Os limites do crescimento, Georgescu-Roegen e Marina

Todos estão tomando Marina Silva como tola e como não sabendo o que as ações propostas levarão a economia brasileira. Quando associamos uma mentalidade ambientalista radical, uma concepção de sustentabilidade egocêntrica e a teoria de decrescimento de Georgescu-Roegen, pode-se chegar a conclusões que a ÚNICA saída para a preservação da Terra é o decrescimento.

Esta palavra decrescimento já é usual em determinados grupos de ambientalistas europeus, que consiste exatamente em não crescer economicamente como uma forma de garantir a sobrevivência do mundo, há inclusive na França um grupo autodenominado “Parti Pour La Décroissance” (Partido pelo Decrescimento).

Contemporâneo ao Clube de Roma, Georgescu-Roegen escreve em 1971 um livro (The Entropy Law and the Economic Process 1971) que pretendia mudar o paradigma de análise econômica de crescimento. Ele postulando que a análise do desenvolvimento deveria ser analisado a luz da termodinâmica e não de princípios mecânicos, para tanto ele usa o conceito de entropia, ou seja, que qualquer sistema fechado termodinâmico aumenta cada vez mais o seu grau de desordem (a entropia) não havendo possibilidade de inverter o grau de crescimento desta propriedade.

Como o aumento da entropia não é reversível, chega-se a um ponto que não há mais capacidade dos seus elementos internos que possam haver neste sistema, trocar calor com o meio, ou seja, o sistema teria a sua “morte” termodinâmica.

Para postergar ou evitar este mal, Georgescu-Roegen e seus seguidores propõe um programa de solarização da economia (considerando que a única fonte de energia que foge do sistema fechado da Terra é o Sol), logo a única fonte energética sustentável vem do Sol, ele propõe o Programa Bioeconômico Mínimo, que criaria pessoas felizes e sustentáveis.

A teoria de Georgescu-Roegen evoluiu com o tempo, mas o novo paradigma econômico continua sendo a necessidade do decrescimento, também para quantificar a eficácia de políticas públicas é substituída da quantificação o PIB por outros parâmetros que não são consenso nas organizações ambientais, como a pegada ecológica, o IDH e o FIB (felicidade interna bruta).

Tudo isto parece aos olhos dos mais acostumados com a economia clássica uma verdadeira viagem, pois contraria o objetivo de todas estas escolas, porém se pode entender que o decrescimento como uma consequência de levar a economia a um nível sustentável pode ser aceito de forma ética e teórica.

Também esta teoria explica a última frase de Eduardo Gianetti em entrevista ao Valor Econômico em que ele diz claramente:

“Não vemos a economia como um fim em si mesmo, ela é pré-condição para uma vida melhor para todos, de uma realização mais plena. O sonho que nos move é que a economia deixe de ocupar o lugar de proeminência que ela ocupa hoje no debate brasileiro para que a gente possa focar em questões ligadas à cidadania, à realização humana, à felicidade.”

Só uma pequena nota, Ibraim Eris, presidente do Banco Central durante o confisco do governo Collor de Mello foi um dos poucos ou mesmo o único a conseguir terminar uma tese tendo como orientador Georgescu na Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos. Logo, Habemus Papam.

Redação

66 Comentários

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  1. Sim, e onde e como essa

    Sim, e onde e como essa teoria tornou-se prática? Após responder essa questão, responda como aliar essa teoria com o neoliberalismo predador que sustenta o tripé econômico do programa Marina. Para finalizar, um conselho: se não quiser ser chamado de sonhático e viajador também não junte Ibraim Eris, Marina, felicidade e aconomia num só post.

    1. Eu não respondo nada!

      Eu não respondo nada! Simplesmente porque não acredito na teoria do decrescimento! Estou simplesmente dando a origem de determinadas distorções que são postuladas na teoria econômica.

      Pergunte ao Gianetti, ele que acredita nisto!

  2. Tudo bem…quem vai fazer o

    Tudo bem…quem vai fazer o “sacrificio” de  reduzir seus simbolos de conforto individual em nome do crescimento sustentavel? A nossa patriotica classe media? SQN.

    O mais interessante eh perceber que a expressao “crescimento sustentavel” se tornou mais forte depois que maior parte das pessoas passou a desfruturar confortos outrora restritos. Comuns sao as eclamacoes de que a rua estah com carro demais, aeroporto estah como rodoviaria, etc. O “estalo” sustentavel veio depois da homegenizacao das vaidades proporcionadas pelo capitalismo e que, nao sejamos tolos, gostamos SIM.

    Eh dificil enxergar verdade nesses discursos apenas depois que o consumo se tornou mais universal. Eh como ficar famoso e procurar uma mulher que relamente lhe ame pelo que eh e nao pelo que voce tem.

    Assim, nao ha como identificar uma viajem, para ser eufemico, no discurso de que eh preciso encontrar a felicidade.  A Noruega, por exemplo, era pobre ateh descubir suas reservas de oleo, depois disso ouve investimento massivo no sentido de alcancar sociedade que ela tem hoje. Dizer que o pre-sal vai contra o “desenvolvimento sustentavel” eh errado. A quantiade de dinheiro que serah destinado para aumentar a oferta de recursos por parte das instituicoes de fomento pelo Brasil, tanto federais CNPq, CAPES, quanto as estaduais, FAPESP, FAPERJ, FAPEMIG, etc, serah fundamental para a inovacao nao apenas na industria do petroleo, mas em outras formas de energia.

    Alem disso, pode dar base para a alteracao radical no ensino basico do Brasil, desde que, eh claro, haja comprometimento da populacao em fiscalizar aqueles que ela colaca como prefeito e vereador. Nao

    O discurso de defesa do meio ambiente eh muito importante, mas a pratica precisa ser incorporada. Nao somos escandinavos para esse discurso ficar no campo do romantismo: “economia ems egundo plano, busque a felicidade, e bla bla. Precismos de dinheiro, precismos de investimentos, precisamos formar mais e mais recursos humanos que nao sejam e atuem como Quinta-Colunas (infelizmente eh o que mais se ve hoje).

  3. a teoria do DECRESCIMENTO…

    … é a nova “roupagem” do NEOLIBERALISMO.

    É a forma mais “palatável” de manter o pobre sempre pobre e de preferencia escravo e o rico sempre rico. De preferencia sempre mais rico.

    O discurso é para conseguir a “adesão” da classe “mérdia” mundial, visando dar a pseudo aparecia de justificável e politicamente correto. Enquanto o pau come da pobreza.

    Quer dizer então que ficamos assim : Os “recursos” do planeta TERRA são finitos. Quem conseguiu ter alguma coisa,  conseguiu. Quem não conseguiu, “brigue com os outros” pelo que sobrou, isto é o “resto”…

    Discutir distribuição/redistribuição pactuada dos recursos disponíveis; taxação progressiva das grandes fortunas e heranças; opção pelo social das politicas publicas; erradicação da fome e da miséria; indução do crescimento e da implantação de benfeitorias e despoluição e melhorias nas áreas pobres do planeta; DE VERDADE, acho muito dificil… seria o tal do comunismo… 

    esta teoria tem nome e sobrenome : INIQUIDADE, DESFAÇATEZ, IGNOMINIA, PECADO !

     

    1. Carlos, não é por nada que a

      Carlos, não é por nada que a teoria de Georgescu-Roegen nasce ao mesmo tempo que o clube de Roma com o seu famoso livro “O Limite do Crescimento”, é simplesmente uma resposta teórica aos questionamentos deste grupo.

       

       

       

    2. São duas questões distintas.

      Recursos do planeta Terra são finitos dada a finitude do planeta, ele não pode acolher o infinito; além de finitos, os recursos são de acesso limitado pelas condições geo-morfológica planetária. Não se trata de teoria, mas de fenômeno bastante observado na natureza. Independente da vontade humana, esses recursos são finitos e de emprego limitado; uma atividade predatória de consumo ilimitado dos recursos, sem mediação de racionalidade nesse processo, poderá levar a impasses ou colapsos, de consequências imprevisíveis para a humanidade.

      Outra coisa diz respeito ao modo de produção que organiza as sociedades humanas, onde a questão distribuição/redistribuição e erradicação da fome e a miséria se coloca. Não podemos cair no conto de crescer o bolo para distribuir migalhas; crescimento não provoca distribuição justa, o capitalismo ao longo dos últimos dois séculos multiplicou por cem sua capacidade produtiva, mas as iniquidades continuam todas aí. Trata-se de redirecionar a economia em sentido contrário ao modo de acumulação concentrador de riqueza e gerador de miséria, este pede sempre processos produtivos crescentes para continuidade do ciclo de acumulação, e assim vão concentrando riqueza e gerando miséria até entrar em colapso.
       

  4. Comunismo e ecocapitalismo

    Sinceramente acho muito “viajandona” esta teoria. Apesar de achar todas as outras teorias econômicas, e própria economia como ciência, um eterno delírio de ideias divagantes as ideias de Georgescu-Roegen  conseguem se superar em têrmos de viagem alucinada. E o que as torna assim tão delirantes foi a mesma impressão que tive ao ver uma entrevista de Eduardo Gianetti no programa Sem Censura da Rede Brasil. Naquela época ele lançava um livro em que tentava aplicar suas “viagens” teóricas a uma economia ” da natureza” e chegou ao ridículo de comentar que as formigas fazem ” poupança”. Este tipo de delírio que seria mais adequado a um esquisofrênico sob efeito de LSD é comentado com  a maior impunidade como pudesse ser aceito como teoria com alguma valor. Mas logo de cara você percebe que esta teoria sofre de um mal: o antropomorfismo. É a velha incapacidade humana de entender o universo por outro ponto de vista que não seja o seu ponto de vista , de ser humano. E a economia acentua este fato pois tenta explicar tudo por teorias econômicas, forçando a barra como ciência, e acaba descanbando para estas teorias quase “religiosas” que só tem sustentação se você se entregar a um monte de crenças (como o dogma do lucro – que determina que qualquer relação econômico comercial só funciona se houver o lucro – a expoliação da mais-valia da parte subjugada). 

    Sejamos realistas: Formigas não fazem poupança, pelo simples fato que são formigas e não seres humanos ocidentais aculturados por ‘seculos de doutrinas teóricas! Poupança é uma atividade humana, não animal. E da mesmo forma que tipod de “decrescimento” é esse que se prega? O decrescimento dos pobres? É a Holanda ou os EUA comprando créditos de carbono e impedindo o desmatamento da amazonia enquanto continuam emitindo toneladas de Co2 na atmosfera? Puro cinismo!!

    1. Fernando, não foi uma

      Fernando, não foi uma IMPRESSÃO que tiveste ao assistir a entrevista de Eduardo Gianetti, ele sorve desta fonte direto.

      Se assistires de novo verás coisas como a FIB (Felicidade Interna Bruta) que serviria para medir o grau do desenvolvimento dos países em lugar de parâmetros economicos objetivos, isto é bem mais do que um delírio, é uma religião com um DEUS e com seus SACERDOTES, sendo a Marina a PAPISA!

  5. Só explicando o título anterior

    Coloquei comunismo e capitalismo porque hoje em dia se fala que o comunismo fracassou como teoria econômica, que na prática não funcionou. Mas mesmo assim as pessoas ainda se entregam a ideia fantasiosa que uma teoria econômica vá corrigir problemas criados pela polítca, guerras e concentração de renda. Sem atacar o domínio bélico , a doutrinação ideológica da mídia e a concentração de renda tudo não passa de viagem sem sentido, a teoria econômica é somente uma desculpa teórica para que as sacanagens dos ricos armados e poderosos se perpetue!!

  6. A economia ecológica de Georgescu-Roegen é revolucionária.

    EM DEFESA DA ECONOMIA ECOLÓGICA ( CONTRA A ECONOMIA AMBIENTAL )  voto em Dilma.

    A Economia Ambiental surgiu no espaço da economia neo-clássica, que se fundamenta e fundamenta as teorias do Desenvolvimento Capitalista, Marina representa esta vertente do pensamento ambiental. Seu projeto de inserção social e ecológico é feito segundo os interesses do mercado o que significa que se norteia pelo que interessa ao Capital. Isto explica a grande adesão do sistema financeiro privado a candidatura de Marina (Banco Itaú à frente). Vale lembrar a proposta de independência do Banco Central e o programa de privatização dos Bancos Públicos (lembrar a privatização dos Bancos Públicos e a tentativa de privatizar a Caixa Econômica Federal no governo FHC) defendido pelo capital privado.

    A Economia Ecológica surgiu no espaço da Economia Plural que reconhece o espaço da economia solidária, da economia social pública e da economia capitalista. Dilma representa esta vertente esta vertente de defesa do meio ambiente. Seu projeto de inserção social e ecológico é feito segundo os interesses sociais populares, mediante os programas de transferência de renda e da rede de proteção social. O papel do Estado (que em Marina volta a ser o Estado Mínimo) e dos Bancos públicos é crucial para a promoção do desenvolvimento com verdadeira sustentabilidade. Na visão do programa da Dilma o Princípio da Precaução (a indústria não faz o que pode ser danoso para a preservação da vida) é fundamental. No programa da Marina este princípio ético a favor da vida não é considerado, porque as escolha são guiadas pelas forças do mercado.

    Conferir CECHIN, Andrei Domingues – Georgescu-Roegen e o desenvolvimento sustentável: diálogo ou anátema? (2008) – Dissertação de Mestrado – Ciência Ambiental – Universidade de São Paulo – São Paulo – 2008

    1. Correto.
      Mesmo se as teorias

      Correto.

      Mesmo se as teorias de Economia Ecológica estivesse certas (o que não estão) elas nunca atacam o o sistema capitalista. O motivo da aceitação das disparidades pode ser compreendido pela incorporação de conceitos de dominância que ocorre em sistemas naturais, ou seja, se é natural a existência de grupos inter-espécie ou não de extruturas estratificadas de domínio porque no homem não seria igual.

      Quanto a tese, já li, ela é meio ambígua nas suas posições.

      1. Economia Ecológica Marxista

        Confira link sobre a Economia Ecológica Marxista.

         “Todavia, a conjunção de três acontecimentos criou as condições de uma aproximação entre estas duas abordagens. Trata-se primeiro do desaparecimento dos (anti)modelos “socialistas” que prejudicavam a utilização da teoria de Marx para fins de crítica radical do capitalismo. O segundo acontecimento foi a liberalização completa do capitalismo, sob a batuta dos mercados financeiros tornados globais, que se saldou por uma inversão da relação de forças a favor do capital e em detrimento do trabalho. O terceiro acontecimento é a convergência das mobilizações populares e das lutas sociais contra os danos da mundialização capitalista, nomeadamente identificando com clareza as paradas das negociações no seio da Organização Mundial de Comércio: a recusa da mercantilização do mundo e da privatização do seres vivos contém em si o questionamento dos dois termos da crise que atinge sobretudo as populações mais desfavorecidas: social e ecológico. 

                Este último elemento – a luta social – não é o menor: por si só, ele funda a possibilidade de elaborar uma crítica teórica geral de uma crise que é ela própria global; por si só, ele justifica as pesquisas teóricas para ultrapassar uma oposição estéril e paralisante entre uma crítica marxista tradicional das relações sociais separadas das relações do homem com a natureza e uma crítica ecologista simplista das relações do homem com a natureza sem referência às relações sociais no interior das quais o homem põe em acção o seu projecto de domesticação da natureza. ” por Jean-Marie Harribey

         

        http://resistir.info/ambiente/ecologia_politica.html

        1. O PENSAMENTO ECONÓMICO MATERIALISTA

          “Olhando para a História do pensamento económico rapidamente constatamos que a integração da esfera da economia na esfera da lei natural sempre esteve presente. Esta visão materialista seria contrariada por várias escolas e presentemente pela doutrina neoliberal, que a rejeita em absoluto, por se revelar altamente incómoda para o domínio ideológico da burguesia. O marxismo adoptou desde início essa interpretação integradora e materialista e foi-se enriquecendo e progredindo ao longo do tempo com o trabalho de vários economistas e outros investigadores notáveis, ainda que não se reivindicando como marxistas, mas que objectivamente têm contribuído para desmistificar o pensamento económico “oficial” burguês.

          Em meados do século XVIII, o iluminismo traduziu-se na primeira escola de pensamento económico – Fisiocracia, materializada na obra de François Quesnay e seus discípulos. O seu princípio fundamental era adoptar a riqueza material como resultado de recursos naturais, cuja produção estaria sujeita a leis naturais. A produtividade das actividades extractivas, particularmente a agrícolas, seria a única capaz de gerar excedentes socialmente úteis, atribuíveis à fertilidade do solo. A doutrina não era explícita, nem teria à época fundamento suficiente para o enunciar; mas que estava subjacente à fertilidade do solo e à renda atribuível à Natureza, era a captação e conversão da energia da radiação solar pelas plantas em energia química da biomassa.

          A descoberta dos princípios da Termodinâmica na primeira metade do século XIX iria ser percepcionada pela sua importância para o pensamento económico; a própria formulação desses princípios em termos de fluxos e transformações e conceitos de conservação e dissipação, aparentemente comportava já essa proximidade epistemológica.

          Sergei Podolinsky (1881) tentou reconciliar a teoria da mais valia do trabalho com a análise termodinâmica do processo económico para concluir que os limites do crescimento económico têm não só a ver com relações de produção como também com as leis físicas. Ele antecipou em quase um século conceitos que são agora adoptados por algumas correntes consolidadas de pensamento económico contemporâneo, designadamente a análise dos fluxos de energia para aferir a eficiência de sistemas produtivos, modelação da produtividade do trabalho em função da quantidade de energia subsidiária do esforço humano, e a importância do excedente de energia ou da energia líquida em todo o processo de extracção de energia!

          Ainda na segunda metade do século XIX, William Jevons, pioneiro do pensamento económico neoclássico foi também precursor da corrente da economia ecológica e energética. Em The Coal Question, 1865, abordou a importância da energia primária para o desenvolvimento económico e a sustentação do poder político, associando a sustentabilidade do império britânico à disponibilidade não constrangida de carvão mineral. Evidenciou que, à medida que os estratos superficiais eram esgotados, a extracção a progressiva profundidade determinava a elevação do custo, o que colocava no futuro uma ameaça ao império, quando destituído dessa fonte de energia em que o poder económico estava essencialmente fundado.

          Já no século XX, Frederick Soddy (1922) enfatizou a importância dos princípios da Termodinâmica na esfera económica, e reconheceu na transição das fontes de energia renováveis de origem solar para as fontes de energia fóssil (uma mudança de fundos para depósitos ) a base de sustentação do crescimento económico em curso. A riqueza real estaria sujeita às leis físicas ao passo que a dívida estaria sujeita às regras da contabilidade, com propriedades contraditórias: a dívida cresce segundo uma regra simples de juro composto, enquanto a riqueza material se degrada e dissipa; aí residiria o divórcio entre as instituições financeiras e a economia real. Esta duplicidade, fundada nas relações sociais e consequentes propriedades do capital numa sociedade de classes, permanece actual e ainda mais pertinente.

          Nas décadas de 1920 e 1930 desenvolveu-se nos EUA o movimento tecnocrático, dirigido por Howard Scott, incorporando personalidades como M. King Hubbert. Os tecnocratas constituíram um movimento racionalista radical, utópico, que propôs a substituição pura e simples de políticos e empresários por engenheiros e cientistas. Propugnaram e conduziram numerosos estudos económicos, baseados não em unidades monetárias mas sim físicas; argumentaram pela progressiva substituição do trabalho humano por capital e energia, com vista ao incremento da produtividade. Algumas das ideias técnicas do movimento tecnocrático reemergiriam no último quartel do século XX, designadamente na análise energética e na ecologia industrial.

          Após a Segunda Guerra Mundial surgiram várias linhas de pensamento económico crítico que procuraram trazer para a teoria económica os fundamentos físicos da actividade económica. M. King Hubbert, 1949, 1962 e 1974, que animara o movimento tecnocrático na década de 1930 e persistira na crítica da economia monetarista, procedia à análise sistemática e à modelação físico-matemática dos dados empíricos relativos à descoberta e extracção de energia fóssil, para concluir com a previsão (pela primeira vez em 1949) do pico da produção de petróleo nos EUA e no mundo.

          Howard T. Odum, Environment Power and Society, 1971, adoptou um modelo de fluxos energéticos ao sistema integrado sociedade – natureza, e o princípio Darwiniano da selecção natural, para enunciar um novo princípio, segundo o qual o critério da selecção natural é a maximização da eficiência energética (“ princípio de máxima potência ”). Argumentou que a energia está na origem do valor económico; e que a todo o fluxo monetário está associado um fluxo de energia em sentido contrário; todavia, o dinheiro flui em circuito fechado, ao passo que a energia flui do exterior, através da fronteira da esfera económica, para depois a deixar como calor degradado. Ele foi também levado a realçar o conceito de qualidade de combustível (baseado no output económico por equivalente input calorífico), a adequação da qualidade à finalidade, e a importância económica da acessibilidade de combustíveis de elevada qualidade. Howard T. Odum foi protagonista central na fundação da Ecologia como disciplina científica.

          No mesmo período (décadas de 1970 e 1980) é relevante o trabalho com uma abordagem fortemente interdisciplinar do matemático Nicholas Georgescu-Roegen. The Entropy Law and the Economic Process, 1971 assinala a sua incursão no domínio da Economia. Ele levou ao extremo o questionamento da tradicional função de produção de Cobb-Douglas a da intermutabilidade dos factores de produção e, bem assim enfatizou o suporte material do processo económico. A energia não pode ser aplicada sem um receptor ou transmissor material, matéria e energia sempre actuam conjuntamente, e o conceito de entropia e o de geração de entropia seriam igualmente aplicáveis à energia e à matéria. Ele enunciou mesmo um princípio dual do segundo princípio da Termodinâmica, correspondente à dissipação de matéria, que não foi acolhido, mas reflecte o seu contributo para realçar a importância e as particularidades das matérias-primas e dos materiais nos processos económicos.

          Nas décadas de 1980 e 1990 …”

          continua aqui: http://resistir.info/rui/impacto_pico.html

           

           

    2. Economia é política, ou não é economia.

      A etimologia da palavra vem de oikos, o lar, e nomos, as regras de sua gestão, que são políticas. Ecologia é a ciência que estuda o habitat, o “lar” que abriga cada ser vivo na natureza, na qual o homem também encontra um “lar” delimitado, e assim, faz todo sentido em se falar de uma ecologia humana, algo bastante distinto da economia. O “lar” antecede as regras dos seus ocupantes; existem regras que se tornam incompatíveis e não são suportadas pelo “lar”, e quando este sucumbe, a espécie dele dependente vai junto.

      Visto de outra forma, economia é um subconjunto da ecologia, não faz muito sentido falar em economia ecológica, mas do contrário, trata-se de ecologia econômica ou, melhor, de ecologia política, que em essência é a economia. Não faz sentido também, contrapor uma expressão sem sentido, economia ecológica, a outra igualmente de sentido vago, economia ambiental. Não existe economia fora de um oikos, nem fora de ambiente.

    1. Não precisa pedir para que

      Não precisa pedir para que ela seja honesta, é só pedir para que ela defina corretamente o que ela pensa quando fala em ECONOMIA SUSTENTÁVEL, todo mundo acha que há uma só definição desta expressão, só no trabalho de Margaret Baroni, Ambiguidades e deficiências do conceito de Desenvolvimento Sustentável (pode ser encontrado na rede), ela enumera onze (11) definições diferentes de Desenvolvimento Sustentável, sendo que cada um delas tem um significado POLÍTICO DIFERENTE.

      Quando Marina fala em desenvolvimento sustentável ela talvez esteja dando a definição que a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCED) aceitou: “desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer as habilidades das futuras gerações de satisfazerem suas necessidades”, esta definição da forma que é colocada é uma verdadeira panacéia universal para qualquer teoria econômica.

      Margaret Baroni faz uma crítica que derruba este conceito de Desenvolvimento Sustentável que por si só não resolve o problema da pobreza e da miséria, ela escreve:

      “Esta parece ser a grande e polêmica questão a respeito do desenvolvimento sustentável: o que garante que a pobreza seja eliminada com a abundância de recursos? Por que não se eliminou a pobreza quando havia muito mais abundância de recursos? Por que haveria agora esta garantia? O que mudou?”.

      Ou seja, um índio no meio da Amazônia tem uma infinidade de recursos para seu crescimento, mas apesar destes recursos ele não consegue sair da idade da pedra. Os mais românticos dirão que é uma opção ele vive interando com seu meio ambiente, mas não é bem assim.

      Para mostrar isto, vou colocar parte de um texto de uma organização que trabalha com os índios (O Instituto Socioambiental  – ISA) que mostra e diferença do discurso ambientalista e o discurso dos povos indígenas. Este texto fala do Povo Kayapó, do famoso Raoni,

      “….

      No início dos anos 90, portanto, a associação dos Kayapó com o discurso ambientalista internacional estava no auge. É possível que, dadas as circunstâncias, os líderes Kayapó tenham se valido dessa representação para chamar a atenção da opinião pública internacional acerca dos problemas que os afligiam, sobretudo a situação de suas terras. Mas a imagem idealizada que parte do movimento ambientalista tinha dos Kayapó impediu de ver que a defesa que estes faziam da floresta e da natureza não tinha um fim em si mesmo, nem se baseava numa suposta pureza silvícola. Fica a impressão de que a ajuda internacional só se interessava pelos índios na medida que eles se comportavam como defensores da natureza. Como observou o antropólogo William Fisher (1994:229), era como se o modo de vida indígena só valesse a pena ser preservado na medida em que fosse benéfico ao meio-ambiente, e não em razão de seus direitos de autodeterminação enquanto povo. E se é verdade que um simples olhar em imagens de satélite atesta que, na Amazônia, as áreas indígenas, incluindo a dos Kayapó, são ilhas de cobertura vegetal, cercadas pelo desflorestamento do entorno, isso certamente não ocorre pelo fato de os índios pensarem como os ecologistas.

      …..

      …..

      No entanto, da perspectiva dos índios, alinhar-se com os ambientalistas e negociar com a economia local com a qual convivem de longa data faz igualmente parte de suas estratégias de relacionamento com o mundo dos brancos, parte do seu modo de enfrentar as novas condições históricas que se lhes apresentam. Na ausência de uma política governamental para a questão indígena, os Kayapó trataram de obter por conta própria recursos (simbólicos, políticos e econômicos) fundamentais para sua reprodução social. Não apenas bens de consumo, serviços, atendimento médico, mas também possíveis parceiros e colaboradores. Daí a necessidade de chamar atenção internacional para o problema da demarcação de suas terras, para quem estava disposto a ouvir. Daí negociar parte dos recursos naturais de suas terras em troca de dinheiro.

      ……

      ……”

      O texto é bem mais longo do que isto, mostrando que não é por princípios Cosmológicos que os índios querem a garantia de suas terras hitóricas, mas por sobrevivência!

      Ainda seguindo o problema do índio primitivo dentro da imagem idealizada do “Bon Sauvage” de Rousseau coloco a introdução da visão Cosmológica dos Kayapós (mesma referência).

      “A aldeia é o centro do universo kayapó, o espaço mais socializado. A floresta circundante é considerada como um espaço antissocial, onde os homens podem se transformar em animais ou em espíritos, adoecer sem razão ou mesmo matar seus parentes; lá habitam seres meio-animais, meio-gente. Quanto mais longe da aldeia, mais antissocial se torna a floresta e mais perigos são associados a ela. Como há sempre o perigo de que o “social” seja apropriado pelo domínio da natureza, fugindo ao controle humano, os Kayapó buscam uma apropriação simbólica do natural, transformando-o em social pelos cantos de cura e pelas cerimônias que instauram uma troca constante entre o homem e o mundo da natureza.

      …..

      …..”

      O grifo é meu.

       

  7. Só pode ser uma tola. Se não

    Só pode ser uma tola. Se não crescemos ainda, como vamos decrescer? Veja também essa corja de filósofos, economistas de quintal, todos arrogantes e palpitando sobre nada e tudo e a toda hora. Lembra muito aqueles que vieram com o color. Todos incompetentes e arrogantes. Arranjaram até um economista da Turquia. É o que falta para completar o banzé da marina.

  8. o dia em que os ricos praticarem o desapego

    eu aceito discutir decrescimento. Mas, por enquanto, todas as teorias para diminuir consumo afetam apenas o povo, e nunca os super ricos, cujos hábitos de consumo, como andar de avião privado, são muito mais nocivos para o planeta que os nossos, reles pagadores de impostos. Gostaria muito de ouvir as teorias do Lara Resende, Gianetti e companhia sobre redistribuição de renda e diminuição do consumo dos mais ricos, daqueles que levam seus cavalos para andar de avião, antes de falar sobre diminuição do consumo do povo que leva 40 anos para pagar a própria casa.

    1. Há várias pessoas pensando na sustentabilidade sem….

      Há várias pessoas pensando na sustentabilidade sem que seja haja necessariamente decrescimento, estas linhas de pensamento econômico aconselham o que se poderia grosseiramente falar como um crecimento qualitativo. Vamos exemplificar, saneamento ambiental com tratamento d’água e esgoto levam ao crescimento sustentável, políticas de incremento do transporte público e inibição de veículos particulares começando pelos de menor rendimento e potência é outro exemplo, interiorização de serviços públicos para não só diminuir o deslocamento mas tirar das grandes cidades a pressão populacional e os problemas de circulação, praticamente impossíveis de se resolver, também promove o crescimento sustentável, e poderíamos citar mais uma infinidades de políticas públicas que levam ao crescimento sustentável.

      Entretanto para qualquer uma dessas políticas não é possivel fazer sem financiamento público ou com uma política de Estado Mínimo. Entregar ao mercado a tarefa de promover a Sustentabilidade é simplesmente dar as grandes corporações a única saída que seus proprietários saberiam propor, a diminuição de renda da população em geral e a concentração na mão de poucos.

  9. Compreendido ou não?

    É compreensível a necessidade de decrescimento, principalmente em uma sociedade consumista como a dos EUA. No Brasil, com o universo de carências que temos, o crescimento é imprescindível aos investimentos públicos em saneamento, saúde e educação. Temos que atingir uma base civilizatória básica e abrangente; depois, mantê-la sem causar passivos ambientais.

    O problema não seria a tolice de Marina, mas talvez sua incompreensão de que teorias como essa viraram mantra para impedir o desenvolvimento de países emergentes, condenando-os ao agrarismo, à subserviência econômica global.

    Quero crer que seja incompreensão. Melhor do que má-fé.

    1. Marcos.
      O problema do

      Marcos.

      O problema do decrescimento, que não acho um VALOR ABSOLUTO, deveria pelo menos ser atacado de forma seletiva tamto por países ou regiões como dentro das mesmas. Se demonstra que a diminuição da miséria pode gerar mais sustentabilidade do que a conservação da mesma, vamos a um pequeno exemplo. Quem vive de uma agricultura de sobrevivência utilizando a queimada e levando a terra ao esgotamento, se substituído por uma agricultura racional (orgânica ou não) é muitas vezes mais sustentável. Miséria nunca foi e nunca será sustentabilidade.

      Outro exemplo ainda mais impactante, quando as pessoas são tiradas de miséria ou da pobreza, a taxa de crescimento da população cai espantosamente sem nenhuma política pública de incentivo a isto, cai como consequência disto!

       

    2. Não se trata apenas de comparações entre países.

      Você entende que uma sociedade consumista deve diminuir e a localiza no EUA. Mas, o quê decrescer no EUA? O padrão dos 40 milhões que dependem de food-stamps? Deveria ser encolhido o sistema de saúde, que atende precariamente a população americana, do mesmo modo e na mesma proporção que o complexo industrial-militar?

      Existem coisas lá, naquela sociedade externamente rica, que precisam crescer, como a economia de solidariedade e cuidados com os seus cidadãos, para lhes prover saúde, educação, um estado de bem estar social, enfim; outras deveriam não só ser encolhidas, mas suprimidas até, como o complexo industrial-militar ou a infernal máquina industrial do consumismo, conhecida como publicidade.

      No Brasil, guardando proporções, não é diferente. É dito que a cidade de São Paulo tem o segundo maior tráfego de helicópteros no mundo; por todo os lados vemos irracionalidades no uso de recursos, desperdícios, ostentação consumista, a tentativa de repetir o padrão american way of life por parte das classes mais abastadas. Temos o que encolher, assim como temos muito o que expandir, mas que não significa expandir sociedade consumista e produtora de mercadorias.  Temos de repensar a noção de desenvolvimento e não acatar, esse modelo de circulação de mercadorias imposto por corporações multinacionais, como destino inexorável para a humanidade.
       

  10. Tola não, uma farsante

    Que acordou um dia com a incrível ideia de se tornar presidente de um pais.

    Mas faltou combinar com o seu partido que na epóca era o Partido dos Trabalhadores.

    Então, descobriu que o Partido tinha em mente outra candidata, muito melhor que ela. Dilma Rousef.

    O que fez? Saiu do partido em busca de outro que pudesse se apossar para concretizar seu sonho megalomaníaco.

    Farsante!

    Considero uma obrigação de todo militante, simpatizante e eleitor do Partido dos Trabalhadores mostrar a farsa que representa a Marina Silva.

  11. Sob a ótica da termodinâmica

    Sob a ótica da termodinâmica clássica, a teoria de Georgescu transpõe conceitos interessantes para a teoria econômica, que resultam na tese do decrescimento. Mas quando se trata de sistemas vivos (a sociedade) vale a termodinâmica longe do equilíbrio de Prigogine, que diz que o aumento da entropia não significa um aumento uniforme na desordem, e que os processos irreversíveis desempenham um papel construtivo na natureza, produzindo ordem a partir do caos, gerando evoluções no sentido de uma complexidade e diversidade crescentes. Ou seja, a teoria de Georgescu funcionaria se vivêssemos (os 7 bilhões de pessoas) em tribos.

     

     

     

    1. O uso dos conceitos

      O uso dos conceitos termodinâmicos por Georgescu já ficou desacreditado, por estes e por outros fatores, mas pessoas que não conhecem bem a física ainda acreditam, este é o problema.

    2. É apenas uma metáfora.

      “Sob a ótica da termodinâmica clássica, a teoria de Georgescu” – Georgescu usa o princípio da termodinâmica apenas como metáfora em contraponto à metrafora da “lei da  conservação da energia” – fundadora do modelo neo-clássica (capitalista).

      Para a teoria neo-clássica (teoria ambiental) o meio ambiente (matéria prima) como um dos fatores de produção não se exaure. Para a Economia Ecológica o meio ambiente tem limite sim. E esta é uma abordagem fundamentalmente que envolve escolhas fundamentalmente ética uma delas relacionado ao Princípio da Precaução.  

      1. Metáfora? Até certo ponto.

        Não é simplesmente uma metáfora, pois como o próprio autor diz a Lei da Entropia como  “the most economic in nature of all natural laws” e  “the taproot of economic scarcity.”

        Primeiro, ele utiliza todas as equações para provar a sua tese, e segundo o que ele fez não se chama analogia, se chama “semelhança”, ou seja, ele criou da física para economia o que se chama em Teoria dos Modelos um modelo Analógico. E em terceiro e mais importante, diferentemente do que se faz mum modelo anaógico ele na parte que se refere a energia, o modelo se reproduz como um modelo FÍSICO. Ou seja, energia é representada pela energia e não por algo analógico.

        Logo a tentativa de chamar de analogia a teoria de Georgescu é feita pelos economistas para ficar na sua zona de conforto e não precisarem entender termodinâmica.

        Poderia ir mais adiante, mas deixo para depois.

      2. A teoria neo-clássica é avessa ao ambientalismo.

        O caso Georgescu-Roengen é emblemático. Ele era muito bem visto e bem quisto na academia pelos grandes teóricos neo-clássicos de sua época. Bastou ele incorporar a variável do ambiente na teoria econômica, para ele cair em completo ostracismo na escola ortodoxa. O ambiente nunca coube na teoria neo-clássica que, conforme você constata, considera um fator que não se exaure, algo etéreo que não se verifica na natureza, portanto, para os neo-clássicos o ambiente é uma idealização invariável, sua exaustão está fora de cogitação. Imagina o impacto que o professor romeno causou, quando resolveu incluir o ambiente como variável fundamental; nos modelos neo-clássicos atuais nem a sociedade mais cabe, eles vivem tentando enfiar a sociedade dentro do modelo.

        O homem vive no mundo físico, sua interação com a natureza está condicionada pelas regras da física, suas atividades processam matéria e energia, nestes processos físicos é pertinente a análise termodinâmica; Georgescu não foi o primeiro a olhar para a economia como processo físico na natureza. A termodinâmica surgiu como teoria dentro de um estudo econômico numa fábrica, nos trabalhos do engenheiro Sadi Carnot, que procurava correlacionar o consumo de combustíveis e desempenho das máquinas que tinha para gerenciar; não há nada de estranho que ela volte a sua aplicação original, da análise do processo produtivo sob o ponto de vista físico, da movimentação de massa e energia.

         

         

  12. Crescimento sustentável

    Muita gente torce o nariz para Fritjof Capra, o físico que conta as histórias dos avanços da ciência e que prega a necessidade de uma mudança radical de postura em todas as culturas do planeta. Mas o fato é que seus conceitos de desenvolvimento são a melhor rota para as sociedades humanas. Ele lembra sempre que o crescimento é natural, uma tendência do universo. Segundo ele, “nas próximas décadas, a sobrevivência da humanidade vai depender da nossa capacidade de entender os princípios básicos da ecologia e de viver de acordo com eles, ressalta o físico. Isso significa que a alfabetização ecológica precisa se tornar um campo crítico para políticos, lideres empresariais e profissionais de todas as áreas, além de ser a parte mais importante da educação em todos os níveis”. A teoria do Descrescimento é uma falácia, que pretende preservar a visão reducionista da economia, da vida e da natureza, desconsiderando a teia de relações interdependentes entre todas as coisas. Pois crescer, segundo Capra – respaldado por dezenas de estudos de cientistas como Maturana e Varela, Prigogine, Betalanffy, Bogdanov, Lynn Margulis, entre outros –  é uma característica central da vida.

    O que é e o que não é sustentabilidade segundo F. Capra

    10/08/2013 Leonardo Boff

    FRITJOF CAPRA é um dos pensadores mais importantes no campo da ecologia entendida como novo paradigma. Amigo e interlocutor, juntos temos acompanhado o grande projeto CULTIVANDO AGUA BOA da Itaupu Binacional que ele considera como um dos experimentos ecológicos mais bem sucedidos do mundo. Ofereceu-se para escrever o prefádio do livro que escrevi com o pedagogo/cosmólogo Mark Hathway, O Tao da Libertação:explorando a ecologia da transformação, Vozes 2012. Publicamos aqui o resumo desta conferencia dada no Brasil nos inicios de julho  porque esclarece este conceito tão usado e tão mal compreendido:sustentabilidade. Seus livros  ‘O Tao da Física’ e ‘Teia da Vida’ são fundamentais para entender as posições mais avançadas e cientificamente mais bem fundadas da ecologia. A reportagem foi publicada no site Carbono Brasil, 08-08-2013 e no IHU de 10/08/2013: Lboff

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    Começa Capra dizendo que conceito de sustentabilidade, que tem assumido diversas formas desde a sua concepção na década de 1980.

    “Não é o que os economistas gostam de falar – sobre crescimento econômico e vantagens competitivas”, colocou. “Uma comunidade sustentável deve ser desenvolvida de forma que a nossa forma de viver, nossos negócios, nossa economia, tecnologias, e estruturas físicas não interfiram na capacidade da natureza de sustentar a vida. Devemos respeitar e viver de acordo com isto”.

    Os primeiros passos para tal seriam entender como a natureza sustenta a vida, isso envolve toda uma nova compreensão ecológica, um pensamento sistêmico, explica Capra.

    “Não podemos mais enxergar o universo como uma máquina, composta de blocos elementares. Descobrimos que o mundo material é principalmente uma rede inseparável de relações. O planeta é um sistema vivo e auto-regulado. A evolução não é uma luta competitiva pela existência, mas sim uma dança cooperativa.”

    Nesta nova ênfase na complexidade, as redes são o padrão básico da organização dos seres vivos. Os ecossistemas são uma rede de organismos, por exemplo. Para compreender as redes, Capra explica que precisamos pensar em termos de relacionamentos, de padrões.

    “Isto é o pensamento sistêmico. É compreender que a natureza tem sustentado a ‘Teia da Vida’ por milhões de anos e que para isto são necessários ecossistemas e não apenas organismos ou espécies.”

    Alfabetização Ecológica

    Nas próximas décadas, a sobrevivência da humanidade vai depender da nossa capacidade de entender os princípios básicos da ecologia e de viver de acordo com eles, ressalta o físico. Isso significa que a alfabetização ecológica precisa se tornar um campo crítico para políticos, lideres empresariais e profissionais de todas as áreas, além de ser a parte mais importante da educação em todos os níveis.

    “Quando pensamos sobre os maiores problemas, o surpreendente é que estão interconectados. Não temos apenas uma crise econômica, ou ecológica, ou de pobreza, ou financeira, elas estão todas conectadas. Esses problemas não podem ser compreendidos isoladamente. São sistêmicos, interdependentes e precisam de soluções correspondentes”.

    Capra elogiou o Programa Água Boa, desenvolvido pela Itaipu Energia, classificando a iniciativa como um “exemplo muito bonito de solução sistêmica”.

    “Analisando os problemas atuais dessa forma sistêmica, podemos constatar que a questão subjacente é a ilusão que o crescimento infinito pode continuar em um planeta finito. Os economistas, com o seu pensamento linear, parecem não entender”, lamenta o físico.

    “Nosso sistema econômico é movido pela ganância e pelo materialismo, pensando que não há limites. Isto resulta nas diferenças imensas entre o preço de mercado e o verdadeiro custo, como é visto com os combustíveis fósseis. Ouvimos sobre o gás de xisto e o novo processo de ‘fracking’ – ouvimos que é muito barato, mas o fato é que devasta o ambiente e é tóxico para as pessoas (..) O pensamento linear leva a concluir que o xisto é muito barato, mas se pensarmos nisso sistemicamente, ele é muito caro e perigoso”, explica Capra.

    “No centro da economia global está uma rede de crescimento financeiro, criado sem qualquer enquadramento ético. Hoje, se você é especulador pode investir em qualquer projeto ao redor do mundo e computadores levam uma fração de segundo para movimentar dinheiro. O único critério é lucrar (..) não há critérios éticos envolvidos nesta economia global. Exclusão social e desigualdades são elementos inerentes desta globalização.”

    O crescimento indiscriminado é na verdade “uma doença”, nota, completando que o desafio elementar é como mudar do crescimento ilimitado para um sistema ecologicamente sustentável e socialmente justo.

    Crescimento qualitativo

    Para Capra, o crescimento zero não é a resposta, pois crescer é uma característica central da vida.

    “Na natureza o crescimento não é linear e ilimitado. Em um ecossistema, uns crescem mais, outros declinam e assim reciclam seus componentes, que se tornam recursos para um novo crescimento. Há um crescimento multifacetado, qualitativo, que contrasta com o quantitativo pregado atualmente por economistas”.

    Assim como outros grandes pensadores, Capra questiona o uso preponderante Produto Interno Bruto (PIB) para medir a saúde dos países.

    Custos sociais como acidentes, guerras, mitigação e cuidados com a saúde são adicionados e aumentam o PIB e o fato que o seu crescimento pode ser patológico raramente é citado por economistas, alerta.

    “Esse reconhecimento da falácia do crescimento econômico é essencial. É o primeiro passo para superar a atual crise econômica global (..) Grande parte do que se chama de ‘crescimento’ é lixo e destruição.”

    O verdadeiro crescimento, explica, melhora a qualidade de vida e aumenta a sua complexidade, sofisticação e maturidade.

    “Isto faz parte de uma mudança de paradigma de quantidade para qualidade. O crescimento qualitativo é consistente com a nova concepção científica da vida”, explica. “Não se pode medir a natureza de um sistema complexo, como os ecossistemas, a sociedade ou a economia, em termos puramente quantitativos.”

    Para Capra, a qualidade não pode ser agregada em um único número. “Então, como seria possível promover o crescimento qualitativo? Definitivamente não através do PIB”.

    “Precisamos distinguir o bom do ruim para que os recursos naturais presos a processos ruins possam ser direcionados para os eficientes e sustentáveis”, comentou. “O crescimento ruim é aquele que gera externalidades ambientais, econômicas e sociais e o bom envolve processos produtivos mais eficientes, que usam energias renováveis, têm emissões zero, reciclam, restauram ecossistemas e a apoiam as comunidades locais.”

    Construindo a qualidade

    Entender as conectividades dos nossos problemas globais e reconhecer soluções sistêmicas é a primeira lição para construir a qualidade que precisamos hoje para a liderança global, segundo Capra. Outra lição seria a construção de um ‘senso moral’.

    A perspectiva sistêmica mostra que dois problemas urgentes, a desigualdade econômica e as mudanças climáticas, resultam da estrutura econômica e corporativa global que não têm ‘senso moral’, nota.

    Um exemplo disso são as conclusões de um estudo de 2012 apontando que os ricos globais somam juntos até US$ 32 trilhões. “Se eles tivessem um senso moral e pagassem seus impostos não haveria mais crise. Haveria dinheiro suficiente”, ressaltou Capra.

    Outro exemplo citado pelo físico se volta para as conclusões inequívocas da ciência sobre as mudanças climáticas e a necessidade das empresas que exploram combustíveis fósseis de abandonar os planos de exploração de 80% das reservas contabilizadas em seus ativos.

    “Elas estão dispostas a fazer isso? As empresas precisam se perguntar: o meu modelo de negócios inclui a destruição do planeta? Ou tem uma alternativa moral?”

    Liderança e o Brasil

    “Hoje temos conhecimento e tecnologia para a transição para um futuro sustentável, não precisamos dos perigos da energia nuclear e nem de gás de xisto. Podemos ir além dos combustíveis fosseis”, defendeu Capra.

    “Precisamos de vontade política e liderança (..) O que em tempos estáveis é diferente do que em tempos de crise ambiental e econômica, que é o que temos hoje. A maioria dos problemas são globais, apesar da demanda por lideranças em nível regional e corporativo, precisamos também de lideranças em nível global”.

    Capra ressalta que na atual crise global, o Brasil e a Alemanha estão melhor posicionados do que a maioria dos países.

    Ele comentou que nos Estados Unidos, Barack Obama foi eleito com grandes esperanças, mas sucumbiu ao sistema corrupto, e no fim, a riqueza dos pobres está sendo sistematicamente repassada para os ricos. Porém, ele acredita que no Brasil a situação está melhor, apesar da população não estar satisfeita.

    “Programas como o Bolsa Família e o Fome Zero reduziram a desigualdade econômica ao retirar milhões de pessoas da pobreza, mas mesmo assim muitos problemas de desigualdade e corrupção permanecem e ainda há muito trabalho a ser feito.”

    “O Brasil pode ser um líder global”, ressaltou após assistir apresentações sobre o Programa Água Boa e sobre as ações de sustentabilidade previstas para a Copa de 2014. “Estes são ótimos exemplos de liderança global que precisam ser divulgados. O que pode acontecer no ano que vem, já que todo o mundo vai olhar para o Brasil”.

     

     

  13. Isso que é o “novo” da Marina?

    Ao que me consta, essas formulações se inserem dentro do contexto do Clube de Roma, em que veio a sustenta teses que os países desenvolvidos, especialmente os da Europa Ocidental, tentaram impor sobre os países socialistas e terceiromundistas, na Conferência de Estocolmo de 1972. Trata-se de uma clivagem das antigas.

    Acontece que, os ideólogos da campanha de Marina arvoram-se teorizações para repaginar a ideia de estado mínimo e outras derivações neoliberais. Por que a Marina não assume explicitamente de vez na campanha? 

    Coitadinha, você?? Me conta outra, Marina.

     

  14. EXCLUDENTE E DESUMANO

    Esta retórica do decrescimento parece aceitável para quem dispõe de muito mais do que necessita e não vê nenhum problema em perpetuar as desigualdades e as vicissitudes das populações carentes. Este é um discurso hipócrita dos muito ricos, que pretendem fazer os incautos acreditarem numa pseudo sustentabilidade, excludente e desumana. Mas o estágio atual da ainda precária percepção da realidade pela maior parte do eleitorado brasileiro já é suficiente para impedir que o engodo do pretenso ambientalismo, financiado pelo capital financeiro rentista, seja capaz de induzir o desastre que seria uma presidência do PSB, na qual o PSDB e o DEM ditariam a recessão e o desemprego.

  15. Os comentários acima são de

    Os comentários acima são de alto nível e os participantes desta discussão, cujo número me surpreendeu dado a aridez do tema,  mostram saber o que estão falando. Gostaria de colocar algumas questões que poderão ser consideradas aqui:

    – De acordo com Delfim Neto, a economia não é ciência pois ela só tem variáveis dependentes e nenhuma independente. Assim, querer introduzir conceitos da física na economia é muito mais propaganda do que verossimilhança.

    – Prigogine tratou da entropia nos seres vivos (não conheço nenhuma manifestação dele sobre evolução) e, considerando que um ser vivo é uma concentração muito complexa de ordem com uma enorme demanda de energia, portanto anti-entrópica (não vou aqui falar dos sinais para evitar confusões), sua existência só pode se dar às expensas de um aumento da desordem e dissipação de energia no entorno, fora do sistema vivo necessariamente aberto, para contrabalancear o aumento inevitável da entropia “roubada” pela existência dos seres vivos.

    – Uma boa analogia seria um equilíbrio instável como o da cadeira de quatro pernas que se põe em pé equilibrada numa única perna. Possível é, mas se espirrarmos no quarto vizinho ela cai. Esse equilíbrio se deve à participação de duas forças antagônicas, contrárias: a contrariedade da entropia que quer desequilibrar, porque essa é a norma, o natural, e o impulso para a vida. Este último é indefinível, resultado empírico  inequívoco que pode levar as pessoas que só consideram as coisas válidas como as passíveis de ser demonstradas como bobagem, mas cuja manifestação se vê sempre, em todos os seres vivos, tão óbvio que pode passar despercebido para a maioria de nós. O principal componente deste impulso para a vida é a muitas vezes perturbadora diversidade. A razão da vida, assim, se deve à inconstância, ao diferente, ao instável àquilo que é imprevisível. Tender ao regular, regulável, constante é tender à morte.

    – Riobaldo, personagem magistral do Rosa em Grande Sertão Veredas, exclama inconformado e resignado: a vida não pára quieta.

    1. A base conceitual que faz a

      A base conceitual que faz a chamada “economia ecológica” é a suposição que os recursos naturais são uma variável independente, logo a partir desta hipótese eles partem para a introdução de conceitos físicos. Não estou dizendo que concordo, pois o problema central dos recursos naturais está na energia empregada para extraí-los ou reutilizá-los.

      Mais observações acho que outros poderão dar melhores respostas do que a minha.

  16. Renda do trabalho cresce com a distribuição dos lucros.

    Misturar as teses do Gianetti com o modelo proposto por Georgescu-Roegen isto sim é um delírio. Aliás é bom lembrar que o problema central do PIB não é principalmente seu crescimento, mas a forma como é distribuido e as políticas públicas para emprego e renda. Só entendendo isto é possível compreender como uma economia com baixo PIB como a brasileira conseguiu manter elevado nível do emprego. Esta nunca  foi uma política clássca de favorecimento do Capital, porque os salários reais só crescem, com baixo crescimento do PIB, a custa de uma maior distribuiçãoi dos lucros das empresas. Este é o desespero dos esconomias tanto da Marina quanto do Aécio. 

    1. Drummond.
      Estou escrevendo um

      Drummond.

      Estou escrevendo um artigo sobre o histórico da evolução dos conceitos de Limites do Crescimento e Sustentabilidade, com referências e tudo que merece um artigo sobre o assunto, porém ele já está enorme para ser colocado aqui e ainda nem estou na metade.

      Porém, agora se queres ir te adiantando leia uma entrevista bem mais extensa de Gianetti, que pode ser encontrada em http://www.pagina22.com.br/index.php/2011/03/a-pergunta-motriz/

      “Pagina 22. Tem uma discussão que se iniciou num país budista, o Butão, em relação à Felicidade Interna Bruta (FIB).  O Reino Unido planeja adotar um indicador nacional de felicidade, e essa discussão está no Brasil também.  Haveria aí um movimento inverso, da filosofia oriental influenciando a cultura ocidental?

      Gianetti: Acho muito bem-vindo esse questionamento do PIB como a métrica do progresso e do desenvolvimento.  Se as pessoas vivem numa cidade muito poluída e passam a ter de trabalhar mais para pagar por serviços médicos, o PIB aumenta.  Mas a sociedade empobreceu.  É muito grave.  As pessoas não têm muita noção do problema que existe em medir o progresso por um indicador exclusivamente monetário.  A busca hoje é por indicadores mais abrangentes que reflitam as condições de vida e de bem-estar.

      ou também na entrevista que ele deu a Rede Bandeirantes há quase dois anos onde ele fala sobre a evolução das métricas da FIB.

      1. rdmaestri – Limites do Crescimento e Sustentabilidade,

        Vou aguardar com grande interesse o seu artigo. Gostaria de ampliar o debate sobre este tema e avançar em outra discussão (ou a mesma) sobre o que separa efetivamente a Economia Ambiental da Economia Ecológica Marxista.

        O debate sobre o crescimento do PIB também é central. No modelo do desenvolvimento capitalista pode ocorrer que o PIB cresça em rítimo menor do que a “mais valia global” (no regime militar o crescimento do PIB de 10% ao ano não favoreceu os salários dos tralhadores, mas sim foi apropriado como um lucro ampliado das empresas privadas ). A força da  economia social – via fortalecimento do Estado democrático – constitui um contraponto a hegemonia do capital. O professor Ladislau Dowbor possui um execelente estudo sobre isto.

        Por isto eu considero as opiniões do Gianetti mais uma apropriação equivocada de um acervo teórico que buscar incluir a economia como um sistema no inteior de um sistema maior que é o meio ambiente. No âmbito da economia ambiental os chamados mercados “auto-regulados” são considerados não como construções sociais (assim como o meio ambiente também o é), mas como estruturas independentes, em que o meio ambiente é apenas um dos fluxos de alimentação do sistema economia. Volto a dizer – o meio ambiente é uma construção social, como todas as estruturas “olhadas/trabalhadas” pelos humanos. Ele não é um sistema natural na medida que é apropriado pelo saber humano.

        Para compeender isto é fundamental o entendimento do que é a Economia Social, que possui uma boa referência na chamada economia plural. Trata-se do reconhecimento de que o capitalismo embora hegemônico não é monolítico. Além do próprio estado e de suas empresas, a agricultura familiar é um excelente exemplo de um modo de produção singular – o trabalhador/proprietário do negócio agricultura familiar é dono do  trabalho, dos seus meios de produção e de toda sobra do seu trabalho. Em ceta medida isto acontece também com os pequenos negócios urbanos e com todo os sistemas das economia solidárias populares (como a UNISOL BRASIL- sede em São Bernado e com a Confessol).

        Sei que expuz de forma muito breve uma grande quanidade de conceitos que precisam ser tratados com profundidade. Mas isto foi apenas para alimentar este debate. Diga-se de passagem o grande compromisso histórico do PT é com a Economia Social, exatamente o oposto do que propõe Marina e Aécio. 

               

  17. essa é  mais uma contradição

    essa é  mais uma contradição dos programas político e economico de marina.

    decrescer significa desemprego que atingirá milhões de pessoas.

    o neonliberlismo representa a volta a um triste passado da era fhc.

    privatização.

    a direita no poder.

    só falta exacerbar e voltar.

    à escravatura e achar isso sustentável….

    pobre de novo pela esquinas e calçadas.

    sangue nas calçadas, como diria o mino?

    ainda bem que o oleonrdo boff já declarou seu voto a dilma,

    senão seria mais um apoio oa esta política de horror da dona marina.

    gostei dos comentaristas que denunciaram o fato

    de que essas políticas ditas de sustentabilidade nunca afetam,

    nunca interferem, jamsi mexem  no processo cruel do capitalismo.  

     

     

     

     

     

  18. Me lembra àquela matéria em

    Me lembra àquela matéria em que um paciente famoso por suas pinturas apresentando imagens do inconsciente do Hospital Pinel – psiquiatria RJ – só dava entrevista se o reporter visse o que ele estava vendo – uma tremenda viagem. É o que me parece essa  teoria de decrescimento de Georgescu-Roegen.

  19. Depoimento de Jão Pedro

    Depoimento de Jão Pedro Stélide sobre o Haiti:

    “Gostaria de começar minha carta, comentando as características principais daquela nação. É um pais do tamanho de Alagoas (27 mil km2) todo ele montanhoso, como Minas Gerais, e com as montanhas totalmente devastadas, ou seja, sem cobertura vegetal, pois os camponeses ao longo de décadas tiveram de recorrer ao carvão como única fonte de energia e de renda. Toda alimentação do Haiti é preparada com carvão. Não há fogão a gás no país, com exceção dos bairros ricos de Porto Príncipe.”

    http://www.carosamigos.com.br/index.php/component/content/article/223-revista/edicao-193/3182-joao-pedro-stedile-haiti-eles-precisam-de-solidariedade-nao-de-soldados

    Como se vê, a pobreza faz com o que o povo, não tendo outra alternativa, termine por provocar devastação ambiental.

    A desigualdade social é a principal questão a ser combativa. Marina deveria se candidatar a presidente do Haiti. Já Imaginaram!? Ela mataria toda a imensa maioria de pobres em alguns meses.

    1. Cafezá, em outro comentário

      Cafezá, em outro comentário escrevi que a retirada das pessoas da miséria é uma forma de AUMENTAR A SUSTENTABILIDADE, o teu exemplo é precioso.

  20.  
    Nassif
    Pois é, uma beleza

     

    Nassif

    Pois é, uma beleza  de teoria! Não seria mais fácil eliminar a humanidade? Óbviamente os ricos não seriam eliminadaos não é mesmo? A discussão desse tema passa pelo que a humanidade deseja em termos de “conforto” que, vejo, é o motor que nos move para o consumo. Temos sim que debater com profundidade, desde que não haja ninguém desempregado e passando fome no mundo.

  21. “Georgescu-Roegen escreve em

    “Georgescu-Roegen escreve em 1971 um livro”

    71? Está explicado, ele é hippie. 

    Esse é o cerne da esquizofrenia da candidatura Marina. A mistura do pensamento hippie com o fundamentalismo evangélico. O primeiro tem ecologia, mas também tem liberdade da sexualidade e discriminalização da maconha. O segundo, os evangélicos, pode ter ecologia, mas os outros dois são coisa do demo.

    Isso num ambiente de “crescimento sustentável” que é na verdade decrescimento, como nos explica o excelente post. Iinsustentável, pois não estamos na França, Roma ou Stokolmo. 

    O governo Marina seria Hippies e evangélicos abraçados a uma árvore, tendo em volta horda de desempregados famintos. E os rentistas jogando o dinheiro que sobrou do “decresimento” no cassino financeiro.

  22. Sim,
    Mas o que isso tem a ver

    Sim,

    Mas o que isso tem a ver com a “autonomia” do Banco Central ?

    Com a “voracidade” do capitalismo financeiro ?

    Com o direito das minorias ?

     

     

    1. Tudo.

      São todos mecanismos que podem gerar a recessão ou mesmo o decrescimento trocando o paradigma do enrequecimento da nação, por exemplo, por algo subjetivo e mais facilmente manipulável como a Felicidade Interna Bruta (FIB).

  23. Pela Ordem

    Não sei se a proposta é ou não importante, mas uma das maneiras de medir a sua aplicabilidade e sua eficácia é começar a  implanta-la pelos países desenvolvidos, depois os em desenvolvimentos e finalmente os do terceiro mundo, que tal seus defensores nos apontar qual governo desenvolvido implanta tal política, se tal política já foi tema da agenda do G8, se o Obama ou qualquer lider americano, chines, russo, alemão entre outros já fez algum pronunciamento oficial se compromentendo e compromentendo o seu país com tal proposta? Qual país desenvolvido convocou um plebicito a respeito? Se nada disso foi feito, fica parecendo tese encomendada por alguns grandes/megas investidores para manter o pirão só prá eles, nós brasileiros já estamos bem escaldados com esses discursos, mas parece que os marinistas ainda não, uma pena.

  24. sem medo de ser feliz

    Imagem de cavaleiro solitário e gasguito: Só perde pra felicidade: De um casal sorridente em viagem: Abraçados em tempo da parte maior: Com olhares que trocam que falam mais alto: Do que qualquer som de palavras: Que nem precisam ser ditas: De tão escancarada vitória: Do que cada um representa: De tanto amor que une e supera: Diferenças que aparentemente separa: Parece até que demora: De tão de repente aparecem: De tão distraídos que estávamos. Entre livros e falas de guerra. Que ao povo já não interessa.

  25. Nicholas Georgescu-Roegen é para o futuro longínquo

     

    Rogério Maestri,

    Sou leigo em economia e ainda mais em entropia. Achei seu comentário um pouco dúbio, embora reconheça que você mais se esclareceu nas respostas dadas para alguns comentários.

    Quando falo em dubiedade do texto deste post “Os limites do crescimento, Georgescu-Roegen e Marina” de segunda-feira, 15/09/2014 às 07:58, aqui no blog de Luis Nassif e de sua autoria me refiro, por exemplo, a sua frase inicial, que muito promete mas que não sofre nenhum desenvolvimento ao longo do texto. Diz você (Fiz alteração na frase para ficar em meu entendimento mais compreensível):

    “Todos estão tomando Marina Silva como tola e como não sabendo para onde as ações propostas levarão a economia brasileira”.

    Bem, não são todos. Desde a primeira hora, eu tenho sido muito crítico até do próprio Luis Nassif por não considerar Marina Silva suficientemente capaz de ser presidente do Brasil. O que eu também não deixo de dizer é que eu considero as idéias dela equivocadas. Quanto a saber para onde as ações que ela propõe levarão a economia brasileira, eu avalio que se trata de um problema de duas ordens. Primeiro, as idéias dela no geral não tem como ser implementadas. E também quando adotadas de modo pontual não creio que tenham efeito muito grande na economia. É da natureza da máquina pública criar esta espécie de filtro e de mola de retardamento da execução de propostas na área pública. É dentro desta perspectiva que eu fui crítico de Luis Nassif no post “A eleição de Marina é um risco; sua candidatura, um avanço” de terça-feira, 02/09/2014 às 06:00, de autoria dele e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/a-eleicao-de-marina-e-um-risco-sua-candidatura-um-avanco

    Não critiquei Luis Nassif dizer que a candidatura de Marina Silva é um avanço, embora eu não creia que ela fosse um avanço em relação ao próprio Eduardo Campos. É um avanço que a Marina Silva com a história dela possa representar uma candidatura presidencial com possibilidade de eleição, mas de certo modo a candidatura de Lula teria representado um avanço muito maior do que o de Marina Silva. É bem verdade que em um país ainda machista a candidatura de uma mulher, e ainda mais uma mulher como Marina Silva, representa um avanço.

    A minha crítica é Luis Nassif tomar a eleição de Marina Silva como um risco. Não porque eu creia que Marina Silva não acredita no que ela fala. A Marina Silva tem para mim a qualidade da sinceridade. Eu falo que não há risco porque muito do que ela defende não terá como ser aplicado. Não quero dizer com isso que não haja um grupo grande dentro da direita que não vê a perspectiva da eleição de Marina Silva como uma forma de tirar a condução do país exercida por partido de esquerda e com espírito de partido de esquerda.

    E quanto a segunda ordem que eu atribui em saber para onde as ações que ela propõe levarão a economia brasileira, eu pretendia dizer que nem os próprios defensores dessas idéias saberiam.

    As idéias do economista Nicholas Georgescu-Roegen talvez só venham a fazer sentido daqui uns cinquenta anos se o mundo já estiver com uma distribuição espacial de renda bem melhor e ai se possa pensar em parar de crescer pelo menos nas regiões mais desenvolvidas ou até mesmo se pensar que as regiões mais desenvolvidas se devesse passar para uma fase de decrescimento.

    De todo modo, é preciso entender que as idéias de Nicholas Georgescu-Roegen são incompatíveis com o capitalismo, pois sem perspectivas de crescimento não há como manter o mercado funcionando, a menos que a custa de uma forte ditadura. É bem verdade que as idéias de Nicholas Georgescu-Roegen requerem certo grau de autoritarismo para serem postas em prática.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 15/09/2014

    1. Clever, posso responder

      Clever, posso responder algumas da dubiedades ao longo do tempo e com mais espaço, pois realmente ele está no cerne da discussão de vários grupos e escolas econômicas. Coloquei um texto curto para a discussão sem tentar simplificar muito, pois ficaria meio anedótico (já tentei por este lado e não deu certo), com as dúvidas se pode procurar responder com algo mais consequênte.

      No momento estou sem tempo, mas breve voltarei a colocar mais alguns pontos.

  26. Essa postagem é falaciosa e essencialmente desonesta

    O autor é um antiambientalista rancoroso, um sujeito que confessa ter urticárias diante do conceito de pegada ecológica, só falta dizer que saca da arma ao se falar em ambientalismo. Trata-se de figura vaidosa de sua teimosia, que se apega a noções reacionárias do conceito de progresso arraigadas no século XIX.

    A primeira mentira começa com “a teoria de decrescimento de Georgescu-Roegen”, teoria que não consta nos escritos do economista romeno; as teses decrescentistas surgiram em paralelo ou posterior a obra do autor. Também não consta questionamento sobre o PIB como indicador e a escolha dos outros indicadores por ele citado. O IDH, por exemplo, foi criado pelo economista Mahbub ul Haq e recebeu contribuições de Amartya Sen; nada a ver com Georgescu-Roegen, o mesmo pode se dizer dos outros indicadores.

    O autor da postagem, um engenheiro-encanador de um departamento de hidráulica, numa universidade da província, aponta o fato do economista romeno ser “Contemporâneo ao Clube de Roma”, para com isto denotar alguma coisa negativa a Georgescu-Roegen. O Clube de Roma existe até hoje, de modo que todos nós somos contemporâneos do Clube, sem que isto prove qualquer ligação nossa com ele. Mas a intenção do engenheiro-enganador é clara, a de ligar o economista a uma instituição demonizada em certos círculos; um caso de matar ou desqualificar o mensageiro, para diminuir o valor da mensagem; então, ele filia Georgescu no Clube, sem apresentar a confirmação do sócio. Não importa que o trabalho do romeno tenha aparecido, de forma independente, um ano antes do Clube de Roma divulgar o famoso relatório, o que importa é divulgar vínculo vago de “Contemporâneo ao Clube de Roma”, que não demonstra absolutamente nada.

    O relatório “Limites do Crescimento”, de 1972, tem autoria definida, pertence a uma equipe de pesquisadores do mais prestigioso centro de pesquisas científicas e tecnológicas, o MIT, com mais de oitenta Nobel em sua história. O Clube de Roma encomendou o relatório ao MIT e fez sua divulgação, não escreveu nenhuma linha dele. O que deu grande repercussão ao relatório foram os fatos políticos que estouraram na época, com a crise do petróleo no ano seguinte a frente. A pesquisa teve seus métodos e bases de dados divulgados, de modo que foram analisados por muitos outros pesquisadores. Os fatos ali narrados não eram novidades naquele tempo; o Departamento de Estado americano já tinha feito investigações semelhantes dos recursos naturais do EUA, décadas antes; a noção de limite para a atividade econômica, sobre nossa Terra finita, tinha sido apresentada pelo economista Kenneth Boulding, num artigo de grande repercussão, de 1966, “Economia da Espaçonave Terra que Vem Chegando”.

    A Boulding se atribui a pilhéria: “qualquer um que acredite ser possível crescer de modo perpétuo, sobre a Terra finita, ou é um maluco, ou é um economista”. Bem, economista o engenheiro-enganador não é, mas também não é um maluco qualquer, mas se trata de alguém pernicioso pela vaidade obtusa, somada com preocupações eleitorais rasteiras, para um debate sério dos gravíssimos problemas ambientais, gerados pelo capitalismo contemporâneo, que trarão consequências danosas para gerações presentes e futuras. O engenheiro-enganador é aquele quem diz não haver problemas, que podemos prosseguir com a predação para a acumulação capitalista; trata-se de maluco porque faz isso sem cobrar.

    É preciso dizer, que Georgescu-Roegen tinha prestígio entre seus pares na academia, que o consideravam um possível Nobel da Economia, mas que a partir dos seu trabalho de 1971, caiu em ostracismo. Há divisor na obra do economista. Até aquela data era reconhecido e procurado pela sua fama de matemático e estatístico, com estudos voltados para a economia; era reverenciado pelos neoclássicos, mas em 1971 veio a ruptura com a ortodoxia, então é necessário dizer a qual parte da obra alguém se vincula a Georgescu-Roengen. É suprema dose de desonestidade ligar o professor romeno ao “confisco do governo Collor de Mello”, porque ele orientou a tese acadêmica de um dos membros do governo collorido. Eris nunca se notabilizou como seguidor das teses econômicas de Georgescu-Roengen pós-1971; ele entra no texto para se tentar demonizar o romeno como confiscador do Collor, além de ser apontado como guru da Marina, conspirador do Clube de Roma e por aí vai.

    Quer atacar a Marina, tudo bem, seu projeto é criticável em variados aspectos. Mas deixem Georgescu-Roengen fora, os problemas ambientais não desaparecem com a derrota de Marina, os recursos da natureza não se tornarão infinitos por causa disso. O ambientalismo é a questão crucial no século XXI; criticar as propostas ambientais trazidas pela candidata é muito diferente, de negar que haja limites para a economia, no ambiente geo-morfológico do planeta. Há forças progressistas que criticam o ambientalismo da candidata; mas as forças reacionárias se esforçam pelo negacionismo do problema ambiental.

    1. bom o debate

      tanto que fiquei muito feliz por meu comentário não ter saído. 

      mais do pouco que interpretei esta nos seus comentário Almeida e aparto um trecho seu que foi onde sai em alerta ao texto é que devemos separar:

       – “os problemas ambientais não desaparecem com a derrota de Marina, os recursos da natureza não se tornarão infinitos por causa disso.”

      Na natureza científica do nosso universo estamos em constante transformação e nada é infinito.

       

      1. O problema não é o diagnóstico, é o remédio!

        Caro João.

        O problema não é o dignóstico da limitação dos recursos naturais, mas sim o remédio proposto para combater o mau uso destes.

        Georgescu parte do princípio que com o crescimento econômico há uma inevitável tendência ao aumento da Entropia levando ao CAOS. Dentro da lógica de desenvolvimento baseada no capitalismo atual é claro que isto é verdade, porém o que discuto é que não há em algum momento nenhuma referência a transformações sociais para evita-lo.

        As chamdas propostas de Georgescu para evitar problemas são verdadeiramente uma regressão no debate político, pois elas remetem ao que se denomina SOCIALISMO UTÓPICO, onde se ignora a luta de classes e a solução fica por conta da criação uma sociedade socialista ocorre de uma forma lenta e gradual, estruturada no pensamento da época no pacifismo e na adesão a causa por vontade da própria burguesia.

        Podemos dizer que esta transformação, segundo a visão de muitos dos seguidores da ecoeconomia, passou o Limite do Crescimento ser a principal meta, e no momento em que se coloca este como objetivo, ele não apresenta uma diferenciação entre qual será o sacrifício relativo que terão os diferentes países e classes sociais. Ou seja, apersar de Georgescu no seu primeiro item do programa mínimo aconselhar que os países desenvolvidos ajudem os subdesenvolvidos ele não fala nada sobre a relação de troca entre um e outro nem a remunerção dos danos ambientais passados, presentes e futuros.

  27. Taí.  Acho que isso aí pode

    Taí.  Acho que isso aí pode ser um discurso pronto prá Dilma e pros governistas.

    Como o crescimento praticamente zero esse ano, é só dizerem que aderiram a teoria acima.

    O pior é que, se o fizessem, a grande maioria aqui iria apoiar destarte. 

     

  28. Para quem quiser copiar um livro que não existe.

    Para quem quiser copiar um livro que segundo alguns não existe e é fruto da minha imaginação, coloco aqui no comentário o link para uma biblioteca virtual canadensa que fornece em PDF, WORD e em RICH TEXT FORMAT o lívro de Nicholas Georgescu-Roegen intitulado La décroissance. Entropie – Écologie – Économie (1979).

    http://classiques.uqac.ca/contemporains/georgescu_roegen_nicolas/decroissance/decroissance.html

    Também há outras sugestões interessantes, como:

     

    La décroissance soutenable Bioéconomie, écologie et simplicité volontaire. L’héritage de Nicholas Georgescu-Roegen ( 1906-1994 ). Sous l’égide de l’Institut d’études économiques et sociales pour la décroissance soutenable. Septembre 2003.

    Infelizmente não achei versões amigáveis em Inglês ou Português dos textos de GEORGESCU, pada estas deverão pagar.

    1. “Traduttore, traditore”!

      Velha advertência italiana para se manter cuidado com traduções. Alerta é bem maior para aqueles que se limitam a ler orelhas de livro.

      “Demain la décroissance. Entropie, écologie, économie”, publicado com este título em 1979, nas edições posteriores o título é resumido para “La décroissance: Entropie-Ecologie-Economie”, trata-se de uma tradução para o francês, com apresentação e comentários de Jacques Grinevald e Ivo Rens, de coletânea dos principais artigos de Georgescu-Roegen.

      Notem bem que o título é variável, os tradutores franceses moldaram-no conforme suas conveniências, que aliás, é uma conveniência que se estende pelo empréstimo da expressão “La décroissance” para obra de Georgescu-Roegen. 

      Aqui um esclarecimento para a confusão e o equívoco de se atribuir a Georgescu a teorização do decrescimento (no original):

      “Economic de-growth in its somewhat smoother sounding French version ‘la decroissance’, first appeared in the scientific and political arena when Jacques Grinevald and Ivo Rens translated some of the major works of Nicholas Georgescu-Roegen into French”.

      Vocês podem continuar lendo o esclarecimento em inglês na fonte do comentário acima: http://degrowth.org/wp-content/uploads/2012/11/Kerschner-2010.pdf

      A obra do professor romeno rejeitava a possibilidade de crescimento econômico permanente, surgiu a hipótese de uma economia de estado estacionário, que Georgescu-Roegen categoricamente rejeitou, então os franceses concluiram por um futuro de decrescimento ( “Demain la décroissance”). A conclusão é dos franceses, o romeno está fora dessa.

      A capa da primeira tradução francesa:

       

      Essa obra já está traduzida para o português, pode ser adquirida aqui.

       

       

       

       

  29. Relatório Lugano

    Que decrescimento que nada! Já está em curso um grande plano para a preservação do sistema que favorece os donos do mundo!

    Relatório Lugano: ficção ou realidade?

    A filósofa e cientista política Suzan George simula no livro “O Relatório Lugano”, Boitempo Editorial, 2002, a contratação de um grupo multidisciplinar de nove consultores internacionais de primeira linha, muitíssimo bem remunerados, na paradisíaca ilha de Lugano, na Itália, a fim de que, no período de um ano, produzam um relatório sigiloso, a ser encaminhado, posteriormente, aos chefes de estados e às instâncias internacionais de segurança, que deverão utilizar as recomendações ali sugeridas com toda “liberdade” e produzidas com toda “dignidade”.Utilizando o recurso da simulação, um Grupo de Instrutores encomenda a um Grupo de Trabalho a tarefa árdua e desafiadora de:

    1.     identificar as ameaças ao sistema capitalista liberal e os obstáculos para a sua generalização e preservação, à medida que adentramos o novo milênio;

    2.      examinar o presente curso da economia mundial à luz dessas ameaças e obstáculos;

    3.      recomendar estratégias, medidas concretas e mudanças de rumo com o objetivo de ampliar ao máximo as possibilidades que o sistema capitalista de mercado aberto globalizado proporcionará.

    Para tanto, o grupo teria que aceitar, sem restrições, a premissa fornecida pelos Grupos de instruções do Relatório: “…um sistema liberal globalizado, baseado na economia de mercado, deveria não apenas ser a norma mas o sistema triunfante no século XXI. Vemos um sistema econômico baseado na liberdade e no risco individuais como o guardião de outras liberdades e outros valores” (p. 25). Ademais, o grupo de consultores deveria “…deixar de lado sentimentos, preconceitos e idéias preconcebidas…” (p.26). Ao final, o Grupo de Trabalho encaminha sua tarefa anunciando que “Este relatório tentou proporcionar aos grupos de Instruções uma avaliação clara e responsável da situação do capitalismo global e da economia de mercado para o século XXI (parte I) e meios teóricos e práticos para evitar o desastre e a paralisia potenciais (Parte II)”, baseados na premissa básica e em premissas econômicas, políticas, de negócios, financeiras, ecológicas e demográficas a respeito do funcionamento do sistema capitalista global.

    O diagnóstico volta-se aos perigos, às ameaças e aos obstáculos ao sistema:

    a) o desequilíbrio ecológico: “Estima-se que 70% da população mundial já esteja vivendo em áreas com escassez de água. Conflitos ecológicos ocorrerão primeiro no Oriente Médio, na África saeliana e na Ásia, envolvendo, a seguir, regiões mais favorecidas, com resultados imprevisíveis para a economia” (p. 29).

    b) o crescimento pernicioso: “Se o crescimento já esteve intimamente relacionado com a melhoria do bem estar de todos, esse não é mais o caso. Mais e mais, o crescimento econômico é provocado por fenômenos sociais que a maioria das pessoas prefere evitar” .(p. 31). O paradoxo econômico significa que, cada vez mais, o crescimento do Produto Interno Bruto se expande com custos de segurança, construção de presídios, reabilitação de drogados, consertos decorrentes de estragos causados por ataque terroristas, etc.

    c) a distribuição de renda: As desigualdades e contrastes crescentes constituem uma verdadeira ameaça, com uma nova característica: “a tendência de o rico em informação provocar a raiva e a violência do pobre em informação” (p.32).O pobre em informação torna-se disfuncional, socialmente descartável, uma vez que sua disposição de trabalhar, sua força muscular são irrelevantes na era da informação. “Outras disparidades podem ser completamente irrelevantes nessa dialética da raiva e da violência. Um exemplo, freqüentemente mencionado pelos moralistas, diz respeito aos cerca de 450 bilionários cujas rendas somadas, dizem, é equivalente à renda somada de meio bilhão de pessoas no Terceiro Mundo…” (p. 33).

    d) capitalismo de quadrilha: O crime em larga escala, economias paralelas, tráfico de drogas, contrabando de armas, lavagem de dinheiro, corrupção de toda espécie. Grandes áreas do planeta já estão fora da jurisdição do Estado.

    e) dívida externa: “Países pesadamente endividados ganham muito mais exportando drogas, armamento leve ou emigrantes do que produtos de consumo primário legais (p. 36).

    f) colapso financeiro – volatilidade inerente dos mercados financeiros. O diagnóstico se completa concluindo que o crescimento econômico torna-se cada vez mais fonte de empobrecimento; os efeitos sociais indesejáveis podem minar os benefícios econômicos; as economias ilegais ganham força; desordens geopolíticas; mercados financeiros instáveis e ameaçadores.

    Diante desse diagnóstico são examinados os mecanismos de controle, instituições internacionais envelhecidas e ineficazes (ONU, FMI, Banco Mundial, etc.), com exceção da OMC, única atuando diretamente no sentido de impedir que os excluídos dos países desenvolvidos e inteiros países não desenvolvidos participem do banquete.

    A agudez da crise está configurada: “Não nos deveria espantar que mercados desregulados (ou ‘auto-regulados’) sejam perfeitamente capazes de produzir tensões (tensão em grande escala, agitação social, degradação do meio ambiente, ruína financeira) que consomem o próprio mercado. Não existem amortecedores de alcance planetário, no modelo atual, para absorver esses golpes. Uma vez que estamos diante de um sistema inerentemente frágil, ao qual falta um regulamento que o legitime, não podemos deixar de nos colocar em guarda contra um acidente global para o início do século XXI, se não para antes” (p.52). A partir desse diagnóstico, o Grupo de Trabalho tenta sintetizar o impacto da situação mediante a utilização da conhecida equação:

    Impacto (sobre a terra)= Consumo X tecnologia X população

    Os recursos naturais limitados e a inexorabilidade do crescimento tecnológico no sistema capitalista tornam a população a variável chave, crucial e decisiva para a salvaguarda do sistema. Na verdade, um futuro econômico viável no quadro das pressões impostas pela biosfera depende de três elementos:

    · número de pessoas no mundo

    · quantidade, qualidade e natureza do que consomem

    · tecnologia empregada para produzir o que elas consomem e para tratar do lixo que elas produzem.

    O recurso adotado pela autora lhe permite destrinchar as dimensões ideológicas bem como as implicações de conceitos fundantes nas análises recorrentes sobre a globalização; assim, por exemplo, os consultores “escolhem”, como medida de impacto, o conceito de “marca ecológica”, ou seja, a quantidade de recursos ecológicos necessários para subsidiar as necessidades de uma dada população com um certo nível de consumo e de tecnologia; esse método divide a área dos ecossistemas produtivos do planeta pela cifra da população mundial. Os consultores acreditam ser esse conceito melhor do que o de “capacidade de carga” ou “capacidade de suporte”, uma vez que a medida preferida integra fatores como comércio e urbanização e faz da geografia uma ciência verdadeiramente globalizada.

    É na dimensão populacional que a autora leva ao extremo sua argumentação lógica: os consultores deparam-se com um contingente mundial de aproximadamente seis bilhões de habitantes… absolutamente inviável no contexto analisado: “Em 1948, quando os signatários da Declaração Universal dos Direitos do Homem se reuniram em assembléia, a população mundial era de cerca de 2,5 bilhões de habitantes. Na época esse objetivo era utópico; hoje, ele está completamente fora de questão: éimpossível garantir esses ‘direitos’ para seis bilhões de pessoas, cuja maior parte vive na miséria” (p. 71).

     

    Sobre a autora

    Susan George é licenciada em filosofia pela Sorbonne e doutora em política pela École des Houtes Études en Sciences Sociales (Paris). Autora de diversos livros, é dirigente da Attac-França (Associação pela Taxação das Transações Financeiras em apoio aos Cidadãos).

  30. Os compromissos do Estado Social com a economia ecológica

    OS compromissos do Estado Social na política do PT com o fortalecimento da economia ecológica.

     

    Gostaria de ampliar o debate sobre este tema e avançar em outra discussão (ou a mesma) sobre o que separa efetivamente a Economia Ambiental da Economia Ecológica Marxista.

    O debate sobre o crescimento do PIB também é central. No modelo do desenvolvimento capitalista pode ocorrer que o PIB cresça em ritmo menor do que a “mais valia global” (no regime militar o crescimento do PIB de 10% ao ano não favoreceu os salários dos tralhadores, mas sim foi apropriado como um lucro ampliado das empresas privadas ). A força da economia social – via fortalecimento do Estado democrático – constitui um contraponto a hegemonia do capital. O professor Ladislau Dowbor possui um excelente estudo sobre isto.

    Por isto eu considero as opiniões do Gianetti mais uma apropriação equivocada de um acervo teórico que buscar incluir a economia como um sistema no interior de um sistema maior que é o meio ambiente. No âmbito da economia ambiental os chamados mercados “auto-regulados” são considerados não como construções sociais (assim como o meio ambiente também o é), mas como estruturas independentes, em que o meio ambiente é apenas um dos fluxos de alimentação do sistema economia. Volto a dizer – o meio ambiente é uma construção social, como todas as estruturas “olhadas/trabalhadas” pelos humanos. Ele não é um sistema natural na medida que é apropriado pelo saber humano.

    Para compreender isto é fundamental o entendimento do que é a Economia Social, que possui uma boa referência na chamada economia plural. Trata-se do reconhecimento de que o capitalismo embora hegemônico não é monolítico. Além do próprio estado e de suas empresas, a agricultura familiar é um excelente exemplo de um modo de produção singular – o trabalhador/proprietário do negócio agricultura familiar é dono do trabalho, dos seus meios de produção e de toda sobra do seu trabalho. Em ceta medida isto acontece também com os pequenos negócios urbanos e com todo os sistemas das economia solidárias populares (como a UNISOL BRASIL- sede em São Bernado e com a Confessol).

    Sei que expus de forma muito breve uma grande quantidade de conceitos que precisam ser tratados com profundidade. Mas isto foi apenas para alimentar este debate. Diga-se de passagem o grande compromisso histórico do PT é com a Economia Social, exatamente o oposto do que propõe Marina e Aécio. 

     

    1. Soluções socialistas de planejamento!

      Li há mais de quarenta anos na revista Realidade uma reportagem sobre o trafego nas grandes metrópoles. Depois da reportagem entrevistaram os prefeitos das maiores cidades do mundo, que na época s aproximavam de um número máximo de automóveis sem o necessário gasto de bilhões para resolver o problema de circulação.

      Todos os prefeitos davam soluções mirabolantes típicas do urbanismo da década de 60 e 70, quando foram perguntar ao prefeito de Moscou que ele faria quando se aproximasse deste limite, ele respondeu com clareza:

      – Quem quiser comprar um automóvel que saia de Moscou!

      Devido a falta de concepções mais modernar de Urbanismo, a resposta foi motivo de risos, mas se pensarmos nos dias atuais foi a resposta mais inteligente e sustentável.

      Podemos divergir da que na época era considerada uma postura autoritária, mas a transferência do custo ambientais para as populações em geral, me parece um grande divisor de águas que pode separar uma economia capitalista de outra com um socialismo real (insisto não estou fazendo uma defesa do socialismo real da antiga União Soviética), e não é com um socilismo utópico que vamos levar as pessoas a por moto próprio fazer o que é certo mais é incômodo, porém isto deve ser feito sempre dando novas alternativas (como no exemplo transporte público de qualidade).

    2. Não se trata de fazer diferenciação semântica.

      Criar o campo “Economia Ambiental” para opor a ele o campo “Economia Ecológica Marxista”; trata-se de criar uma visão materialista da questão ambiental. Se a teoria neo-clássica já é uma visão idealista da própria economia, não será na investigação do ambiente que ela vai encontrar materialidade. Mas a corrente teória marxista da economia tem de ter a humildade, para enxergar as contribuições vindas de pensadores não-marxistas, com visões materialitas do processo produtivo e antagônicas das teses neo-clássicas; a síntese que se extrai dessas contribuições não é rigorosamente “marxista”, são várias as contribuições, o mais correto é classificá-la de materialista.

      As expressões “economia ambiental” e “economia ecológica” rigorosamente querem dizer a mesma coisa e, ao mesmo tempo, dizer nada. Existe o ambiente, o habitat, um espaço material que qualquer espécie de ser vivo necessita para sua sobrevivência e reprodução. Qualquer espécie que deprede o ambiente onde se encontra tem duas opções, ou muda de ambiente, ou sucumbe com ele. Chama-se Ecologia a ciência que estuda o habitat e a relação dele com as espécies que nele vivem. Como ser vivo, o H. sapiens precisa de um habitat, para sobreviver e reproduzir suas complexas sociedades; a ciência que estuda o habitat humano deveria ser reconhecida como Ecologia Humana; esta definição é muito mais abrangente do que a definição de “economia isto” ou “economia aquilo”, a Economia como a conhecemos deve ser encarada como um sub-conjunto da Ecologia Humana.

      O auto-proclamado H. sapiens – que de sapiens não vem demonstrando na sua história nada – adquiriu uma capacidade enorme, de intervenção e modificação do seu habitat. Essa capacidade teve diferentes intensidades ao longo da história, foi imensamente acelerada nos últimos dois séculos, quando se multiplicou em mais de cem vezes. Diante desse fantástico crescimento experimentado na história recentíssima do H. sapiens, as correntes idealistas acreditam que ele possa prosseguir nesse ritmo eternamente. O senso comum do H. sapiens nestes tempos que correm está baseado, no idealismo de perseguir o crescimento perpétuo dentro do seu habitat finito, ele “pensa” ser possível realizar tal paradoxo e apóia as modificações destrutivas do ambiente que o acolhe. É um animal estúpido, mergulhado na ignorância e, principalmente, na alienação, que persegue um objetivo catastrófico para sua espécie.

      O marxismo esclarece muito sobre a natureza dessa estupidez humana e, sobretudo, da sua alienação; é um instrumento eficaz, mas não suficiente – precisa agregar outras contribuições – para abordar a Ecologia Humana.

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