Por Antonio Francisco
Contam que vez ou outra Manuel Bandeira se desesperava – pois, sofria de doença pulmonar e vivia cercado de limitações, por causa disso. Foi então que, certo dia, a angústia o estava sufocando além da conta – e ele se lembrou da palavra Pasárgada, nome dado ao lugar na Pérsia onde Alexandre o Grande costumava descansar quando as batalhas o permitiam. Este nome, Pasárgada, Manuel Bandeira ouvira pela primeira vez durante uma aula de História, na época em que sua saúde estava boa e ele estudava num bom colégio.
Tão logo se lembrou desse nome, conta ele que um poema lhe veio à mente e foi dela passado para o papel quase de imediato.
Era o Vou-me Embora pra Pasárgada, que foi muito lido tanto em português quanto em outros idiomas, a ponto de ser citado em inglês e em português na Wikipedia inglesa que fala a respeito do local chamado Pasárgada, no Irã.
http://en.wikipedia.org/wiki/Pasargadae
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Fonte: http://www.releituras.com/mbandeira_pasargada.asp
A biografia de Manuel Bandeira é bem interessante, e pode ser lida em vários sítios na internet, por exemplo, em
http://www.releituras.com/mbandeira_bio.asp
O local de nome Pasárgada tem algumas de suas ruínas preservadas como patrimônio mundial da Unesco.
Nesta foto, a fortaleza de Pasárgada, cuja estrutura não era muito diferente da Acrópole de Atenas, segundo a Wikipedia:
Abaixo, o Hall de audiências do Palácio de Pasárgada:
Foto de uma das paredes da tumba de Ciro o Grande com a inscrição em três idiomas:
“Eu sou o rei Ciro , um Aquemênida.” escrito nas línguas Antigo Persa, Elamita e Acadiano . Está esculpido numa coluna em Pasárgada.
Uma curiosidade:
Eu já trouxe Pasárgada a este blog do Nassif, pelo menos uma vez, em 06/06/2011:
https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/fotos-charges-e-tirinhas-110
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
um dos mais belos poemas da
um dos mais belos poemas da poesia brasileira.
ele brtincava com a tuberculose,em peneumotórax:
diga 33.
respire.
(tuberculose)
– então, doutor, não é possível fazer um pneumotórtax?
não. a única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Vou-me embora pra Pasárgada…
…onde nunca falta água.
Persepolis
Pasargada, nossa utopia. Quem sabe no au-delà, no apos chegaremos ao paraiso.
Adoro uma historieta sobre Bandeira
No colégio em que Bandeira estudava se usava Os Lusíadas para o ensino de análise sintática, o que já foi muito comum (cheguei a pegar um restinho disso). Só que o poema tem muitas passagens eróticas, e os padres as cobriam com tarjas negras. Ou seja, ensinavam aos alunos exatamente onde estavam os trechos eróticos… Claro que os garotos encontravam uma ediçao nao censurada. Agora vejam, Camoes foi para Bandeira nao só o livro de análise sintática mas o livro de sacanagem… Era um livro de sacanagem de excelente qualidade! Quem teve um livro de sacanagem desses só podia dar em poeta…
Será que ao se referir ao
Será que ao se referir ao TELEFONE AUTOMÁTICO ele antevia a invenção do celular? Quem sabe!
Pasárgada está dentro de nós
Pasárgada está dentro de nós 🙂
Manuel Bandeira presente!