A educação inclusiva como um processo civilizatório

Por Ana Bednarski

Comentário ao post “As Apaes contra os direitos dos deficientes

Trabalho numa casa lar para idosos com deficiência intelectual, eles perderam os pais, alguns já tem irmãos idosos com problemas de saude, então ficaram sem espaço em suas familias.

Li alguns comentários e vejo que há muita ignorância não só pelo mundo dos que têm necessidades especiais, mas do que é educação.

Alguns pontos para a sua avaliação:

1- Há pessoas com necessidades especiais em todos os munícipios. Não há APAEs em todos os municipios. Já temos por ai um bom começo para avaliar a educação inclusiva como um processo civilizatório de extrema importância e urgência.

2 – Nos municipios onde há APAEs, não existem vagas para todos que precisam, mais um motivo para a necessidade de inclusão.

3 – Não, alguns alunos com necessidade especiais não vão “aprender” coisas do currículo tradicional, mas convenhamos, há alunos sem necessidades especiais que também não “aprendem”.

Eu acho que só estes três pontos já são suficientes para uma pessoa de bom senso aprovar esta busca pela civilidade e cidadânia de todas as pessoas envolvidas, sejam portadoras ou não de necessidades especiais.

As APAEs estão sendo usadas como intrumento politíco? Sem dúvida, estão, e sem dúvida a maioria dos Apaeanos está sendo manipulada nestas discussões por forças que não se interessam por um avanço de civilidade ou cidadânia de todos nós.

Mas vejam este link, vejam como as coisas não são muito diferentes no Japão: (http://naphthalin.wordpress.com/2013/11/11/uma-espiada-dentro-da-cabeca-de-meu-filho/). O texto fala especificamente sobre o autismo, mas mostra muitas facetas da sociedade, vale muito a pena.

Com certeza, tudo que possamos falar a respeito ainda sera uma arranhãozinho na superfície, mas sempre bom colocar todas as opiniões, ler todas e refletir sobre a civilização que queremos.

Luis Nassif

5 Comentários

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  1. Acredito que existe um equívoco no debate

    A questão não está posta entre quem é contra a inclusão e quem é a favor. Acredito que todos somos a favor. A pergunta é como fazer? Como garantir a inclusão de todos no ensino regular? É aí que começam as divergências. Para tentar explicar o meu ponto de vista vou usar de seus pontos para esclarecer os meus.

    1. Há pessoas com necessidades especiais em todos os municípios. Não há APAEs em todos os municipios. Já temos por ai um bom começo para avaliar a educação inclusiva como um processo civilizatório de extrema importância e urgência.

    É verdade que existe pessoas com necessidades especiais em todos os municípios (apesar de que em municípios pequenos possa ocorrer de ter apenas um ou dois e até mesmo não existir). O fato de não existir APAEs em todos os municípios ( estou supondo, porque não conheço nenhuma cidade que não tenha APAE), não significa que o deficiente não vai ter atendimento, normalmente em uma cidade vizinha sempre tem, e as pessoas com necessidades especiais não deixarão de ser atendidas (as prefeituras fornece transporte nesses casos), já que estamos falando de cidades pequenas onde esse tipo de auxílio é mais fácil. No caso de uma amiga que a filha tinha paralisia celebral, a APAE da cidade não tinha os recursos para atendê-la e a prefeitura fornecia transporte para que ela podesse ser atendida na cidade vizinha, onde existiam os recursos. Então, nesse caso  a luta seria para garantir uma APAE em cada município, ou criar um centro regular de ensino que pudesse atender tanto as pessoas com necessidades especiais, quanto o restante. Isso sim seria um processo civilizatório. Não condenar as APAE por não estarem em todos os municípios. Esse deveria ser o papel do Estado (mas não como a Lei propõe, porque não é aplicável).

    2 – Nos municipios onde há APAEs, não existem vagas para todos que precisam, mais um motivo para a necessidade de inclusão.

    Essa afirmação pode ser verdadeira nos grandes centros, nas pequenas cidades normalmente todos que precisam de atendimento  conseguem. As APAEs são um modelo de sucesso de como garantir dignidade as pessoas com deficiência. Qualquer projeto de inclusão passa apenas por duas alternativas viáveis: a primeira, seria incorparar as APAEs ao sistema regular de ensino, ao mesmo tempo que ampliasse o número de vagas, permitindo que qualquer criança seja com necessidades especiais ou não, possa conviver e aprender com as outras, como já disse o Júlio Martorano. A segunda, seria o Estado criar centros de ensino regular em todos os municípios do Brasil com infraestrutura tanto para receber as crianças com deficiência, quanto as sem nenhuma necessidade (forma mais demorada de garantir a inclusão, mas possível).

    3 – Não, alguns alunos com necessidade especiais não vão “aprender” coisas do currículo tradicional, mas convenhamos, há alunos sem necessidades especiais que também não “aprendem”. Nessa afirmação concordo plenamente com você, não tenho o que acrescentar.   

    Diante disso tudo, acredito que estamos querendo alcançar o mesmo objetivo. O que não faz nenhum sentido é alguém com um mínimo de racionalidade achar que seja possível que o Estado possa dotar todas as escolas do país com a infraestrutura necessária para atender as mais diversas necessidades especiais, quando o Estado ainda não conseguiu sequer garantir a educação para as crianças normais. Essa impossibilidade não é devido a ineficiência do Estado Brasileiro porque seria chover no molhado. O fato é que nem o Brasil, nem nenhum país do mundo seria capaz de fazer isso, esse desafio só pode ser vencido através de centros. Se isso será feito com a incorporação das APAEs ao sistema regular ou através da construção de centros a partir das escolas regulares já existentes, não vem ao caso. O importante é permitir a inclusão. No entanto, é ridículo acreditar que esse objetivo possa ser realizado obrigando todos as escolas do país a matricular as pessoas com deficiências sem nenhuma condição de atendê-las e que isso irá promover algum tipo de inclusão. Pelo contrário, isso só vai aumentar ainda mais a segregação, pulverizar os deficientes pelas milhares de escolas do país é só uma forma de maquiar o problema da exclusão com um discurso de inclusão.  

    1. [  Diante disso tudo,

      [  Diante disso tudo, acredito que estamos querendo alcançar o mesmo objetivo. O que não faz nenhum sentido é alguém com um mínimo de racionalidade achar que seja possível que o Estado possa dotar todas as escolas do país com a infraestrutura necessária para atender as mais diversas necessidades especiais, quando o Estado ainda não conseguiu sequer garantir a educação para as crianças normais ]

       

      Basta que se leia os dados Saeb/Prova Brasil/PIsa  para que se saiba que esses ditos normais não existem, é ficção. Já tive aluno que os demais acharam ser deficiente e acabei maneirando para que esses ditos nornais não ficassem na poeira. Veja o pouco mais desse seus ditos normais.

      =

       

       SEM HABILIDADE COM NÚMEROS, Junia Oliveira, O Estado de Minas, 08/06/2010

       

      Fonte: http://wwo.uai.com.br/EM/html/sessao_18/2010/06/08/interna_noticia,id_sessao=18&id_noticia=141062/interna_noticia.shtml

       

      Consta em relatos disto em:                    

      http://www.exkola.com.br/scripts/noticia.php?id=34579041

      http://blog.opovo.com.br/educacao/sem-habilidade-com-numeros/

      http://isaude.net/z9h8, europsicologia e genética decrifram causas e

      consequências da discalculia,  Saúde Pública

      http://vghaase.blogspot.com/, acesso,  ag/10

      http://discalculialnd.blogspot.com/,   acesso,  ag/10

      – Decifrando uma incógnita, http://www.ufmg.br/boletim/bol1698/4.shtml,  acesso,  ag/10

      – Pesquisa dos Laboratórios de Neuropsicologia e de Genética da UFMG pode ajudar a desvendar causas e consequências da discalculia, 7 de junho de 2010

      http://www.ufmg.br/online/arquivos/015678.shtml

      – Neuropsicologia e genética decrifram causas e consequências da discalculia,

      ISaúde.Net, Saúde Pública, http://isaude.net/z9h8, acesso ag/10

       

       Doença que dificulta aprendizado de matemática é alvo de especialistas

       

      http://saude.ig.com.br/minhasaude/doenca+que+dificulta+aprendizado+de+matematica+e+alvo+de+especialistas/n1597074737032.html

       

       

       

       

       

       

       

      1. Meu caro, em nenhum momento

        Meu caro, em nenhum momento do meu texto eu questionei a capacidade de aprendizagem das crianças com deficiência. É lógico que salvo aquelas deficiências que afetam a capacidade cognitiva (paralisia celebral, por exemplo), qualquer criança, sendo deficiente ou não tem as mesmas condições de se desenvolverem. Mesmo aquelas com alguma dificuldade podem receber ajuda e aprender. O debate não é esse, mas sobre como criar a infraestutrura para garantir a todas as crianças as mesmas condições de aprendizagem considerando suas necessidades. Quando falo de crianças normais, estou apenas me referindo as crianças sem deficiência, no entanto, isso não quer dizer que as crianças com deficiência são anormais ou não possam aprender.

        1. Marcos Paulo andou bem demais nesse debate.

          Marcos Paulo entendeu muito bem a proposta muito explícita no texto da professora. Dividir as opiniões em “contra” ou a “favor” das APAE’s não passa de um exercício de retórica. Sou professor da rede pública de ensino no Estado de São Paulo, já recebi alunos oriundos de APAE ou de núcleos locais de atendimento (em Presidente Prudente existe o núcleo TTRE que faz um excelente trabalho de atendimento a portadores de deficiências) e esses alunos conseguem aprender com as mesmas dificuldades (ou não) dos alunos “sem deficiência). Em um ambiente cultural carregado de preconceitos (o famoso bullyng) como o nosso, a “deficiência” não raro está no restante de uma sala de aula por exemplo, que tem dificuldade em aceitar pessoas oriundas dessas entidades de assistência. A questão toda está no papel do Estado (e aqui não tenho espaço para fazer uma crítica mas extensa sobre isso) no que se refere à dotação de estruturas adequadas. É preciso entender que “necessidades especiais” pode ser atributo de qualquer pessoa ou aprendiz com algum problema clinicamente factível e não instrumento de estigmatização de pessoas/grupos oriundas ou que precisariam de trabalhos de assistência. Eu deixo muito claro a dificuldade que sempre tive em lidar com alunos tidos como portadores de necessidades especiais, mas minha experiência docente registra, como disse atrás, que alguns alunos desenvolveram-se muito bem no ensino regular e hoje estão incorporados ao mercado de trabalho. O ambiente de aprendizagem é repleto de alunos com grandes facilidades de aprendizagem e alguns (poucos) com dificuldades em desenvolver essa ou aquela competência ou habilidade consagrada nos currículos escolares. Não depende de pertencer a qualquer grupo específico, que amiúde mais serve para separar do que para incluir… 

  2. Educação inclusiva
    Amigos
     
    Este debate parece muito com o programa “Mais Médicos”, que não se queria, porque primeiro deveria se aparelhar os postos existentes, criar novos em todos os recantos, depois os médicos iriam voluntariamente pra eles, em qualquer lugar!
     
    Os contrários à “educação inclusiva” não a querem, porque as escolas normais atuais, não estão aparelhadas e os professores não estão capacitados para educá-los!
     
    Sempre a reação, quase sempre corporativista!
     
    Penso que todos os “especiais” não são especiais, são “diversos”, da ampla diversidade que somos, então por isto, advogo que todos devem ser educados e conviver juntos!
     
    Joel

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