A nau dos profetas embalsamados (3), por Wilson Luiz Müller

Eu só queria saber onde está a lógica de interpretar a inteligência das mensagens tendo que usar o nariz?

A nau dos profetas embalsamados (3)

(Viagem ao fim do mundo)

Eu vim para destruir – capítulo 3

por Wilson Luiz Müller

O rábula ficou se remexendo, tinha receio de irritar demais o capitão, mas precisava entender melhor a questão da mudança da contagem do tempo.

Até porque, disse o rábula, isso tem implicação direta com o meu plano de incremento dos calabouço, porque tive uma ruga com o chefe da câmera baixa por causa do plano, foi uma discussão sobre forte emoção que ocorreu ali, mas graças ao deus todo poderoso nenhum incidente mais dramático ocorreu na sequência, apesar dos 80  xingamento disparado, tudo sobre forte emoção, mas foi uma discussão entre cidadãos de bem, então nada de ruim pode acontecer, mesmo quando sobre forte emoção, ou de arma na mão, até rimou, que bão! Rimou porque não teve negão, senão ia dar ruim, alguém ia acabar morrendo, porque sempre tem confusão quando aparece os negão. Mas daqui a pouco, mudando o tempo para centenário, e no plano estando a contagem em dias, pode vim a acontecer que em vez de encher mais os calabouço, a gente acabe esvaziando eles, inclusive preso perigoso poderia ter cumprido tempo demais e ainda reclamar indenização. E tem o aspecto da retroatividade benigna, quando a lei retroage para beneficiar os bandido, e isso pode acontecer se…

Isso não pode acontecer, interrompeu o capitão, alarmado. Essa  mamata de lei beneficiar bandido acabou, ainda mais se for pra trás. Quem tá preso, tem que apodrecer no calabouço. Ajusta isso no teu plano, vê isso com o pessoal das peruca branca pra ver o melhor caminho de estancar isso daí. Coloca por extenso no plano, bem grifado, principalmente em relação ao principal. O barbudo tá velhinho, parece coitado, mas a mim não engana, ele é bem perigoso. Não pode arriscar perder esse bom serviço prestado pra nós, ô rábano, não, rábula, diacho de propaxita, temo que mudar isso logo. Se ele sair, estamos perdido. No dia seguinte,  o povo todo vai cuspir em nós. É sério isso, o eremita do monturo tem razão nisso. Cuida disso com carinho, rânula, diabos, rábula.

Pode deixar, capitão, respondeu o rábula, prescrutando os olhos do chefe para descobrir alguma intencionalidade nos seguidos erros de pronúncia do seu nome.

Estão misturando demais os assunto, reclamou o capitão, é muita coisa pra pensar ao mesmo tempo. Deixa primeiro eu explicar direito de onde vem a antiga forma de contar o tempo, que o ermitão do monturo explicou  pra mim por meio de sinais. Na farsa científica, inventaram que a terra gira em torno do sol. Que ela gira em torno do sol e de si mesma. Então porque eles criam esse factoide? Pra concluir que a terra é redonda. Porque se fosse plana não tinha como girar em torno de si. Porque todos sabe que as coisa plana não tem como girar. E como que uma coisa ia girar sem fim sem um motor acoplado? Não tem lógica nenhuma. Eles diz que cada giro é um dia e uma noite. Olha o absurdo, é bem diferente do que está no nosso livro, que é bem mais antigo, mais lido e mais famoso que qualquer cientista. Então eles não tem prova de que a terra é redonda, que gira em torno de si e que gira em torno do sol. De tanto repetir essa asneira, muito gente começou a acreditar, apesar de ser uma afronta ao que nós vemos todo santo dia. O sol nasce num lado, vai girando durante o dia e desce no outro lado. E querem nos convencer do contrário. E como nós não ia cair fora da terra quando ficasse do lado de baixo?

Todos estavam muito espantados com esses argumentos, pois nunca tinham refletido de forma crítica sobre essas verdades anunciadas pelos cientistas. A atenção concentrada dos assistentes motivou o capitão a aprofundar as suas reflexões anti-heliocêntricas.

E agora que tive a oportunidade de viajar por todo mundo eu confirmei essa verdade de que tudo é plano. Tem alguns morros altos, daí a gente sobe mais depois baixa de novo, mas sempre em linha reta. Eu fui em país que pelo globo fica do outro lado do mundo. Isso é muito claro. Se aqui eu fico de cabeça pra cima, no outro lado do mundo, se fosse redondo, eu teria de ficar com a cabeça pra baixo e cair pra fora. Mas não, eu chegava no outro lado do mundo e ficava também de cabeça pra cima, e nem caía pra baixo. Então isso é uma prova grande, que a gente vê com os olhos. Mas se os cientista não aceita isso como prova de que a terra é plana, nós também não aceita a ideia deles de que é redonda, porque eles não tem uma prova melhor que a nossa. É ideia contra ideia, chama isso de guerra ideológica conforme ensinamentos vaporoso do ermitão do montureira. Então até aqui estamos empatado.  Onde saímos ganhando? Se não temos prova, temos convicção. Um a zero. Além disso, temos o mais famoso livro escrito do alto a nosso favor, o que não é pouca coisa. Então, dois a zero pra nós. Ou seja, só vamos voltar a perder esse jogo para os comunista se a gente for muito ruim na defesa das nossas convicção e da verdade do livro.

Capitão, eu ainda não entendi como vai funcionar a nova contagem do tempo, disse com certa impaciência o rábula; na medida em que dizia isso, vendo a reação nada abonadora do capitão, sentindo-se infeliz com suas intervenções (ou seria má vontade do capitão para com ele?, matéria que decididamente ele desconhecia até aquele momento), sua voz foi afinando, ao ponto de restar audível ao final um silvo que lembrava o grasnar de um pato selvagem voando desesperadamente ao entardecer, por ter sido abandonado por seu bando, quando lhe saíram a muito custo os seguintes vocábulos, todos emoldurados na nova língua em vias de construção, menos por opção do que por necessidade: quantos dia precisa para encher um centenário?

Tem uma outra dimensão espiritual que eu gostaria de abordar, começou lentamente a enunciar a profetiza de morta. Era a única mulher entre todos aqueles homens transbordantes de testosterona, que,  com a discussão de temas complexos e urgentes, com os quais não tinham familiaridade, e considerando estarem confinados no porão principal da nau, que mesmo sendo o principal, era acanhado para o tamanho dos homens que ali se amontoavam,  transpirando eles fartamente, deixando o ar empestado, fazendo a todos irritadiços,  sabido ainda não ser, a alguns dos presentes, nenhuma contingência dessas condição necessária para terem seu humor alterado, ato contínuo à fala da profetiza, tiveram os referidos nessa sequência ilógica de orações, a inesperada e contraproducente reação de suspender a respiração enquanto aguardavam aflitos o desenrolar da fala profética, de resto nada simples de ser assimilada, mesmo sem os pulmões estufados de ar saturado de gás carbônico.

Vejam o forte simbolismo disso tudo, continuou a profetiza da família das guabirobas, alheia à estranha reação dos homens. Vejam que no livro, quem tudo pode, não fez tudo num único dia. Cada dia fazia um pouco. Como nós não somos nada perto dele, apenas um grão de pó talvez, o que se poderia esperar que pudéssemos fazer num dia? Um pó ao infinito negativo. Quantos dias são necessários para que um pé de guabiroba, pitanga, guabiju, uvaia, camboci, cuxita, guajuraia, eu sei, estão esperando pela goiaba, um pé de goiaba então, quantos dias? Ninguém sabe, nunca saberemos, a ciência nunca poderá nos dar uma resposta definitiva sobre isso. Cada pé de guabiroba, cada pé de pitanga, cada pé de guabiju (o capitão começou a mexer nervosamente os pés na esperança de acelerar a explicação da profetiza, mas ela seguiu impávida na citação exaustiva de todas as árvores conhecidas da família das mirtáceas, donde se originara seu carinhoso sobrenome diminuto), cada pé de uvaia, cada pé de camboci, cada pé de cuxita, cada pé de guajuraia, cada pé de goiaba…

Pelo amor de deus! Exclamou o capitão. Onde quer chegar? Nem me lembro direito porque começamos a discutir isso.

Quero dizer que nós somos mais que um pé de guabiroba, um pé de uvaia, um pé de guajuraia…

Guaxumba! fez o capitão com uma sonoridade que lembrava um rosnado.

Não, caxumba é praga, não faz parte da família das mirtáceas, como a pitanga, a cuxita..

Tá ok. Pode pular essa parte, já pegamo as fruta mirtacenta. Tá bom assim.

Temos que focar nas coisas urgentes a serem feitas, pensar num plano de trabalho, disse o imediato. Parece que não estamos saindo do lugar. Pelo que entendi, até agora passou um centenário, e estamos inaugurando o segundo centenário. Sem um plano de ação mais consistente não vejo que tenhamos melhor sorte neste novo centenário.

Ô imediato, se tem uma coisa que não vou aceitar é estelionato, não quero terminar meus dias no calabouço, respondeu rispidamente o capitão.

Fez-se silêncio durante alguns minutos, todos esperando pela explicação adicional. Como ela não veio, o pequeno ancião arriscou.

Mas onde estaria o estelionato pelo fato de fazer um plano de trabalho para os próximos centenários?

O que eu passei falando a minha vida toda? Matar vagabundo, pendurar comunista em pau de arara, botar mulher de volta no chiqueirinho dela, o preto voltar pro lugar que ele mesmo sabe onde é, fazer viado tomar jeito senão entra no porrete.

Se forem consultar os anais,

é isso que vão encontrar,

isso e nada mais.

Capitão, se me permite, disse respeitosamente o rábula, olhando para o vazio à procura da palavra certa para não melindrar o capitão em assunto tão sensível, mas ele achava que tinha obrigação de falar, porque se tinha alguém nesse porão que tinha autoridade para falar da poesia do corvo era ele, que era, depois do tema dos calabouço, seu tema de maior interesse. Mas no original da poesia do corvo, continuou ele, anais não rima com nada mais, mas sim com nunca mais.

O capitão foi pego de surpresa, e por pouco o sangue não lhe sobe na cabeça, e daí ele ia mostrar quantas penas pretas de corvo iam sair fumegando com 80 estouro de bambu fumegante da fogueira de são joão. Mas se conteve a tempo e respondeu simplesmente.

Eu quero que o corvo se exploda! Depois tentou retornar à narrativa, mas não se lembrava onde tinha parado. Na verdade, não se lembrava do que estava falando. Cavando mais fundo na  sua mente, assustou-se com o fato de não se lembrar de absolutamente nada.

O que estamos fazendo aqui? Quem são vocês? Por que estão me olhando desse jeito?

Estamos discutindo o plano de destruição, respondeu pausadamente o pequeno ancião.

Ah! Lembrei tudo, tive uma explosão na mente seguida de uma iluminação! Kkkkkkkkkkkk

Esperou o tempo necessário para que todos pudessem terminar de rir.

Em que parte eu estava?

Falando dos anais, disse a profetiza de mirta. Imagino que estivesse se referindo aos anais da história.

Ah sim, perfeito profetiza. Esse nome não é paroxita, mas é muito grande, temos que achar outro. Pois bem, os anais. O que registram os anais? Eu fui escolhido para fazer a  limpeza, pra tirar essa gentalha do nosso meio, pra não deixar NUNCA MAIS entrar, elevando o tom da voz, com ênfase no nunca mais. Olha aqui o nunca mais do corvo. Ô rábula, tem que saber esperar. Não pode ir entrando no porão principal e querer escolher a escotilha com a melhor visão do infinito do mar.  Quem de vocês me viu prometendo plano de trabalho para resolver as questão? Eu fui escolhido para fazer o que eu sempre falei. Então eu não posso trair quem me escolheu. Ah! mas de repente as pessoas esperava outra coisa, ia querer uma boa solução para os probleminha dela, não sei o quê. Esses daí deviam ter escolhido as pessoas que falaram isso, teve um monte de gente falando e fazendo promessa de plano de trabalho, essa babaquice que todo mundo tá cansado de ouvir. Ah, mas olha as necessidade do povo, a esperança da nação. Mas que povo e que nação me viram defender? A nação que temos que ter lealdade é o Irmão do Norte. Que bandeiras ocês viram eu jurar lealdade. Então não venham botar as palavra de ocês, as esperança de ocês na boca de quem não tem palavra nem esperança, porque nunca falei dessas matéria. Eu fui escolhido para destruir, não fui escolhido pra construir. O que eu falei foi falado e refalado. Se alguém escutou outra coisa, que eu vim pra construir, pra fazer plano de trabalho, problema de quem escutou mal, eles que vão limpar as orelha primeiro. Se tem algum burro na história, esse não sou eu.  Orelha grande é de quem escutou com sinal trocado o que eu falei.

As pessoas não querem mais a moral, a esperança,  as instituições podres. Tudo isso foi substituído por mim, por livre vontade das pessoas que me escolheu, iluminadas que estavam pelo deus todo poderoso que está de prova de que foi assim, porque eu cito ele toda vez que posso e não me caiu nenhum raio na cabeça, o que é mais uma prova que ele está comigo e não com os comunista. Espero que tenham entendido isso de uma vez por todas, que não precise explicar a toda hora a mesma coisa.

O que vamos destruir exatamente, perguntou o rábula.

Vamo seguir na tua pegada, respondeu o capitão.

Todos ficaram em silêncio, esperando pelo capitão. Como era comum acontecer, às vezes ele ficava repentinamente em silêncio, e as pessoas em torno não sabiam exatamente por quê, se estava procurando alguma palavra adequada que não vinha, se estava desgostoso com o interlocutor, ou se não era nada, se apenas ele falou o que achava que tinha a falar, e as pessoas esperavam que ele tivesse algo mais a comunicar. Assim ficaram alguns minutos em silêncio, até o capitão desconfiar que esperavam por alguma explicação adicional sobre os planos de destruição.

Assim ó rábula, o que deu certo, do nosso lado, que fique claro,  aí é só continuar, não sou tão burro. Ocê fez um trabalho maravilhoso, não sobrou pedra sobre pedra como diz o ditado. Então é só incrementar isso. Como é esse inscremento? Destruir as bases de sustentação dos comunista. O eremita do monturo e os discípulo dele estão avançados nesses estudo. Estão trocando sinais faz tempo, se aprofundando na matéria. Porque se destruir essas estrutura dos comunista, nos livramos deles até a terceira geração, como está escrito no livro. Essa vai ser a nossa grande obra. Nossa missão é tirar eles do páreo, e aí automaticamente, sem precisar fazer mais nada, fica bom pra todo mundo, os cidadãos de bem que me refiro.

Como vamos fazer isso? Perguntou pequeno.

É simples. Temos que provar que eles se baseiam em dogmas científico falso. Se provar isso, todas as promessa deles fica desmoralizada, fica sem sustentação. Então a primeira e mais importante iniciativa vai ser essa viagem onde vamos provar de forma definitiva que a terra é plana.

Todos ficaram um tanto chocados com o anúncio dessa primeira iniciativa, porque a alguns parecia haver ações mais urgentes. O  imediato tomou a palavra:

Mas capitão, até reconheço a importância da iniciativa pelo que tem de grandioso, mas vamos consumir muita energia nessa empreitada. E ainda há uma chance de que não tenhamos êxito em conseguir uma prova definitiva sobre a mentira da terra ser redonda. Por isso pondero que…

Ô imediato, aqui não tem lugar pra gente que duvida. Ocê viu o nome da nau?

Abasalão.

Exatamente. Ocê acha que abasalão seria o escolhido do todo poderoso se ele tivesse dúvida?

Não compreendo a relação. E tanto quanto me lembro, o escolhido foi o pai de abasalão…

Ô imediato, ocê não entende porque não leu o livro. Se está escrito abasalão no casco da nau é porque o escolhido foi ele e não o pai dele ou avô dele. Donde ocê tira essas coisa? Com os Peru amarelo? Esses só pensam em cifra, não entendem nada do livro. Quem foi batizado nas águas santa, eu ou ocê? Quem tem do seu lado os grandes defensor do livro, eu ou ocê?

O pequeno ancião percebeu que seria infrutífero seguir questionando o anúncio da mais importante iniciativa a ser empreendida pela tripulação da nau abasalão.

Capitão, como vamos fazer essa prova de que a terra é redonda?

Vamos lá. O ermitão firmou convicção, a terra é plana. E ela também não é infinita. Então tem aquelas coisas da filosofia que o ermitão exala. Se é plana não é infinita. Logo, ela tem fim. Não sei como chama isso na filosofia..

Hermenêutica. Enunciado, premissa e conclusão, explicou o rábula, tentando se lembrar do último livro que leu sobre filosofia quando ainda adolescente. Mais ou menos isso, completou, para se resguardar de um eventual erro nas sujas definições.

Não tem problema, não carece tanta precisão. Pode ser mais ou menos. Tudo que é muita precisão vira essas confusão, gosto quando me aparecem essas rima difícil de fazer, sempre é um bom sinal, de que estou sendo guiado e iluminado do alto da sabedoria.

O imediato se mostrou incomodado com a perspectiva de que fossem tomadas decisões importantes para o futuro da missão sem que se tivesse ao menos um esboço descritivo.

Como o eremita do monturo passou essas orientações, onde estão escritas?

Não tem nada escrito, foi tudo passado por sinais vaporosos.

Quer dizer sinais de fumaça, capitão?

Não, vapor mesmo,  gasoso azedo. Ciência oculta. Tem que interpretar com o nariz.

Como com o nariz, quer dizer cheirando?

Não é só cheirar, é mais complicado. Depende do dia, se é gasoso, se virou líquido, se endureceu. Então não é só cheirar, depende do estado,  tem que trancar a respiração, se agachar bem firme, forçar o pulmão como se fosse soprar mas sem soprar, depois encolher o pulmão como se fosse sugar mas sem sugar e esfregar o nariz em movimentos circulares para conseguir sintonizar a frequência certa, que entra pelo nariz e vai até o cérebro, e daí explode em iluminação, as vez dá um branco antes, como se tivesse morrido e transposto o umbral. Deu pra entender agora, ou quer mais detalhes?

Eu só queria saber onde está a lógica de interpretar a inteligência das mensagens tendo que usar o nariz?

O que ocê quer insinuar ô imediato? Que a lógica é ocê ser o escolhido porque é mais cheiroso? A lógica de quem me escolheu é diferente. O escolhido, o principal, sou eu. O que isso tem a ver em achar ruim o  nariz de quem me escolheu?

Quem começou a introduzir o nariz foi o senhor, capitão. Eu, como sempre, só quero ajudar.

Claro imediato, ocê ajuda bastante, principalmente o seu filhão. Menos vaca sagrada pro povão e um belo bezerro do ouro pro filhão, baita teta. Mas já que quer mesmo detalhes do nariz, você tinha que estudar de novo as mudança de estado, as vez é líquido, outras vez gasoso e outras vez sólido. E pode mudar de um estado para outro, de uma hora pra outra, dependendo do estado de espírito. Então o nariz tem se entortar conforme o estado. Imagina o seguinte. Ocê tem um gato que caga fedido dentro de casa e que não sabe cagar na caixinha. O que ocê faz? Pega o bicho e esfrega o focinho na cacaca, bem esfregado, pra ficar a lembrança da cacaca presa no nariz de que fez uma cagada no lugar errado. Se isso ajuda a entender, forma essa imagem na tua cabeça, deixa os outros fazer o que quiserem com seu nariz.

O imediato achou melhor esvaziar a controvérsia, fazendo um vago sinal com a mão, incompreensível para o capitão, que prosseguiu no detalhamento do plano de destruição das bases de sustentação do comunismo.

Então o plano é esse,  viajamos sempre em linha reta e um dia chegamos no fim do mundo. Porque não é infinito, entendem? Então fotografamos, filmamos, fizemos selfie, voltamos e desmoralizamos para sempre os comunista.

Onde está a carta de navegação? Perguntou o imediato.

Que carta? Não tem carta nem cartinha. Não entendeu ainda ô imediato que acabou essa era de gente viver de escrever cartinhas, poeminhas, versinhos, em vez de trabalhar? É braço no leme e olho nas estrelas, como antigamente. Quem achar que a missão é muita dura, ainda tem tempo para desembarcar.

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