No Brasil, menos de 2% das empresas inovam

Inovar e diferenciar produtos é o caminho para as empresas brasileiras ganharem destaque no cenário mundial. A afirmação é de Mario Salerno, coordenador-geral do Observatório de Inovação e Competitividade e professor da Escola Politécnica da USP(Universidade de São Paulo), na palestra ministrada no 12º Fórum de Debates Brasilianas.org sobre Política de Inovação Tecnológica, na última terça-feira(30), em São Paulo.

Salerno apresentou dados do Ipea(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que avaliam a influência das políticas públicas de inovação na indústria brasileira, colhidos de diversos outros institutos no período de 1996 a 2002, abrangendo 72 mil empresas e 5,6 milhões de trabalhadores. O estudo aponta que as empresas que inovam e diferenciam produtos, apesar de representarem somente 1,7% do total, respondem a 25,9% do faturamento de todas as empresas. Os salários nestas empresas também são mais altos do que naquelas em que não há diferenciação de produtos. “Inovação gera efeitos positivos sobre salários, exportações, produtividade e  crescimento”, afirmou o professor.

Em relação aos investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento(P&D), Salerno mostrou que o esforço inovativo é muito maior nas empresas nacionais do que nas filias das estrangeiras. As nacionais gastam 80,8% mais em P&D interno como proporção do faturamento. No caso das transnacionais instaladas no país, 79% delas não inovam nem diferenciam produtos, já que geralmente o esforço tecnológico está concentrado nas matrizes destas companhias.

O professor da USP ainda falou que o processo da inovação não é linear e não segue necessariamente um fluxo de geração de ideias para o desenvolvimento do produto e, então, seu lançamento. Tal processo é mais próximo de uma rede do que de uma cadeia, e que as ideias e seu desenvolvimento são influenciados pelas necessidades da empresa, pelo mercado e pelo dispêndio total da produção. Muitas vezes, o desenvolvimento de um novo produto pode esperar pelas vendas, para que a escala seja viabilizada.

A proteção da inovação depende de alguns fatores, como, por exemplo, do próprio setor da empresa. Salerno diz que os setores farmacêutico, eletrônico e químico protegem mais as patentes do que o setor metalúrgico. Além disso, a proteção vai variar de acordo com a capacidade da empresa valer seu direito de propriedade intelectual.

Por último, o coordenador do Observatório de Inovação e Competitividade ressaltou que “a Política Industrial relevante está orientada para fortalecer estratégias competitivas marcadas pela inovação”, e que isto deve ajudar na disseminação da cultura da inovação.

Redação

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