a arte morre de manhã, como num beijo
por romério rômulo
1.
cada vida tem seu punhado de mortos,
suas canções de desapego.
a todo instante a luz fisga
e arremata.
fosse a vida um punhado de amores
o homem cavaria a terra
e mostraria seu fígado sem mácula.
2.
quando eu me desapego
levo no olho morto umas saudades.
vejo a tarde,
umas festas de moer os vasos da tarde
e tantas noites que me queimam os ossos.
3.
sempre carreguei o olho do mundo
e todas as vezes que procurei a vida
meu prumo bateu no escasso.
eu só consigo habitar minha carne
e as regras da noite.
romério rômulo
0 Comentário
Faça login para comentar ou Registre-se
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.