A homofobia, polarização política e ataques às liberdades civis, por Jean Wyllys

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Crédito: Chainless Photography via Visual Hunt / CC BY-SA
 
Jornal GGN – A morte do vendedor ambulante Luis Carlos Ruas, em São Paulo, esta semana foi retrato da intolerância que dominou o quadro social, político e cultural do ano de 2016. “A homofobia não se restringe às pessoas LGBTs e suas famílias, mas também às pessoas que se levantam contra ela”, resumiu o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ). 
 
“O recrudescimento da violência contra as pessoas LGBT está se reproduzindo num contexto de excessiva polarização política, reacionarismo no poder legislativo (não só no Congresso Nacional, mas nas assembleias legislativas e câmaras de vereadores), demonização da agenda política progressista e humanista, ataques às liberdades civis e crescimento do fundamentalismo religioso e do fascismo no Brasil”, disse o parlamentar.
 
 
Leia a íntegra da manifestação de Jean Wyllys:
 
Quando um vendedor é assassinado a socos e pontapés em uma estação de metrô de São Paulo por tentar proteger a vida de duas travestis em situação de rua, muita gente descobre da pior maneira que a homofobia e a transfobia não vitimam unicamente as pessoas LGBT. Nessa ressaca de Natal, depois de nos reunimos com nossos entes queridos aspirando por um mundo com mais diálogo, tolerância e amor, fomos puxados de volta para a realidade com a notícia do espancamento de Luis Carlos Ruas na estação Pedro II.
A homofobia não se restringe às pessoas LGBTs e suas famílias, mas também às pessoas que se levantam contra ela, seja como acusação (“Se está defendendo um homossexual ou uma travesti, é porque é ‘viado’ ou gosta de “traveco”), seja como agressão física ou até como crime de ódio. Não é a primeira vez: lembremos o caso dos dois irmãos atacados porque andavam juntos, abraçados, e os agressores pensaram que eram gays (o ataque foi tão violento que um deles morreu), ou também aquele pai que perdeu a orelha num ataque homofóbico porque acharam que seu filho era o namorado.
O recrudescimento da violência contra as pessoas LGBT está se reproduzindo num contexto de excessiva polarização política, reacionarismo no poder legislativo (não só no Congresso Nacional, mas nas assembleias legislativas e câmaras de vereadores), demonização da agenda política progressista e humanista, ataques às liberdades civis e crescimento do fundamentalismo religioso e do fascismo no Brasil.
É um problema seríssimo e os organismos internacionais de direitos humanos há anos cobram, do Estado brasileiro, uma resposta eficaz contra esse mal em todas as suas nuances. Neste caso recente de São Paulo, a polícia já identificou os agressores; agora cabe ao governo Alckmin não permitir que eles fiquem impunes, bem como reforçar as campanhas de conscientização e aprimorar as políticas de segurança – dentro e fora das estações de metrô – que levem em conta as vulnerabilidades das pessoas LGBTs, sobretudo aquelas que estão em situação de rua.
Peço às pessoas heterossexuais de bom-senso e não contaminadas pela estupidez motivada que, apesar desses casos de violência, não deixem de se levantar contra essas injustiças. Precisamos estar todos unidos para assegurar o direito de todos os cidadãos brasileiras de ir e vir.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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