70 anos de Sidney Miller

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Mara L. Baraúna

Sidney Álvaro Miller Filho (Rio de Janeiro, 18 de abril de 1945 - 16 de julho de 1980)

O carioca Sidney Miller estudou no Colégio Santo Inácio, onde  publicaria seus primeiros versos na revista da escola. Com apenas 12 anos escreveu um romance, ilustrado por ele mesmo com recortes de revista. Ainda menino, começou a compor tocando violão de ouvido.  

Sidney dividiu-se entre a sociologia, a economia, a literatura e o violão. Preferiu dedicar-se à música quando, aos 18 anos, teve o talento reconhecido quando Nara Leão gravou Pede Passagem

Em 1965, a participação de Queixa, samba feito em parceria com Zé Kéti e Paulo Tiago, no I Festival de Música Popular Brasileira da TV Excelsior (SP), obtém o 4º lugar, defendida por Ciro Monteiro. Foi o início de uma série de grandes composições de beleza melancólica.

Em 1967, no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record (SP), a canção A estrada e o violeiro, interpretada por Nara Leão e Sidney Miller, recebeu o prêmio de melhor letra.

Em teatro Sidney Miller compôs com Théo de Barros, Caetano Veloso e Gilberto Gil a trilha sonora da peça Arena conta Tiradentes (1967), de  Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri. Em 1972, foi a vez de Por mares nunca dantes navegados, de Orlando Miranda e, em 1974, de A torre em concurso, de Joaquim Manuel de Macedo.

Em 1968, no I Festival de Juiz de Fora (MG), a canção Sem assunto, interpretada por Cynara e Cybele, foi classificada em 1º lugar. Nesse mesmo ano publica o romance João e o pó.

Na área de produção, organizou no Teatro Casa Grande (RJ) com Paulo Afonso Grisolli, o espetáculo Yes, nós temos Braguinha (1968), em homenagem ao compositor João de Barro. Também com Grisolli, relançou a cantora Marlene, no show Carnavália.

Em 1969 produziu e criou os arranjos do Lp de Nara Leão Coisas do Mundo. Ainda em 69, ao lado de Paulo Afonso Grisolli, Tite de Lemos, Luís Carlos Maciel, Sueli Costa, Marcos Flaksmann e Marlene organizou o espetáculo Alice no País do Divino Maravilhoso.

Em cinema, fez a trilha sonora de Os Senhores da Terra (1970), do cineasta Paulo Thiago, parceiro e amigo inseparável; Vida de Artista (1971) e Ovelha Negra (1974), ambos dirigidos por Haroldo Barbosa.

Miller gravou apenas três álbuns: Sidney Miller, de 1967; Brasil, do guarani ao guaraná, de 1968, que contou com as participações especiais de diversos artistas como Paulinho da Viola, Gal Costa, Nara Leão, MPB-4, Gracinha Leporace e Jards Macalé.; e Línguas de fogo, de 1974.

Teve muitas das suas composições registradas em LPs de outros artistas, como Nara Leão, Quarteto em Cy, MPB-4, Luiz Eça, Dóris Monteiro, Paulinho da Viola, Luli e Lucina e Joyce.  

Apesar de estar afastado do circuito comercial, tinha planos de voltar a gravar um Lp independente, que se chamaria Longo Circuito.

No começo de 1980, Sidney Miller planejava fazer um show com o violonista Maurício Tapajós. Gravou uma fita com 5 das músicas novas e entregou a Miltinho, do MPB-4, que as ouviu e guardou. 

Em 16 de julho de 1980, um dos nomes mais talentosos da geração de cantores e compositores brasileiros surgidos na década de 1960, morreu aos 35 anos. Foi encontrado sem vida em seu apartamento, no bairro carioca de Laranjeiras.

Logo depois de sua prematura morte, a Sala Funarte Sidney Miller recebeu esse nome em homenagem ao compositor, produtor musical, poeta e cantor. Sidney Miller trabalhava no Departamento de Projetos Especiais da Funarte.

No mesmo ano, recebeu outro tributo da Funarte, o LP Sidney Miller, trazendo composições do homenageado gravadas por Alaíde Costa, Zé Luís Mazziotti e Zezé Gonzaga. 

Em 2012, Miller foi homenageado na série Grandes Discos,do Instituto Moreira Salles, quando o repertório de seu LP de estreia foi interpretado em show realizado por Joyce Moreno e Alfredo Del-Penho

 

Fontes:

Sidney Miller na Rádio Batuta 

Sidney Miller no Letras 

Sidney Miller no Dicionário Cravo Albin 

Sidney Miller, por Fernando Toledo e Áurea Alves           

Sidney Miller: o compositor e a Sala Funarte.

A  lembrança que não tenho, por João Miller 

‘Línguas de fogo’: o surpreendente caldeirão de Sidney Miller, por Leonardo Guedes.  

Os muitos caminhos de um violeiro só, por Tárik de Souza

Mundo da música quer reviver Sidney Miller

Poemas de Sidney Miller 

O violeiro e sua estrada, por Nelson Mota parte 1

O violeiro e sua estrada, por Nelson Mota parte 2 e letras de músicas 

Continuação das letras de músicas

Videos:

 

 

                      

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

5 Comentários

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  1. Grande, Mara

    Muito boa recuperação, Mara. Oportuna e da hora. Mas lembro de um fato que não é muito ressaltado: Sidney Miller foi, de longe, o nosso compositor mais intelectualizado, com sólida leitura e compreensão de esquerda sobre o Brasil. Pra quem não sabe, Sydney foi o nosso único músico da MPB a publicar na Revista da Civilização Brasileira. Pra quem conheceu essa revista, para quem se formou nos anos da ditadura lendo essa revista, sabe da importância das suas páginas e do critério exigente de publicação. Ali se publciava de Nelson Werneck Sodré aos maiores teóricos de marxismo. Vai, violeiro, nos leva nesta lembrança. . 

    Parabéns mais uma vez, Mara.

    1. Obrigada!!

      Obrigada pela informação adicional. Não sabia das publicações na Revista.

      Aproveito o espaço para acrescentar o que não saiu na postagem: nome completo e as datas de nascimento e morte:

      Sidney Álvaro Miller Filho (Rio de Janeiro, 18 de abril de 1945 — Rio de Janeiro, 16 de julho de 1980)

  2. Sidney Miller, um dos mais

    Sidney Miller, um dos mais sensíveis compositores brasileiros, com apenas três álbuns, todos imprescindíveis.Relembro o último, Línguas de fogo, um dos melhores discos do rock brasileiro. Nunca me esqueci da canção-título, que ouvi quando garoto: “Pra onde vai o som depois que o escutamos? Pra onde vai a voz que vem de nós? Pra onde vamos?”

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=0-jDwKqqHpQ%5D

     

  3. Esse é dos grandes!Tenho a

    Esse é dos grandes!

    Tenho a felicidade de ter seus 3 primeiros “lps”.

    Do lírismo ao rock inteligente a MPB agradece:Salve Sidney Miller!

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