A milionária indústria do cibercrime no Brasil, por José Martins

Enquanto muitos comemoravam o sucesso da Copa do Mundo no Brasil e a festa alemã na final, o cibercrime comemorava também seus bons resultados durante o evento esportivo.

Para aqueles que acompanham o noticiário de tecnologia brasileiro o período da copa também foi marcado por uma ameaça ligada a uma comum forma de pagamento on-line no País: o Boleto. Estima-se que o golpe do boleto já tenha rendido bilhões de dólares a hackers que atuam no País.

Infelizmente o pagamento por boleto é uma prática brasileira e pouco conhecida mundo afora. Consiste em uma transferência de dinheiro entre empresas ou entre consumidor e empresa, e funciona como uma alternativa aos cartões de crédito e débito.  No entanto, ao contrário dos cartões, o boleto não oferece nenhuma proteção ou segurança reais ao ser utilizado, por não possuir um mecanismo de estorno em casos de erro ou fraude. De fato, uma vez que você tenha feito um pagamento via boleto on-line, a única forma de ter seu dinheiro de volta será que o recebedor deposite a quantia d e volta na sua conta.

Se para os cidadãos de outros países o uso dessa forma de pagamento pode parecer obsoleta, trata-se de algo muito comum no Brasil devido à dificuldade em obter crédito no País. O problema é que a própria natureza da transação via boleto é perfeita para cibercrimes.

O Malware do Boleto

O típico malware do Boleto atua em um PC que já tenha sido anteriormente infectado por um e-mail ou website corrompido. Uma vez instalado, ele espera até que o usuário visite o site de seu banco e acesse sua conta, e silenciosamente altera os detalhes de um Boleto recém-emitido para que o dinheiro seja encaminhado para uma conta de banco alternativa — e direto para as mãos dos criminosos.

Geralmente o valor envolvido nesse tipo de transação é baixo, mas com o grande volume de fraudes as perdas totais são milionárias, e uma única gangue pode gerenciar mais de 250 mil dólares em apenas cinco meses.

As autoridades brasileiras estimam que o malware do boleto esteja presente em mais de 192mil PCs, afetando mais de 30 bancos do País. Estes, por sua vez, tentam se prevenir contra esta ameaça, instruindo seus usuários a instalar plug-ins de navegador para barrar o malware. No entanto, parece que os hackers estão sempre um passo a frente desenvolvendo versões ainda mais sofisticadas dessa ameaça, capazes de desativar os plug-ins de segurança.

Como se proteger?

A resposta mais fácil ao malware do Boleto parece ser algum tipo de autenticação múltipla em fases para esse tipo de transações, mas esse tipo de solução ainda não está sequer em desenvolvimento no País.

Pesquisadores brasileiros sugerem que, por hora, as pessoas utilizem dispositivos móveis ao invés de PCs ao fazer transações por boleto, uma vez que o malware ainda não é suficientemente sofisticado para alterar os códigos de barra relacionados ao pagamento. E esse é um bom conselho, uma vez que esse tipo de ameaça está se tornando cada vez mais comum, e está se tornando uma verdadeira onda de crimes.

*José Martins é gerente regional da GFI MAX para América Latina e Brasil.

Redação

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