A luta antimanicomial continua

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Pedro Gabriel Delgado fala da retomada da luta animanicomial, com retrocessos expressivos após 30 anos da Carta de Bauru. Foram grandes avanços que agora podem se perder com o desmantelamento de políticas de bem-estar social. Os 50 mil leitos manicomiais a menos foram acompanhados pela conquista de quase 3 mil serviços substitutivos a mais. Este avanço foi reconhecido no mundo inteiro e sua conquista um árduo trabalho. A luta continua.
 
Ouça o áudio e, a seguir, a transcrição.
 

Mensagem de Pedro Gabriel Delgado
 
Companheiras e companheiros da luta antimanicomial, nestes 30 anos da Carta de Bauru
 
Aqui quem fala é Pedro Gabriel Delgado.
 
Os 30 anos da Carta de Bauru representam um período de grandes avanços para a reforma psiquiátrica e para a luta por uma sociedade sem manicômios. Me lembro com emoção da primeira passeata antimanicomial nas ruas de Bauru, um ano antes da Constituição-Cidadã de 1988. Desde então, tivemos notáveis conquistas no campo dos direitos humanos, das políticas sociais, da proteção do trabalho, da ampliação dos direitos dos trabalhadores e suas famílias, da soberania do nosso país. Na saúde mental, são 50 mil leitos manicomiais a menos, e quase 3 mil serviços substitutivos a mais. É uma vitória estupenda do movimento antimanicomial e de toda a sociedade brasileira, e um avanço reconhecido em todo o mundo. A reforma psiquiátrica, mesmo ainda em processo, já é uma poderosa realidade, que nos dá força para a luta.
 
Porém 30 anos depois de Bauru, que temos diante de nós agora? Temos um duro combate a travar, não apenas em defesa da reforma psiquiátrica, mas da liberdade e da democracia. A luta agora é contra a coalizão neoliberal e fascista que tomou o poder em nosso país, e pratica um desmantelamento dos importantes avanços das políticas de bem-estar social. Faz isso sob a proteção de um estado de exceção, que criminaliza a política, os movimentos sociais e sindicatos, e adota práticas de intimidação que lembram o terrorismo de estado. A crise social e a iniquidade se aprofundam. Tecnocratas sinistros são colocados à frente dos programas sociais, para destruir o SUS, o SUAS, a renda do trabalho, a CLT, o emprego, a soberania nacional. Na saúde mental, congelam a habilitação de novos CAPS, transferem recursos para os hospitais psiquiátricos e para comunidades terapêuticas, desrespeitam e tentam desmantelar uma política pública, de saúde mental, construída coletivamente, sustentada por lei e aprovada por 3 conferências nacionais.
 
É ilusório pensar que a estratégia de resistência da reforma psiquiátrica pode ficar restrita ao plano da gestão. A luta é contra o golpe de estado de 2016.
 
Nosso movimento é muito forte, tem uma imensa base social. Vamos mostrar nossa capacidade de resistência, nos articulando com uma ampla frente progressista em defesa da sociedade sem manicômios, da liberdade, da democracia, e contra todas as formas de fascismo.
 
Saudações libertárias, democráticas, fraternas e antimanicomiais !
 
08 de dezembro de 2017
Pedro Gabriel Delgado
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

1 Comentário

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  1. a luta antimanicomial….

    Roberto Cabrini / SBT revelou em reportagem sa mortes, mais que suspeitas, de mais de 250 pacientes internados em Hospital Psiquiátrico de Sorocaba. MP / SP fez o que sempre faz. Fingiu não ser com ele, engavetou o processo. O Secretário de Saúde da cidade, dono dos 6 hospitais psquiátricos do município (maior concentração no país), correu em fechá-los todos, e destruir toda papelada e história destes hospitais. Pacientes levados às pressas aos familiares ou abandonados por ruas da cidade e região.  Tucanistão agindo para desaparecer com o assunto e fingir normalidade. Então entrou na história MP FEDERAL. Mas onde estão os resultados das investigações?   

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