A euforia alemã (e da Globo!) ante o resultado das eleições na França, por J. Carlos de Assis

AFP/Denis Charlet

A euforia alemã (e da Globo!) ante o resultado das eleições na França

por J. Carlos de Assis

Em sua autobiografia parcial “Times of Upheavel”, o então Assessor de Segurança Nacional dos EUA Henry Kissinger, que acompanhava o presidente Richard Nixon numa visita à França no início dos anos 70, perguntou candidamente a De Gaulle como seria possível evitar o domínio da Europa pela Alemanha num eventual integração europeia. De Gaulle, sem se dignar olhar para Kissinger e fixando Nixon, disse secamente: “Par la guerre!”

Não será tão simples. A Alemanha praticamente escravizou a Europa  com a imposição de suas políticas neoliberais contracionistas através do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia, que domina. O continente está mergulhado desde 2008 numa crise de recessão ou contração, impedido por Berlim de qualquer reação eficaz. O fracasso de Hollande foi justamente de não cumprir promessas de investimentos em campanha por bloqueio alemão.

A ambiguidade das eleições na França é que os maiores entusiastas com o resultado foram os alemães. Justifica-se. A Alemanha é a grande beneficiária do euro. A definição da nova moeda implicou uma desvalorização do velho marco, acentuando o caráter exportador e superavitário da economia alemã. Com a entrada na economia interna dos superávits comerciais, o aumento da liquidez favorece a atividade econômica e o crescimento.

Em países que, antes do euro, as antigas moedas eram mais fracas que o marco alemão, a moeda única resultou em efetiva valorização do padrão monetário reduzindo a competitividade externa e a capacidade exportadora. Com isso, a esmagadora maioria dos países do euro e, por reflexo, da União Europeia se tornaram importadores líquidos, dependentes de empréstimos (alemães) para fechar seus balanços de pagamento.

O mais grave, porém, não tem sido isso. Afogados por dívidas, os países só poderiam retomar investimentos caso pudessem ampliar ainda mais, temporariamente, a dívida pública a fim de financiá-los. Contudo, o BCE e a Comissão Europeia não deixam, cumprindo os ditames da banca privada que se opõe a aumento de gastos reais do Estado. Normalmente, um país recorre a déficit anticíclico para financiar o investimento na expectativa de fomentar o crescimento econômico  e, em último caso, reduzir a dívida com maior receita tributária.

Para isso funcionar, é preciso que os países se beneficiem de juros razoáveis no mercado para financiar o déficit temporário a fim de evitar a explosão da dívida. É isso que o BCE não permite. Com sua política rigorosa de estreitamento da liquidez, os juros de mercado tendem a subir exageradamente, impossibilitando, na prática, a tomada de novos créditos pelos governos que ficam impossibilitados de realizar investimentos.

De fato, em lugar de facilitar o financiamento de investimentos públicos novos o BCE, a Comissão Europeia e o FMI (troika) impõem aos países endividados programas rigorosos de austeridade para reduzir a relação dívida/PIB. Um estudo recente publicado pela VoxEu mostra de forma inequívoca o fracasso dessas políticas. O investimento cai, sim, e com ele a receita tributária. Em consequência aumenta a relação dívida/PIB.

As eleições francesas mostraram a decepção do povo com as políticas neoliberais comandadas pela Alemanha. O fato de ter ganhado um europeísta não significa grande coisa quando se contam, além dos votos de Le Pen, os brancos, nulos e abstenções. Aparentemente a França repudia a extrema direita, mas despreza igualmente o centro e está claramente inclinada a romper com o neoliberalismo. A isso os alemães e a direita a serviço da banca chamam de renascimento do nacionalismo e do populismo.

Por outro lado, a ausência da esquerda no segundo turno indica a pobreza propositiva de políticos que na verdade não estão conseguindo entender nada do que está acontecendo no bloco, desde a Grécia ultra-vampirizada pelos alemães até a Itália e mesmo França em recessão permanentes por causa das políticas de austeridade impostas pela troika. Se a integração europeia obedeceu aos alto ideais de evitar novas guerras no continente, seria importante revisitar De Gaulle diante da pressão alemã sobre o que resta das economias nacionais europeias.  

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Redação

24 Comentários

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  1. Texto muito bom. As eleições

    Texto muito bom. As eleições legislativas serão cruciais. Se a esquerda, que se absteve neste segundo turno, conseguir votação expressiva, e compreender finalmente que o neoliberalismo é o seu verdadeiro adversário, chegaremos a um bem-vindo impasse: não haverá condições de governabilidade. Talvez, então o verdadeiro conflito fundamental dos nossos tempos venha à tona em sua plenitude, e o estado de bem-estar social (o máximo que a humanidade atingiu em termos de civilização) e o desenvolvimento inclusivo possam ser reconstruídos.

  2. Esse Emmanuel Macron é um Temer nos cueiros.Só que,te segura,mol

    eque aí tu não vais  enfrentar a mula manca que o Temer esfola aqui.Te cuida piá!

  3. Le Pen, uma vez sabido quem

    Le Pen, uma vez sabido quem disputaria o 2o. turno disse: – De qualquer forma, a França será governada por uma mulher, ou por mim ou por Merckel.

  4. Três histórias e uma proposta

     

    José Carlos de Assis,

    Aproveito para lembrar três histórias que as repito desde que as aprendi ou inventei.

    A primeira diz respeito a outra frase de Charles de Gaulle que aprendi ali por volta de 1978. Diziam que quando falavam que Charles de Gaulle não gostava da Alemanha ele respondia que gostava tanto da Alemanha que preferia que elas fossem duas. Uso essa frase que Charles de Gaulle teria dito para inventar outra história que sempre serve aos meus propósitos. Quando desconfiam de que por causa da minha crítica ao poderio de São Paulo na política brasileira eu seja contra São Paulo eu trato de esclarecer com história semelhante. O impeachment da ex-presidenta às custas do golpe Dilma Rousseff foi deflagrado pelas forças empresarias e retrógradas de São Paulo. Uma forma de se evitar a atuação não democrática do poderio econômico paulista é parodiar Charles de Gaulle. E assim, quando questionado sobre a minha simpatia por São Paulo, eu digo que gosto tanto de São Paulo que preferiria que São Paulo fossem 10.

    E a terceira história é real e aprendi há poucos anos no artigo de José Luís Fiori “Entre Berlim e o Vaticano”, saído no jornal Valor Econômico de quarta-feira, 16/06/2009, e que pode ser visto em pdf no seguinte endereço:

    http://www.ie.ufrj.br/aparte/pdfs/entre_berlim_e_o_vaticano.pdf

    Segundo José Luís Fiori na campanha para o Parlamento Europeu, o lema da Democracia- Cristã Alemã era “Por Deus e contra a Turquia”.

    E a proposta que eu venho defendendo desde a crise Grega é que a solução do Euro é muito simples. A Alemanha é suspensa do Euro por 10 anos. O marco valoriza e o Euro desvaloriza. E depois com as novas taxas de câmbio de equilíbrio a Alemanha volta a participar do Euro. É simples, e é de fácil solução sem os contratempos que um país de moeda fraca teria se fosse convidado a sair da Zona do Euro.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 08/05/2017

    1. Divdir São Paulo em 3 seria

      Divdir São Paulo em 3 seria dar 6 senadores de lambuja nas mãos do PSDB, e mais uma penca de deputados.

      São Paulo é sub-representado na câmarada pq tem o teto de deputados. Se dividido em 3, esse número de deputados teria de ser revisto, e somados os 3 estados, daria talvez mais de 100 deputados.

      Sem contar os 6 senadores a mais, que fatalmente seriam do PSDB.

      Dividir SP em 3 tornaria o estado mais poderoso politicamente, o Brasil mais conservador, e ampliaria a supremacia do PSDB no quadro partidário Brasileiro.

      Para mim, o PSDB é, se não o maior, é o maios poderoso partido do Brasil. Influencia fortemente todos os outros partidos. Tirando PT, PCdo B e PCO, o que sobra é puxadinho do PSDB. 

      Mesmos os troskos(PUTS, PIÇOL e PCB), que TEORICAMENTE são de esquerda, são pautados e fortemente influenciados pelo PSDB.

      1. O meu alvo é aumento da representação de São Paulo

         

        Marcelo33 (terça-feira, 09/05/2017 às 10:39),

        Concordo com o seu argumento. Tanto concordo que é ele que eu apresento para tornar palatável aos paulistas a divisão do Estado em vários outros. Dizem que os mineiros compram trem. Já eu tento vender um trem para os paulistas e não sei porque nunca os vi interessados em comprar.

        A Alemanha aumentaria a representação dela no parlamento Europeu, se o país se dividisse em quatro, mas tenho certeza que esse trem os alemães não iriam comprar e assim eles jamais iriam satisfazer a vontade de Charles de Gaulle.

        A lógica do meu argumento e também o de Charles de Gaulle é o mesmo do ditado “dividir para reinar”. É preciso dizer que no ditado subentende-se a frase completa mais ou menos assim: “eu vou dividir o reino dos outros para reinar sobre os reinos dos outros”.

        Agora, apenas por curiosidade, lembro que eu uso o ditado de forma inversa exatamente com o PSDB. No final da década de 90 vendo a política brasileira ser decidida em São Paulo entre o PT e o PSDB, eu dizia que um dia na USP os grandes cérebros se reuniram e disseram que eles se dividiriam em dois partidos o PT e o PSDB para poderem reinar na política brasileira, ainda que fossem minoria. Vez em quando eu dizia isso, mas ninguém prestava muita atenção. Até que ali na eleição da ex-presidenta às custas do golpe Dilma Rousseff contra José Serra eu voltei a apresentar essa ideia. Alguém então alegou que eu estaria errado porque o PT era da PUC e o PSDB era da USP. De certo modo quem disse isso não tinha entendido o meu argumento.

        Você também parece que não entendeu o meu argumento de dividir São Paulo em 10 estados. Ou talvez você tenha entendido e sua alegação de que se ocorrer essa divisão o PSDB vai fortalecer tenha sido apenas com a intenção de passar mel na boca dos tucanos.

        No título que eu dei a este comentário eu pensei em dizer “o meu fim”, mas alvo também presta à mensagem desejada. A ideia é com a minha proposta aumentar a representação de São Paulo, mas ao mesmo tempo essa representação fica diminuída. Ou dito de outro modo, no fim eu acabo com essa ideia de aumentar a representação de São Paulo ou meu alvo é atingir a ideia de aumentar a representação de São Paulo. Então é repetir Charles de Gaulle, gosto tanto de São Paulo que preferiria que o Estado fossem vários.

        Clever Mendes de Oliveira

        BH, 09/05/2017

  5. O mais incrível da eleição de

    O mais incrível da eleição de Emmanuel Macron é o fato de ter sido eleito pelo Hollande, o presidente mais impopular da história da França.

  6. http://hupomnemata.blogspot.c

    http://hupomnemata.blogspot.com.br/2017/05/sobre-vitoria-de-macron-na-franca.html

     

    Sobre a vitória de Macron na França

     A vitória de Emmanuel Macron nas eleições presidenciais da França só oferece um motivo de comemoração: ter derrotado Marina Le Pen. Trata-se do famoso “menos pior”. No cenário político, Macron ocupa uma posição, digamos assim, de “extremo centro”. Participou do governo socialista, é certo, mas antes foi banqueiro dos Rotschild. Propõe um plano de investimentos sociais de 50 milhões de euros, é certo; mas também um corte de 60 milhões de euros no orçamento. Deseja reformar o Código do Trabalho para dar mais garantias ao trabalhador, mas ao mesmo tempo promete extinguir 120 mil empregos públicos e cortar 10 milhões de euros no orçamento do seguro-desemprego. Querem mais? Promete investir 15 milhões de euros na transição energética para um modelo sustentável, mas não deseja abandonar o modelo nuclear (a França tem 58 reatores nucleares em atividade). Como eu dizia: Macron é o extremo centro. O seu primeiro ministro, que deve ser anunciado dentro de alguns dias, deve reproduzir essa tensão: fala-se em François Bayrou, com simpatias socialistas – em todo caso um democrata importante -, mas também em Laurence Parisot, antiga presidente do Medef, a maior organização patronal francesa, o equivalente à Fiesp brasileira. Uma opção coerente, por seu centrista também “extremo”, seria Jean-Louis Borloo, antigo ministro, amigo de Macron. E outra coisa me assusta: a futilidade e a volatilidade do seu discurso político. Que dizer de alguém que coloca no centro dos seus compromissos, “moralizar a vida pública”? Que é um populista, é claro! Bem conhecemos os mecanismos que produzem esse tipo de afirmação, em qualquer contexto… Isso tem a ver também com a rapidez e com a ardilosidade com a qual construiu sua candidatura. Percebendo o naufrágio trágico do governo do qual participava – o de François Hollande – Macron alimentou e fez parte das inúmeras conspirações internas e saiu no momento oportuno, sabendo que não seria o candidato dos socialistas, para fundar o movimento por meio do qual lançou sua candidatura, o En Marche. Não sei se os próximos anos serão de crescimento das já imensas contrariedades e expectativas sociais dos franceses. Também não sei dizer, nem mesmo enquanto possibilidade, sobre o futuro dos grandes partidos franceses – os Republicanos, da direita, os Socialistas, o Front National da ultra-direita, a nova esquerda representada por Mélenchon, com sua France Insoumise e o verdes no novo cenário configurado. Porém, uma coisa parece certa: prosseguirá, na França, a política de hesitação e de dependência completa dos movimentos econômicos da Alemanha. A mesma política que arruinou os socialistas e que fez o triunfo financeiro dos apoiadores da direita. A mesma política que estimula o voto na extrema-direita. A mesma política que faz surgir “o novo” – Macron – do nada e que lança “para lugar algum” o futuro do país.

     

  7. Triste França. Oh, como é semelhante…

    Ver o povo francês encurralado entre um joão dória (Mackron) e um bolsonaro de saia é muito triste.

  8. As exporações de um país não dependem de sua política cambial

    A desvalorização do velho marco explica só em parte o carater exportador e superavitário da economia alemã. Basicamente, o que um país tem que fazer para exportar mais do que importar é aumentar o grau de exploração de sua classe trabalhadora, de forma que a classe economicamente dominante de tal país obtenha uma grande expropriação dos trabalhadores em relação aos outros países. Em sendo assim, a jornada de trabalho da Alemanha é uma das mais longas da UE e o salário médio do referido país é apenas o quinto maior. Devido a esse elevado grau de expropriação da classe operária alemã, os Burgueses Alemães conseguem vender os seus produtos e serviços no exterior mais barato do que vendem na própria Alemanha.

    Marx constatou isso há muito tempo:

    “O mais a produção capitalista se desenvolve, o mais ela tem que produzir numa escala que não tem nada ver com a demanda imediata mas que depende duma expansão constante do mercado mundial. Ricardo utiliza a afirmação de Say segundo a qual as capitalistas não produzem para o lucro, para a mais-valia, mas que produzem valores de uso diretamente para o consumo – para seu próprio consumo. Ele não toma em conta o fato que as mercadorias devem ser convertidas em dinheiro. O consumo dos operários não basta, porque o lucro provem precisamente do fato que o consumo dos operários é inferior ao valor do seu produto e que ele (o lucro) é tão grande quanto o consumo é relativamente pequeno. O consumo dos próprios capitalistas também é insuficiente.”

    Então, Assis, será que caiu a ficha?

    1. Talvez você só esteja metade certo

       

      Rui Ribeiro (terça-feira, 09/05/2017 às 02:27),

      Certamente você está metade errado. Vou, entretanto, falar primeiro da parte em que você talvez esteja metade certo. Se tomarmos como base a primeira grande desvalorização ocorrida no Brasil e que foi a de 15 de fevereiro de 1983 em que o cruzeiro foi desvalorizado em 30%, vai-se verificar que as exportações praticamente não cresceram com aquela desvalorização o que confirma o título do seu comentário de que “As exportações de um país não dependem de sua política cambial”.

      Naquele ano, as exportações podem ter passado de 23 para 25 bilhões de dólares. Já as importações caíram de 23 para 12 bilhões de dólares. O que a desvalorização provoca é redução da capacidade de importação do país e com essa redução surge o superávit na Balança Comercial.

      É exatamente na possibilidade se se gerar um saldo na Balança Comercial que a política cambial é importante. Foi com aquela política cambial que o Brasil ganhou condições de fazer um grande mal aos banqueiros internacionais e que é pagar a dívida. Banqueiros precisam que os países rolem a suas dívidas. Quando os devedores deixam de ser devedores, os banqueiros não veem graça na sua atividade.

      É claro que o saldo na Balança Comercial tem o seu custo. Uma parte das importações precisa ser substituída pela produção interna. Então a produção interna precisa aumentar. E uma parte das importações simplesmente deixa de existir o que significa que a demanda precisa diminuir. Não foi por outra que a inflação até em 1982 estava na faixa de 100% ao ano passou para 220% ao ano. A inflação é uma forma de reduzir a demanda, ou dito de outro modo, que deixa os ortodoxos com fogo nas ventas, inflação é sinônimo de poupança.

      Agora essa metade sua correta não é totalmente correta porque se fizer um levantamento preciso vai-se verificar algum percentual por mínimo que seja de aumento. É verdade que o ganho maior será do empresário pois para igual produção vendida ele vai receber em moeda nacional muito mais dinheiro.

      Então, sem dúvida, em um primeiro momento, a desvalorização da moeda é um tiro no pé da classe trabalhadora. Só que a desvalorização ao aumentar a mais valia na mão do exportador leva a aumento de investimentos e leva a aumento de produção e de crescimento econômico que gera mais empregos. Depois da década de 60 e 70 nunca o Brasil cresceu tanto como em 1985, quando o crescimento chegou a 7,8%. E o crescimento econômico com a redução dos desempregos é o principal trunfo na luta da classe trabalhadora.

      E você está metade certo em mencionar a análise marxista para explicar porque a desvalorização da moeda não atende o interesse da classe trabalhadora. Não seria a desvalorização da moeda que aumenta a capacidade de exportação. É a possibilidade de ganhar mais em cima da classe trabalhadora que leva a um aumento da exportação. De certo modo ao desvalorizar a moeda há um aumento da mais valia e como consequência uma diminuição da demanda, demanda essa decorrente do restante do trabalho que não é apropriado pelo capitalista e, portanto, pago aos trabalhadores.

      Assim, não resta senão reconhecer que Marx estava certo ao dizer que a apropriação da mais valia reduz a demanda. Só que Marx desconsiderou dois aspectos importantes que alteraram com o tempo. O primeiro aspecto importante que Marx desconsiderou foi limitar o papel do Estado a instrumento de dominação. Sim, o Estado é instrumento de dominação, mas ele é muito mais do que isso. É o Estado que move o sistema capitalista. Por ver o Estado apenas como mero instrumento de dominação, Marx não dá ao Estado o valor que ele tem. Até mais do que isso, Marx se põe contra o Estado.

      E em parte Marx tinha razão em não dar importância. Na época dele, os gastos do Estado representavam menos de 10% dos gastos totais. Hoje os gastos chegam a 40% do PIB. E de onde provem os recursos para se ter esses gastos da ordem de 40% do PIB? Vem dos impostos. E como o Estado obtém uma carga tributária que consiga fazer frente aos gastos de 40% do PIB? Será que o Estado arrecada isso tudo em cima do salário dos trabalhadores ou ele precisa apossar também de parte da mais valia dos capitalistas. Afinal por que os capitalistas são tão interessados em reduzir a carga tributária?

      Então a parte errada de sua argumentação diz respeito a você não considerar a retomada do crescimento puxada pela desvalorização, seja pelo ligeiro acréscimo das exportações, seja pela substituição das importações, seja pela ganância do capitalista que percebe mais possibilidades de ganhos e aumenta os seus investimentos. E assim, em consequência do crescimento, há a redução do desemprego representando ganho para a classe trabalhadora, ainda que a desvalorização pareça só trazer vantagem para o capitalista.

      E há equívoco na argumentação que não leva em conta a interferência benéfica do Estado para a classe trabalhadora não só por ser instrumento capaz de dar sobrevida e desenvolver o sistema capitalista, sem falar no que representa para o capitalismo os grandes orçamentos das nações mais ricas do mundo, como também pela possibilidade de impulsionar o desenvolvimento tecnológico trazido por grandes instituições como o Pentágono e a NASA.

      E há que se mencionar também como benefício para a classe trabalhadora a montagem do Estado do Bem Estar Social, ainda que esse se institua também para servir aos interesses dos capitalistas. Com esse aparato foram construídos mecanismos para possibilitar a educação mais ampla da classe trabalhadora como também uma extensão maior das condições de saúde aos trabalhadores.

      E ainda resta um aspecto que a análise marxista negligencia e que é de suma importância. Trata-se de reconhecer que para a consolidação do Estado como instrumento para dar dinamismo ao capitalismo é necessário o aumento da carga tributária. Não há nada melhor para medir a força do Estado do que a carga tributária. O Estado mais forte do mundo é o que tem em termos absoluto a maior carga tributária. E à medida que dentro de um mesmo país a carga tributária em termos percentuais aumenta, isto é, à medida que o Estado fortalece, isto é, ao mesmo tempo que o instrumento de dominação dos poderosos se torna mais forte, há uma melhora da distribuição de renda.

      Enfim, há que se atentar para as contradições inerentes ao capitalismo e a forma dinâmica e dialética como o sistema as supera e não se limitar a ver o sistema só como uma síntese acabada e estática que permanecerá como se encontra até a eternidade.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 11/05/2017

      1. Segue link para réplica minha sobre insegurança jurídica

         

        Rui Ribeiro (terça-feira, 09/05/2017 às 02:27),

        Recentemente, em comentário que eu enviei sexta-feira, 28/04/2017 às 13:53, eu repliquei a questionamento seu ao meu comentário enviado quarta-feira, 26/04/2017 às 00:37, lá no post “Xadrez da subversão do Supremo Tribunal Federal” de quinta-feira, 04/05/2017 às 06:49, aqui no blog de Luis Nassif e de autoria dele. O endereço do post “Xadrez da subversão do Supremo Tribunal Federal” é:

        https://jornalggn.com.br/noticia/xadrez-do-abuso-e-de-um-momento-de-bom-senso-da-lava-jato

        Você questionou no seu comentário o meu argumento de que o Poder Judiciário não tem o poder que as pessoas acreditam que ele tenha e que, portanto, não se pode atribuir ao Poder Judiciário qualquer influência em um processo de recuperação econômica ou em um processo recessivo.

        Meu argumento foi um pouco além porque eu defendo a ideia que nem o Judiciário tem esse poder nem tão pouco a mídia,como muitos apregoam. Aliás, se a mídia tivesse esse poder ela o usaria. E o Poder Judiciário teoricamente tem esse poder, pois ele poderia tomar uma decisão que quebraria o país. Só que ao contrário da mídia que o usaria se tivesse esse poder, o Poder Judiciário não o usa. É como se o Poder Judiciário se manifestasse assim: eu tenho esse poder mas o bom senso me impede de o usar. Assim funciona qualquer democracia no mundo.

        Você, entretanto, defende a ideia que o Poder Judiciário pode criar a insegurança jurídica e essa insegurança jurídica poderia levar a uma recessão.

        Discordo de você. Como eu disse lá em meu comentário, a segurança jurídica é um processo lento que se desenvolve ao longo da formação de uma coletividade. Não seria uma decisão judicial, isolada no tempo ou no espaço, que terá a capacidade de levar um país a perder aquilo que foi construído ao longo do tempo.

        Clever Mendes de Oliveira

        BH, 11/05/2017

  9. NassifBom dia Como Holland,

    Nassif

    Bom dia 

    Como Holland, Macron será o cãozinho da Merkel!

    Alemanha segue ganhando a guerra, sem dar um unico tiro!

    1. Este como outros seus posts indicados aqui levam a boa leitura

       

      Romulus (terça-feira, 09/05/2017 às 09:06),

      Outro ótimo post este que se encerra no seu comentário. E aqui parece ficar mais claro o comentário de Thomas Piketty que você considerou contrário ao seu pensamento lá no seu post “França: como no Brexit, velhos sacrificam jovens no altar dos seus medos” de sexta-feira, 05/05/2017, e que pode ser acessado no seguinte endereço:

      http://www.romulusbr.com/2017/05/franca-como-no-brexit-velhos-sacrificam_5.html

      Segundo você Thomas Piketty “defendeu tese … hmmm … no mínimo “intrigante””, exposta no Liberation pela qual:

      “… quanto maior a margem da vitória de Macron, mais se saberá que a votação não era em favor dele e sim em repúdio a Marine Le Pen. Dessa forma, Macron gozaria de força política menor para impor sua agenda (ainda mais) liberalizante.”

      Há junto ao seu post um comentário de Ciro D’Araujo que explica a tese de Thomas Piketty ao chama a tese de “controle de danos prévio”. De certo modo, ele se põe ao seu lado ao dizer que o “importante para todos os setores da esquerda é Macron não sair forte o suficiente”, o que só pode significar ou que ele concorda com você quando você diz que para você: “Quanto menor a margem, menor a moral política pós-eleitoral de Macron” ou ele – Ciro D’Araujo já estava pensando no terceiro turno das eleições francesas e queria dizer que era importante Emmanuel Macron não sair forte no terceiro turno.

      Se foi pensando no terceiro turno que Ciro D’Araujo fez o comentário dele, ele se equivoca ao dizer que “Macron não sair forte o suficiente” não vai “fazer muita diferença . . .”. Macron terá três possibilidades de governar: sozinho com o partido dele, à direita com os Republicanos ou à esquerda com os Socialistas. A primeira possibilidade é, em meu entendimento impossível. Então tudo se resume a saber o tamanho da Frente Nacional no terceiro turno (Que se não me engano são em dois turnos, ou estou enganado?)

      A menos que os Republicanos sejam majoritários com ou sem a Frente Nacional, o espaço para a esquerda é bastante satisfatório, a menos que Emmanuel Macron se junte aos Republicanos. O que faria ficar ainda mais apropriado o apelido que Paulo Henrique Amorim lhe deu em entrevista com Mathias Alencastro, ao referir-se a Emmanuel Macron de “Michel Temer inteligente”. A entrevista com o título “Eleição na França: O que pensa Macron” pode ser vista no seguinte endereço:

      https://www.youtube.com/watch?v=Nt1-PcHesX0

      Agora, nesse seu comentário que nos remete para o seu post “França: como no Brexit, velhos sacrificam jovens no altar dos seus medos”, mais uma vez eu ressinto a ausência de referência a dois textos que tratam do crescimento da direita no mundo democrático em período de crises. Com base nos dois textos o que acontece agora no século XXI não é algo diferente, mas sim algo que se repete sempre que há crises econômicos mais fortes e prolongadas: a direita cresce, os partidos políticos se fragmentam e movimentos de extrema direita prosperam.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 09/05/2017

  10. Coabitação: o retorno

    Mas sem a presença e a grandeza do Tio !

    Marine tem razão, uma mulher vai governar a França: ou ela ou Frau Merkel.

    De Gaulle gastou o uniforme no qual foi enterrado de tanto se virar no túmulo.

    Vão reorganizar “La Cagoule” ? Petain vai ser reabilitado?  Marianne, tão linda pintada por Delacroix, vai usar burca?

    Teria razão Houellebecq?

  11. Assis, tenho  algumas
    Assis, tenho  algumas observações sobre seu artigo. Uma moeda tem sempre dois lados.
    A Alemanha é culpada de tudo ?
     A sua sfirmação de que o marco alemão foi desvalorizado para a definição do ruro não é correta, verifique suas fontes. Foi exatamente o contrário: nos últimos anos da década de  90  antes de se introduzir o euro em 1999,  o marco alemão teve que ser valorizado. Isso teve que ser feito para que os países com moeda mais fraca tivessem competividade  no mercado europeu sem sofrer desvantagens.  Com isso os produtos alemães ficaram muito caros e a Alemanha passou os primeiros anos do euro em grande desvantagem e sob enorme pressão: os salários dos trabalhadores não eram reajustados e os sindicatos firmaram pactos   com os empresários. Enquanto isso, os outros países viviam na bonança, em situação muito conoirtável, com salários altos e boas aposentadorias . A partir de 2003  o chanceler  social-democrata Gerhard Schröder  começou a  implementar a chamada Agenda 2010, que flexibilizou o mercado de trabalho e introduziu modificações na Previdência. Com isso a Alemanha foi ganhando competitividade.  Quando os outros acordaeam, já era tarde !  O que acontece hoje com a moeda única euro ? Antes do euro, quando cada país tinha sua moeda,  era tudo muito fácil. Bastava mexer no câmbio, não era necessário negociar com os sindicatos.   Descalorizava-se a moeda, todos perdiam mas a economia funcionava com produtos que ficavam mais baratos. Então, no início, com produtos caros e com o euro , a Alemanha se viu obrigada a implementar reformas para melhorar a competividade. Teve sucesso depois de muito sacrifício. Ela é culpada agora por causa disso ? Os outros países também têm que se adaptar. Como toda reforma,a Agenda 2010  teve acertos e  erros. O candidato Social democrata, Martin Schulz, cujo lema de campanha para as próximas eleições parlamentares em setembro é  , quer reverter  algumas dessas reformas trabalhistas. Está correto. Agora pide-se reformar novamente. Por ex., aumentando os salários dos trabalhadores, o que vai encarecer  o custo dos produtos alemães. Vantagem para os outros países da União. Será que essa medida vai resolver o problema deles ?  A pergunta é: o consumidor que gosta de Audi, Mercedes Benz,  Porsche ou BMW vai preferir compar Fiat, Citroën ou Peugeot porque os carros alemães ficaram um pouco mais caros ? A questão é muito mais abrangente, o fator euro é um dentre muitos e mesmo assim questionável.  A Alemanha já era a economia mais forte da Europa antes do euro.  Com a sua indústria automotora, siderúrgica e química e maquinária com alta tecnologia,já era  eficiente e e produtiva e competitiva no mercado mundial. Não só  o Estado alemão investe fortemente em Educação ( a escolarização obrigatória vai até 18 anos, totalmente em escolas públicas) como também as empresas investem.  Elas investem constantemente em tecnologia e aperfeiçoamento dos trabalhadores, mesmo no exterior.  Por exemplo, os funcionários da BMW  no Brasil fazem regularmente cursos de atualização e aperfeiçoamento nas fábricas da empresa na Alemanha, na África do Sul e nos e nos EUA. A Grécia está sufocada e penalizada pela política ecômica da UE.  Mas por outro lado, os milionários gregos continuam a não pagar impostos assim como a igreja ortodoxa que é a maior dona de terras na Grécia.Os milionários donos de estaleiros e capitâes da indústria naval preferem transferir suas riquezas para os bancos cipriotas ou comprar imóveis na Alemanhado que  investir na indústria naval grega criando novos empregos para a juventude dempregsda. Isso não é culpa da Alemanha. Os alemães se aposentam com 65 anos e gradualmente vai sumentando até 67 anos. Pode-se apisentar com 63 anos, desde que tenha trabalhado 45 anos sem interrupção. Na Grécia, na França e em outros países se aposenta com 50 ou pouco mais que isso. É evidente que a Alemanha tem muita força na UE pois é o país mais populoso e portanto o  que mais paga dentro da UE. Mas o BCE é  independente e a política de juros a 0% é a prova disso,  justamente para aliviar e favorecer  os países do Sul da Europa, e e não o contrário,  para davorecer a Alemanha. Na Alemanha hoje, o  poupador ou fundos de pensão, seguros de vida não  conseguem mais que 0,02% ao ano de juros para uma aplicação. Para estimular os bancos a emprestar dinheiro barato o BCE é introduziu taxas para os bancos que  guardarem dinheiro no BCE.  Isto é, além de 0,0 %de juros, os bancos ainda têm que pagar.  É justamente devido a ess política de juros baixos  que há um boom no mercado imobiliário, pois nunca foi tão barato comprar a casa própria. A Carta da UE exige que os membros da União não ultrapassem  3 % de déficit. Assim é a lei. 
     “A França está claramente inclinada romper com o neo liberalismo.”   
    Eu não diria “a França” e sim 1/3  está disposto a romper com o neo liberalismo. São os eleitores de le Pen, que vivem no norte da França e são os perdedores da globalização.  1/3 (abstençòes e nulos) não quer nem le Pen e nem Macron. Portanto acho um  pouco ousada sua afirmação. Além disso,  no dia seguinte às eleições, o secretário-geral do FN da Baixa Alsácia, Laurent Gnaedig, afirmou em  entrevista a DF:http://srv.deutschlandradio.de/themes/dradio/script/aod/index.html?audioMode=3&audioID=544022&state= na convenção do partido em dezembro o nome do partido vai ser mudado, provavelmente para “Aliança Patriótica” ( talvez para se distanciar  ainda  mais de Jean-Marie le Pen, e de extremismo a direita)  . E admitiu  uma mudança  no  programa do partido em relação  ao euro pois a maioria dos franceses rejeita abandonar o euro e deseja conservá-lo.O que essa mudança no orograma do partido significa ?  O Partido vai manter o euro e vai sair da UE  ?? Se esse fdato se concretizar, é uma guinada de 180° em direção a UE. Por aí se vê como o programa populista é consistente e pode variar de acordo com a onda.  “Aparentemente a França repudia a extrema direita e despreza o centro”. Despreza  não só a direita, o centro, mas também a esquerda, pois o candidato socialista ficou apenas com 6% de votos no primeiro turno.  Reduzir o fracasso do partido socialista francês ao fato de ele não ter podido fazer mais investimentos  está pouco longe da realidade. Muito melhor do que eu você está inteirado das querelas e dos problemas internos e dos escândalos sucessivos do partido.  

      
     

     

    1. J C de Assis não disse que o marco desvalorizou para o Euro

       

      Ana Torres (terça-feira, 09/05/2017 às 15:07),

      Em meu entendimento José Carlos de Assis não disse que “o marco alemão foi desvalorizado para a definição do Euro”, conforme você diz que ele disse. No trecho em que o que ele diz se aproxima da sua interpretação, José Carlos de Assis diz o seguinte:

      “A Alemanha é a grande beneficiária do euro. A definição da nova moeda implicou uma desvalorização do velho marco, acentuando o caráter exportador e superavitário da economia alemã. Com a entrada na economia interna dos superávits comerciais, o aumento da liquidez favorece a atividade econômica e o crescimento.

      Em países que, antes do euro, as antigas moedas eram mais fracas que o marco alemão, a moeda única resultou em efetiva valorização do padrão monetário reduzindo a competitividade externa e a capacidade exportadora. Com isso, a esmagadora maioria dos países do euro e, por reflexo, da União Europeia se tornaram importadores líquidos, dependentes de empréstimos (alemães) para fechar seus balanços de pagamento.”

      O que em meu entendimento o José Carlos de Assis disse ou quis dizer é que antes do Euro, os países que tinham moedas fracas resolviam suas crises com a desvalorização das suas moedas algo até natural enquanto o marco alemão se valorizava. Com o Euro, a Alemanha puxa o Euro para cima o que leva os países que antes tinham moedas fracas, e que, quando precisavam, desvalorizavam a sua moeda, a uma situação de desequilíbrio e déficit no Balanço de Pagamentos. E o efeito no Euro foi o contrário quando se toma como referência os países que antes tinham moeda fraca. Com o euro, os países que antes tinham moeda puxam o Euro para baixo, o que leva o país que antes tinha moeda forte (a Alemanha) e que via sua moeda se valorizar, dificultando a sua capacidade exportadora, a uma situação de mais superávit no Balanço de Pagamentos.

      É por isso que eu apresentei neste post “A euforia alemã (e da Globo!) ante o resultado das eleições na França, por J. Carlos de Assis” de segunda-feira, 08/05/2017 às 17:1 2, em comentário enviado segunda-feira, 08/05/2017 às 20:04, como proposta para solucionar o problema do déficit de Balanço de Pagamentos dos países da zona do euro que antes tinha moeda fraca, a saída da Alemanha pelo prazo de dez anos da Zona do Euro, pois assim o euro desvaloriza e o marco alemão valoriza. E os Balanços de Pagamentos dos países do Euro que antes tinham moeda fraca deixam de ser deficitários e o da Alemanha deixa de ser superavitário.

      Não quer o que eu disse dizer que o que você disse sobre a Alemanha ter feito esforço em flexibilizar a legislação trabalhista não seja verdade. Sim a Alemanha flexibilizou a legislação trabalhista e isso deu ainda mais ganho de competitividade ao país. Além disso, os empresários alemães, corruptos que nem eles são, fraudaram bastante para vender gato por lebre como os Estados Unidos descobriram em relação aos softwares dos carros da Volkswagen e aplicaram multa violenta.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 09/05/2017

    2. Traduzindo, o sucesso da economia alemã decorre…

      O comentário da Ana Torres deixa claro que o sucesso da economia alemã deriva do fato da classe operária do referido país ser uma das mais exploradas da Europa. Isso reduz os custos de produção e maximiza os lucros da burguesia alemã, fazendo com que seus produtos sejam competitivos no mercado mundial.

      Qual trabalhador é mais explorado: o que se aposenta com 65 anos ou aquele que se aposenta com 50? Se o trabalhador alemão se aposenta com 65 anos, ele é mais explorado do que os trabalhadores dos demais países da UE.

      A jornada de trabalho na França era de 35 horas semanais. Certamente, que com essa jornada de trabalho, os trabalhadores franceses eram menos explorados do que os trabalhadores alemães. Com custos de produção mais elevados, os produtos franceses perderam em competitividade.

      Resumindo: o triunfo da economia alemã sobre as demais decorre do grau mais elevado de exploração de sua classe trabalhadora. A taxa de câmbio tem muito pouco a ver com isso.

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