A crise institucional brasileira, comentário de Luis Nassif

Da Rádio EBC

Há uma desagregação completa entre poderes políticos, avalia Luís Nassif

Para comentarista, há neste momento uma total incapacidade de prever os desdobramentos políticos

Diante dos últimos acontecimentos e decisões ocorridas no campo político e institucional do Brasil, o jornalista e comentarista, Luís Nassif, avalia que há uma total incapacidade de prever todos os desdobramentos políticos.
 
“De um lado, o Supremo Tribunal Federal (STF) tomou a decisão de afastar o Eduardo Cunha. Nesse longo período em que o Teori [Zavasckis, ministro do STF] demorou para analisar o pedido do procurador Geral da República, o Cunha encaminhou o processo do impeachment. No próprio voto do Teori, fica claro que o cunha foi afastado porque tinha desvio de finalidade no Congresso, então abre espaço para Advocacia Geral da União fazer o questionamento”, pontuou. 

E o que vai acontecer com o vice-presidente, Michel Temer? “A primeira avaliação é que um eventual governo Temer se fortaleceria porque a parte damais podre, que é o Cunha, caiu, mas, por outro lado, o Cunha era a base do governo Temer. O Cunha tem lá os cento e tantos deputados que estão armados até os dentes. Então, tudo aquilo que o Teori temia de guerra entre poderes pode ocorrer. O procurador que atua no Tribunal Superior Eleitoral dá um parecer que é o seguinte: ‘se a presidente comete uma irregularidade, isso afeta também o vice-presidente”. Ou seja, se o TSE,  caso o impeachment não avançar,  quiser tirar Dilma, vai ter que tirar Temer. Então, se tem uma desagregação completa do jogo institucional”, avalia Nassif. 

Ouça o comentário no anexo da matéria

Redação

12 Comentários

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  1. é o que tem pra hoje.

    Nassif, realmente não sabemos o que vai acontecer, a única coisa certa é que Dilma/Lula/PT já era e, como diz a música “Temer” é o que temos pra hoje.

    1. Você é que já era…

      Dilma, Lula e o PT tem uma base social forte e um legado de conquistas sociais, econômicas e trabalhistas. Além disso estão do lado das forças democráticas deste País que não aceitam o retrocesso é extremamente numerosa e está entranhada em todos os segmentos da sociedade.

      Temer tem uma maioria de ocasião no Congresso formada por corruptos apavorados por investigações e tenta ser o instrumento da má vontade de uma elite econômica e burocrática antipopular e reacionãria.

      Em pouco tempo Temer já era, CUnha já era e essa maioria de ocasião vai se dissolver em uma disputa encarniçada pelo poder e para meter a mão no dinheiro público.

      Sua arrogância ou é fruto de ignorância ou jogo de cena para manter uma fachada sem substância.

  2. GAFIEIRA

    Nassif, a única maneira de por ordem na gafieira é parar a musica.

    O pior é que quando recomeça-la, toquem uma marcha militar.

  3. Perda de tempo?

    Todo meu respeito por comentaristas políticos como Luis Nassif e muitos outros que bravamente se opõem a esta enorme farsa vergonhosa fantasiada de legalidade que é o golpe parlamentar-empresarial-midiático, mas não consigo entender por que perdemos tempo em racionalizar o irracionalizável dado que não vivemos uma situação normal mas sim em pleno golpe! GOLPE É GOLPE! Não se tem que perder tempo em embarcar em esperanças legalistas ilusórias e raciocinar isso ou aquilo. Tiremos o cavalo da chuva! Análise sim, mas com um só foco: alimentar, com muito rancor, o enfrentamento físico, a briga física. Tudo mais é “pra inglês ver’, não podemos nos dar o luxo de perder tempo. Está tudo muito claro! O golpe foi desenhado com bastante vaselina para diluir, no tempo, o que antes se fazia em poucos dias com tanques, e com isso diluir a reação dos que se opõem ao golpe. Sabemos que, para as elites, democracia só serve quando a esquerda não ameaça. Bloqueio das grandes rodovias e centros das cidades grandes, invadir e tomar o congresso, idem as sedes destes charlatões jurídicos que se fingem de autoridades imparciais. As elites declararam guerra aos valores democráticos civilizados do nosso país. Estamos em guerra! As regras democráticas do jogo foram jogadas no lixo. A briga agora tem que ser física, retiraram do povo brasileiro todos os outros canais não violentos. Não alimentemos, nós intelectuais e comentaristas bem intencionados, qualquer ilusão de enfrentar o golpe dentro de uma legalidade e Constituição que foram rasgadas pelos golpistas. Isto, nesta altura do golpe, é reacionário! Mais: seria um erro político e estratégico atacar fisicamente um Cunha ou um Temer ou um magistrado vendido, claro. Mas não seria um erro fazer isso contra este psicopata do Bolsonaro: ele ultrapassou uma linha que nem a direita golpista se atreveu a atravessar. Quem sairia às ruas ou escreveria editoriais em defesa desse cão raivoso que se orgulha das torturas assassinas realizadas pelos militares? Dar conta dele forçaria o foco do resto do país e do mundo no crime que as direitas estão perpetrando contra a democracia brasileira. Golpe é golpe, guerra é guerra! Foram eles que começaram. Chega de nos defendermos, precisamos passar para o ataque, tomar a iniciativa do processo para arrancar a máscara da cara dos golpistas de uma vez por todas. Ser “bem comportado” agora, é suicídio político.

  4. Caro Nassif;
    Peço permissão

    Caro Nassif;

    Peço permissão para usar este espaço para apresentar uma Conclamação:

    Conclamação aos Poderes Constituidos do Brasil para o bem do Povo Brasileiro:

    Presidenta Dilma Russef, senador Renan Calheiros, ministro Ricardo Lewandowski, vocês na qualidade de presidentes dos poderes constituídos não podem se negar a dialogar e cooperar entre si a exaustão.

    É inadimissível que cada um de vocês fiquem na sua, esperando ser provocado.

    A partir de agora, por que não hoje (07/05/16),   vocês devem iniciar  um dialogo direto, olho no olho,  franco e leal para evitar a efetivação da ruptura em nosso Brasil,  o  momento é agora pois daqui ha alguns dias será tarde.

    Infelizmente a situação pela qual estamos passando leva ao sentimento de falta de comando, a união de propósito  entre vocês dará  a convicção que os poderes estão atuando legal e patrioticamente.

    Não peço para que façam conchavos e acertos,mas analisem e procurem soluções justas e constitucionais, sem a animosidade e ódio  que contaminou uma parte da sociedade, insuflados pela midia.

    Este diálogo não representa o fim da independência estre poderes mas a busca conjunta de soluções que  levem a superação desta crise sem precedente e principalmente preservem a democracia e o bem do Povo Brasileiro.

    Esta grande responsabilidade está com vocês, o momento requer união e patriotismo. 

    Se vocês não atuarem em conjunto, a quem iremos nós?

    Genaro

  5. Improvável mas….

    Com Cunha o baixo clero descobriu a pólvora: que com um Temer a reboque e Cunha no cargo de “primeiro ministro informal” ele ( o baixo clero) teria uma projeção que era inédita ( nem com Severino foi tão marcante ). O próximo passo seria a implantação do parlamentarismo no Brasil (em mais um golpe , chacinando a CF88).Uma idéia o PSDB adorou pois se o baixo clero ficaria com a Camara dos Comuns a parte que caberia aos emplumados seria a Câmara dos Lordes (afinal é o “Príncipe dos Sociólogos” seu mentor,  o Senado e o tão sonhado poder sem depender dos votos dos mais humildes).

    Com a deposição de Cunha (descartável após a execução do contrato ), a fragilização de Temer ( qual a confiabilidade deste após o episódio da carta de “apoio” à Dilma ? ) os emplumados e seus apoiadores ocultos concursados vão para o tudo ou nada, Temer vai a vala comum junto com Dilma, e Aécio , olimpicamente abraça o ideal parlamentarista.

    Nesta configuração , com a CF88 devidamente moída após os anos FHC e com serviço terminado em um parlamentarismo “patrício” o projeto de poder emplumado para ao menos 50 anos de supremacia estaria completo.

    Porém há uns complicadores: Alckmin e seu projeto particular de carreira política, que passa pela presidência; a reorganização das agremiações de esquerda sob uma nova liderança (meio que inevitável após o desgaste submetido ao PT e já apontado pelas lideranças mais lúcidas da agremiação como Haddad) e o protagonismo de rinoceronte em loja de louça da bancada BBB.

    Porém o que mais se destaca que independente do desfecho é o ressurgimento do projeto de um Estado policialesco e dotado de  uma moralidade que dialoga com o franquismo. Plinio Salgado, ainda que tardiamente,  teria sua vitória soberba  sobre Getúlio.

     

     

  6. Nassif,não chame a crise

    Nassif,não chame a crise institucional de crise institucional,assim como o

    golpe não é golpe,NÃO É,NÃO É E NÃO É(birra),segundo o JN,lógico!!!

  7. A bagunça se instaurou

    A bagunça se instaurou principalmente pela insistência – ou parte da guerra cognitiva – de que as instituições estão “funcionando”. Que não há rompimento institucional. Que ainda temos segurança jurídica ( se nunca houve de fato, é outra coisa).

    Qual a profundidade disso diante o funcionamento real do Estado que vemos hoje?

    Fala-se muito em melhorar o clima de confiança do empresariado e dos investidores em geral. Em ajustes. Em condições
    de investimento. Bla,bla,bla

    Sob qual aspecto da segurança jurídica?
    Aquela que oferece garantias conforme o turno do poder político e bolso do freguês?

    Essa aristocracia nacional talvez veja a segurança jurídica de seus contratos, acordos e conchavos, dentro dessa concepção restrita de sociedade. Mas investidores estrangeiros mais automatizados, não afeitos ou habituados ao jogo labiríntico de Pindorama, sabem que organização institucional até se compra ali na esquina, o problema mesmo está na estruturação, configuração e aplicação dessa segurança jurídica das circunstâncias nas relações econômicas de longo prazo num país conflagrado.

  8. ramão

    Porque voce diz que Dilma/ Lula / PT já era. Se contentar com Temer e nada é a mesma coisa, pois ele não terá apoio popular. Mesmo que os dicípulos de cunha o apoiarem, as coisas não serão fáceis. Penso que a saida mais sensata é admitir que o impeachiment se instalou em um momento errado. Ou que a peça teatral vai ficar faltando alguns atos, portanto, sem lógica.

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