A chapa MaMarta, o fim da polarização PTxPSDB e o imprevisível

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – A disputa pela prefeitura de São Paulo, neste ano, vai reeditar o discurso de “terceira via” praticado por Marina Silva, ex-presidenciável do PSB que recorria ao “nem PT, nem PSDB” para evitar que Aécio Neves e Dilma Rousseff fossem ao segundo turno em 2014. Não deu certo, e Marina se viu obrigada a levar parte do eleitorado contrário a “tudo que está aí” para o lado tucano.

O plano da chapa Marta Suplicy, ex-PT que agora disputa o Paço pelo PMDB, e Andrea Matarazzo, ex-PSDB que corre como vice-prefeito pelo PSD, é aproveitar o passado político para chegar como terceira via não só no discurso para insatisfeitos, mas bombardeando, na prática, as campanhas oficiais do PT e PSDB, com Fernando Haddad e João Dória.

A ideia é arrancar votos do PT na periferia com Marta, enquanto Matarazzo foca no centro expandido, minando Dória. O empresário apareceu no último Datafolha em quinto lugar, com 6% das intenções de voto, logo atrás de Haddad, que tinha 8%. A liderança é de Celso Russomanno (PRB), com 25%, seguido por Marta (16%) e Erundina (10%).

Na análise do Datafolha por renda, quem tem vantagem em meio à população com até dois salários mínimos continua sendo Russomanno, com 26%, seguido de Marta (21%), Erundina (9%) e Haddad (7%). O número dos que responderam que votariam branco, nulo ou em nenhum dos candidatos foi 17%, mostrando que há uma larga parcela do eleitoral nesse segmento social que pode mudar de opinião durante a campanha.

Em janeiro passado, Matarazzo, que sonhava em ser candidato a prefeito, disse que Marta sem o PT jamais venceria com votos na periferia. Segundo ele, quem colhe frutos em regiões de vulnerabilidade são os vereadores petistas. Marta ainda terá de enfrentar a ira da esquerda que considerou uma traição que ela tenha deixado o PT para mudar para o PMDB, colocando a culpa na corrupção revelada pela Lava Jato.

A expectativa é de que PT e PSDB reajam à Marta-Matarazzo para que cheguem, juntos, ao segundo turno na eleição pelo Paço paulista, como mostrou o governador Geraldo Alckmin (PSDB) no último final de semana. Provocado a comentar a aliança, Alckmin disse que era “irrelevante”, porque o esperado é que petistas e tucanos se enfrentem mais uma vez.

Fatores externos 1

Um quadro que ainda pode favorecer a senadora Marta Suplicy é o que tira Celso Russomanno da disputa. Ela tende a ficar em primeiro lugar na pesquisa de opinião quando o deputado não está nas pesquisas. Russomanno enfrenta um processo no Supremo Tribunal Federal que pode cancelar sua campanha. Ele é investigado por ter usado recursos públicos de seu mandato para bancar o salário de uma funcionária que trabalhava em sua empresa privada.

A alternativa estudada pelo PRB era justamente convidar Matarazzo para vice de Russomanno, e apoiar o vereador como cabeça de chapa se o deputado perdesse no Supremo. Mas a turma de Marta tratou de inviabilizar o acordo.

Sem Russomano, Marta lidera com 21%, seguida de Erundina, com 13% e Haddad, com 11%, no último Datafolha.

Fatores externos 2

Quem também corre o risco de ser derrubado pela Justiça é o candidato do PSDB.

Segundo Painel desta quinta (28), o “Ministério Público Eleitoral reúne elementos para propor uma ação contra a candidatura de João Dória a prefeito sob suspeita de abuso de poder político. A Promotoria investiga se há relação entre a nomeação de um filiado ao PP para a Secretaria de Meio Ambiente do tucano Geraldo Alckmin e o apoio do partido a Dória.” A iniciativa é do promotor José Carlos Bonilha. O PSDB e Alckmin dizem que não há “fundamento jurídico” na ação. 

Dória também pode ser alvo de uma ação por ter pedido voto a empresários em um evento muito antes da campanha eleitoral começar, algo proibido pela legislação.

Na coxia

Enquanto isso, a chapa MaMarta revela costuras com vistas às eleições de 2018.

No caso, a aproximação entre PMDB e PSD pode levar Paulo Skaf e Gilberto Kassab a disputarem juntos o governo de São Paulo. No plano federal, José Serra (que empurrou Matarazzo para os braços de Marta, sua adversária até ontem) pode deixar o PSDB, onde perde espaço para Aécio Neves e Geraldo Alckmin, para concorrer pelo PMDB. O PSD aposta, segunda ventila-se em Brasília, em Henrique Meirelles.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

20 Comentários

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  1. Fim da polarização PT x
    Fim da polarização PT x PSDB… ah, que riso gostoso me provoca.

    Isso pode vir a acontecer quando houver algo diferente no ar. O que temos é uma chapa que reúne algumas das piores qualidades tanto do PT quanto do PSDB. Marta é ainda a cara do PT paulista, um esquerdismo envergonhado, um “desculpe nhonhô por discordar de algumas coisas” – isso mesmo antes de entrar no PSDB para lutar contra a corrupção, hahahaha. Já Matarazzo… bom, o gênio da rampa antimendigo e de ligações mal-explicadas com escândalos paulistas. Se esse é o novo polo, estamos bem.

    Num país que é pródigo pela falta de organicidade de seus partidos, acho graça em analistas que ainda explicam a política por “polos” partidários”. Não existe isso. Para quem se nega a enxergar, eis o fenômeno Marina, a “terceira via” que come na mão de bancos e recebe caixa dois para parecer mais verde.

    O que há é centros de poder ou de demandas. As demandas conservadoras ficaram momentaneamente órfãs com o fim da ditadura, atirando para todos os lados: ACMs, Sarneys, Malufs. Caiu em estado de graça quando encontrou no PSDB sua encarnação, sendo este “partido” mero despachante e representante maior dos interesses oligárquicos (ruralistas, financeiros, etc). Do outro lado, o PT vive sua crise de identidade justamente por se dedicar há tempos a um morde-e-assopra com seu centro de gravidade, as demandas populares. Querem entender 2013? Aí está: uma tentativa (bem-sucedida) de derrubar as demandas populares justamente por bombardear quem poderia vocalizá-las – isso vale para o PT, mas depois deste o PSOL e outros serão atirados na mesma vala.

    1. Não cite 2013, se não entendeu nem sabe explicar.

      André,

       

      Infelizmente, na prática, tanto a política como as mais diferentes atividades e áreas do conhecimento são bem diferentes do que aprendemos em livros e manuais. Postei um comentário intitulado ‘Polítca e estõmago de avestruz’, que mostra o choque e a decepção que temos quando a Política sai do campo ideal e vai para a realidade prática.

      Fazer críticas generalizantes, do tipo “todo polítco é corrupto”, “todos os partidos são iguais”, “é tudo farinha do mesmo saco”, é o que a mídia golpista semeia e incute nos corações mentes todos dias, 24h/dia. Um sistema político desmoralizado e fraco é tudo o que o PIG/PPV e as oligarquias plutocráticas querem. Isso justifica  viabiliza o desmanche do Estado, privatarias, desmonte do SUS, da educação  pública, da CLT, etc.

      Portanto não podemos embarcar nesa canoa furada da crítica generalizada.

      Quanto ao que realmente foram as chamadas ‘jornadas de junho de 2013’, nem você nem a maioria dos jornalistas, analistas e colunistas entenderam o que se passou naquele período e o que veio depois. Apenas no início deste ano Luís Nassif admitiu o que eu já havia percebido e comentado desde aquela época. Leia a matéria intitulada “Lava Jato: tudo començou em 2013” para ter uma idéia consistente do que foram aquelas manifestações e relacione com tudo o que veio depois, culminando no golpe de Estado em curso e na tomada do poder pelas oligarquias plutocráticas.

      1. Não critique sem ler…
        …ou sem entender o que leu.

        As manifestações foram ou mal-intencionadas (caso dos neofascistas) ou utilizadas como massa de manobra pelos primeiros. Para mim, basta saber da pata suja dos irmãos Koch e as diversas ramificações, alianças e parcerias dessa gente com Joaquins Silvérios aqui no quintal. Se não quer concordar comigo, discorde do Moniz Bandeira também.

        O ponto é que você leu uma coisa, entendeu outra e correu a dar lição de moral. Sugiro que a siga.

  2. Por tudo que os

    Por tudo que os representantes de São Paulo tem feito no Congresso, os paulistano merecem algo assim. Principalmente os pobres, que serão muito beneficiado com essa dupla. Tudo bem coerente com o governo federal e esse Congresso.

    Viva São Paulo!!!

  3. Política e estômago de avestruz

    Prezados,

     

    Nos mais de trinta anos que acompanho o noticiário político, uma das cenas mais tristes e lamentáveis  que vi foi aquela em que Lula e Fernando Haddad posaram para fotos, apertando a mão de Paulo Maluf, este um exemplo acabado da mais velha, oligárquica, plutocrata  e corrupta política brasileira; e por que ocorreu tal cena deprimente? Porque Haddad queria/precisava aumentar o tempo de TV, na disputa intestina pela prefeitura da maior cidade brasileira, em 2012. Contra todos os prognósticos iniciais, sob o bombardeio do PIG/PPV e mesmo com esse episódio lamentável ao lado de Maluf, Fernando Haddad conseguiu se eleger prefeito de São Paulo. 

    Competente e bem articulado que é, Fernando Haddad faz uma boa adminstração, mas é massacrado 24h/dia pela mídia golpista. Numa campanha com a duração habitual (de três meses), Haddad poderia dialogar diretamente com a população de São Paulo e mostrar as realizações de seu governo; nos debates civilizados, nenhum dos concorrentes é capaz de batê-lo. Eis que no ano passado foi feita uma mudança na legislação eleitoral, reduzindo o tempo da campanha; a desculpa usada para justificar esa alteração foi redução do custo das campanhas e torná-las mais equilibradas. Pura balela! Com a diminuição do tempo de campanha oficial, os beneficiados são os candidatos cuja campanha informal e apoio explícito são feitos 24h/dia, 365 dias/ ano, pela mídia plutocrática, oligárquica e golpista.

    Mas se há alguma coisa que pode arrancar risadas críticas dos que se identificam com o pensamento e modo de fazer política das Esquerdas Verdadeiras é ver as metamorfoses por que passam os ex-petistas. Listemos alguns deles: Fernando Gabeira, no Rio, Cristovam Buarque, em Brasília, Marina Silva e Marta, em São Paulo. Esses que deixaram o PT, alegaram que o partido havia traído os ideais de quando foi criado e se tornado como os demais; alegaram essas e outras razões (como corrupção), para abandonarem o PT, após conseguirem projeções e mandatos pelo partido – como é o caso de Marta. Recordemos as eleições presidenciais de 2014. Mesmo com o massacre diário no PIG/PPV e perseguição feroz por parte das ORCRIMs institucionais, em três meses de campanha, o PT, Dilma Rousseff e a equipe de marketing, liderada por João Santana, foram capazes de demolir Aécio Cunha. Vendo o candidato da plutocracia ser detonado e desmanchado, a ‘justiça eleitoral’ – em clara ação partidária em favor de Aécio – restringiu a propaganda do PT, pois sentiu que os golpes certeiros da trinca Dilma/PT/João Santana seriam mortais e poderiam arruinar a carreira do neto de Tancredo Neves. Mesmo com todas as instituições burocráticas, PIG/PPV e oligarquias plutocráticas contra, Dilma e o PT saíram vitoriosos daquela eleição sangrenta. O resto da história, de lá para cá, vocês já conhecem.

    Outro aspecto nada positivo desse encurtamento do tempo de campanha é que ele dificulta a renovação dos quadros políticos. Observem que essa mudança na legislação foi feita sob medida para colocar e manter no poder a velha direita oligárquica e plutocrática. Não contentes com isso, as quadrilhas institucionais se lançaram na perseguição a tesoureiros e profissionasi de marketing político que trabalharam para o PT. Duda Mendonça, que trabalhou no passado para Mauf e outros da direita oligárquica e plutocrática, jamais havia sido incomodado pelas autoridades policiais, do MP e judiciárias; mas bastou trabalhar para uma campanha presidencial de Lula, para sofrer uma série de acusações. Com João Santana observamos a mesma perseguição. Quanto aos tesoureiros do PT, Delúbio Soares e João Vaccari são exemplos de pessoas perseguidas. Ao contrário, os tesoureiros tucanos JAMAIS foram incomodados pela PF, pelo MP e pelo PJ; Ricardo Sérgio de Oliveira e Márcio Fortes estão aí, livres, leves, soltos, lépidos e fagueiros; nehuma investigação contra eles foi feita ou levada adiante, embora haja os mesmos (senão mais graves ) motivos que ensejaram a perseguição aos tesoureiros do PT.

    Será muito interssante ver as incoerências de Marta-Matarazzo sendo exploradas na propaganda eleitoral e nos debates. Embora trabalhe com TV, o pseudo-candidato, o almofadinha plutocrata, João Dória Jr., num debate franco deve ser detonado por Haddad e por Luíza Erundina. Russomano, jornalista e apresentador de TV, se tiver aprendido com os erros do passado, pode dessa vez ir ao segundo turno; não por acaso o MP eleitoral se empenha em cassar a candidatura dele. Russomano (embora represente a direita conservadora, por meio do braço neopentecostal) não faz parte da plutocracia oligáquica que domina a política paulista; portanto as oligarquias paulistas acionam os braços institucionais (polícias, MPE e PJ) de modo a alijar o ‘outsider’ da disputa pela prefeitura paulistana. Não é menor o temor dessas oligarquas pluocráticas em relação à reelição de Fernando Haddad; daí que o MP estadual faz estapafúrdia e absurda denúncia contra o atual prefeito tentando cassar o mandato dele e impedir sua reeleição; isso porque Haddad aplicou um trote em certo pseudo-jornalista e pseudo-historiador que diàriamente o injuriava, difamava e caluniava, por meio de um programa de rádio. Esse mesmo ‘historiador’ foi processado pelo ex-presidente Lula,  por calúnia, difamação e crime contra a honra; temendo a condenção esse ‘historiador’ entrou com pedido de habeas corpus. 

  4. Muito, muito, muito cedo na

    Muito, muito, muito cedo na campanha (para nem lembrar que nem sequer se sabe quem vai realmente ser candidato) para prever qualquer resultado. A aposta no (torcida pelo?) “fim do PT”, com afirmações bombásticas a respeito do que um partido político pode suportar sem ser destruído, não encontra nenhum respaldo na literatura. Fosse assim, e a Europa não teria mais partido social-democrata nenhum. Não é o que se observa.

  5. Será Hilário, ouvir um  “

    Será Hilário, ouvir um  ” Coxinha ” gritando o nome da Marta, e não chamando-a de MARTAXA…..rsrsrsrs

  6. A hipocrisia e ausência de

    A hipocrisia e ausência de vergonha na cara de Marta não siginificam o fim da polarização PT x PSDB.

  7. É muito estranho Martha dizer

    É muito estranho Martha dizer que o PMDB pelo menos não é um partido de quadrlha organizada. Ou seja, é seletiva em matéria de corrupção, copiando Moro por certo.

  8. Matarazzo Suplicy é um ótimo

    Matarazzo Suplicy é um ótimo sobrenome para compor o governo reeleito do prefeito Fernando Haddad, na pessoa de Eduardo Matarazzo Suplicy.

    O Suplicy original, e o melhor dos Matarazzo!

     

  9. Grande chances de vitória.

    Grande chances de vitória. Dois representantes da elite paulistana.

    Marta, reconhecida pelo bom governo, quando era do PT, agora diz: “São Paulo é antipetista e eu sou antipetista também, São Paulo não quer o PT”. E foi para o PMDB, porque depois de 35 anos, “não aguentava mais a corrupção do PT”.

    Matarazzo poucos conhecem e quem conhece, não vota nele. Criatura extremamente autoritária, preconceituoso, elitista, mas que, segundo o próprio Haddad, foi um bom subprefeito da Sé. Acho que se esqueceu das rampas anti-mendigos, ou sofre do mal de petistas que, como a Dilma tirou FHC do ostracismo, está fazendo o mesmo com Matarazzo.

    So voto no segundo turno se for Haddad ou no máximo Erundina. Se não, nem saio de casa e justifico.

  10. Carqueja com boldo.

    Depois de ler essa matéia sobre as articulações da direita regressista é necessário tomar um chá de boldo com carqueja!

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