Onde é a saída?

Antes de afirmar qualquer coisa, seria interessante tentar descobrir números de outros Estados brasileiros, mas se for algo nessa linha, tais dados praticamente confirmariam o discurso daqueles que argumentam que falta o governo pensar na “porta de saída” do Bolsa-família.

 

Fonte: http://www.d24am.com/noticias/amazonas/em-dez-anos-apenas-62-beneficiarios-deixaram-o-bolsa-familia-em-manaus/98912

Em dez anos, apenas 62 beneficiários deixaram o Bolsa Família em Manaus

Total de recursos distribuídos a 128 mil famílias inscritas na capital chega a quase R$ 18,4 milhões

Foto: Eraldo Lopes
Bolsa Família é o maior programa de transferência de renda do governo federal e contempla, hoje, 99,5% da estimativa de famílias pobres de Manaus

ManausEm dez anos do Programa Bolsa Família (PBF), apenas 62 famílias de Manaus abriram mão do benefício. Atualmente, o maior programa de transferência de renda do governo federal atende 128 mil famílias na cidade, representando 99,5% da estimativa de famílias pobres da capital.

O valor total transferido pelo governo federal em benefícios às famílias inscritas alcançam R$ 18.373,152 milhões no mês, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). As famílias recebem benefício com valor médio de R$ 143,39.

Para o doutorando em sociologia e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Antônio Neto, o número inexpressivo de beneficiados que se desligaram espontaneamente do PBF coloca as famílias em uma posição compensatória, sem vontade de emancipação.

“O objetivo é focar nas familias mais vulneráveis, de extrema pobreza. O programa tem o papel de resgatar essas pessoas, mas quando um programa social como este dura muito tempo, ele acaba habituando as pessoas a viverem como pedintes do governo”.

A questão levantada pelo sociólogo é até que ponto o Bolsa Família consegue alterar as condições para que as pessoas saiam da situação de dependência dos programas sociais.

“Embora tenha alterado em termo de consumo de produtos que não consumiam antes, do ponto de vista mais geral e em termos de afirmação social, parece que não tem surtido efeito”, opinou Antônio.

A faxineira Luciana de Andrade, 35, tentou se incluir no benefício através do Cadastro Único, por oito anos, mas o cadastro sempre era negado. Em maio deste ano, após o nascimento do segundo filho, ela conseguiu se cadastrar e recebe R$ 134 todo mês.

“O dinheiro é pouco, mas é um complemento para a minha renda. Ganho um salário mínimo, pago aluguel, conta de luz e alimentos. Esse dinheiro me ajuda no básico, como a compra do material escolar dos meus filhos”, contou.

De acordo com o MDS, o Cadastro Único serve para identificação das famílias de baixa renda no Brasil. Famílias com até meio salário mínimo de renda familiar por pessoa, ou até três salários mínimos de renda familiar total, devem ser incluídas nessa base de dados. Em Manaus, 222.222 mil pessoas estão inscritas no Cadastro Único.

A operadora de telemarketing Vivian Costa, 24, é beneficiada pelo programa há quatro anos. Ela contou que também teve dificuldade para ter o cadastro aprovado nas primeiras tentativas. “Só consegui depois que tive minha segunda filha e a incluí no Bolsa Família”.

Ela direciona os R$ 194 do benefício para a educação e saúde dos filhos.

Embora exista a crença de de que as famílias atendidas pelo Bolsa Família são incentivadas a ter mais filhos, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, ontem, que os índices de fecundidade entre as faixas de renda mais pobres caíram nos últimos dez anos.

 

Redação

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