A notícia continua sendo estuprada para não atrapalhar as manchetes

A cada dia que passa mais inverossímil se torna o relato da jovem adolescente, que diz ter sido estuprada por mais de trinta homens, depois de ter sido dopada e levada desacordada para um lugar desconhecido.

Guardadas as proporções, a mídia criou o mesmo jogo de cena que culminou nos crimes de imprensa da Escola Base.

Cria-se um alarido monumental em cima de um fato, antes da sua devida apuração. Depois de criado o carnaval, a imprensa se torna prisioneira da primeira versão. Teme desmentir o fato e se queimar com seus leitores. Essa falta de coragem – e de caráter, na acepção definida por Cláudio Abramo – faz com que se minimizem informações que possam ir contra a primeira versão. E se criminalize quem ousar investir contra a verdade estabelecida.

Assim, para se montar o jogo da verdade torna-se necessário garimpar pequenas peças de informação, perdidas no noticiário, e tornadas irrelevantes para não estragar as manchetes principais

Um dos delegados que ousou afirmar que o estupro não aconteceu foi “denunciado” por conta de uma mensagem colocada em um grupo de WhatsApp. Confirmando, aliás, outra característica desses tempos bicudos: a disseminação da delação e a criminalização de qualquer fala privada, mesmo que não contenha fatos criminosos.

Vamos a algumas das preciosidades escondidas pela cobertura:

1. A nova delegada do caso mandou prender o chefe do tráfico da favela, invocando a teoria do domínio do fato.

Essa é mais uma das heranças do STF (Supremo Tribunal Federal) quando passou a atuar politicamente e a definir, primeiro, a culpa para depois ir atrás da justificativa. A flexibilização do conceito de culpa e de prova entrou pelo sistema judicial , incrustando-se em todos seus poros. O delegado que atropela as provas é filho direto dos Joaquins Barbosas e Gilmar Mendes que contaminaram o Supremo com sua visão persecutória.

Ora, se o sujeito é conhecido por ser chefe do tráfico na favela, sabendo-se que tráfico é crime, deveria estar atrás das grades há muito tempo. Agora, é enfiado de camburão na história graças à excelsa doutrina do domínio do fato e devido ao fato em questão ter-se tornando de domínio público. Quando o agente da lei invoca a teoria do domínio do fato é porque a investigação não levantou nada mais objetivo.

Aproveitou para decretar a prisão de seis suspeitos, mesmo não havendo nenhuma evidência de que havia mais que três pessoas nas cenas filmadas.

Em parte lembra a história do Bar Bodega. Pressionado pela campanha da mídia, um delegado prendeu meia dúzia de jovens favelados inocentes e os torturou durante um mês, protegido pelo silêncio cúmplice dos repórteres setoristas.

2. Um dos acusados relatou que, dois dias depois do suposto estupro coletivo, a jovem voltou à favela.

Nenhum veículo foi atrás da informação, veiculada pelo O Globo, que seria essencial para uma cobertura jornalística que se pretendesse autônoma em relação às investigações oficiais. Se for verdade, a história do estupro seria delimitado ao que o vídeo mostra; se mentira, seria uma evidência para desmontar a versão dos acusados. Não seria complicado levantar como foi a vida da jovem entre o dia do suposto estupro coletivo e o momento em que a denúncia se propagou.

3. As manifestações de solidariedade dos vizinhos aos acusados.

Apenas houve registros burocráticos, sabendo-se que há uma lei de Talião nas favelas que coíbe rigorosamente o estupro. Essa repulsa ao estupro faz parte, inclusive, dos códigos de conduta das próprias organizações criminosas, como já descrito em inúmeros estudos acadêmicos. As manifestações não foram de quadrilhas armadas de metralhadoras dando tiros para cima – conforme consagrada nas lendas sobre favelas. Foram de famílias, sabedoras de que condutas antissociais colocam em risco suas próprias meninas.

4. As análises sobre o vídeo divulgado.

Um delegado assistiu os vídeos e afirmou que não havia nenhum elemento que corroborasse a versão do estupro. A nova delegada viu e disse que havia: um rapaz bolinando com a jovem desmaiada.

A cena enquadra-se na categorização de estupro? Sim. A nova legislação incluiu a bolinação como uma das formas de estupro, ainda mais em uma pessoa vulnerável, desmaiada. A delegada se valeu dessa classificação para sustentar a tese do estupro. E saiu à caça de suspeitos, valendo-se do novo esporte nacional, de prender primeiro para perguntar depois.

Essa mesma irresponsabilidade foi externada pelo presidente interino e pelos Ministros do STF Gilmar Mendes e Carmen Lúcia, endossando a versão sem ter pleno conhecimento dos fatos. 

Mas há diferenças de gravidade entre um rapaz bolinando uma jovem desacordada e trinta pessoas armadas de metralhadoras a estuprando sequencialmente. Ou não?

Que se colham os frutos dessa campanha e se ampliem as denúncias de estupro, inclusive nas suas formas mais disfarçadas. Mas que não se estupre a notícia. Nem os direitos dos acusados.

Luis Nassif

130 Comentários

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  1. A situação pode ficar pior

    A situação pode ficar pior para todos os envolvidos: já há supostos estupradores sendo transferidos para Bangu, o complexo de segurança máxima do Estado. Se realmente forem considerados culpados pelo tráfico, não sairão vivos de lá.

    Se o tráfico os absolver, contudo, ficaremos diante de um fato sem precedentes, em que a justiça arbitral dos morros está sendo mais inteligente que a justiça influenciável do asfalto, que espera punição por um “estupro presumido” simplesmente pela fala da vítima, sem que haja averiguação dos fatos para evitar que ocorra uma injustiça sem tamanho.

    No caso da menina, agora é que é preciso temer por sua vida. Não voltará mais ao morro, pois as famílias dos envolvidos vão exigir a cabeça dela para os traficantes – e estes farão “justiça” à sua maneira, da pior forma possível.

    O pior, entretanto, é a lição para a sociedade: como garantir o devido processo legal quando qualquer crime corre o risco de receber aumento de pena, mas não mudança de conduta? Alexandre de Moraes já está vindo com ideias para aumentar o tempo de pena para estupro coletivo, e o Congresso vai seguir nesse ritmo … mas vai adiantar alguma coisa?

    P. S.: Quem está defendendo o fim da “cultura do estupro” deveria também criticar quem mente sobre um crime tão grave. Afinal, se um delegado pressupõe que alguém está mentindo sobre isso é porque já viu essa história um sem número de vezes – atrapalhando aquelas que realmente sofreram tal violência.

    1. acho difícil

      acho difícil o tráfico os absolver, já circulam fotos de suspeitos que já foram mortos pelo tráfico.. de forma bem brutal alías, idade média style

  2. Este país se tornou uma

    Este país se tornou uma imensa “manada”. Aliás, duas imensas “manadas”. 

    Elas bem se revelam nesse triste episódio envolvendo essa moça. Para a “manada” A, mesmo sem as necessárias apurações para se constatar o que houve realmente, já sai bradando mundo afora “estupro!”, “estupro!”. E os aproveitadores cabotinos proclamando discursos moralistas apocalípticos. Até o novo “lider” das “manadas”, Michel Temer, sacou da cachola a – sempre providencial – demagogia política: criar uma secretaria, ou algo parecido, na Polícia Federal especializada em delitos envolvendo mulheres. Jurisdição? Diaboéisso? Que se atropele o federalismo  e se dê a essa Polícia Federal cada vez mais prerrogativas ao arrepio não só da Constituição, mas da próprio bom senso. 

    Já a “manada” B……Essa nem é preciso lembrar: reacionária e estúpida até a última raiz dos cabelos,  sempre estará a postos para: ou colocar a culpa na vítima ou negar o crime. 

     

     

  3. Uma menina desacordada, nua,

    Uma menina desacordada, nua, sendo bolinada é estupro. E isso é gravíssimo.

    Se os estupradores estão submetidos à lei do tráfico, ela também está. Eventuais incompletudes nos depoimentos dela devem ser entendidos nesse contexto.

    Se a menina já é mãe, amiga de traficantes, assassina, matou a Madre Tereza de Calcutá, nada disso importa. Um estupro é um estupro, é ilegal, imoral, obsceno e deve ser combatido com toda a força.

    Não se deve, em hipótese alguma, relativizá-lo.

    A cobertura jornalística deve ser séria, evitar o sensacionalismo, mas também deve evitar a relativização e deve sobretudo evitar questionar a conduta da vítima. Não se relativiza o estupro de ninguém.

    1. Uma imagem mente mais que mil palavras.

      Eu não preciso ser Spielberg para explicar a engenhosidade e as possibilidades de fazermos crer algo pelo vídeo.

      Ainda assim, tudo ali pode ser verdadeiro. Grave é a interpretação solta e descontectualizada de outras provas.

      A menina poderia estar acordando, depois de uma noitada, ou depois de manter relação com quantos decidiu, livremente, e sob efeitos de drogas ou álcool, que ingeriu voluntariamente, aparece nua, machucada pela rudeza da relação, na presença de um idiota que a expôs.

      Crime? Sim, possivelmente. Tanto os do ECA (8069/90) em relação a exposião pornográfica de adolescente, quando do oferecimento de drogas e álcool.

      Estupro? Só a apuração pode revelar.

      Não se relativiza estupro de ninguém, é certo, mas por outro lado, não se absolutiza estupro de ninguém.

      O que reivindicamos é cuidado, só isso.

      Porque eu defendo a punição severa dos culpados, se restar provada a culpa em processo legal equilibrado, sem o que está acontecendo.

      Mas quantos comentaristas retornarão aqui para mostrar suas caras de bobos se uma mentira for relevada?

    2. Bolinação e Estupro

      Paulo:

      Essa história de trocar o sentido das palavras já foi denunciado, há muito tempo, por George Orwell, que apontou o duplipensar. Estados totalitários são especialistas no assunto, mas estados pretensamente democráticos, como o Brasil, também pisam nessa jaca. É o caso da estúpida e mal intencionada (nesse ponto) legislação penal, que chama de “estupro”, não apenas o estupro em si, mas qualquer ato libidinoso praticado em pessoa considerada vulnerável (pela idade ou por situação que impossibilite o consentimento).

      Ouso citar Paulo Maluf, que disse, em palavras mal escolhidas, algo sensato, como <<estuprar e matar é algo mais grave do que praticar apenas o primeiro crime>>.  Bolinar não é estuprar, a não ser no duplipensar. Consequentemente, bolinar não merece o mesmo castigo de condenação eterna do que estuprar, e sim, penalidade menor, ainda que pesada.

      É claro que sou contra essas duas ações, praticadas em pessoas vulneráveis. Amo o gênero Mulher, e não apenas pela atração sexual.

      E, sendo de esquerda, não gosto de gays, embora não os discrimine. E não gosto de mulheres que odeiam o gênero masculino. Como algumas comentaristas da postagem, que querem criminalizar todos os homens só porque alguns deles são estupradores. Lamento os estupros (verdadeiros), mas não me sinto culpado por eles, já que não fui eu quem os cometeu. Lembro que sem uma forte testosterona, a humanidade ainda estaria morando em árvores, e lembro que se as mulheres fossem as coitadinhas, não haveria, no mundo, mais mulheres do que homens. Prova de que as mulheres são, em geral, tão competentes, fortes e necessárias quanto os homens. Mas não mais: cada um no seu quadrado.

      1. Sejamos claros.
        O estupro, no

        Sejamos claros.

        O estupro, no Código Penal brasileiro, é um crime de violência:

        Art. 213.  Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso

        Então não há nenhum duplipensar. Qualquer “ato libidinoso” extraído da vítima por meio de violência constitui o crime de estupro. Se João forçar Maria a caminhar de mãos dadas pelo parque trocando juras de amor eterno, sob grave ameaça, isso é estupro. “Bolinar” a vítima através de violência ou grave ameaça é estupro. Em outras palavras, estupro nada mais é que constrangimento ilegal quando o ato a que a vítima é forçada é de natureza sexual.

        Já o artigo 217-A reza:

        Art. 217-A.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos

        Ele substitui a formulação antiga, em que no caso de menor de 14 anos “presumia-se” a violência. Mas o sentido é o mesmo: criminalizam-se os atos libidinosos praticados com menor de 14 anos. É o chamado “estupro ficto”, que se pune como se estupro fosse, ainda que falte o elemento que caracteriza o crime de estupro, a violência ou grave ameaça.

        E o parágrafo primeiro do mesmo artigo,

        § 1o  Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.

        Este é o caso em discussão. Pelo que se deduz do vídeo gravado pelos criminosos, a vítima teve a sua capacidade de resistência suprimida. Ou os estupradores se aproveitaram da embriaguez eventual da vítima, o que é estupro, ou a embriagaram para estuprá-la, o que é estupro agravado, nos termos do inciso c) do artigo 61 do CP, “à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido”.

        Não sei qual a necessidade de tergiversar sobre isto, parece uma estranha “solidariedade”. Há um crime, há prova material do crime, não há como manter um discurso de “inocente até prova em contrário”, por que a prova existe. Claro, a prova deve ser submetida à investigação policial, e depois a devido processo penal, com contraditório e direito a ampla defesa. Mas cabe agora à defesa demonstrar que as provas colhidas não são válidas ou não significam o que parecem significar.

        E a autoridade policial deve, entre outras coisas, proteger a integridade dos acusados, para que não sejam justiçados por outros criminosos (ou, como parece bastante provável, por agentes da própria polícia).

  4. Admito: fui um dos que caiu

    Admito: fui um dos que caiu na esparrela. Não do denuncismo, nem do atropelo ao direito alheio (da menina e dos acusados), mas do sentimentalismo a que uma situação destas, fantasiosa lou não, leva.

    É um tema caro e admito meu açodamento.

     

    Mea culpa. Vou buscar a verdade por trás das manipulações midiáticas.

  5. Perderam o rumo

    Olha, essa historia esta estranha, mas de toda forma ela nos levou a uma discussão importante sobre a questão de gênero. Quanto aos rapazes, ontem mesmo numa matéria reproduzida aqui da Folha de S. Paulo, ja havia nela um julgamento de valor, onde se lia que ” os traficantes…” Se o proprio jornal ja parte do pressuposto que os que cometeram ou teriam cometido o crime de estupro são traficantes apenas porque moram no morro e frequentam baile funk, que dira o resto do Brasil.

    1. Não é bem por aí.
      A discussão

      Não é bem por aí.

      A discussão não está sendo conduzida de forma eficiente: tenta-se colocar no mesmo balaio homens que respeitam suas mulheres e pessoas que merecem o desprezo da sociedade, como se todos fossem estupradores em potencial e responsáveis pela opressão contra a mulher. A vida tem múltiplos tons de cinza, que não estão sendo percebidos nesse e em outros assuntos.

  6. corajosa e coerente

    corajosa e coerente matéria…

    era óbvio que o exemplo do domínio do fato

    (e da morocracia)

    criado pelos

    de cima do stf iria contaminar todo o jujdiciário….

    é o estado de exceção vingando…

  7. O clima persecutório, ou a

    O clima persecutório, ou a exacerbação das ações do aparato repressivo, deita raízes há tempos para que certos valores intrínsecos de uma sociedade verdadeiramente democrática fiquem em segundo plano, quando não esquecidos. Destaco uma das vigas-mestras: a presunção da inocência e o devido processo legal. 

    Faculta-se pesquisar nos arquivos deste Portal quantos não foram os comentários de muitos alertando para essa desenlace. De repente, para uma nação que sempre se ufana da sua cordialidade; de ser uma ilha de tranquilidade num Mundo atormentado por conflitos, o “arco-iris” multicolorido se transmuta em bi-color: preto e branco. Traçaram-se linhas imaginárias para demarcações que vão desde o “país que produz” x “o país dos parasitas” até o dos prosaicos “coxinhas x comedores de mortadela”. E passou a valer para tudo. Quando a categoria “dúvida” desaparece, dando lugar a certezas absolutas, algo está profundamente errado. 

    Se o debate político já traz em seu bojo o germe da intolerância e da irracionalidade, a que ponto pode chegar quando a estrutura erguida para assegurar direitos e cobrar deveres também é contaminada pelo mesmo, perdendo, por consequência, a confiabilidade?

    Não esqueçamos: o exemplo sempre deve partir de cima. Lascado é o país que erige heróis de momento; por impulso; por meras paixões e interesses. 
     

  8. Com as primeiras notícias

    Com as primeiras notícias surgiu a tese da cultura do estupro defendida pelas feministas. Em síntese, todos os homens são culpados de acordo com essa teoria, e não apenas aqueles que praticaram o crime. Li um artigo onde uma feminista dizia que todo homem deveria a princípio reconhecer sua culpa, em tom quase religioso.

    Agora, a diferença entre ser bolinada ou ser penetrada sem consentimento por 30 homens se tornou vital para fundamentar a tal da cultura do estupro. 

  9. Que se apurem os fatos antes

    Que se apurem os fatos antes de acusar. Lembro bem do caso da Escola de Base e do papel canalha que a imprensa sensasionalista teve. Se não me engano foram a IstoÉ e a Band que fizeram um carnaval sobre uma acusação falsa (me corrijam por favor). Destruiram a vida dos donos da escola e não tiveram um pingo de descência de assumir o erro e pedir desculpas. Aliás, a IstoÉ é craque neste tipo de coisa. Destruiu a vida do deputado Ibsen Pinheiro, e assumiram a culpa da forma mais típida possível: uma minúscula nota dizendo que tinham errado.

    1. Destruiu o quê?

      Faz parte do PS, o maior partido gaúchoi –  o Partido do Sirotisky… é mais um dos deputados da rbs.

      “E o senhor, é a favor ou contra o impeachment? 

      Acho que não me cabe. Sou presidente do partido no RS. Nós decidimos não apoiar a candidatura Dilma/(Michel) Temer, ficamos com o Eduardo Campos (PSB). Depois que ele morreu, ficamos com Marina Silva. Depois, com Aécio Neves (PSDB). Sobre o afastamento do governo, vamos votar na semana que vem no diretório nacional. Não acho que deva fazer manifestação pró ou contra o impeachment. Primeiro, porque não voto. Fazer declarações é uma pregação de uma atitude que não acho que deva fazer. Como presidente partidário, vou defender no diretório o afastamento do governo, e o impeachment é um assunto que cada deputado votará a favor de sua consciência ou convicção.

  10. O PT e suas ligações com a pobreza e o crime

    É importante que alguém analise os fatos sob tal ótica e que consiga presumir consequências de tamanha gravidade. Embora pincelada com as tintas da especulação, a análise e a presunção refletem o momento atual.

    Mas já que um dos focos é a qualidade da notícia, então diria que está faltando entender o quadro que se contempla.

    Deixando de lado o chão empoeirado da desgraça dos menos favorecidos e sobrevoando em níveis mais elevados a realidade que se impõe, constataremos de forma mais exata a triste realidade a que a péssima escolha politica feita em 2003 trouxe a todos os segmentos da vida para a sociedade civil.

    Quando alçaram o PT ao poder, teve início para o país uma idade das trevas.

    Através de suas medidas populistas e insustentáveis, o PT, no interesse da quantidade de votos, investiu na multiplicação das pessoas que pudessem ser seus eleitores, e não na qualidade de vida, na administração executiva, na solução de problemas.

    Através de seu relaxamento e de sua incompetência o PT fez surgir uma massa de corruptos em todos os setores da vida pública. Os que não se corromperam, no mínimo prevaricam. Isto contribuiu para encarecer absurdamente a nossa ineficaz democracia e para deturpar os procesos de controle e de vigilância sobre os atos dos cidadãos. Privilégios foram dados aos que andam à margem da lei, àqueles que não respeitam os direitos dos outros. Criou-se a absurda lei informal das prisões, onde detentos buscam regular a si próprios mediante regras tribais por eles mesmos elaboradas. Isto vazou das prisões para as comunidades. Agora temos a lei das favelas, patrocinada por um tráfico agigantado, pois que não foi combatido adequadamente pelos agentes do estado. Criminosos administrando comunidades.

    E as favelas proliferando sobre terrenos invadidos. Invasão de terras, outra fraqueza do PT.

    Gente miserável fazendo filhos como coelhos. Gerando mais e mais pobres, que sobrevivem graças à característica petista de proteger o trabalho clandestino, que por sua vez alimenta o contrabando e prejudica a indústria e o comércio nacionais.

    Os agentes policiais cerceados na execução de seus trabalhos. Devem ser gentis, educados, polidos, com aqueles que querem atingi-los com paus, pedras, facas, balas e rojões. Não se pode de forma alguma descer a borracha nos coitadinhos. Por que? Porque são potenciais eleitores do projeto petista de poder. Mas então não é por questão humanitária? Direitos humanos? Infelizmente não. Se alguém se importasse de fato com direitos humanos, ninguém teria de morar em favelas.

    Na medida em que o crime invadiu comunidades e parlamentos, sobrou a justiça. Até onde se sabe, seus membros permaneceram íntegros. Então ela é hoje a última barreira entre um desgoverno planejado e uma falsa defesa da constitucionalidade que provê os direitos do cidadão de bem.

    E a justiça, para ser poder, tem que exibir musculatura, e tem feito isso.

    Felizmente os tempos são outros. Mal estejam afastados estes petistas, já podemos perceber mudanças.

    Um exemplo um pouco fora de contexto, mas válido para o que se quer demonstrar. A parada gay. Aconteceu no último domingo, e muito embora ainda sejamos vítimas de uma administração municipal petista, não houve repercussão na mídia. Pouco ou nada se falou sobre isso, sobre esta nojeira que no passado tinha franco apoio governamental, até com a presença de autoridades.

    E assim, gradativamente vão sendo eliminados estes perversos subterfúgios populistas que desviam as mentes daquilo que é certo para torná-las mentes de zumbis votantes.

    É certo que ao final do ano ficaremos livres do PT também na esféra municipal. E isso é bom. Com a administração Kassab e muitos anos de sacrifício para revitalizar o centro de SP, já tínhamos avançado bastante por um caminho de recuperação positiva. Bastou alguns poucos meses de administração petista e o centro voltou a ser uma favela, povoado por bandidos e drogados.

    Mas concordo, concordo com o que o bloguista disse. Faltou apenas especificar que os males citados são consequências da administração petista. PT, favela e crime parecem andar sempre de mãos dadas. 

    1. Humor, ironia ou mais um

      Humor, ironia ou mais um coxinha idiota? O Prof Ariovaldo navega com muito humor pela ironia… o amigo Ben-Hur –  me parece – anda na biga dos idiotas…

    2. De de q m*** de blog da veja

      De de q m*** de blog da veja vc tirou este lixo de texto?

      Peloamordedeus, heim, equipe do Nassif? Deixar passar um “comentário” ridiculo desses?

  11. O ângulo que abordo é outro

    Prezados Nassif e leitores,

    Não assisto e não leio nosticiários veiculados no PIG/PPV. Dado o caráter nebuloso e as manipulações que podem ser feitas a partir do episódio noticiado como estupro coletivo, o comentário que farei não está diretamente ligado ao jornalismo sensacionalista, manipulador ou linchador; esses aspectos você e outros jornalistas e analistas experientes é que têm competência pra avaliar.

    O que observo e chamo a atenção é para a exploração oportunista que fará o aparelho repressor do Estado, que no governo golpista tem como ministro da ‘justiça’, um nazifascista truculento como alexandre de morais, que ordenava as forças de segurança de SP a espancar professores, estudantes e integrantes de movimentos sociais, sendo ao mesmo tempo conivente e cúmplice de grupos de extermínio compostos por PMs, que praticam chacinas na periferia da capital paulista e nos municípios pobres da RMSP. Um governo golpista só pode se legitimar pela força, pela opressão, pela repressão, pela truculência, pela violência, pela intimidação, pelo assassinato de integrantes da parte mais fraca, ou seja, da população pobre e excluída.

    Quanto à herança de joaquim barbosa – e a teoria do domínio do fato, contrabandeada da Alemanha sem aval de um dos criadores, Claus Roxin -, para condenar sem provas alguém que a opinião dele considerava culpado (no caso José Dirceu), assim como à de gilmar mendes (esse militante e pistoleiro do PSDB-MT, coocado no STF por FHC para livrar o ex-presidente de processos e condenações), que concedeu HCs a banqueiro envolvido na privataria e a médico estuprador, agora a sociedade começa a perceber o grande mal que esses boquirrotos justiceiro e militante do PSDB-MT fizeram e fazem ao País.

  12. Nassif e debatedores apenas

    Nassif e debatedores apenas para contribuir com o debate digo o seguinte:

     

    De início, é claro que todo  estupro de quem quer que seja, mormente  de um menor,  deve ser combatido. Inclusive, o estupro cujo sujeito ativo – o criminoso – seja a própria mulher. ( esse também, curiosamente,  comete tal crime.)

    Portanto, estupro é crime e não se discute isso. 

    Todavia, o tema não é tão simples assim. 

    Vamos ao debate.

    Estou concordando em parte com o r. jornalista Nassif.

    De uma forma geral, não podemos analisar essa questão somente com a “lente” da mídia brasileira. Logo, o suposto  crime de  estupro precisa ser apurado da forma correta, sob pena de se cometer o erro fatal de condenar alguém sem que esse alguém tenha cometido crime.   

     

    Vale dizer que o cargo de  delegado(a) de polícia, não  faz parte do PODER JUDICIÁRIO, mas sim, do PODER EXECUTIVO.

    É importante ter isso em mente para dizer que embora um delegado possa “mandar prender” alguém, tal prisão pode ser IMEDIATAMENTE relaxada pelo PODER JUDICIÁRIO,( pelo juiz). 

    Além disso, nem o delegado(a) nem o Juiz(a) são “justiceiros!

    Eles devem agir de acordo com a LEI , respeitando-se do DEVIDO PROCESSO LEGAL, no qual as provas são necessárias para ACUSAR , JULGAR , CULPAR, CONDENAR E, efetivamente, prender o criminoso( só será criminoso após apuração)

     

    Eu li agora a pouco, aqui na internet que o governador interino do Rio teria dito que “por ele, aplicaria a pena de morte nesses criminosos do estrupro”.

    Se isso for verdade, francamente, como um governador pode dizer algo tão descabido assim?

    Ora, ora, ora, senhores debatedores, estamos ou não estamos num ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO?

    Aqui não há pena de morte nesse caso! Que papo foi esse então? 

    Nossas instituições são ou não são sólidas? ( ou são sólidas como prego no angu quente?)

    A banalização de tudo pela tal “grande mídia” a cada dia, contribui para desconstruir nosso espancado estado social e democrático de direito! Francamente….

    Está passando da hora de REFORMAR A LEI DE IMPRENSA!

    Por outro lado, é óbvio que se alguém cometeu crime, este alguém precisa cumprir um pena. Uma pena de acordo com A LEI!!!

    Caso contrário, vamos reforçar a tese de que  a construção  do “Brasil do futuro” caminha  sobre uma “ponte para o passado!”

    Daqui a pouco alguém vai dizer querer  “crucificar” os alguém em praça pública, fundamentando-se tal decisão no “dente por dente”…

     

     

    1. Não, meu amigo, não estamos

      Não, meu amigo, não estamos num ESTADO DEMOCRATICO DE DIREITO.

      Estamos num estado de exceção hegemonizado pelo 4o poder.

       

  13. que discussão é essa – sou mulher e me ofende

    Luis Nassif, te respeito muito, como jornalista mas, acho que você hoje pisou na jaca. Esse teu artigo, aliás muito mal escrito, nas coxas, está enlameado de cultura machista (que é a que discute se houve estupro, se a menina voltou a casa 2 dias depois, se estava “só” sendo bolinada). E você usa tudo isso, escrachadamente, para criticar, e com justa razão, a ação da justiça, da polícia, das midias, e por aí a fora. Você poderia fazer melhor, tenho certeza pois já te vi fazer muitoooooo melhorrrrrrr. Não use um caso de estupro para achincalhar a midia pois você está ofendendo a nós, mulheres, que nos sentimos achincalhadas quando um homem fala que, afinal, o cara do video só estava bolinando a moça, que por sinal estava dopada, desacordada e que, enfim, isso já é hoje considerado estupro (sem o ser, quer você dizer).

    Exijo que você mude esse texto, em nome do seu bom jornalismo.

  14. Nem uma palavrinha sobre a

    Nem uma palavrinha sobre a resposnabilidade dos miliantes das diversas causas que, cegamente, decreta a culpa, sem quaisquer outras ponderações?

    Nem uma palavrinha sobre a cultura funkeira, essa sim imensamente machista, que coisifica a mulher, os genitais de ambos os sexos, a dignidade do feminino, mas que é enaltecida pela militância pró favela (vulgo “cultura de valorização das comunidades”), pois que seria a contracultura dos oprimidos, quando na verdade não passa de apologia ao crime?

    Mas, mesmo  assim, Nassif, seu artigo foi muito bom. Equaliza o comportamento humano em sua reação bárbara frente aos acontecimentos e sua utlização política, em que a vítima não existe. Existe apenas o uso que pode ser dado à situação.

  15. A pedra de Sísifo ou a “sentença” kafkaniana.

    Bem, não vou fazer o papel de “viu-eu-avisei”.

    Desde o início, aqui nesse blog, tenho corroborado a visão do editor, o que não significa, de forma alguma, pactuar com violência de gênero ou com sexismo.

    A histeria tomou conta.

    Pessoas que aqui reivindicam serem “diferenciadas” no olhar sobre a mídia, correram atrás da manada, ruminando notícias manipuladas e regurgitando senso comum da pior espécie.

    Há vários outros furos na “apuração”, que não vão ser preenchidos, senão por teses “esquizóides” como teoria do domínio do fato ou falastrices como eu li aqui ontem, de “elementos de um crime em tese”.

    As delegacias estão cheias de casos como esse, onde, infelizmente, meninas vítimas de uma pressão machista sobre assumir suas preferências sexuais, ou como nesse caso, para reparar a exposição feita (aí sim, criminosamente) de suas intimidades, acabam por criar versões escabrosas de abusos mais dramáticos.

    Aí, a indiscrição criminosa por garotos idiotas acaba por se transformar em estupros, como um atalho para “lavar a honra” da garota exposta.

    Estratagema comum de advogados(as)sem escrúpulos e de pais que querem encobrir a exposição da intimidade de suas filhas (o verdadeiro crime) com o agravamento da punição dos culpados.

    Vingança, pura e simples.

    Faz algum tempo, deparei-me com um flagrante de estupro, onde o agressor era o marido. Dias depois, prendemos a esposa, suposta vítima, em flagrante por denunciação caluniosa, pois depois de prender o marido, arrependida com a mentira, recuou e disse que tudo foi uma “transa mais selvagem”.

    O motivo da mentira: ciúmes.

    Bem, os dias que ele passou no “seguro” da casa de custódia não vão ser esquecidos nem apagados.

    Claro que não se trata de generalizar para relativizar a violência de gênero ou criminalizar vítimas.

    Mas o equilíbrio de nossa Justiça em relação às mulheres vítimas não virá com doses exageradas de feminazismo vingador.

    Um caso desse, com tamanho oba-oba dá argumentos e faz retroceder anos e anos o trabalho de gente séria e de policiais comprometidos com a equanimidade de condições entre homens e mulheres.

    Os trogloditas babam e dizem: “tá vendo, é tudo safada, vai acreditar nessas vagabundas”.

    De um lado ouvindo esses animais, e de outro lendo e ouvindo a manada que surgiu por aqui, nesses dias, só posso dizer:

    Tempos estranhos esses.

    Como em um mundo de Kafka, o processo, o seminário, a tese, a assmebleia, a reunião, a passeata, a vigília, a prisão, a repulsa, a “sentença”, tudo surgiu da mentira.

    1. Há algo que sempre achei

      Há algo que sempre achei despropositado e muito pernicioso em investigações criminais. A parceria de todos os envolvidos no processo, incluindo advogados, com a imprensa. Tudo vira espetáculo, com os excessos de praxe, expondo vítimas e suspeitos à opinião publicada e aos comportamentos de manada disso decorrente. Nada de útil resulta dessa associação que, não raro, compromete o trabalho investigativo, contaminado pelo direcionamento e sensasionalismo da mídia.

    2. “feminazismo”: que expressão!!

      O “estilo” diz tudo “da” policial “Madame” ofélia e geni. Finíssima!

      “Ela” quer se diferenciar dos trogloditas que ficam babando e dizendo: “tá vendo, é tudo safada, vai acreditar nessas vagabundas”; mas se mantém próxima deles, como neocrentes em versões de marginais e traficantes.

      Aprenda uma coisa, “Madame”. Fazer sexo, sozinho ou em grupo, não importa quantos, com uma mulher em estado de profunda alteração mental, “pirada”, como queira, por ingestão exagerada de álcool ou qualquer outra droga que lhe é fornecida, isto passa longe de ser uma relação consentida de “livre manifestação de vontade da vítima”, pois esta manifestação foi impedida ou dificultada “mediante fraude ou outro meio”, o fornecimento de droga; é um Crime Contra a Liberdade Sexual (Art. 215 – Violação sexual mediante fraude), conforme redação dada no reinado de Dom Lula I; é correlato ao estupro, viu? Ambos artigos, 213 e 215, pertencem ao mesmo capítulo. Estupro é violação sexual com agravantes de violência e coação. Não houve no episódio somente a exposição da vítima em redes públicas, aconteceu também formação de bando para perpetrar os crimes.

      Essa moça foi transformada em “coisa”, numa boneca de carne, num objeto de uso masculino tão “normal”, que acharam legal e bacana exibirem o “brinquedo” na rede. Naturalizar tais fatos, aceitá-los como normais, como práticas razoáveis interpessoais em nosso cotidiano, tudo isso faz parte de uma cultura machista disseminada amplamente em nossa sociedade e denunciada pelo Feminismo – assim, bem maiúsculo – um movimento social histórico, legítimo e civilizatório, causa progressista repudiada por misóginos de todas ideologias e portadores de mentalidade retrógrada, por reacionários e fascistas que vilependiam movimento com qualificações infames, como a usada indevidamente pela “Madame”: “feminazismo”.

      Não me leve a mal, esqueça o tom sarcástico inicial, não quero brigar com a “Madame”, não é hora para isto. Sei que obviamente tem mãe, tem também mulher e filha, está longe de ser “misógina” e tem diálogo com causas progressistas. Sei que a profissão policial muitas vezes embrutece. Exercer o monopólio da violência, para um estado dominado por uma elite delinquente e bandida, embrutece mais ainda, deixa o profissional com calos e lesões profundas n’alma.

      É hora de somar forças e saber em que direção correta apontá-las: unir-se às mulheres e ao Feminismo, evidenciar as mazelas de uma sociedade falocêntrica e barrar a demagogia punitiva reacionária; reconhecer que temos uma Cultura de Violação Sexual, que fere majoritariamente as mulheres; saber que uma cultura não se modifica aumentando os rigores punitivos, como exaltam os demagogos, como querem os defensores do fortalecimento do estado policial, como desejam os ultraconservadores para desviar o assunto e não tocar ou rever seus podres valores anacrônicos. Para mudar uma cultura, começa-se pela educação e reforça-se com o debate republicano, livre, democrático e arejado do mundo das ideias. O que se almeja é a prevenção para as mulheres da violação sexual; aumentar a punição não previne e nem ‘desestupra’ ninguém.

      Um abraço.

      1. Caríssimo Almeida,
        Dispenso

        Caríssimo Almeida,

        Dispenso sua “aula” sobre crimes sexuais.

        Não há dissenso sobre o que está escrito na lei.

        A diferença crucial (e tênue), como já disse é:

        Há os que, como você, antes de qualquer conclusão pericial, qualquer indício ou relatório (ainda que parcial), e pior, sem acesso aos autos, toma como verdadeiras as alegações da vítima, e as imagens veiculadas.

        Há os que, como eu, e imagino, Nassif e outros, preferem afastar a escandalização (que também não protege a vítima), e esperar o resultado das apurações, os laudos, os declarações, etc, etc, etc.

        Suas considerações “sociológicas” também conheço um pouco de todas, e em relação a elas não há divergência alguma: Repilo o falocentrismo, o sexismo e toda forma de opressão.

        Só que o exercício da profissão me fez não só embrutecer, mas deixar a ingenuidade de lado, para constatar que as pessoas são capazes de coisas inimagináveis, incluindo aí supostas vítimas.

        Desculpe-me se teimo em não renunciar a essa cautela, até porque, se de um lado está a opressão sexista, do outro está a opressão de classe, pois se esses supostos estupradores fossem de outra classe, e não vivessem em local onde o imaginário popular (e da clsse média) os têm como presumidamente selvagens e bárbaros, com certeza nem estaríamos tendo esse profícuo diálogo.

        São vários problemas que incidem: gênero, classe, estado de direito, controle social da mídia, enfim, não é uma questão fácil, mas como já disse em tantos outros comentários:

        – Se provarem a culpa dos suspeitos, cumpra-se a sentença.

        – Caso contrário, livrem-se soltos, inclusive se por falha do Estado (esse é um direito não só deles, mas nosso).

        – Antes, é especulação.

        E especulando, eu tenho o direito de acreditar, sem me incluir no rol dos sexistas, falocentricistas, que há exageros do feminismo (todo movimento tem), e que há erros graves que podem, inclusive, prejudicar a correta apuração dos fatos.

        Tenho o direito de achar que alguém mente, ou não?

        Um abraço.

        1. Obrigado pela educada resposta.

          O tema é sério e o debate não pode ser conduzido em tom de embate. O problema não se resume a tecnicalidades, seja do ponto de vista da apuração da perícia policial dos fatos, ou da leitura formal da legislação a ser aplicada, mas cabe a leitura política em tom maior, as peculiaridades e as riquezas sutis e escrachadas de informações sobre nossa sociedade, que o episódio encerra.

          Trata-se de crime de pobre contra pobre, ao seu olhar policial isso não escapa. Em crime de pobre todos, já sabemos, são vítimas, umas mais do que as outras. Mas também é um crime contra a mulher e aí a questão extrapola classes, mulher existe em todas classes, daí o tema alcançar repercussão ampla, as mulheres conquistaram, aleluia, uma voz que não pode mais ser silenciada na sociedade.

          Essa moça foi estuprada, mesmo sem ter sido ameaçada durante o ato sexual ou ter levado bolacha na cara. Mil vezes levar uma bolacha a ser submetida ao que foi e continua sendo, diariamente desde que o episódio foi revelado. Crime de pobre vaza mais do que na Lava Jato. Apesar de menor, seu nome já é público e quem a está violentando escrachadamente é a imprensa e nós, que compartilhamos e compactuamos com as notícias impressas. Daqui a pouco, se deixarem, vão processá-la por denúncia caluniosa, basta a apuração “técnica” policial evidenciar, que ela não sofreu os agravantes previstos formalmente em lei que configuram um estupro. 

          Você todo direito de achar que alguém mente. Todos mentem, mas a justiça consiste em se colocar ao lado da mentira de quem é flagrantemente a vítima.

          Aquele abraço.

          PS: Evidente que o feminismo comete exageros ou erros (quem não os cometem?), mas neste episódio e nesta hora, disso se ocupa o campo reacionário, os ultraconservadores que não querem alterar a cultura machista dominante. Cabe ao campo progressista se posicionar inequivocamente ao lado da causa das mulheres que cuida o feminismo.

  16. F for Fake
    Parabéns pelo trabalho, Nassif. Estranhamente, esse foi o único espaço em que vi uma discussão séria a respeito desse caso repleto de incoerências. Em primeiro lugar, é evidente que os investigadores precisavam saber se a garota costumava praticar sexo grupal, pois é preciso distinguir com absoluta clareza se o que ocorreu foi uma prática desta natureza ou um estupro. Não se pode simplesmente desconsiderar hábitos anteriores da suposta vítima. O passado não é uma coisa morta. Nossas ações passadas costumam se repetir. Se uma vítima real não pode ser culpabilizada, também não podem ser culpabilizados acusados inocentes. A justiça não pode ser refém da opinião pública ou de uma mídia que adora histórias cheias de sangue, com muitos desdobramentos (para ter um tema que atraia o público por um período maior), e discursos fáceis, capazes de colocar os jornalistas que os propagam na posição de “defensores” das vítimas, quando não de “justiceiros”. Os veículos que partiram do pressuposto de que a jovem é vítima deveriam se concentrar nos fatos e não na tentativa de provar a qualquer custo sua hipótese inicial. Há algo no ar que me faz pensar em Cidadão Kane e em práticas obscuras da mídia. Que não se arquitete mais uma Escola Base. Ou que não se deixem soltos mais estupradores. Que se investigue o que realmente aconteceu.

  17. machismo

    Fico meio chocada de ver que um jornalista que sempre respeitei questiona o estupro da menina, questiona o relato dela. Às vezes, a esquerda também é machista. Agora entendo porque tantas mulheres relutam em denunciar um estupro. A sociedade parte para cima questionando, ofendendo, dizendo que ela está mentindo. É muita pressão para ela enfrentar. Engraçado você não questionar o relato do acusado. Só da menina.

    1. Levantar dúvidas sobre um

      Levantar dúvidas sobre um relato ser é verdadeiro não quer dizer que a pessoa esteja mentindo.

      É diferente, por exemplo, de dizer que ela “mereceu”: ninguém merece as tragédias que acabam ocorrendo em sua vida.

    2. E eu que pensava que só o

      E eu que pensava que só o Papa era infalíel * …. agora resulta que declaração de mulher é sempre verdadeirta, não pode ser questinada. Cruzes! Como estou desatualizado!

       

      * Infalível? … só depois do Conceilio Vaticano I,  em 1870.

    3. O Brasileiro é realmente machista
      Independentemente do tipo de violência sexual é fato que está menina foi abusada e não por apenas 30 ou 33, mas por milhões de homes e mulheres que a acusam de mentirosa e mostram a todas as mulheres o risco que correm ao denunciar um abuso. Não esperava ver aqui comentários tão parecido com os postados nos mais reacionários jornais do país.

  18. Barbárie
    Apressado come cru. E às vezes engasga.

    Antes de mais nada, se estupro houve por um indivíduo já é grave o suficiente. Que 29 tenham assistido, falência moral insuportável. Ainda que tenha havido gesto no sentido de interromper ou indignação silenciosa – frente aos riscos – estar presente cumplicia e torna coniventes e co-responsáveis a todos.

    Isto posto, é preciso cuidado com julgamentos apressados. Em relação à vítima – seja quem for e como for teria sofrido violência inaudita; e se por “apenas” um, a presença inerte dos demais ainda que sem participar do ato “stricto sensu”, o registro psicológico remanescente é “por 30”. Julgamentos morais são destrutivos e, por inexistência de “puros”, injustos. O sentimento que a vítima guarda dos espectadores passivos talvez seja tão negativo como aquele que fica em relação ao agressor.

    Quanto aos acusados: são tantos os exemplos de precipitação que me espanto quando diante de casos sob forte comoção e com tantas versões conflitantes a militância abraça cegamente a gritaria e participa dela.

    Minha solidariedade à moça mas, como em casos emblemáticos anteriores, ouvir todos os lados e aplicar penalidades conforme o peso relativo dos atos. Nada há de mais destruidor para o crédito da Justiça que a parcialidade e o açodamento no justiciamento.

    A ver.

  19. A pior coisa que poderia

    A pior coisa que poderia acontecer para quem milita pelo direito das mulheres é a confirmação de que tudo não passou de uma armação da moça.

     

  20. Golpe midiátrico para esconder CPI SwissLeaks

    Senhor Luis Nassif,

     

    A CPI do SwissLeaks foi arquivada semana passada sem nenhum indiciado, esta CPI relatava as contas secretas de brasileiros na Suiça em que aparecia dentre os nomes a família Frías do grupo Folha, da família Marinho e outras  e se não me engano quase todos os donos dos grupos de mídia estavam. O jornalista Fernando Rodrigues na época divulgou uma lista com 8 mil nomes e de repente sumiu da internet a tal lista.

    Esta muito evidente que pegaram este caso pra desviar do foco o arquivamento!

    Vejam os links abaixo por favor!!!!

     

     

     

     

    http://www.vice.com/pt_br/read/a-cpi-do-swissleaks-esta-uma-arara-com-o-fernando-rodrigues

     

    http://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br/2016/05/25/cpi-do-hsbc-swissleaks-aprova-relatorio-final-sem-indiciamentos/

    http://www.cartacapital.com.br/revista/885/acabam-as-desculpas

     

     

     

  21. Um caso deplorável

    Nassif,

    cumprimento-o e os leitores que tiveram a coragem de se contrapor ao “efeito manada” politicamente correto, que repercutiu esse caso lamentável em todo o planeta. Lamentável, mas bastante “pedagógico” sobre os tempos deploráveis que vivemos. Falo como pai de duas filhas, uma delas adolescente, jamais tendo compactuado com qualquer tipo de violência contra mulheres e sendo um crítico ferrenho de atitudes machistas de depreciação do sexo oposto.

    De fato, a mídia abraçou de imediato e sem qualquer esforço crítico a tese dos “33 monstros”, em uma história cheia de pontos questionáveis, que qualquer pessoa com um mínimo de senso crítico poderia detectar. Começando pelo número dos supostos agressores, que dificilmente uma pessoa que acaba de acordar em estupor teria condições de contar com tal precisão – seriam três times de futebol, apertados em um limitado espaço físico, que os primeiros investigadores consideraram incapaz de abrigar tanta gente. A própria sequência dos fatos descrita pela suposta vítima também sugeria cautela a qualquer calouro de academia de polícia ou estagiário de jornalismo, antes de transformá-los em manchetes retumbantes.

    Ademais, a vida pregressa da jovem, que se jactava publicamente de não obedecer a quaisquer regras e limites (com a provável desistência da família de impô-los) era exposta publicamente no seu perfil no Facebook e admitida até mesmo pela mãe, sendo outro forte indício de que a história poderia estar mal contada. Ora, trata-se de uma jovem que começou bem cedo a sua vida sexual, é usuária confessa de drogas, tem uma atração mórbida pelo poder do tráfico, abandonou a escola (talvez, por não considerá-la uma base útil para um futuro que seria uma projeção da sua atualidade) e, segundo a sua própria mãe, estava habituada a oferecer o corpo em troca de drogas. Evidentemente, nada disso justificaria uma atrocidade como a alegada, mas proporcionava indícios que reforçavam a necessidade de uma apuração mais criteriosa.

    É certo que a investigação deveria ter sido feita, desde o início, por delegacias especializadas, mas isto não suprime a validade do trabalho do delegado Alessandro Thiers, cujo procedimento pareceu ter sido bastante profissional. Infelizmente, nesse clima de atropelo sensacionalista, ele não se enquadrava adequadamente no cenário pré-estabelecido. Depois, diante dos indícios de que o alegado estupro mais se assemelhava a uma orgia que saiu de controle com a divulgação do vídeo (esta, sim, um crime passível de punição), houve uma visível “forçação de barra” das autoridades, para que a história voltasse ao quadro já anunciado. Afinal, era preciso dar uma satisfação à opinião pública nacional e internacional, grande parte da qual inclinada a receber qualquer recuo da história inicial como uma evidência da tal “cultura do estupro” (cujos proponentes mais radicais parecem considerar todo homem brasileiro como um estuprador em potencial ou conivente com a prática). Só falta agora uma punição para o delegado Thiers, pela audácia de fazer corretamente o seu trabalho em um ambiente dominado pela praga do “politicamente correto”.

    Estupro é um crime hediondo e, devidamente comprovado, deve ser punido com o máximo rigor, principalmente, sem qualquer tipo de benefício de redução de pena. Dez anos de reclusão é pouco para pena máxima deste tipo de crime, é preciso elevá-la a 15-20 anos em regime fechado – seguramente, isto fará com que muitos candidatos refreiem os seus instintos criminosos.

    Por outro lado, o que estão fazendo a essa jovem (que, pela sua trajetória, nada tem de “vulnerável”), endossando uma evidente invencionice que extrapolou, talvez, muito além do que ela própria pudesse esperar, equivale a coonestar a sua vida sem regras e limites e isentá-la das consequências dos seus atos. Atos que estão afetando, principalmente, a sua família, que já sofria com eles, mesmo se considerando incapaz de coibi-los, e terá a sua vida consideravelmente perturbada, obrigada, inclusive, a sair do estado e a viver reclusa sob proteção.

    Enfim, é vergonhoso que a mídia insista em não aprender com erros semelhantes, vide Escola de Base, e que as autoridades prefiram trocar o compromisso com a seriedade dos fatos pela tentação fácil de “mostrar serviço” e jogar para a platéia, ainda que, neste caso, esteja presente a preocupação com a visibilidade provocada pelas Olimpíadas.

  22. Golpe midiátrico para esconder CPI SwissLeaks

    Senhor Luis Nassif,

     

    A CPI do SwissLeaks foi arquivada semana passada sem nenhum indiciado, esta CPI relatava as contas secretas de brasileiros na Suiça em que aparecia dentre os nomes a família Frías do grupo Folha, da família Marinho e outras  e se não me engano quase todos os donos dos grupos de mídia estavam. O jornalista Fernando Rodrigues na época divulgou uma lista com 8 mil nomes e de repente sumiu da internet a tal lista.

    Esta muito evidente que pegaram este caso pra desviar do foco o arquivamento!

    Vejam os links abaixo por favor!!!!

     

     

     

     

    http://www.vice.com/pt_br/read/a-cpi-do-swissleaks-esta-uma-arara-com-o-fernando-rodrigues

     

    http://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br/2016/05/25/cpi-do-hsbc-swissleaks-aprova-relatorio-final-sem-indiciamentos/

    http://www.cartacapital.com.br/revista/885/acabam-as-desculpas

     

     

     

  23. Na radio globo do Rio acabo
    Na radio globo do Rio acabo de ouvir uma reporter fazendo propaganda de um nucleo de defesa da mulher pelo novo governo “para acabar de uma vez por todas com a violencia contra a mulher”.
    Nao eh mentira, com essas palavras, coitada….

  24. estupro

     

    O fato é que ultimamente tem aumentado, ou tem sido, finalmente, mais denunciado, o número de casos de estupro,o ao cabo de tudo, além de outros fatores, comprova que o Brasil está a anos-luz de se tornar um país desenvolvido: pelo machismo entranhado no subconciente de boa parte do povo, sejam homens ou mulheres, pela educação deficiente agravada pela omissão do poder público e pela programação infame de nossas TVs, com honrosa exceção da TV Brasil, mas principalmente pela mídia sensacionalista, pelo comprometimento de boa parte do Judiciário com as elites do país, cuja visão de povo se vê expressa nas palavras do troll Ben-Hur e pela pressão brutal e secular da política imperialista de países que almejam nossas riquezas e que usam como tática a disseminação do descontentamento popular, do crime em geral e da repressão cada vez mais violenta por parte do aparelho policial em todos os níveis, municipal, estadual e federal.

    Como o Millor expressou em uma charge recente; O Brasil é um país com um longo passado pela frente.

    1. Caro Cubiak,
      Não se trata de

      Caro Cubiak,

      Não se trata de culpar a vítima. A questão é saber a qual crime deve ser atribuída culpa.

      Aparentemente, não houve um estupro coletivo de 33 homens. Assim, não há que se falar em vítima – desse crime – e muito menos em culpa.

       

      1. Desculpa, mas é deturpador:

        Desculpa, mas é deturpador: são os acusados que devem provar sua inocência, são eles que devem indicar qtos e em que grau participaram. Porque é a moça que tem que fazer isso?

        1. Arrrrrghhhh!

          Minha mãe do céu, no Brasil vigora o princípio da não-culpabilidae (presunção), onde cabe ao ESTADO provar a culpa, e não ao acusado provar que é inocente.

          Meus zeus, quanta deturpação.

           

  25. NASSIF,
    “Exijo” que você escreva o que quiser conforme sua avaliação e opinião. E na medida da minha razoabilidade e conduta, me permita fazer o mesmo.

    Esqueci de dizer antes: EXCELENTE E OPORTUNO POST.

  26. Crônica de uma morte anunciada.

    Não foi de agora, vem de tempos.

    De fato, a invenção de nosso Estado, de nossa suposta identidade como povo (se é que isso tem algum significado), se deu de forma violenta, tanto pelo aspecto real dessa manifestação humana, quanto pelo seu aspecto simbólico, agravads por nossa inclinação atávica a subliminar conflitos, contando sobre nós mesmo uma historinha de povo pacífico e gentil que não cola com o nosso passado.

    Temos assim um Estado seletivo, patrimonialista, uma elite predadora, e um senso comum calcado em valores incivilizados, próximos a barbárie.

    Seja em Holanda (Buarque), seja em Jessé de Souza, seu antagonista acadêmico, é certo que nossas raízes não alimentam nossa árvore social, mas parecem sugar a nossa seiva, gerando frutos podres.

    Com as análises de semiótica, sociológicas e antropológicas em punho, temos o instrumental para detectarmos os efeitos de nossa inserção tardia no mundo capitalista, que gerou “colateralidades” adicionais, resultado do “macaqueamento” daquilo que nos empurram as matrizes globais.

    Eis o nosso sistema jurídico-policial-penal, e nosso sistema midiático, cópia rota, feita com retalhos de institutos e princípios que não conhecemos muito bem, apesar de recitá-los de cor.

    Estado de Direito? Uau, palmas para o mais novo ganhador Inovare ou Millenium.

    Acho que se trata de Estado de Direita.

    Nesse contexto, o caso dessa menina é só mais um tijolo nesse sepulcro.

    Nosso Estado de Direito nasceu morto: Temos 127 anos republicanos, e só 50 em regime “democrático”, sendo certo que esses suspiros foram de ataque e assédio forte das forças hegemônicas do golpe da vez.

    Não será agora que resgataremos nossa civilidade com o caso do suposto estupro.

    Entramos no ponto de não retorno:

    Agora, ninguém sairá mais ileso dessa tragédia:

    Se a menina foi, de fato, estuprada, a sucessão de erros, afobamentos e açodamentos, contaminou mortalmente a chance de punir os futuros réus, dando a cada advogado oportunista, ou até mesmo algum de boa fé (matéria rara nesses dias)a chance de execrar a polícia e a persecução, livrando solto os acusados, não pelo afastamento da culpa, mas pela incapacidade do Estado de prová-la em ambiente do devido processo legal.

    Se menina não foi estuprada, mas foi abusada pela exposição das imagens e do consumo indevido de substâncias entorpecentes (legais ou não), a confusão midiática, e a necessidade dela (da menina) de comprovar o que já disse, sabe-se lá por quê, mas que foi aceito pela manada como verdade, vai impedir, também, a instrução criminal. Novamente, livrar-se-ão prováveis culpados pelas falhas do processo.

    Se a menina mentiu de todo, e nunca foi abusada ou seviciada, ninguém conseguirá reparar o dano causado aos acusados, mas pior, as sequelas às instituições será ainda maior.

    De um lado, os descrentes por acharem que houve leniência policial, motivada por sexismo, de outro, a desconfiança dos que imaginam que a Polícia age por impulsos e solavancos causados pela mídia e pela manada, desde que os “culpados” sejam os de sempre: preto, pobres, putas e agora, a mais recente categoria de “p”, petistas.

    Num canto, estuprada, manipulada, bolinada, mas sem imagens em vídeo: o corpo da verdade. No outro, do mesmo jeito, a A democracia e a justiça.

    Se o Estado de Direito antes agonizava, é certo dizer que ele já fede, de tão morto.

  27. Acho válido a crítica às

    Acho válido a crítica às instituições e ao comportamento sensacionalista da mídia sobre o caso, mas não vejo necesidade de ficar repisando-o incessantemente, questionando publicamente a versão da menina e esmiuçando suas possíveis contradições como se fosse o enredo de um filme qualquer. Quando se trata da vida das pessoas, do sofrimento real de meninas e meninos vítimas de abusos e violências incomensuráveis acredito que o bom senso deveria nos fazer preservar o máximo possível as possíveis vítimas. Não concordo com o linchamento e exposição dos suspeitos , assim como não concordo com as tentativas de destruição da privacidade da moça.   

  28. Não pretendo emitir juizo de

    Não pretendo emitir juizo de valor, afinal não acompanho pessoalmente o caso e não disponho de informações suficientes. 

    Apenas cito que me soou estranha a declaração da moça de que eram 33 estrupadores armados e que ela havia contado o número de participantes.

    Ora, num ambiente restrito, mesmo uma pessoa em perfeitas condições, fazer uma contagem precisa de 33 pessoas é algo muito improvável. Muito difícil de ser feito. Se afirmasse que eram em torno de 30 pessoas que estavam à sua volta, seria mais verossímel. Agora, contar o número exato de 33, acho muito difícil efetuar esta contagem, principalmente para alguém que fora dopada e que acordara, meio grogue, sem se dar conta, muito bem,  do que acontecia à sua volta.

  29. Estupro e a busca da verdade

    Em tempos onde o que sai na mídia passa a ser a verdade absoluta, ter um jornalista coerente e cuidadoso como o Nassif é uma esperança de que não entramos na barbárie.  Ele nunca disse que não houve estupro, apenas disse que é preciso investigar.  

  30. Ridícula e tardia a reação do

    Ridícula e tardia a reação do governo Temer ao episódio do suposto estupro coletivo.

    Criar um departamento na Polícia Federal para casos de violência contra a mulher é algo descabido e oportunista, apenas para iludir a população e tentar mostrar que está fazendo algo.

    Todos sabemos que os casos de violência contra a mulher são cometidos no âmbito local, ou seja a grande maioria na própria residência, na vizinhança ou em meio a pessoas de confiança da vítima. Por se tratar de crimes locais, fica submetido à investigação de policiais locais, da delegacia mais próxima ou de policiais daquela área, portanto tais crimes devem ser investigados pela Polícia Civil Estadual. A PF fica distante deste trâmite. 

    Temer sabe disso, afinal, é professor de Direito Constitucional e já foi Secretário de Segurança Pública de SP, o que agrava a insensatez de seu ato.

    Enquanto a PF se recente de quadros para atuação em sua área específica de atuação, ou seja, a investigação de crimes federais, torna-se inoportuno deslocar agentes para um novo setor que, efetivamente, não terá o que fazer.

    Infelizmente, Temer, ao tomar posse, extinguiu o Ministério da Mulher, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Este sim, seria órgão apropriado para acompanhar todos os casos de abuso contra a mulher, prestando todo o apoio às vítimas. 

  31. NÃO É ESTUPRO, É FRAUDE

    Estupro exige VIOLÊNCIA ou GRAVE AMEAÇA. No vídeo em que há “bolinação” com a vítima inconsciente poderia ser violência sexual mediante fraude:

     

    “Violação sexual mediante fraude 

    Art. 215.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima:

  32. Motivo?!?

    Alguem ja se perguntou o Motivo? Simples, é só unir o quebra-cabeça. Vcs acham mesmo que a Mídia esta se importando com isso? Alguém já se perguntou porque nenhuma Mídia esta noticiando a Guerra Civil por alimentos na Venezuela?! A Mídia suja brasileira não esta nem ae, o objetivo deles é simples, abafar o assunto Decadente em que se passa os Venezuelanos nesse exato momento. E como eles fazem isso, prendendo a atenção de todos no assunto “Estupro coletivo” provocando discussões sobre o caso. Se acham que é invenção deem uma olhada na pagina “Fora Foro de São Paulo” e assistam os videos enviados pelos abitantes da Venezuela. Porque é claro! É mais importante para a Midia noticiar e insitir sobre um suposto caso de estupro já investigado, do que mostrar os videos dos venezuelanos se matando e saquiando alimentos.

  33. Dias atrás assisti no Netflix

    Dias atrás assisti no Netflix um filme mexicano chamado “A Ditadura Perfeita”, não sei se essa situação não remete um pouco a relatada no filme.

  34. Mas Nassif, com todo

    Mas Nassif, com todo respeito, não tô te entendendo…

    Se o próprio cara no vídeo fala de forma debochada que “mais de 30 engravidou” e escreve “amassaram a mina”, e ela confirma isso em depoimento, como pode haver dúvida quanto ao estupro? E ela estava desacordada… 

    Paro aqui e pergunto: Isso não é crime confesso? 

  35. Imprensa e inquérito

    Talvez valha a pena reiterar alguns comentários que fiz esparsadamente em outras postagens.

    Em primeiro lugar, a imprensa brasileira é rasteiramente sensacionalista e irresponsável.

    Ela não tem nenhum comprometimento com fatos ou com informação, mas apenas com o produto que vende, e o produto que vende é impacto de opinião. Nenhum outro.

    A imprensa não faz a menor ideia do que seja o trabalho de um inquérito.

    Quem conduz um inquérito acaba descobrindo o quanto as impressões iniciais sobre uma determinada situação podem virar abruptamente à medida em que os dados se acumulam. Não é coisa de filme americano, é simplesmente o trivial.

    Algumas vezes os laudos começam a ser redigidos com algumas ênfases das quais, mais adiante, o investigaor irá se arrepender, caso ele preze pela estrita retidão dos fatos, e não pela expectativa de justiciamento.

    Pode-se dizer que há fundamentalmente dois tipos de investigadores: os que aderem ao clamor da opinião e os que aderem à objetividade dos fatos.

    O ideal é que só existissem os últimos, mas os primeiros campeiam.

    A imprensa está completamente fora desse contexto, e sua função de vender impacto de opinião é contundentemente comprometedora de qualquer processo investigativo. O que ela faz é supervalorizar a tendência da adesão ao clamor da opinião e, de forma alguma, à objetividade dos fatos. Seria uma contradição intrínseca que algo que promove o clamor da opinião prezasse pela objetividade dos fatos.

    Parece-me que a única solução social para disciplinar a irresponsabilidade predatória da imprensa comercial nos casos de crimes é promover uma legislação que impeça a publicação de qualquer notícia sobre um crime até que seu inquérito seja concluído.

    Depois disso, a imprensa pode cair de pau como quiser, mas sem inquérito toda ação de impacto sobre a opinião é intrínsecamente danosa aos direitos fundamentais da pessoa. Trata-se, portanto, de subordinar a imprensa aos direitos humanos, e não de censura.

  36. Bateram a cabeça

    Nassif e comentaristas… o que aconteceu com vocês? Bateram a cabeça? Ou sempre foram assim e ninguém percebeu antes?

    Pra começar, Nassif diz: “a cada dia que passa mais inverossímil se torna o relato da jovem adolescente”, e oferece os seguintes argumentos para corroborar esta afirmação:

    1 – Um dos delegados que ousou afirmar que o estupro não aconteceu foi “denunciado” por conta de uma mensagem colocada em um grupo de WhatsApp.

    Sério, o delegado agora é “ousado”? Só faltou dizer que ele é “corajoso” e um “herói nacional”. Convenientemente, Nassif deixou de dizer que este ousado delegado, pobre vítima da “disseminação da delação e a criminalização de qualquer fala privada” é o mesmo delegado que interrogou (ou “assediou”?) a vítima a sós e estava curiosíssimo para saber se ela “gostava” de fazer sexo grupal. Ou seja, esse ousado delegado já tinha feito o mesmo que Nassif acusa a nova delegada de fazer, só que ao contrário: tinha a convicção de que não houve estupro e que a adolescente é que tinha feito algo errado.

    2 – A nova delegada aproveitou para decretar a prisão de seis suspeitos, mesmo não havendo nenhuma evidência de que havia mais que três pessoas nas cenas filmadas.

    Bom, pra começo de conversa, nenhum de nós faz parte das investigações, então afirmar que não há nenhuma evidência contra outras três pessoas é tirar uma conclusão precipitada, não? Não sabemos se as cenas filmadas são, agora, a única evidência com que a polícia está trabalhando.

    3 – Um dos acusados relatou que, dois dias depois do suposto estupro coletivo, a jovem voltou à favela.

    Nassif diz que, se isso “for verdade, a história do estupro seria delimitado (sic) ao que o vídeo mostra; se mentira, seria uma evidência para desmontar a versão dos acusados”. Talvez eu seja burro, mas não entendi, dá pra explicar melhor? Dependendo do que ela fez depois do estupro, então o estupro deixa de ser estupro? A definição de estupro depende agora do que a vítima faz depois do crime? Ou está sendo questionada apenas a versão dela do ocorrido? Nesse caso, como o fato dela ter ido à favela depois pode alterar em alguma coisa o conteúdo das cenas filmadas?

    4 – Há uma lei de Talião nas favelas que coíbe rigorosamente o estupro. Essa repulsa ao estupro faz parte, inclusive, dos códigos de conduta das próprias organizações criminosas, como já descrito em inúmeros estudos acadêmicos.

    Hahaha, lá vamos nós dizer o que acontece ou não acontece nas favelas (reparem, “favelas” genéricas, como se todas elas fossem iguais…) com base em “estudos acadêmicos”. Por favor…

    5 – As análises sobre o vídeo divulgado.

    Curioso, o Nassif critica o “novo esporte nacional de prender primeiro para perguntar depois”, supostamente praticado pela nova delegada, mas em nenhum momento critica o “ousado” delegado que partiu do pressuposto de que não havia estupro e tentou constranger a adolescente a admitir algum comportamento errado de sua parte. Estranho, não?

    Se a delegada está de má-fé e pretende prender qualquer pessoa sem evidências, apenas para “dar uma resposta para a sociedade”, e se o Judiciário não absolver essa pessoa por falta de indícios ou provas, e se a mídia, ávida por sangue, ratificar qualquer versão que der mais audiência, então nossa preocupação deve ser muito maior do que com o ato isolado de uma delegada, mas com o fato de vivermos em uma sociedade em que tudo isso é possível e permanece impune, não?

    6 – Por fim, Nassif afirma que há diferenças de gravidade entre um rapaz bolinando uma jovem desacordada e trinta pessoas armadas de metralhadoras a estuprando sequencialmente. “Ou não?”

    Nassif, você pode começar perguntando isso para uma mulher que você conheça. Pergunte para ela se há alguma diferença. Se ela “preferiria” ser “apenas bolinada”. Se ela acharia “menos grave”. É uma pergunta típica de alguém que não vive sua vida com medo do assédio, da violência e do poder que os homens insistem em exercer sobre as mulheres, em todos os níveis. Para a vítima, não há diferença! Mas talvez exista alguma diferença para os homens, os mesmos que escrevem “estudos acadêmicos” sobre isso.

    E mais, como essa afirmação se encaixa no seu argumento de que “a cada dia que passa mais inverossímil se torna o relato da jovem adolescente”?? Quer dizer que, se foi “só uma bolinadinha menos grave”, então ah, não foi nada demais, ela está inventando esse negócio de ser filmada nua, desacordada e bolinada?

    Vejam, a preocupação contra qualquer caça às bruxas é extremamente válida, mas sinto que isto está sendo usado para reforçar essa visão de que o “caráter” e o “estilo de vida” de uma mulher é determinante para ficarmos ou não revoltados com um estupro. Nada justifica um estupro, nada, nem mesmo se foram “só” três pessoas ou se foram trinta.

    1. Perfeito, Adso K.

      Não sei o que é mais entristecedor, se o próprio post do Nassif – cheio de buracos e preconceitos – ou os comentários colocados em desrtaque aqui. Todos elogiosos à suposta isenção do LN e alguns até agredindo militantes de direitos humanos.

      Sinceramente, não compreendo a finalidade desse tipo de “análise do contra” de um caso tão tão tão delicado…  e ainda por cima análise bastante precária, como você Adso K tão claramente demosntrou. Seria apenas para criar um contraponto às mídias em geral e posar de racional, imparcial e isento? 

      Bom, por outro lado, certamente tem bastante gente apreciando e elogiando tanta “isenção”….

      http://ponte.org/adolescente-estuprada-exposta/#.V026QURwgeZ.twitter

      Policiais expõem e ridicularizam adolescente vítima de estupro coletivo

      1. Hormônios demais, neurônios de menos.

        Engraçado,

        As alegações de Nassif e de comentaristas não servem como contraponto para reivindicar um equilíbrio nas análises da questão, sempre prejudicadas pelo desconhecimento TOTAL dos autos, mas a simples percepção de que há policiais escrotos (oh, grande novidade) basta para sentenciar os culpados e ratificar as alegações da vítima.

        Vejam bem a desonestidade:

        Ninguém aqui disse que a menina está mentindo ou os supostos acusados, ou todos enfim. Mas tão somente pedimos cuidado, haja vista nossa histórica e trágica relação de erros graves cometidos em nome de justiçamento pela manada.

        O mesmo cuidado que pedimos com Dilma, com Zé Dirceu, com Lula, com o MST, com os pretinhos da favela, quando barbarizados e massacrados pelo Estado e pela mídia, e com todos os que sofrem com o assédio da mídia.

        Bastou envolver questão de gênero, e pronto, o equilíbrio vai às favas.

        Nossa, estou maravilhado com essa lógica sistêmica.

          1. Sociedade falocêntrica que nada, vamos denunciar o feminismo.

            Abaixo os sábios que pretendem mudar o mundo, cabe apreciá-lo do alto da acadedmia mumificada em marfim.

          2. Socorro Richard Dawkins e Charles Darwin.

            Têm, claro.

            Sem abusar do determinismo biológico do autor citado acima, cuja obra eu gosto mais quando desanca a existência de deus (mas isso é outro papo), os hormônios são diferentes e agem de forma diferente para estabealecer reações diferentes em cada caso (homem/mulher).

            Diante do perigo, da prole, do sexo, enfim…

            Aí entra a cultura, ambiente, etc, que também alteram e moldam nossos comportamentos, e vice-versa (também alteramos o que nos altera, dialetticamente).

            Mesmo assim, mulheres e homens tendem a reagir de forma distinta em um monte de coisas parecidas, e iguais em tantas outras.

            O que não nos dá o direito de tratar pessoas diferentes com e mesma régua (igualitarismo formal, que é uma forma de machismo, eu sei).

            Mas que podemos pensar (h/m) que a identificação de gênero leva algumas pessoas a contaminar suas análises com menos racionalidade, o que nem de longe as torna irracionais.

            Esse é um traço humano.

            No entanto, como fato diz respeito a gênero, e eu rebati o comentário (agressivo) de um mulher, não há agressão sexista alguma nos meus argumentos, só constatação/especulação.

            Porém, tenho o direito de especular nesse sentido, ou não?

             

          3. Pensei exatamente igual

            Pensei exatamente igual Viviane estamos no seculo XIX absurdo os post e mais ainda alguns comentários 

    2. O que pode ser dito sem provas, pode ser combatido sem elas.

      Tanto o nassif, quanto o comentarista, quanto qualquer um de nós fala baseado em especulações.

      Não vimos os autos, não somos parte envolvida, enfim, não estávamos lá.

      Nassif se refere a um fato:

      1- Há manipulação da mídia e espetucalizarização por parte da delegada, inclusive já “sentenciando” o resultado, pedindo prisão, sem o menor suporte probatório;

      2- As investigações sobre a veracidade do vídeo, sobre a sua distribuição e as circunstâncias nas quais foram feitas as imagens não estão concluídas, logo, nos ensina a experiência com a rede mundial que é bom ter prudência;

      3- Suas alegações sobre a conduta do delegado são apenas isso, suposições. Entrevistar a vítima em separado, desde que com a anuência dos responsáveis (acho que ele não a sequestrou, longe dos pais) e perguntar sobre seus hábitos não implica em nenhum constrangimento, até porque, não sejamos cínicos, meninis e meninas vievem se exibindo na internet, sabem tanto de sexo (ou mais) que todos nós juntos, e mais, fazendo jus ao que você reivindica: ela não deveria se envergonhar se tiver preferências estranhas às nossas, bastando dizer se fez sexo consensual ou se foi forçada, ou no caso em tela, se foi drogada para tanto; Sabemos todos que adolescentes (alguns deles) temem contar suas experiências na frente dos pais…logo, o comportamento do delegado nada teve de anormal, e se for o caso, deveria os responsáveis e/ou advogada noticiar o fato a corregedoria, o que até agora, não se tem notícia…

      4- Para elucidar quem a drogou ou a forçou é preciso saber se ela esteve com algum deles antes, se costumava usar drogas com algum deles que está no vídeo, se reconhece, se lembra, ainda que de forma fragmentada, de partes do corpo, sinais, tatuagens, e isso pode estar associado a algum antigo parceiro com quem teve relação pretérita consensual, mas que agora resolveu barbarizá-la, então, menos, menos açodamento, por favor…

      5- Bom, eu não sou mulher, mas sei dizer que as mulheres com as quais eu vivo e convivo são unânimes em afirmar que há níveis diferentes de abuso sexual, há constrangimentos distintos, todos, é claro, derivados do sexismo atávico brasileiro (e mundial), mas que por serem distintos, recebem da lei e do juiz. Idiotice imaginar que na hora da fixação da pena o juiz vá desconsiderar a circunstância do fato (número de autores, armas, uso de drogas, idade da vítima, etc).

      6- Favelas, classes sociais, grupos não são, verdade, homogêneos e monolíticos, mas a ciência social já avançou bastante em diagnosticar fenômenos gerais, onde os casos exepcionais apenas confirmam regras conhecidas.

      Estuprador na cadeia vira mulherzinha e apanha todo dia, salvo se tiver grana para pagar o seguro (cela a salvo dos outros presos) ao “funcionário” (agente penitenciário).

      Estuprador na favela, principalmente o que atrai a atenção da polícia e atrapalha os negócios, morre…Exceções? Claro, mas apenas para confirmar, como dissemos, a regra.

      A tentativa de relativizar hábitos e costumes reconhecidos, tomando as particularidades para submeter o TODO é conhecida desonestidade intelectual.

      7- É preciso ver onde você bateu a cabeça, pois há tênue, mas crucial diferença entre analisar os fatos, tomando-os como de antemão verdadeiros, confiando nas suas impressões sobre uma imagem (vídeo), que sequer sabe verdadeiro ou pior, se quer sabe se reflete o que foi dito pela suposta vítima, e quem prefere aguardar todas as conclusões e provas para se manifestar até porque:

      – Se estivermos errados, ou melhor, se as provas se dirigirem para punir os culpados, ótimo, sejam condenados com as maiores penas possíveis. Não haverá nenhum prejuízo a vítima, salvo o incômodo de ter que falar sobre o que ocorreu com ela e outros detalhes, mas não há apuração criminal sem incômodo, e sem colaboração da vítima, senão vira adivinhação (tal e qual a delegada).

      – Mas se tudo for uma farsa, ou não for como foi dito, nada conseguirá reparar os danos feitos aos acusados injustamente.

      1. A lógica sistêmica questionada

        Uma pessoa que se denomina “policial geni/ofélia” (a escolha deste “apelido”, por si só, já nos faz pensar) se deu ao trabalho de criticar meu comentário com tanta riqueza de detalhes, então devolvo o favor ao esclarecer algumas coisas.

        Geni/Ofélia começa seu comentário assim: “Tanto o nassif, quanto o comentarista, quanto qualquer um de nós fala baseado em especulações”.

        Então vamos partir desse pressuposto, de que tudo o que você escreverá daqui em diante tem como fundamento apenas isso, “especulações”, ok?

        Ele segue: “Não vimos os autos, não somos parte envolvida, enfim, não estávamos lá”.

        Exatamente o que eu escrevi em meu comentário. Não fazemos parte das investigações, não sabemos como elas estão sendo conduzidas, quais evidências estão sendo consideradas, etc. Por isso meu estranhamento às críticas feitas a respeito, por exemplo, da busca por seis suspeitos, e não três (os únicos a aparecerem nas cenas filmadas).

        Geni/Ofélia diz: “Há manipulação da mídia e espetacularização por parte da delegada, inclusive já “sentenciando” o resultado, pedindo prisão, sem o menor suporte probatório”

        Mais uma vez, acho estranho que o foco esteja apenas sobre a delegada, mas nunca sobre o delegado anterior, que foi afastado. O mesmo “ousado” delegado já havia “sentenciado o resultado” contrário, mas temos aqui um caso clássico de dois pesos e duas medidas. Reparem que não estou defendendo a atual delegada, estou apenas questionando a razão pela qual o delegado anterior não é criticado com base no mesmo argumento.

        Geni/Ofélia continua: “as investigações sobre a veracidade do vídeo, sobre a sua distribuição e as circunstâncias nas quais foram feitas as imagens não estão concluídas, logo, nos ensina a experiência com a rede mundial que é bom ter prudência”

        Concordo, mas o problema é que o artigo do Nassif deixa esta prudência de lado. Como eu disse ao final de meu comentário, esta suposta “prudência” está sendo usada de maneira velada (sim, o objetivo do artigo não é este, mas é algo que está lá de qualquer forma) para reforçar a visão de que o “caráter” e o “estilo de vida” de uma mulher é determinante para ficarmos ou não revoltados com um estupro. Nassif respondeu a um outro comentário a este artigo com a seguinte pérola: “Vontade de ser do contra. E dificuldade com interpretação de textos”, que é outra forma de dizer, “Minha opinião é clara e perfeita, quem discorda de mim é burro”. É a velha dificuldade de admitirmos nossos próprios (possíveis) equívocos.

        Daí, Geni/Ofélia afirma: “suas alegações sobre a conduta do delegado são apenas isso, suposições” e depois conclui “o comportamento do delegado nada teve de anormal, e se for o caso, deveria os responsáveis e/ou advogada noticiar (sic) o fato a corregedoria (sic), o que até agora, não se tem notícia”

        Bom se minhas alegações são apenas isso, suposições, então sua alegação de que o comportamento do delegado nada teve de anormal também é apenas isso, suposição. O curioso é que o Ministério Público do Estado do RJ parece achar minha “suposição” mais plausível que a sua, ao determinar o desdobramento do inquérito, atendendo ao pedido da então advogada da vítima, e também ao se mostrar favorável a que se investigue se o delegado da DRCI infringiu, durante o depoimento, o artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

        Geni/Ofélia, então, faz exatamente o que estou criticando desde o início, usa a “prudência” para destilar todos os seus preconceitos, questionando os hábitos de “meninos e meninas” que “vivem se exibindo na internet” (não entendi, eles estão “pedindo” para serem estuprados?). Geni/Ofélia ainda contradiz seu argumento de que o comportamento do delegado nada teve de anormal ao comentar que a adolescente “não deveria se envergonhar se tiver preferências estranhas às nossas, bastando dizer se fez sexo consensual ou se foi forçada, ou no caso em tela, se foi drogada para tanto”. Ora, o próprio delegado já admitiu que perguntou à vítima não só se ela tinha o “hábito de praticar sexo grupal” como também se ela “gostava de fazê-lo”, ou seja, perguntas que nada têm a ver com o fato em si, a saber, o estupro.

        Confesso que fiquei perdido na referência seguinte de Geni/Ofélia a um certo açodamento… Uma vez que, em nenhum momento, nem eu nem o Nassif questionamos a investigação das circunstâncias do estupro (“se ela esteve com algum deles antes, se costumava usar drogas com algum deles que está no vídeo, etc”), então acho que, se houve açodamento, foi por parte de Geni/Ofélia mesmo. O que não podemos admitir é que as investigações sejam usadas especificamente para solapar o caráter da vítima, pois, como já observou a Defensora e Coordenadora do Núcleo Especializado de Promoção dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública de SP, Ana Rita Souza Prata, o problema é que “a vítima de estupro já chega na delegacia com culpa”. Mas, como se trata de uma defensora mulher, talvez ela seja apenas “histérica”, baseando suas observações em “suposições”.

        Geni/Ofélia, então, sem nos preparar para a incrível revelação que vem a seguir, joga a seguinte bomba: “bom, eu não sou mulher”!!! E todos nós ficamos surpresos, porque não tínhamos percebido ainda… Geni/Ofélia, no mesmo fôlego, sem nos dar chance de recuperação, acrescenta: “mas sei dizer que as mulheres com as quais eu vivo e convivo são unânimes em afirmar que há níveis diferentes de abuso sexual”. Bom, deixando de lado por um momento que “qualquer um de nós fala baseado em especulações”, podemos pegar emprestada a tão saudável dúvida que estamos defendendo para a investigação do estupro e utilizá-la para analisar esta afirmação. As mulheres com as quais Geni/Ofélia vive e convive são realmente “unânimes” neste assunto? Ele realmente perguntou isso a elas, ou está usando uma suposição, baseada em suas incríveis sensibilidades e percepções masculinas? Afinal, temos apenas a palavra de Geni/Ofélia, não é? Nenhuma das mulheres com as quais Geni/Ofélia vive e convive veio aqui dizer com suas próprias palavras o que elas acham… Além disso, suponhamos que Geni/Ofélia diga a verdade, podemos nos questionar quantas são as mulheres com as quais ele vive e convive. Uma, duas, trinta e três? Quem são essas mulheres? Que tipo de visão de mundo têm? Não nos esqueçamos que há muitas mulheres que reforçam cotidianamente todos os estereótipos sexistas, que defendem o estilo “bela, recatada e do lar”. E não há poucas. Não vamos usar a conhecida desonestidade intelectual e tomar as particularidades para submeter o TODO, não é? Por que não fazer um exercício mais interessante: pergunte para uma mulher que não quer fazer sexo com você em hipótese alguma se há, para ela, diferença entre você apenas tocá-la, sem autorização para tanto, ou penetrá-la, sem autorização para tanto. E, em seguida, para não correr o risco de ficarmos no plano acadêmico das ideias, tente realmente fazer um ou outro, ao mesmo tempo em que pergunta se ela está percebendo alguma diferença de “grau”.

        Geni/Ofélia ainda me chama de idiota, porque eu supostamente imagino que na hora da fixação da pena o juiz vá desconsiderar a circunstância do fato (número de autores, armas, uso de drogas, idade da vítima, etc). Não sei de onde Geni/Ofélia tirou isso. Nassif respondeu a um outro comentário com a seguinte afirmação: “Basta ler o que escrevi: bolinar uma jovem desacordada é estupro”. No entanto, Nassif ao mesmo tempo passa ao largo das circunstâncias do fato quando acha relevante discutir a diferença de gravidade entre bolinar e penetrar. Por quê? Atenuantes e agravantes não mudam a definição do fato em si. Estupro é estupro. Se a pena será aumentada porque um juiz considera que as circunstâncias foram, por exemplo, particularmente cruéis, isso não torna esse estupro mais estupro que o outro. Veja esse infeliz projeto de lei aprovado oportunamente no Senado que aumenta a pena nos casos de estupro coletivo. O fundamento desse projeto é que “a pluralidade de agentes importa, além da covardia explícita e da compaixão inexistente, em ainda mais sofrimento físico e moral, medo e humilhação para a vítima”, o que é o mesmo que dizer que o estupro cometido por uma só pessoa não importa em tanta covardia ou falta de compaixão assim, ou que o estupro por uma só pessoa não causa tanto medo e humilhação assim para a vítima. Percebe meu ponto? Se não perceber, talvez seja “vontade de ser do contra e dificuldade com interpretação de textos”.

        Quanto às favelas, Geni/Ofélia acha que eu tentei relativizar hábitos e costumes reconhecidos, usando de uma “conhecida” desonestidade intelectual para tomar as particularidades para submeter o TODO. Bom, quando alguém afirma que dificilmente as coisas aconteceram como a adolescente alega porque, regra geral, as coisas funcionam assim e assado nas “favelas” (de acordo com as ciências sociais), usa-se o TODO para refutar de pronto uma possível particularidade. E isso sem qualquer investigação imparcial. Mas isso não é desonestidade, certo?

        Geni/Ofélia pergunta-se “é preciso ver onde você bateu a cabeça”.

        Bom, Geni/Ofélia, eu bato minha cabeça todos os dias com pessoas que têm preguiça de pensar, que vivem em um perene estado de negação, incapazes de ouvir verdadeiramente o outro, de admitir seus equívocos, de mudar. Pessoas que querem impor sua visão de mundo aos outros, que acham que sabem o que é ou não é “melhor” para os outros.

        Veja, você sugere que eu sou uma pessoa que não “analisa os fatos, toma-os de antemão como verdadeiros, confio em minhas impressões sobre uma imagem (vídeo), que sequer sei verdadeiro ou pior, sequer sei se reflete o que foi dito pela suposta vítima”, e que você seria uma pessoa que “prefere aguardar todas as conclusões e provas para se manifestar”.

        Isso se chama má-fé. Eu não estou partindo de nenhum pressuposto com relação à adolescente. Minha discussão aqui sempre foi a utilização deste caso, mais especificamente a constante necessidade de questionar apenas as palavras e ações da vítima, para externar minha preocupação com esse discurso de “machos de esquerda”, que “admiram” e “têm o maior respeito” pelas mulheres, mas constantemente reforçam todas diretrizes machistas que se gabam de repudiar.

        Seus comentários açodados de que “não haverá nenhum prejuízo para a vítima, salvo o incômodo de ter que falar sobre o que ocorreu com ela e outros detalhes”, sua curiosa expressão “os pretinhos da favela” em um comentário posterior e o evidente incômodo com as questões de gênero (“o equilíbrio vai às favas”, por quê?), nos mostram claramente como é sua lógica sistêmica, caro Geni/Ofélia.

        1. ufa, arf…

          A boa e velha tática de escrever, escrever, para cansar e desestimular a resposta.

          Perdão aos colegas, mas aí vai:

          Olha como as pessoas se traem (e mordem a isca). Irrelevante se sou homem ou mulher (ou transex, crossdresser, etc). Dizer que convivo vom mulheres não revela meu genótipo, muito menos fenótipo.

          Detalhe sem importância, que desnuda o caráter belicoso do troço: Se for mulher: Bam, se for homem: Bam-Bam.

          Feito o nariz de cera, vamos a vaca fria:

          Uma das premissas do Processo Penal, e da condenação de alguém é:

          Determinar exatamente o que fez, para podermos dizer o quanto lhe cabe de pena.

          Logo, para isso, é lógico, deve estar claro que crime foi cometido.

          Vou desenhar:

          Aparentemente, um vídeo com garotos se vangloriando, dizendo um número de abusadores, com uma menina desacorda, e sangrando (?), e um deles mexe em suas partes íntimas.

          Estupro, posse mediante fraude, está desacordada pela violência, pelo uso de drogas, ou por tudo isso?

          Bem, as perguntas de praxe que qualquer pessoa de bom senso (algo raro nesses dias) faria:

          O vídeo é idôneo?

          R: Só o laudo para dizer.

          A menina dormia ou estava drogada?

          R: Só a apuração poderá dizer.

          A menina foi sexualmente violada por 30, 50, 80?

          R: idem.

          A meninda foi exposta, em desacordo com o que prevê o ECA?

          R: Sim.

          A menina consentiu na bolinação ou estava inconsciente/coagida?

          R: Só a apuração pode dizer.

          Há diferença entre manter ato libidinoso (“bolinar”) com emprego de violência ou grave ameaça, ou quando a vítima está sob efeito de susbtância entorpecente ou com sua capacidade de cognição reduzida?

          R: Sim, há, tratam-se de tipos penais distintos, o que, por força da lógica implica em penas e dosimetrias distintas.

          Tudo o que o (a) enfurecido (a) e prolífico comentarista escreveu não responde às seguintes questões:

          Ela pode estar mentindo?

          Como se comportar diante de um caso tão nebuloso?

          Pré-condenar? Criminalizar a vítima?

          Nem uma coisa, nem outra, e por mais que tenha escrito, não há em nenhuma parte do que escrevi qualquer afirmação de que a menina mente, ou que os supostos abusadores mentem (veja que uso a palavra abusador porque não sabemos se houve estupro, ou posse mediante fraude), ou se todos mentem.

          Todas as variáveis são possíveis, por motivações que nem sempre a apuração vai conseguir desvendar.

          Quanto ao comportamento das vítimas, é preciso acabar com uma vez com esse cinismo:

          Para argumentar pelo afastamento da criminalização indevida das vítimas mulheres de abusos sexuais, um bando de cretinos passa a pregar que a investigação policial deve deixar de considerar os hábitos delas, quando qualquer policial imbecil do Burundi ou de NY sabe que, na ausência de fatos ou provas contundentes, usa-se a vitimologia, ou seja, estudo dos hábitos das vítimas.

          Claro que as distorções devem ser combatidas.

          Mas jogar a criança fora junto com a água suja…

          Quanto ao desmembramento, é bom recobrar os sentidos, depois de tanto bater a cabeça:

          É rotina normal da PCERJ:

          Crimes cibernéticos, DRCI.

          Crimes com crianças/adolescente vítimas: DCAV.

          A fase primeira esteve a cargo do delegado para agilizar e permitir que a equação tempo zero/tempo um não fosse desfavorável, perdendo indícios na burocracia da espera pelo desmembramento.

          Aqui eu dou desconto, não és obrigado(a) a saber desse detalha administrativo-policial.

          Quanto a fala da defensoria, é só isso: 15 seg de fama.

          Mas eu encerro aqui:

          Parabéns, os caras estupraram, acabaram com a pobre moça, que foi filmada contra a vontade, drogada, destruída, etc.

          Esqueçamos provas, devido processo, juiz, promotor, polícia, etc.

          A mídia é a nova Inquisição, e a Promotoria, no caso de crimes contra mulheres, é o esquadrão feminazista.

           

          1. Menor, para não cansar

            Olha, eu só escrevi e escrevi porque Geni/Ofélia se deu ao trabalho de escrever e escrever em resposta ao meu comentário, então achei que devia retribuir a atenção. Não foi uma “tática” para cansar e desestimular a resposta, até porque Geni/Ofélia, obviamente, não ficou desestimulado. Pelo contrário, pela quantidade de comentários que Geni/Ofélia posta só neste artigo em particular, eu diria que ele é incansável.

            De fato, dizer que convive com mulheres não revela o genótipo, muito menos fenótipo, de Geni/Ofélia. O que revela é sua afirmação “Bom, eu não sou mulher”, que, de tão irrelevante, Geni/Ofélia achou muito relevante escrever. Não é um detalhe sem importância, “que desnuda o caráter belicoso do troço”. É a simples constatação que só uma mulher pode dizer o que sente ou sofre uma mulher. O homem não é protagonista das questões e problemas femininos. A questão de gênero não manda o “equilíbrio às favas”, como Geni/Ofélia acha, e sim tenta trazer a igualdade de volta a uma relação que é claramente desigual.

            Percebo, pelo restante do comentário, que ou Geni/Ofélia não leu minhas observações (ficou desestimulado?) ou optou por não abordá-las. Começou a falar das “premissas do Processo Penal” e passou a “desenhar” (porque não somos tão inteligentes, né?) um suposto procedimento “correto” para determinação da verdade.

            E conclui que eu, enfurecido (sério? estou calmo) e prolífico, não respondi a algumas questões as quais eu nunca pretendi responder. Mais uma vez, preciso esclarecer que minha discussão aqui sempre foi a utilização deste caso, mais especificamente a constante necessidade de questionar apenas as palavras e ações da vítima, para externar minha preocupação com o discurso que reforça concepções sexistas. Como eu disse, o problema não é haver em alguma parte do que Geni/Ofélia escreveu qualquer “afirmação de que a menina mente, ou que os supostos abusadores mentem, ou se todos mentem”, mas sim tudo o que está implícito no discurso utilizado. É como dizer, “não sou racista, mas (e incluir um comentário racista)” ou “não sou preconceituoso, mas (e incluir um comentário preconceituoso), ou “sou contra o estupro, mas (incluir comentários sexistas)”. Não basta dizer que não é para não ser. Mais uma vez, é a velha dificuldade de admitirmos nossos próprios (possíveis) equívocos.

            Geni/Ofélia também gosta muito de falar em cinismo e afirma que “um bando de cretinos” (mas sou eu que estou enfurecido…) “passa a pregar que a investigação policial deve deixar de considerar os hábitos das vítimas, quando qualquer policial imbecil do Burundi ou de NY” (curiosa essa escolha de lugares, não?) “sabe que, na ausência de fatos ou provas contundentes, usa-se a vitimologia, ou seja, estudo dos hábitos das vítimas”. Ora, usa-se a vitimologia quando ela é relevante para a apuração do crime. Quando o delegado pergunta para a adolescente se ela “gosta de fazer sexo grupal” não é vitimologia, é assédio mesmo.

            Obrigado pelo desconto a respeito dos detalhes administrativo-policiais! Quero apenas lembrar que, apesar da afirmação de que é “rotina normal da PCERJ” e de que o delegado estava preocupadíssimo em “agilizar e permitir que a equação tempo zero/tempo um não fosse desfavorável”, o desmembramento de fato só ocorreu após determinação do MP/RJ, atendendo a um pedido da advogada da vítima. Não fosse isso, talvez não houvesse mais nada a ser desmembrado hoje.

            “Quanto a fala (sic) da defensoria”, como eu previ, foi rechaçada como sendo “15 seg de fama”. Ficamos a nos perguntar se essa atitude valeria também para um “ousado” defensor homem que “ousasse” dizer que “a cada dia que passa mais inverossímil se torna o relato da jovem adolescente”. Mas, desculpe, só pensa nisso quem pertence ao “esquadrão feminazista”, certo?

             

          2. Arf…

            Bem, escritos do tipo, o delegado “perguntou se ela gosta de sexo grupal” desqualificam todo o resto, por isso me preveni de gastar vela cm defunto ruim…

            Onde está escrito isso? Nos autos? Consignado no termo de declações? Quem testemunhou a pergunta? O delegado disse isso, de verdade?

            Uai, se eu posso admitir (posso?) que ela mente, por que não mentiria sobre perguntas que se destinassem a checar uma história que, como todos de bom senso parecem a começar a entender, era incrível demais?

            O MP só pediu o desmembramento para surfar no resultado que já sabia que ia acontecer, pois todos os crimes dessa natureza ou ficam nas distritais (delegacias, quando os esquadrões feministas não se importam), ou vão para a DCVA.

            O mesmo paraos outros crimes, como fazendários, propriedade intelectual, ambientais etc, que só sobem para as especializadas por algum interesse político ou de classe. 

             

            Essa é a diferença básica entre nós: Não desejo fazer política com o suposto sofrimento da moça, o que implica, inclusive, em renunciar a espetacularização que você defende como um método de denunciar a situação das mulheres.

            Concordo em debater isso depois, e fazer política depois, depois das provas, do processo, enfim, depois desse negócio chato e burocrático chamado (devido)processo penal e investigação policial.

            Se houve crime, e se foi do jeito que ela falou, ou um pouco diferente, vamos as ruas, vamos debater o machismo, o estupro, as imagens da mídia que coisificam mulheres, etc.

            Antes, não serve de nada.

            Quem está massacrando a moça é quem tem tentado fazer dela uma mártir, quem sabe para dar conta de seus próprios recalques.

            Nesse ponto, é bom que existam homens comprometidos com a causa feminista, mas sem o ônus de sofrerem o que as mulheres sofrem. Esse distanciamento, às vezes ajuda, ô, se ajuda…

          3. Bem distante

            A pergunta do delegado consta na representação feita pela advogada da vítima junto à corregedoria da Polícia Civil. Em resposta a esta grave representação, a DRCI limitou-se a dizer que a investigação foi conduzida de forma “técnica e imparcial”.

            Curioso como Geni/Ofélia diz que “todos de bom senso parecem a começar a entender (sic) que a história era incrível demais”. Ou seja, quem concorda com Geni/Ofélia tem bom senso, quem discorda, não. Aqui vemos o verdadeiro equilíbrio indo às favas. Nenhuma palavra sobre a conclusão da Polícia Civil, divulgada em nota, de que a adolescente foi abusada em, ao menos, dois momentos, que um grupo de criminosos da região a levou para uma casa conhecida como “abatedouro” e que esses criminosos e “outros que passavam pelo local” se juntaram para cometer o estupro durante 36 horas. Nenhuma palavra sobre a perícia no celular de um dos suspeitos, onde foi encontrado novo vídeo revelando que a vítima implorou para que os estupradores parassem e comprovou a participação de outras pessoas, inclusive um traficante.

            Mas, de acordo com a lógica de Geni/Ofélia, essas investigações não foram feitas com nenhum “bom senso”, porque é “incrível demais”. Trata-se apenas de uma delegada “histérica” que inventou uma história “espetacularizada”, contrária aos “estudos acadêmicos” sobre “favelas”, para aparecer na mídia, não?

            Agora, concordo totalmente que a diferença básica entre nós seja o fato de que Geni/Ofélia não deseja fazer política. Ora, não deseja porque não interessa, porque não diz respeito a ele. Mais uma vez: só uma mulher pode dizer o que sente ou sofre uma mulher, e elas sabem que estão sofrendo agora, neste exato momento. Não dá para fazer política “depois”. Depois do quê? Depois de mais estupros, mais sofrimentos, mais mortes? Usar esse caso, que causou tanta comoção, para discutir a cultura sexista que permeia nossa sociedade é aproveitar o momento propício para o debate. Um debate que é constantemente rechaçado como “histeria feminazi”. Há uma hipocrisia no fato de um estupro coletivo causar uma revolta que casos isolados não causam, e isso precisa ser discutido. A adolescente estuprada não é uma mártir. Essa afirmação, aliás, é ridícula, de extremo mau gosto. Não há mártires nessa sociedade perversa. Há apenas vítimas e opressores. E os opressores, não raro, costumam ser aqueles que defendem um “saudável distanciamento”. São os ricos que defendem o distanciamento dos pobres, os brancos que defendem o distanciamento dos negros, os moradores do asfalto que defendem o distanciamento das favelas, os homens que defendem o distanciamento das mulheres. Distanciam-se tanto que perdem o assunto de vista, quem sabe para não encarar seus próprios recalques.

             

  37. Nesse caso a coisa mais
    Nesse caso a coisa mais concreta até o momento é só o vídeo. A suposta vítima afirma não lembrar de nada. Estava na casa do namorado e de repente acordou numa casa estranha cercada de homens armados, então ela pouco pode contribuir com informações que esclareçam todo o episódio. Até agora a história tem enormes buracos que precisam ser preenchidos com fatos já que, não custa lembrar, para se condenar é preciso de provas. Por mais que a delegada se esforce em relativizar o resultado preliminar do exame de corpo de delito enfraquece a versão propalada pelos jornais de um estupro coletivo por 30 homens. Se assim tivesse ocorrido inevitavelmente haveria ao menos tecido cicatricial residual de lesões por atrito e não por penetração forçada como alega a delegada. A não ser que a maioria esmagadora dos estupradores não tenham consumado a penetração. É preciso perseguir a elucidação dos fatos, caso contrário não se avançará além da guerra de versões o que só favorece o mau jornalismo dos tabloides.

  38. Um vídeo com a jovem ensanguentada nao é prova nao…

    Nassif vc tem filhas, cuidado com a mentalidade que está disseminando… Claro que houvo estupro, se por um ou por trinta nao faz diferença!

    1. Permita-me observar…

      Que a moça não estava ensanguentada e o Nassif não nega a existência de um estupro. Dito isso, qual foi o objetivo deste comentário?

        1. Haja arrogância. Coerente com a postura machista

          Afinal, se nem a palavra da vítima vale, menos ainda a de uma comentarista do seu site, claro. Arre!

      1. Nao estava com a vagina ensanguentada? Isso nao vale?

        E o Nassif nao negou um estupro, mas negou sim a importância dele, o reduziu a uma “bolinaçao”, tao inocente, né? Mesmo SE FOSSE “só” isso, bolinar uma menor desacordada nao tem nada de “pequeno”.

    2. Também sou a favor da vítima,

      Também sou a favor da vítima, mas a delegada que também considera que houve estupro disse que pelo vídeo não há indício de sangue.

    3. Estupro real e estupro midiático

      O LN disse isso – que houve estupro –  no texto. 

      Quanto a isso – a ocorrência do ato criminoso – não há dúvidas, pois o vídeo comprova.

      Mas há diferenças,  sim, em termos penais, se os autores foram 1 ou 30.

      Creio que é preciso ter cuidado, diante de algo tão horrivel, para não nos contaminarmos e embarcarmos em práticas midiáticas condenáveis. É neste sentido que entendi a linha do Nassif.

      Suas ponderações estão mais ligadas ao jornalixo que é produzido pela grande mídia do que ao estupro em si, que ele  concorda que ocorreu.

      A mentalidade de se aceitar quando o pênalti roubado é pro nosso time é perigosa e não é positiva.

       

    4. Acho que voce nao entendeu o

      Acho que voce nao entendeu o contexto do Nassif, Anarca, eh estritamente tecnico:

      “Um delegado assistiu os vídeos e afirmou que não havia nenhum elemento que corroborasse a versão do estupro. A nova delegada viu e disse que havia: um rapaz bolinando com a jovem desmaiada.

      A cena enquadra-se na categorização de estupro? Sim. A nova legislação incluiu a bolinação como uma das formas de estupro, ainda mais em uma pessoa vulnerável, desmaiada. A delegada se valeu dessa classificação para sustentar a tese do estupro. E saiu à caça de suspeitos, valendo-se do novo esporte nacional, de prender primeiro para perguntar depois”:

      Concedido o ponto -houve estupro- tem pessoas sendo acusadas de estupro contra as quais nao ha nadinha.  Ao invez de pegar os passaros aa mao -as tres pessoas do video- a policia ja esta prendendo os passaros voando!  Isso nao eh nada perto de policiais tomando lado e comentando na internet com fotos e tudo mais.  “Amador” eh pouco pra definir esse tipo de “profissional”.

      Por sinal, prender o chefe de trafico eh sentenca de morte pra garota, seja verdade ou mentira -e ja estamos concedendo que HOUVE sim um estupro.  So mais sinal de amadorismo.

  39. Respeito muito sua opinião, mas

    Assim como não há homicídio que mate menos ou homicídio que mate mais, não há estupro que estupre menos ou estupro que estupre mais. Um, dois, dez, trinta, cem ou mil. Estupro é estupro. Ponto. Palavra de mulher. Se ela disse não ou se ela não podia consentir, bolinar é estupro. Ponto.

  40. Repito o que ja disse:  nao

    Repito o que ja disse:  nao existe grupo de 30 homens que estupram uma pessoa.  Existem grupos de varias centenas de homens dos quais uns 30 topariam fazer isso.  E qualquer homen normal pode dizer porque a ideia eh tao repulsiva.  Pra ser explicito, que homen normal colocaria sua “parte mais preciosa” pra nadar no semem de uma dezena de outros homens?  Nao tem logica nenhuma!

    Nesse sentido, SOMENTE NESSE SENTIDO, nao houve o estupro que estao falando pra voces.

    O outro sentido eh o video que eu vi ontem:

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=ikXr2tVVK9A%5D

    A sucessao de “aihs” nao eh normal em relato dramatico e urgente como esse.

    A voz nao mostra emocao nenhuma.

    Eh o “fui pra casa do ex” (segurem esse pensamento ai porque quem aparece mais tarde em outra casa e em outro lugar e em outro dia pra a salvar nao eh um “ex” mas o namorado presente!)

    O tal de “um montao de gente em cima de mim” sem explicacao nenhuma, seguido de “tinha um montao de gente EM VOLTA DE MIM”.

    O namorado chegando e batendo em quem???  “Nos garotos”.  A unica especificacao dela foi “garotos” e nao “homens com metralhadoras” ou o que quer que seja.  “Garotos” que ainda por cima apanharam do namorado presente dela.

    O “eu fiquei batendo NELES e nada deles sairem” -ah, entao tinha multiplas pessoas fazendo sexo com ela?  “Os garotos”, talvez?  Isso eh importante porque a defesa “dos garotos” vai ser a mesma da pergunta do delegado a respeito dela “gostar” de ser “rata” (ou palavras na mesma linha, eu nao sei o que eram, nao eram da minha epoca).

    A expressao corporal completamente normal de uma pessoa contando uma historia (e aih isso e aih aquilo).  Tem varios videos de entrevistas com vitimas de estupro no youtube, nenhum deles se aproxima dessa normalidade emocional Icompleta com fillers verbais) exceto depois de muitos anos.  Outro dia, depois de muitos anos, uma mulher foi contar uma historia no youtube e falou 5 “basically”s -doi os ouvidos, mas so eh normal pra quem ja teve tempo pra maturar emocionalmente a respeito de trauma.

    A “mensagem inspiradora” do final.  Uma vitima de estupro mal consegue ser racional.

    Eh o assustador “contra mim” dos ultimos segundos.  Contra MIM???

    Que ela foi estuprada nao ha duvida, o video da “bolinagem” mostra isso em termos criminais claros.  Mas a historia real ta parecendo bem diferente do que esta sendo contado pra voces.

    Concluindo das pouquissimas evidencias publicas (fortemente editadas) ate agora:  ela foi sim estuprada por “garotos” (e nao ha referencia a homens mas a “gente” e “garotos”) que a acusarao mais tarde de gostar de sexo grupal.  E nao foi nem perto de 30 pessoas.  E todos eram do trafico:  a mencao a armas ja explicita que traficantes estavam envolvidos, mas ela nao especifica quem no  video, embora o saiba.

    O “dominio do fato” nesse caso me parece correto em relacao ao trafico em geral, nao em relacao a pessoas especificas -e muito menos ao chefe de trafico do lugar.  Se tinha gente com armas, eram trafico sim.  Eram “os garotos” do trafico talvez.  (ok, foi ironia)

    Ja cansei de fazer perfil, eu nao sou profiler e nem quero ser.

      1. “Vitimismo deificado” e

        “Vitimismo deificado” e “mistificação” – os conceitos supostamente chiques revelam a mesma posição dos bolsomitos e policiais hipócritas que desqualificam a moça pelas redes ditas sociais. Trata-se de uma vítima, não só de estupro mas também da exposição pela internet de imagens de seu corpo nu, desacordado, como alvo de chacota, humilhação e manipulação literal. Se a garota não é vítima, não sei quem é. Se a ação policial fizer outras vítimas, através de tortura e “delações premiadas”, é outro capítulo da história.

        1. Histeria 2, a missão

          Eu fico impressionado como as pessoas não conseguem aprender nada com a história, e estão sempre dispostas a reiterá-la como farsa para si mesmas.

          Jair, meu querido, compare essas duas matérias sobre o “affair” Woody Allen publicadas há cerca de dois anos atrás:

          http://www.cartacapital.com.br/blogs/feminismo-pra-que/e-se-woody-allen-fosse-um-serial-killer-6038.html

          http://www.cartacapital.com.br/blogs/outras-palavras/woody-allen-condenado-por-sensacionalismo-3363.html

          Olha! Foi só há dois anos atrás que a história se desenrolou! Não acha que é muito cedo para ela se repetir como farsa patética?

          Eu tenho a leve intuição que, tal como nesse outro caso, as histerias de plantão mais uma vez vão tomar um tombo.

    1. Erradíssimo…

      Nosso sistema judiciário (por mais que os vestais do templo do mal, STF, o ataquem) ainda diz o contrário, baseado em um princípio:

      Ninguém será considerado culpado até decisão judicial definitiva nesse sentido;

      In dubio, pro reu.

      E mais um pequeno, para somar:

      O ônus da prova é de quem dela se aproveita, ou seja, quem alega deve oferecer indícios de que fala a verdade, seja mulher, homem, criança, preto, branco, jovem, velho, manco ou desdentado, assim como se o Estado (MP, que nesse caso é quem detém o dominus litis) entender pela acusação formal, caberá a ele o ônus de provar a culpa, e nunca o contrário.

       

  41. Aí quando descobrem que não

    Aí quando descobrem que não houve estupro (SE for o caso, é claro), é só fazer uma manchete do tipo: “reviravolta no caso” e tá tudo resolvido, tudo safo.

  42. pingos nos Is

    Caro Nassif,

    sou leitor assíduo de suas análises políticas. Admiro seu trabalho.

    Preocupo-me com o tom de seus últimos textos acerca desse caso. Vou explicar os motivos.

     

    1. Por mais mentirosa que uma manchete possa ser, não me parece adequado comparar a distorção da notícia com um estupro. Não sei se preciso explicar por que. Não fui estuprado, nunca senti que isso estava perto de acontecer, portanto não acho que posso dizer o que significa ser ou temer ser estuprado. Mas ouvindo diversas mulheres que já foram e já temeram situações como essa, me convenci de que o estupro não é muito apropriado como metáfora, analogia ou comparação com outros tipos de violência. Notícias não são estupradas.

    2. A certa altura de seu texto, você reconhece que o vídeo serve como prova de um estupro, embora questione o número de homens que participou do ato. De fato, é relevante (especialmente para a notícia) apurar se o estupro foi praticado por três ou por trinta indivíduos. Entretanto, creio que isso não justifica adjetivar o estupro como “suposto estupro”. Sexo com uma pessoa desacordada é estupro, não é?

    3. A vítima ter-se dirigido à favela nos dias que se seguiram ao crime não muda o que ocorreu. Quantas mulheres seguem vivendo sob o mesmo teto de seus agressores, pelos mais diversos motivos? Apurar os fatos não deveria significar simplesmente apurar se houve estupro? Se a vítima voltou a frequentar o local, isso muda alguma coisa? Parece-me que essa especulação só serve ao velho hábito de desqualificar a vítima questionando-a sobre fatos que não alteram em nada a existência do ocorrido.

    4. Não assisti ao vídeo, nem vi fotos. Estou me pautando pelo que leio de diversas fontes de informação, as quais dão conta de que, no vídeo, a jovem aparece desacordada. Isso comprova um estupro. Ao que me consta, segundo as mesmas fontes de informação, os homens que compartilharam na internet os registros do que ocorreu teriam tirado fotos expondo as genitais da jovem enquanto ela estava desacordada. E mais: teriam escrito “mais de 30 engravidou”. Usaram a gíria “amassaram a mina”. Não conheço a gíria, mas também li, de fonte que considero confiável, que os homens haviam confessado o crime em sua própria gíria.

     

    Dito isso, me parece que a apuração necessária tem a ver com o seguinte:

    1. O vídeo/foto

    2. O que foi escrito por quem compartilhou, junto a esses registros, e seu significado na linguagem de quem escreveu.

    3. A possibilidade de terem participado do ato outros indivíduos, além dos que aparecem.

    4. A versão da vítima.

     

    Se houver controvérsia quanto ao conteúdo que os próprios suspeitos postaram na internet, leia-se, se houver dúvida sobre a veracidade do vídeo, sobre o significado da gíria, etc, vá lá.

    O resto é pura desqualificação da jovem. Questionar se ela voltou à comunidade é irrelevante. Questioná-la sobre a quantidade de homens é irrelevante. A própria investigação, partindo da constatação de que houve de fato estupro, pode apurar quantos homens participaram dele.

     

    Deixo então a pergunta: é possível, olhando as fotos e vídeos, questionar se houve estupro?

    Reitero que não vi nem foto nem vídeo. Estou perguntando mesmo.

    Se não for, então chega de falar em “suposto estupro” e chega de questionar por que a vítima voltou ao local (isso lembra a ideia de que “mulher de malandro gosta de apanhar”).

     

      1. e…..?

        Ok, se vamos entrar no contorcionismo gramatical, posso responder assim: o vídeo, as fotos, não mostram mais de um homem? O vídeo/foto postado por um deles não afirma em gíria que houve estupro?

        Se fôssemos nos ater ao que você questionou, eu diria que o correto é dizer “estupro supostamente coletivo”. Mas é relevante isso? Não está provado que há participação de mais de um homem?

        Se foram dois ou trinta, é claro que faz diferença. Qual? Faz diferença para que a polícia não tenha como “meta” prender trinta homens, para que a apuração procure apenas descobrir quem participou do crime.

        Mas reitero a pergunta: ainda é possível, depois desses registros e das postagens dos homens que participaram do ato, duvidar que tenha sido um estupro, e que mais de uma pessoa tenha participado?

        1. O assunto eh mais tecnico do

          O assunto eh mais tecnico do que voce esta pensando que ta ironizando com esse “contorcionismo gramatical” e seu ultimo paragrafo…  doi!

          Ninguem aqui esta dizendo que nao houve estupro.  Em maiusculas:  NINGUEM AQUI ESTA DIZENDO QUE NAO HOUVE ESTUPRO.  E nem o texto diz isso tampouco.

          O ponto do item -ate mesmo a partir do titulo- eh apontar o comeco de uma caca aas bruxas com as mais infimas provas, por sinal.

    1. Lendo seu post, parece que
      Lendo seu post, parece que tive um ataque de sonambulismo, acessei o site, aprendi a escrever de forma clara e postei no site com seu nome.

      Parabéns pela escrita e concordo com tudo que disse. Só colocaria mais ênfase no vacilo do comportamento do autor do site, não pela dúvida em si ou pelo desejo de não condenação precipitada dos acusados mas pela forma, má escolha de palavras e justificativas absurdas (como o fato dela ter voltado a favela como se isso descaracterizasse como um vítima como você bem apontou) que ele tem usado para defender seu ponto de vista. Além de ignorar certos fatos como a forma que o delegado “interrogou a vítima” para não prejudicar a desconstrução da narrativa do estupro aceito pela maioria.

      1. Desculpe, Sérgio. Quem sofreu

        Desculpe, Sérgio. Quem sofreu estupro de 30 pessoas não têm condições físicas nem de ficar de pé dois dias depois, Quanto mais ir ao local onde foi estuprada por pessoas armadas.

        1. Já que…

          Já que apuração, fatos e dados estão sendo tão demandados aqui, com base em que tipo de materialidade ou dado científico esta afirmação está assentada? Pessoas se submetem a cirurgias extremamente invasivas e estão aptas a caminhar ou a receber alta no dia seguinte.

          Que haja sanidade também entre os que pregam a investigação da versão da vítima.

          1. uau…eparrê, iançã…

            Temos justiceiros e agora curandeiros. Baixou o caboclo médico…

            Bem, meu filho (a), vamos aos fatos:

            Pessoas que recebem alta depois de cirurgias bem invasivas (talvez existam, não sou médico), não deambulam (andam) no outro dia com facilidade, e geralmente estão apoiadas, e com as sequelas da manipulação, e claro, todos os sinais pelo corpo.

             

            Mas não é o caso:

            Vou desenhar:

            Em um estupro dessa natureza, com a brutalidade alegada (nesse caso, só imaginada, porque a vítima diz de nada se lembrar), com revezamento de parceiros e toda sorte de violência, certamente toda a musculatura pélvica da moça, das pernas, região glútea e adjacências estariam de tal modo lesionadas e com edemas e hematomas que a dificultariam seus movimentos, ainda que consideremos a capacidadae de regeneração de uma adolescente.

            Cabe detalhar, para compor sua “análise médica”, que a região anal é bem menos elástica que a vaginal, logo, tal violência implicaria em sérias lesões e, me desculpe, a moça nem sequer conseguiria sentar-se por dias.

             

        2. Caramba!

          Minha gente, nós temos mesmo algum conhecimento de causa pra entrar NESSE mérito!?!?

          Há tanta coisa em discussão! Vários dos seus questionamentos são super pertinentes. Mas é sério que vamos nos ater a isso??

          Nada a dizer sobre a insistência em falar de “suposto estupro”?

          Ou, que seja, como disse alguém, “suposto estupro coletivo”? Se entrássemos no jogo do contorcionismo gramatical, eu diria que o correto seria “estupro supostamente coletivo”. Mas não há mais de um homem nos registros ??? Mais de um mexendo nos genitais de uma pessoa desacordada?? Isso não basta?

           

          Confio na sua apuração jornalística. Por isso pergunto se é possível questionar a existência de um estupro a partir do vídeo e da postagem (que seria, ao que me consta, uma confissão. Estou errado?)

           

          Por favor, ajude-me a entender seus critérios de apuração.

    2. Data venia

      Não, a apuração não tem a ver apenas com os dados que relacionou, pois:

      Primeiro, é imprescindível saber se houve ou não crime, quem, quando, onde, como e por que o praticou.

      (Aqui a primeira ressalva: Pela natureza do suposto delito noticiado, não sabemos nem se houve ou não crime (estupro, posse mediante fraude), a não ser a exposição criminosa da intimidade de adolescente, fato tipificado no ECA.)

      Depois, a apuração tem a ver com o relato dos acusados, dentro de um ambiente de ampla defesa (já que o contraditório é vedado na fase inquisitorial;pré-processual);

      Suas considerações sobre “fontes que considero confiáveis” têm tanto valor como as minhas ou as do Nassif, e é esse o entrave:

      Enquanto não houver PROVAS, INDÍCIOS ROBUSTOS, RELATÓRIO DE INQUÉRITO, SENTENÇA, enfim, qualquer documento oficial dando conta do que houve, só temos especulações.

      Há, como já disse ao Almeida, lá embaixo, os que especulam in mala partem (em prejuízo dos suspeitos) e os que preferem a prudência e esperar o resultado para traçar um juízo de valor que é óbvio:

      – Se houve os crimes, é uma horrenda e dramática situação que essa menina viveu, e a partir daí podemos trazer a baila todas nossas teses para explicar o fenômeno a luz dos tratados das ciências sociais e das questões de gênero;

      – Se não houve, ou pior, se o Estado não provar que houve, livram-se soltos os envolvidos.

      Só isso.

      Agora, se durante o andar da carruagem, os caras já foram “sentenciados”, esse prejuízo é irreparável.

      E nãos sejamos cínicos ou ingênuos (ou as duas coisas), todo esse oba-oba já (de)formou o juízo de valor dos que vão lidar com o caso, policiais, promotores, juízes, etc.

      Já há uma presunção estabelecida, e ela é, a meu ver, precipitada.

      Pessoas mentem, e eu tenho o direito de ter cuidado e esperar pela solução do caso, sem ser chamdo de sexista, machista ou (co) estuprador.

      Vou repetir o jargão policial: Todo fato tem três lados, o da vítima, o do autor, e a verdade.

       

      1. Tem razão, faltou dizer o

        Tem razão, faltou dizer o seguinte:

        1. Quando me refiro a fontes confiáveis, entre elas está justamente o blog do Nassif. Por mais rigoroso que eu possa ser, não sou jornalista e preciso confiar na apuração de alguns seletos membros da nossa imprensa. Confiança sempre provisória e sujeita a comparação com o que está ao meu alcance (realidade observável, outras fontes de informação, etc.). Em outras palavras, todos nós precisamos confiar em alguma fonte de informação, até mesmo quando estamos estudando a fundo algum assunto.

        2. Presunção de culpa é sempre deplorável. Cultura do linchamento também. Assim como cultura do estupro. Mas há aqui, me parece, uma tendência a superestimar o momento político como determinante dessa presunção de culpa. A Lava Jato não inventou a presunção de culpa no Brasil. Ela apenas estendeu essa presunção a alguns setores políticos. Não acredito que a relação seja tão direta assim.

        3. Um fator que precisa fazer parte da apuração, que eu esqueci de mencionar, é a versão dos acusados. Mas obviamente, se os registros que os próprios homens postaram contarem como provas, me parece que não há depoimento que mude isso. Para que servirá, então, a versão dos acusados? Para que apontem quantos homens participaram do ato. Não estou falando de delação premiada, veja bem. Mas apenas de delação, simples, aquela em que se apontam os coautores, SEM com isso obter um acordo de atenuação da pena. Não seria nada desejável endossar de antemão a versão de que mais de 30 homens participaram do ato. É isso que os acusados podem ajudar a responder. Mas se houve estupro ou não, e se foi coletivo ou não…? Ainda estamos discutindo isso?

        Não entendendo por que vocês não entram no mérito das PROVAS (vídeo, foto, postagem com confissão).

        Para além do juridiquês, se houver mesmo nesses vídeos o registro de uma menina desacordada e homens mexendo nos genitais dela, não há como negar estupro. Coletivo. E a tal da confissão na postagem?

        Tudo isso é irrelevante? Se não existe prova no vídeo, na foto, na confissão, espero que os senhores apontem isso. Até o momento, não entraram nesse mérito, o que só reforça minha desconfiança.

        1. Data venia II

          Caro,

          O uso das fontes, como em tudo na vida, tem dose certa, senão, remédio vira veneno.

          Ainda que tenhamos que ter referência, há casos (como esse, onde uma menina pode ter sido violada, ou outras pessoas podem estar sendo presas injustamente) onde as fontes não devem funcionar como único patamar para juízo de valor.

          Aqui entra o bom senso de cada um.

          Não faria nunca afirmações definitivas (como você fez) nesse caso, e nem em outros, até por força do hábito de minha profissão, ams respeito a sua forma de ver as coisas, embora as considere imprudente.

          Infelizmente, não dá para afastar o juridiquês, pois é um caso onde para afastar a irracionalidade passional de todos os envolvidos, só a formalidade jurídica, limiar mímino para impor uma verdade aceita por todos.

          Tens razão quando diz que a Lava Jato não inventou a “presunção de culpa”, mas só ampliou seu alcance como ferramenta partidária de caça a outro grupo partidário.

          Mas constatar isso não nos exime de conectar os fatos, pois o sistema jurídico é, afinal de contas, um monte de tratados e consensos sobre condutas e fatos, consagrados em lei por representantes do povo (poder originário), ainda que reconheçamos que no caso brasileiro atual, essa pirâmide fato-valor-norma (Kelsen), que se manifesta através dos sistemas representativos democráticos, está deturparda e invertida, em suma:

          É a idade das trevas do Estado de Direito que vem possibilitando tais abusos e linchamentos metafóricos ou reais.

          Quanto às provas, cabe dizer:

          Sem estarem nos autos, devidamente ratificadas por laudos, são apenas indícios.

          Posso te dizer outra coisa:

          Já vi muito moleque se dar mal porque gravou e falou coisas para se gabar que no fim das contas, nunca se deram como narrado nos vídeos.

          Não digo que esse é o caso, mas tudo tem que ser avaliado, até para fechar a porta para teses defensivas (falo do ponto de vista da investigação policial).

          E toda vez que levantamos essas hipóteses, cuja elucidação ajuda na formação (ou não) do nosso convencimento sobre o que houve de verdade, levantam-se os esquadrões feminazistas.

          1. Você não faria afirmações

            Você não faria afirmações definitivas como as que eu fiz… fiz mesmo? Ou questionei o blogueiro e os comentaristas se haviam assistido o vídeo e se poderiam negar, com base nas imagens, que o que se passou foi um estupro coletivo? Eu afirmei mais de uma vez que estava perguntando, porque não assisti ao vídeo, e portanto me pauto (provisoriamente) por fontes (aparentemente) confiáveis que (creio) assistiram e podem falar sobre ele.

            Em todo caso, você não faz afirmações definitivas sobre a existência do estupro coletivo (perceba que não estou entrando na questão de quantos homens foram, muito menos presumindo culpa dos que não aparecem no vídeo)…

            Não faz afirmações definitivas…. Mas fala de “esquadrões feminazistas”?

            Presta atenção, tenha um pouco mais de responsabilidade com o que você diz.

            Pode haver equívocos no feminismo como em qualquer movimento social. Mas essa comparação com o nazismo interessa a quem? Qual é a real semelhança? Traços autoritários? Então qualquer movimento que tenha membros extremistas é nazista também? Por favor…… precisamos falar mais sério. Críticas ao feminismo são perfeitamente válidas. Mas esse tipo de estigma, “feminazista”, não merece nem ser chamado de crítica! É um rótulo vazio de quem desqualifica e deslegitima um movimento inteiro por simplesmente não estar disposto a ouvi-lo.

            Onde é que as feministas se aproximam do nazismo, companheiro? Vai me responder com algum exemplo que se aplique exclusivamente ao feminismo, que não possa ser estendido a qualquer movimento social heterogêneo e contraditório como tudo que é humano?

            Intolerância é uma merda mesmo, venha de onde vier. Acontece que, se existem feministas intolerantes, certamente elas são muito menos perigosas do que o anti-feminismo intolerante. 

          2. É só uma questão de poder.

            Todo movimento nazista ou que historicamente tenha esse paralelo, nasce da intolerância. E geralmente, esse extremismo é legitimado por (auto)defesa.

            Versailles humilhou o povo alemão, junta-se a exploração rentista da banca quebrada de 29, mais um bocado de ressentimento, e voilá…(desculpe a simplificação de descrever um fenômeno tão comlexo de forma tão rasa).

            Não preciso esperar um estado totalitário feminazista para me dar conta de quanto é perigosa a  intolerância, companheiro.

            Então devemos esperar até lá?

            Eu sei que pré-julgar e levar inocentes para cadeia, é cacoete nazista.

            Chamar de estupro o que não se tem certeza, e prender por “acho que é”, ou “só pode ser”, é a base dogmática e praxis do nazismo.

            Se tem nariz de porco orelha de porco, pé de porco, rabo de porco, é porco ou feijoada.

  43. Estupro de homens na cadeia, Dilma e o PT

    Algo assombroso nesta notícia do estupro é que pela primeira vez em muitos anos não leio haters culpando a Dilma ou o PT pelo ocorrido – único fruto positivo pós golpe.

     

    Deixando de lado o que já ficou torto, quanto ao estupro, realmente é terrível o tratamento dado por cidadãos que são acometidos numa penitenciária onde sofrem abusos diversos como estupro. Se para uma mulher o estupro é terrível, imaginem para um homem. Isso também tem que ser combatido e com ainda maior veemência.

     

    Pois, não é por ter cometido algum crime que o homem tem que ser estuprado, assim como essa jovem: não é por ela ter associação com o tráfico, fazer apologia ao crime, realizar abandono de incapaz e levar uma vida pernóstica e de alto risco que ela tem que ser estuprada. Tanto pessoas homens e mulheres, mesmo vivendo no crime, não merecem o esturpo.

     

    Nassif, se Dostoiévsk fosse contemporâneo, gostaria do Brazil.

      1. Vontade de ser do contra – ou vontade de impotência

        Não sei onde você viu, Anarca, em sua estreiteza de interpretação, algum cinismo na frase pincelada. Li alguns comentários aqui sobre o tema e percebi que você comenta não com argumentos, mas com vômito de passionalidades! Ao invez de debater uma idéia, seu psiquismo habituou reagir com adjetivações contra aquilo que seus pontos de vistas não concordam. Em outras palavras – aquilo que a contraria é “do mal”. Tipicidade já conhecida, essa.

  44. Foi estupro

    Estupro é dizer não. Qualquer ato libidinoso contra a sua vontade. Qualquer relação sexual sem consentimento. Isso é estupro. Não importa se a menina queria no início e não quis no fim. Não importa se ela já havia feito sexo em grupo. Não importa se ela era vadia, prostituta, rata. No momento em que ela diz não, ou mesmo, que ela gostaria de dizer não mas não teve chance porque foi dopada, é estupro. Quem melhor que a vítima para dizer o que ela queria? E como dizer não a 33 homens, muitos deles armados? Me desculpe Nassif, mas o estupro se mede pela vulnerabilidade da vítima na hora da agressão. Há provas materiais e claras do estupro. O vídeo é uma autoincriminação. Além de tudo, a menina é menor de idade. É estupro tão escandaloso que falar que não houve ou que ainda se vai apurar já é uma ofensa à vítima. Se no caso dessa menina, que é claro e cristalino como água, há dúvidas, imaginem nos outros casos, em que não há testemunha, não há vídeo, apenas a palavra da vítima? Já é constrangedor o bastante para uma mulher ter de revelar que sofreu abuso, ter de se mostrar quando o que mais se quer é se esconder. Mas além de tudo ainda ser chamada de culpada, de pervertida porque “quis” ser estuprada? Não é possível que ninguém se coloque em seu lugar. Esse caso levanta outra questão: até que ponto uma relação sexual com uma pessoa drogada e bêbada também não configura um estupro? Há casos de boates na Espanha em que meninas são levadas a beber a exaustão e depois são abusadas de todas as formas. É também um estupro. Qualquer situação em que a pessoa não está consciente o suficiente para conseguir exprimir a sua real vontade e é levada ao ato sexual ou libidinoso, é estupro. Estupro é uma relação de poder. É usar da vantagem física ou da vulnerabilidade momentânea da vítima para obter a vantagem, o domínio sobre o corpo alheio. Se chegarem a conclusão de que o que aconteceu com essa menina não foi estupro, tenho medo de como ficarão as outras vítimas de estupro a partir de hoje. Ninguém mais prestará queixa. Uma sociedade machista que não consegue enxergar o óbvio não merece nenhuma credibilidade e não fará jamais justiça. Em tempo: vi o vídeo. Não há dúvidas. A menina aparece com o orgão genital todo inchado e ensanguentado, totalmente desacordada, com um sujeito manipulando a sua genitália e dizendo que mais de trinta engravidaram aquela ali. Se isso não é prova de estupro  Nassiff, eu não sei mais o que é. 

      1. O texto tenta apresentar o

        O texto tenta apresentar o estupro sofrido como um “estupro menor”. Desconhece que se os acusados tinham a consciência que a menina estava “chapada”, como os próprios relatam, foi estupro de vulnerável, ainda que ela afirmasse querer o ato. O vídeo em que mostram suas partes íntimas laceradas e dizem que “foram mais de 30” já é indício razoável de estupro coletivo. Talvez se verifique que foram 5, 10, 15 ou 30 realmente, mas isso não atenua a gravidade. A alegação que existe uma  “jurisprudência do morro” contra o estupro, mostra que então lá ocorrem muitos estupros, pois senão não haveria se criado esse direito consuetudinário do tráfico. Manifestações de solidariedade dos vizinhos também não impressionam, pois parece que todos tinham a menina na mais baixa conta social, no que seu corpo estaria liberado a qualquer um, quanto mais aos “meninos de ouro” da comunidade. Então Nassif, não faça como “Camarote”, não se tenha como conhecedor da lei quando a ignora e não reproduza um padrão de pensamento, já superado há décadas, de que apenas a “mulher honesta” (bela, recatada e do lar) pode ser estuprada, conforme rezava o Código Civil de 1916. Reflita e veja que deu vazão à preconceitos.

    1. O estupro da menina de 16 anos por 33 homens, conforme vídeo.

      Prezada Isabela Mello,

      Seu protesto é muito pertinente e o estupro – qualquer um – é um ato de covardia suprema, porque se utiliza da força contra a vontade da pessoa agredida. E você apontou muito bem esse conceito como qualificação para o crime do estupro. 

      Eu também não consigo entender – sem uma melhor explicação do autor – a razão argumentativa de que a tese defendida pela menina agredida se torna, a cada dia, cada vez mais inverossímil.

      Se houve estupro, e as evidências apontam para o fato criminoso, nunca será inverossímil a denúncia da menina de um ato de estupro por ela sofrido. No máximo, seus relatos (da menina ofendida), poderá ter alguma passagem onde a história contada não está exatamente igual aos fatos, o que deve ser relevado pela imensa possibilidade de turvamento da memória da menina para todos os detalhes, inclusive – e principalmente – pelo fato de ter sido dopada (ainda que a menina tenha facilitado – inicialmente – a ingestão de produtos que a levaram a ficar dopada). 

      Por exemplo, apresentar-se como vítima do estupro às autoridades policiais quatro dias após o fato pode ser estranho. No entanto, também neste ponto esse interstício deve ser relevado, porque faz parte das reações da mulher ofendida o constrangimento de se revelar usurpada, conforme a ciência já demonstrou tantas vezes, e além disso, o ambiente em que vive a menina e sua família aumentam o grau de medo e pavor pelas consequências de se rebelar contra fatos corriqueiros e conhecidos de todos naqueles ambientes, onde a proteção do Estado não existe. Por isso, a denúncia do crime sofrido também se explica e deve ser compreendido como fato natural se considerado o ambiente do crime.

      Pedir mais investigações é natural e compreensível. O que não se compreende é a tentativa subliminar de desclassificar a vítima. Isso é inaceitável. Luis Nassif tem muito crédito, mas nem por isso está isento de cometer deslizes em suas avaliações.

      Saudações,

  45. Engraçada essa dúvida fundada
    Engraçada essa dúvida fundada numa lógica parcial e forjada, que além de considerar apenas a versão dos acusados ignora que a garota está sendo seriamente ameaçada de morte, que se não fosse verdade não faria nenhum sentido ela manter a versão por vingança, considerando ainda que há outros crimes comprovados não havendo necessidade de imputação de estupro para se realizar a “vingança” bastando os outros crimes para tanto.

    Ainda, parece que o autor entende de direito, deveria saber que é praticamente impossível a produção de prova negativa, ou seja, a prova do NÃO, da ausência de consetimento, é um dos grandes dificultadores da condenação pelo crime de estupro, PRINCIPALMENTE QUANDO PRATICADO POR CONHECIDOS DA VÍTIMA. A tese apresentada acaba servindo de defesa para qq crime de estupro praticado por conhecidos. Não colabora em nada, pelo contrário.

    Ainda, quanto às leis da comunidade, não se pode ignorar que o crime foi cometido por traficantes e traficantes que ditam as regras na comunidade.

    Ou seja, a versão além de machista, quer fundar-se na “lógica”, mas não tem lógica nenhuma.

    1. Toda lógica é parcial, mas nem toda parcialidade tem lógica.

      Minha cara,

      Toda lógica é parcial, e fiel ao argumento e o juízo de valor que expressam. Não há fala neutra.

      Sua afirmação sobre a ameaça à vítima é uma temeridade, porque vem desacompanhada de provas ou indícios, mas mesmo assim não pode ser desconsiderada, só porque também parcial, ou seja, traz a sua parte da história.

      A menina poderia estar sendo ameaçada por ter mentido, por exemplo.

      Tens razão sobre a prova do NÃO, esse é um dos grandes obstáculos nessas apurações.

      Mas o que estamos discutindo aqui, inclusive a partir do texto do Nassif e de outros, é justamente o contrário:

      Pela grita da manada, os caras já estão condenados, desprezando-se toda e qualquer prova, senão o argumento da menina que foi estuprada, embora sequer tenha afirmado que disse não, pois de acordo com ela, estava inconsciente.

      Logo, até para determinar o crime correto (se estupro, se posse sexual mediante fraude) é preciso considerar tudo, até a possibilidade dela estar mentindo, no todo, ou em parte.

      E determinar o crime correto, a culpa exata de cada um (não pode ser genérica), e quantificar a pena correspondente a cada agente, é preciso cuidado.

      É só isso que o texto e os comentários reivindicam.

  46. Foi estupro

    A vítima é uma menina de 16 anos. Uma menina. Entenderam? ME-NI-NA, com toda a ingenuidade de uma menina de 16 anos.

    Sexo consentido com 33 homens aos 16 anos? Isso não existe.

    A idade não permite a nenhuma menina de 16 anos ter a dimensão exata da violência que isso significa para o seu corpo.

    Mas não foi sequer consentido.

    Ela foi abusada, enquanto estava dopada, humilhada, exposta, por 33 canalhas, estupradores. Monstros, não. Monstros são irracionais, selvagens. Estupradores são selvagens, sim, porém racionais e têm a crueldade dentro de si.

    Mas especificamente em relação a essa vítima, temos alguns agravantes: Beatriz, pelo que lemos na imprensa, teve uma infância violenta. Saiu de casa aos 13 anos para viver, no Morro da Serrinha, com um traficante, com quem teve um filho.

    Que tipo de sexo uma menina recém-saída da infância, que abandona sua família, sua casa, num bairro de classe média, no Rio – no caso, Jacarepaguá – tem com um traficante? Pra mim, não é sexo. É pura violência.

    Portanto, a relação sexo/violência sempre foi tão estreita na vida da Beatriz, esteve sempre tão internalizada, que se não fosse o Brasil lhe dizer “ei, você foi estuprada por 33 homens”, talvez ela nem tivesse se dado conta de mais essa violência por que passou. Isso se chama cultura do estupro. Algo tão enraizado, que algumas vítimas, cruelmente, não sabem sequer que são vítimas de tamanha violência.

  47. Estupro coletivo

    Caro Luiz, há anos leio seus textos e matérias e os considero coerentes e informativos. Nunca me manifestei, é a primeira vez. Escrevo hoje pois me parece, lendo este texto em específico, que há um engano. Compreendo a questão da disseminação da delação e e a criminalização de qualquer fala privada, mas no caso específico, me parece um pouco inadequado a utilização deste exemplo desta menina. Porque nós mulheres vivemos dentro desta cultura onde o machismo é bastante naturalizado e a mulher é totalmente responsabilizada pelas agressões que sofre, o termo de comparação não me parece adequado. Neste, e em outros casos desta natureza, a flexibilização do conceito de culpa e de prova não podem ser aplicados, pois que cotidianamente, as mulheres tem o desfavorecimento da legislação. Ouvi da jovem aluna estuprada na faculdade de medicina da usp que esta teve que fornecer seu depoimento 30 vezes em diferentes instâncias, respondendo sempre às mesmas indagações: 1) que roupa você estava usando; 2) você estava bêbada? 3) você dava bola para o rapaz? – como se qualquer uma das respostas afirmativas (e todas elas eram) isentassem de responsabilidade de estupro o rapaz – de uma colega desacordada. Ora, isso é o entendimento de gerações – onde se para os mais velhos, é mais naturalizado algum tipo de comportamento (como por exemplo, chamar uma mulher de gostosa na rua) para as gerações mais novas de meninas, trata-se de uma violência (e convenhamos, é de fato).  Assim, a comparação não se justifica, pois não falamos “de mais um caso” de criminalização de uma fala privada, mas de ações cotidianas naturalizadas. Por favor, reconheça isso. Obrigada

     

  48. Encontraram o celular de Rai
    Encontraram o celular de Rai (o pobre coitado acusado injustamente segundo esta matéria).
    Nele, um vídeo onde Beatriz pede nitidamente para não sofrer violência sexual.
    Encontraram também áudios de Rai com amigos confirmando a tese de que as manifestações feitas por moradores da região contra a vítima foram envocadas pelos traficantes, e quem não fosse seria cobrado pelo “mano”.
    Preciso dizer mais nada sobre isso. Só expressar minha tristeza com esta matéria que acabei de ler.

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