Foi muito atencioso”, afirma a dona de casa, que estava acompanhada do marido, Thiago Saran, durante a consulta. 
 
O pedido foi encaminhado ao Centro de Saúde 3 “Nelson do Vale” para ser agendado por um dos três profissionais da Unidade de Avaliação e Controle, de acordo com as cotas mensais disponibilizadas ao município. Segundo a secretária municipal de Saúde, Rosilda Batista da Silva, o exame foi marcado para ontem, às 14h40, no AME (Ambulatório Médico de Especialidades). “Não tem nada de errado no pedido. A letra está legível e a solicitação foi feita corretamente”, afirma ela. 
 
Mais Médicos 
 
O médico cubano chegou a Álvares Florence por meio do Programa Mais Médicos, do governo federal, no dia 22 de maio. A contratação é feita pela carga horária de 40 horas semanais, sendo 32 delas para atendimentos e oito horas voltadas para cursos. “Não tivemos nenhuma reclamação. Todos só elogiam o atendimento realizado por ele (Gonzales)”, explica a Rosilda. Procurado pelo Diário, o médico cubano não quis se manifestar sobre o assunto. Ontem foi a primeira vez que o profissional comemorou o próprio aniversário no Brasil. “Ele (Gonzales) é muito competente e presta um atendimento humanizado e exemplar à saúde da cidade”, elogiou Rosilda. Votuporanga também aderiu ao Programa Mais Médicos e conta com uma médica cubana. Marlene de La Caridad Pérez Sánchez presta atendimento na rede pública deste abril deste ano.

Alex Pelicer
Fachada do AME Votuporanga, que não aceitou fazer o exame

Estado tenta se explicar e faz reagendamento

 
Em nota, a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde confirmou que a dona de casa Barbara Cristina Principal Tofanelle esteve ontem no AME de Votuporanga para realizar o exame, mas não estava em condição de fazer o procedimento. “Em consulta de triagem, com objetivo de levantar histórico do quadro clínico da paciente e eventuais necessidades de apoio diagnóstico, foi constatada a necessidade de reprogramar a realização do exame, uma vez que a paciente não estava em jejum”, informa na nota. 
 
No pedido do exame feito pelo médico cubano, porém, constava que não era necessário a paciente estar de jejum. Essa informação também foi confirmada pela secretária de Saúde de Álvares, Rosilda Batista da Silva, que já agendou o exame da paciente. O exame foi reagendado para hoje. Para evitar constrangimento, foi solicitado à Diretoria Regional de Saúde (DRS) de Rio Preto para que a ultrassonografia da região abdominal seja feita no AME de Fernandópolis. 
 
A Secretaria de Estado não respondeu o questionamento do Diário sobre a conduta da médica. Bárbara já entrou em contato com um advogado que irá assumir o caso hoje. A coordenadora de Saúde de Álvares Florence, Glaucia Waideman Fernandes de Mendonça, reafirmou que “está tudo de acordo com o nosso procedimento na secretaria. Não tem nada de errado com o pedido solicitado pelo médico cubano”. Ela lembrou que no pedido do exame consta que não precisava de ‘preparo’, ou seja, a paciente não teria de estar de jejum como alega a secretaria de Saúde do Estado. O médico cubano Adonis Hechevarria Gonzales está na cidade há quase três meses e, até o momento, nenhum paciente das duas unidades de Álvares Florence fez reclamação. “Ele tem autorização. Não é ilegal. Se houve discriminação, é inadimissível”, disse Glaucia.

 

 

 

Redação

3 Comentários

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    1. Ruth, compreendo sua decepção

      Ruth, compreendo sua decepção  com a referida médica, mas não acredito e nem apoio a demissão dela, ela cometeu uma falha que foi sanada sem grandes prejúizos para a paciente, e de uma certa forma as instituiçoes foram suficientes e o exame da paciente parece ter sido feito, talvez uma orientação adequada por escrito seja o bastante para que ela compreenda que a atitude que tomou, não encontra respaldo e que ela não pode se sobrepor a lei, por outro lado é louvável a ação  da jovem dona de casa Bárbara cristina Principal Tofanelle, de 18 anos que numa lição de cidadania fez valer os seus direitos e por tabela os do médico cubano, foi exemplar e gerará frutos. Grande abraço 

  1. Medica recusa fazer exame pedido por cubano

    No meu entender a chamada da matéria esta equivocada, e no meu entender para torna-la mais equilibrada e reforçar a denúncia deveria ser a seguinte : Médica recusa a fazer exame pedido por Médico cubano.

    Não sei se foi feito propositalmente ou não, mas da forma que esta reforça o preconceito e desconhece que o pedido foi feito por um outro médico.

    No corpo da matéria os fatos se esclarecem, mas a chamada de uma certa forma, dá razão a medica que recusou o pedido de um cubano, o que certeza seria uma medida sensata, mesma que fosse pedida por um dinamarques, haitiano ou de qualquer outra nação que não fosse médico.

    No mais,  a matéria antinge seu objetivo, a denúncia, mas deixa no ar  a impressão que o autor concorda com a médica.

    Não sei se estou sendo meio ácido, é a minha visão. Grande Abraço.

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