A nova bolha, por Luiz Gonzaga Belluzzo

A nova bolha

Por Luiz Gonzaga Belluzzo

Da Carta Capital

Medida adequadamente, a relação preço/rendimento das ações tem cheiro de crash

Os “mercados” dedicam-se, mais uma vez, ao esporte radical de formação de novas bolhas: as bolsas americanas e os rendimentos nanicos dos bônus do Tesouro fumegam os vapores que sopram às alturas os preços dos ativos. Nas horas vagas (nas outras também), os JP Morgan da vida entregam-se à bulha da recompra das próprias ações e mandam bala na distribuição de dividendos com a grana do Federal Reserve.

Analistas do Office of Financial Research, órgão criado pela lei Dodd-Frank para soar o alarme dos desarranjos financeiros, já antecipam “correções” dos preços inflados. Diz o relatório apelidado “Mercados Mercuriais” (Quicksilver Markets): quem aposta na elevação do juro da senhora Janet Yellen deveria levar em conta os efeitos do Quantitative Easing sobre os mercados secundários de ações e títulos de dívida, os soberanos e os privados. Medida adequadamente, a relação preço/rendimento das ações tem cheiro de crash. A elevação brusca da taxa dos Federal Funds desataria uma forte desvalorização do monumental estoque de ativos financeiros existentes.

Nos emergentes, suas moedas inconversíveis já padecem as dores e as vantagens do “rearranjo de portfólios” que infla a bolha americana e valoriza o dólar. (As vantagens devem ser computadas na conta que apura o saldo líquido entre os ganhos dos exportadores de manufaturas e as perdas dos devedores “desprotegidos” em moeda estrangeira.)

A experiência das globalizações financeiras demonstra que os humores dos mercados financeiros globalizados impõem suas razões às políticas monetária e fiscal dos países de moeda inconversível que abrem suas contas de capital, surfam nos ciclos de crédito externo, permitem a valorização cambial e se tornam devedores em moeda estrangeira.

O plano apresentado por Keynes em Bretton Woods não só cuidava de contornar o inconveniente de submeter o dinheiro universal às políticas econômicas do país emissor, mas, sobretudo, estava concebido para impedir que a moeda internacional assumisse a função reserva de valor, forma final da riqueza, perigoso agente da “fuga para a liquidez”.

No plano Keynes não haveria lugar para a livre movimentação de capitais em busca de arbitragem ou de ganhos especulativos. Em 1944, em Bretton Woods, a utopia monetária de Keynes capitulou diante da afirmação da hegemonia americana que impôs o dólar – ancorado no ouro – como moeda universal investida na função perturbadora de reserva universal de valor.

Os títulos de riqueza denominados na moeda não conversível e os carimbados com o selo das moedas conversíveis são substitutos imperfeitos. Diante da hierarquia de moedas, o teorema da paridade descoberta das taxas de juro não funciona. Isso permite aos mercados financeiros prosseguir sem sustos na “arbitragem” entre juros internos e externos e sem convergência das taxas de juro, descontados os diferenciais de inflação esperada.

Nas últimas semanas, os comentários a respeito das desvalorizações generalizadas nos ditos emergentes insistiram na prevalência dos fatores “internos” em detrimento dos “externos”. Mas, na era da abertura financeira turbinada, os fatores “externos” estão sempre abrigados nos “internos”, como parasitas nos intestinos. No banquete da grana abundante, os “externos” empanturram os gulosos. Quando a festa vira fome, sobram na barriga os protozoários das crises fiscais e monetárias.

Não há que descartar os desatinos fiscais e monetários dos governos. Mas há quem teime em ignorar os desastres fiscais e monetários no Brasil dos 1980 e 1990, no México em 1994, na Ásia em 1997, na Rússia em 1998, na Argentina em 2001 pelas “viradas de mesa” dos provedores privados de financiamento externo.

Pois, no surto recente de desvalorização do real, a grita dos sabichões da mídia atacou os fatores “internos”. Quando observam movimentos do câmbio, as pitonisas e sabichões falam fiado de “fundamentos”, sempre prontos a proclamar que é preciso fazer um ajuste fiscal e elevar a taxa Selic. Nos festivais eletrônicos de celebração dos “ajustes”, percebo os movimentos faciais dos profetas das telas: suas bochechas dançam à cata de um sestro entre o sorriso da Mona Lisa e o deboche do Coringa…

Amigos de tempos idos entupiram minha caixa de mensagens com comentários favoráveis aos palpites de celebrados e celebradas comentaristas de telejornais. Veja, caro leitor, como o País avançou. Nos tempos do getulismo juscelinista, esses companheiros se engalfinhavam com Cícero, Júlio Cesar, Horácio e Virgílio, Juvenal, aqueles chatos que escreviam em latim, língua morta. No Brasil do século XXI, na posteridade da era Vargas, os rapazes não conseguem segurar o queixo diante da língua viva dos vivos da tevê.

Redação

12 Comentários

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  1. Crise de consciência, ou surto de lucidez?

    Toda a interação brasileira com o mercado externo gira em menos, ou no entorno, de 13 % do PIB.

    Para a satisfação desses poucos sacrifica-se o todo da Economia e queimam-se as reservas nos comprimissos dos juros, ao passo que se favorece o rentismo em detrimento da produção e do emprego.

    Até o Belluzzo tem crises de consciência, ou surtos de lucidez, de vez em quando…

  2. Acertou o fenômeno, mas errou o motivo

    Está certíssimo, nova bolha no mercado de ações americano se aproxima. Mas o responsável não é nenhum banqueiro malvado, e sim os bancos centrais que imprimiram trilhões durante sete anos sem nenhum compromisso com a realidade. Com os juros reais abaixo de zero, esse dinheiro todo foi parar no Dow Jones. Mas a correção necessária já está vindo.

    A dinâmica das bolhas já foi devidamente explicada pela Escola Austríaca (por favor, gostaria de réplicas consistentes, sem o uso das palavras: coxinha, elite branca, 3º turno etc).

    PS: seria espetacular se Keynes voltasse ao nosso convívio para opinar sobre a situação atual, tenho minhas dúvidas se ele apoiaria essa impressão de moeda sem nenhum controle. As causas de 2008 foram bem diferentes daquelas de 1929…

    1. O capitalismo austríaco só funciona com pó de pirlimpimpim

       

      LC (sábado, 04/04/2015 às 09:57),

      Você tem mestrado em economia e eu nem estudante de economia sou. Então o que eu vou dizer fica parecendo sacristão ensinar padre nosso para vigário.

      Seu apego, entretanto, a escola austríaco só se justifica se o seu interesse é apenas diletante. No mundo prático nenhum governo põe um austríaco para ministro da economia.

      Platão desenvolveu um ideal de democracia que só tem validade em uma realidade infantil. Max Weber idealizou uma burocracia que só se justifica em uma realidade infantil. Os austríacos idealizaram o capitalismo que só faz sentido em uma realidade infantil.

      Capitalismo sem Estado só funciona em uma idealização que não vê o Estado como o agente impulsionador do crescimento econômico, de modernizador da economia, de instrumento de aperfeiçoamento do sistema capitalismo.

      Enfim, o modelo austríaco só serve para mostrar para seus filhos como você desejaria que o capitalismo funcionasse.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 04/04/2015

  3. Keines, Bretton Woods, Neo Liberalismo etc, etc

    os comentaristas de TV, no início dos anos 90 apontavam Argentina, México, Tigres Asiáticos como exemplo a ser seguido (acordo de Washington) o senhor FHC queria participar do governo Collor para implantar o plano, foi o Richa e o Covas que o seguraram para não fazer a besteira… mas o Itamar o convenceu e aí o Brasil entrou de cabeça na armadilha e foi o último a fazê-lo, mas logo em seguida quebrou o México a Ásia, a Rússia e finalmente a Argentina e nesse período o Brasil também quebrou duas vezes no mínimo e o pior quando o mais antigo banco escocês quebrou na Ásia, Clinton exigiu que Brasil e Argentina contribuissem com 300 milhões de dólares (que não tinham, pois foram pedir investimentos em seus paises) para “ajudar” os acionistas prejudicados (principalmente fundos de pensões municipais americanos) com a aventura dos Derivativos, era a primeira bolha do neoliberalismo. Hoje esses valores comparados com as novas bolhas são trocados, a última informação da bolha de 2008 é que se tratava de um PIB e meio americano, não era uma “marola” e não há Islândia, Irlanda e Grécia que pague o rombo, isso envolveu a economia global e surgirá como uma nova bolha prevista pelo senhor Belluzzo, mas não detalhada (serão os financiamentos universitários, ou o fractting gas) e de uma forma exponencial, e em resumo; Keines, Bretton Woods, Neo liberalismo fizeram de tudo, mas hoje o dinheiro não vale mais nada e no entanto ainda é tratado como um deus pelos “tecnicos e comentaristas econômicos” que nunca prevem nada e só olham a fotografia do momento e evacuam regras ineficazes em sacos de maldades que apenas atingem aqueles que usam o dinheiro para fazer o supermercado e pagar a condução para trabalhar.

  4. A farra é insustentável, mesmo para 0,25% de aumento dos juros

     

    Here We Go: Goldman Declares That “The Right Policy Would Be To Put Hikes On Hold For Now”

    It was just two days ago when we observed that during the latest Fed matinee, none other than Goldman’s Jan Hatzius presented a slide deck suggestively titled “Hiking Rates in the Name of Financial Stability.”

    Said slide deck, in addition to hinting that the macroeconomy (not Goldman’s bonus pool mind you) may not be able to withstand the shock and horror of a 0.25% rate hike, also contained the following binomial decision tree (in which Goldman, with a straight face said that it was unclear if rate hikes “reduce bust risk”) designed to strongly “clue” the academic central planners in the Marriner Eccles building just how and when to act.

     

    It was here that Goldman clearly stated two days ahead of today’s non-farm payroll number, that the US economy “may not be ready yet”, after nearly a decade of zero interest rates, for a rate hike.

    We will ignore the irony that the economic weakness is taking place over a year after the same Jan Hatzius predicted that the US would grow at an “above consensus” rate in 2014 (forecasting 2.9%, the final outcome 2.4%) and further. It took place precisely three months after Goldman predicted a 3.0% GDP growth rate in Q1 2015, a forecast which Goldman since cut to 1.1% (it was under 1% until the February import crash provided a bean-counting gift to the GDP trackers). We will certainly ignore Goldman’s forecast of a 2.6% 10Y yield on March 31 just three months prior.

    What we won’t, however, ignore is a note released several hours after today’s disastrous jobs print by the Goldman economic team, titled “It Is Hard to Be Reasonably Confident”, in which Goldman takes a machete, for the second time in 4 years, to its “above consensus” forecast.

    Here is what Goldman had to say:

      

    Today’s employment report was a disappointment, as payrolls posted a weaker-than-expected gain in March and employment gains were revised down in prior months. The FOMC’s labor market condition of “further improvement” nonetheless strikes us as a manageable hurdle. Bad weather likely weighed on the latest employment report, slack measures continued to narrow in March and the unemployment projections in the SEP suggest that the FOMC was already expecting a slowdown in the pace of employment gains in coming months.

     

    The inflation condition is a much higher hurdle. Given recent inflation news—including the deceleration in year-over-year core PCE inflation to 1.4%, nominal wage growth of 2% and declines in some indicators of long-term inflation expectations—being “reasonably confident” in inflation returning to the 2% target is a tall order.

    Ok, so the end of the waiter and bartender renaissance is a hurdle, but not nearly as bad as the realization that now the US will have to import deflation not only from Japan but also from the Eurozone and deal with an oil slump that contrary to Goldman’s predictions isn’t going to dead cat bounce any time soon, and if anything will only get worse.

    Then what?

      

    We use the Fed staff’s FRB/US model to gauge the uncertainty around the inflation outlook. Specifically, we draw “shocks” from the historical behavior of the economy since 1997 and trace out the implications for the evolution of inflation in the model.

    Oh, so Goldman will use a license of the model that the Fed itself uses to forecast the future. Surely we can expect projection certainty within 0.1%.

    Of course, Goldman knows this is ridiculous, so it gently unveils the first snowman: telling Yellen how Goldman would think… if it were Yellen (not because the old academic is utterly clueless what to do at this point, mind you – just our of courtesy).

      

    Chair Yellen recently discussed a number of factors that would affect her confidence in the inflation outlook. These include changes in: (1) the pace of labor market improvement, (2) core inflation itself, (3) wage inflation, and (4) longer-term inflation expectations.

     

    We next explore the effect of changes in these economic conditions on our confidence metric in FRB/US. We start with an example of how shifts in long-term inflation expectations might affect the uncertainty around the inflation outlook. Specifically, we trace out the distribution of inflation in 2017Q4 in response to a ¼pp increase and decrease in long-term professional forecaster inflation expectations in 2015Q2. Exhibit 3 shows our results. We find that the confidence score drops to 51% when inflation expectations tick down and rises to 68% when inflation expectations move up.

     

    So kind of Goldman, to do all in its power to try to boost the Chairmanwoman’s confidence.

    Actually, we misspoke, because next up Goldman finds that contrary to its perpetual bullishness of the past 5 years, “the bottom line from these scenarios is that plausible improvements in any single indicator are unlikely to deliver reasonable confidence on their own.”

      

    Exhibit 4 summarizes our results for a range of indicators cited by Chair Yellen. In addition to the inflation expectations experiment above, we also consider shifts in wage inflation, changes to the growth outlook over the next four quarters and news on the trend in payroll gains (that again last for four quarters). We only consider one shock at a time and trace out the resulting confidence score for a range of values. We report the confidence score for both the end of 2017 (black line) and for the end of 2016 (gray line). The key take-aways are as follows.

     

    First, the simulations confirm that shifts in long-term inflation expectations have a large effect on the distribution of inflation outcomes at either horizon. Second, changes in the pace of wage inflation have a meaningful effect too. For example, a 0.5pp pickup in the pace of wage inflation raises the likelihood that inflation will exceed 1.75% at the end of 2017 from 60% to 64%. Third, shifts in the growth outlook over the next year—which affect not only real GDP growth but also payroll growth—have significant effects on the inflation outlook. For example, we find that a ½pp reduction in the expected growth pace over the next four quarters lowers the confidence that inflation will exceed 1.75% at the end of 2017 from 60% to 51%. Fourth, our simulations suggest that shifts in the pace of payroll growth alone—i.e. productivity shocks—have small effects on the inflation outlook. Payroll disappointments, in other words, are probably not particularly informative about the inflation outlook unless they reflect a broader growth slowdown. The bottom line from these scenarios is that plausible improvements in any single indicator are unlikely to deliver reasonable confidence on their own.

     

    Goldman leans in some more just before unleashing the roofie bomb, because having run out of credibility, the vampire squid now does a “how to become more confident” bridge chart: one assumes they tasked the recent Harvard grad with this one. Remember: when the economy is growing at 0.1%, one’s best bet is to just chart how one gets from “unconfident” to “confident.”

      

    Simultaneous shocks are more likely to do the trick. Exhibit 5 provides an example of what could raise the confidence score above 75%, a likelihood one might consider to qualify as “reasonable confidence.” The chart shows the marginal impact on the confidence score of a combination of shocks. A ½pp improvement in the growth outlook would raise the confidence score by 8bp, a ½pp pick-up in wage growth on top of that would raise the confidence score by another 4pp and an additional ¼pp shock to inflation expectations would be enough to boost the confidence score for the combined scenario to over 75%.

     

     

     

    It Is Hard to Be Confident

     

    The FRB/US model is a helpful tool for analyzing the uncertainty around the inflation outlook, but it comes with a number of caveats. Inflation expectations, for example, play a very important role in determining inflation 2-3 years ahead, resulting in relatively minor roles for recent news on payrolls or actual inflation. Our analysis is therefore best seen as an illustration of the issues involved.

    Good, because if your previous “analysis” is any indication of how accurate the current one will be, it’s best to just ignore any “projections” and certainly those 2-3 years ahead.

    In fact, it is best to just ignore pretty much everything said to this point which is nothing but econobabble gibberish. Because here, at the very end of the note, is where Goldman finally says what it meant to say all along.

      

    The analysis suggests that it is hard to be “reasonably confident” in the inflation outlook given current economic conditions, unless several inflation drivers rise at the same time. We therefore do not have much confidence in the inflation outlook and believe that the right policy would be to put hikes on hold for now.

    And there you have it – from a Q1 GDP forecast of 3% and a June rate hike, then to a September, then to a December, then after shocking “snow in the winter” finally caught up the the BLS’ seasonal adjustments Goldman has finally come out of the closet and dropped the first (of many) trial balloon.

    Only this is not the trial balloon for the indefinite postponement of rate hikes, those were never going to happen in the first place, but a trial balloon for what the real endgame is here: QE4… just as we most recently predicted would happen 2 weeks ago (and as distantly as mid-2013). Because in a world in which global central banks are already monetizing 100% of global net issuance, there is no longer any need for subtlety: either we desperately try get inflation through unlimited printing of money, the more sharp and acute the inflation spike the better, or the entire fiat system implodes. And as long as central banks have something to say about it (and courtesy of Bernanke’s helicopter speech we know precisely what their last action will be), it will be the former.

    Finally, what goes without saying, is that in a world in which the Federal Reserve is a branch of Goldman Sachs, what Goldman Sachs trial baloons, Goldman gets.

    Average:

     

    1. Weber

      Cara, estou impressionado. Você demonstrou que sabe e é fluente em inglês! E interditou o debate com essa babaquice de quere aparecer…

       

  5. Ai ai

    Belluzzo acha que hoje em dia seria tecnicamente possível reeditar uma idéia de Keynes pra 1944, quando você tinha uma dúzia de barreiras físicas e tecnológicas para a livre circulação de meios de produção.

    Não adianta, botar a culpa das coisas na “globalização” é um vício que certas “escolas de pensamento” não conseguem largar. Não percebem – ou fingem não perceber – que esse movimento é irreversível e consequencia natural dos avanços tecnológicos e da própria vontade das pessoas. Sim, nós queremos ter acesso a tudo que o mundo tem a oferecer, não apenas àquilo que os belluzzos da vida acham que deve estar acessível.

    O mais gostoso é ver os dinossauros fazendo essas críticas na Internet. Símbolo máximo dessa tal globalização.

    1. Mais gostoso é ver alguém que

      Mais gostoso é ver alguém que não sabe absolutamente nada sobre o assunto resmungando sobre o que não entende!

      Olha o comentário do rapazinho sobre o texto do Belluzzo sobre os problemas da livre circulação de capitais: 

      Não percebem – ou fingem não perceber – que esse movimento é irreversível e consequencia natural dos avanços tecnológicos e da própria vontade das pessoas. Sim, nós queremos ter acesso a tudo que o mundo tem a oferecer, não apenas àquilo que os belluzzos da vida acham que deve estar acessível.

      hahaahahahah

       

    2. Fiquei impressionado com a

      Fiquei impressionado com a desconstrução do nobre eleitor (ai ai) sobre o post do Beluzzo. Seus profundos fundamentos economicos me deixam estarrecidos e obviamente acredito, que o Beluzzo deverá contratá-lo imediatamente.

      É de dar dó caro sua contestação.

       

       

       

    3. Não vejo relação da internet com o artigo de Belluzzo

       

      Ozzy (sábado, 04/04/2015 às 13:26),

      [O Comentário a seguir fora encaminhado para você provavelmente cerca de uma hora antes do comentário que eu enviei sábado, 04/04/2015 às 22:33, para LC junto ao comentário dele enviado sábado, 04/04/2015 às 09:57, aqui neste post “A nova bolha, por Luiz Gonzaga Belluzzo” de sábado, 04/04/2015 às 18:54. Por motivo que eu desconheço ele acabou não aparecendo, o que me leva a o reenviar. Quando fiz o comentário, eu não observei que Daytona já havia comentado e, de certo modo, com argumento semelhante ao meu, embora com forma diferente e de modo bem mais conciso.]

      Não sou economista, mas pareceu-me que você não entendeu o artigo de Luiz Gonzaga Belluzzo.

      Seu discurso sobre a globalização parece-me também fora do lugar ou fora de época. Na década de 90 quando a globalização era a palavra da moda houve duas manifestações que deveriam ser mais lembradas. Em uma crônica Carlos Heitor Cony reproduziu correspondência do século XIX em que um editor inglês aconselhou um escritor francês (Gustave Flaubert) a acostumar com a superioridade inglesa em um mundo de globalização financeira. E também na própria Folha de S. Paulo saiu declaração de John Kenneth Galbraith dizendo que globalização era termo restilizado pelos americanos para acobertar a intenção de imperial daquele país.

      O cerne do texto de Luiz Gonzaga Belluzzo é a finalidade da proposta de Keynes da moeda universal: “impedir que a moeda internacional assumisse a função reserva de valor, forma final da riqueza, perigoso agente da “fuga para a liquidez””

      A idéia é de que as crises, que se repetem, decorrem exatamente de o dólar ser reserva de valor para onde correm todos quando há o temor de enfraquecimento das moedas que até pouco tempo antes não eram vistas como fracas. É assim que se deve entender a sequência em que ele afirma:

      “Não há que descartar os desatinos fiscais e monetários dos governos. Mas há quem teime em ignorar os desastres fiscais e monetários no Brasil dos 1980 e 1990, no México em 1994, na Ásia em 1997, na Rússia em 1998, na Argentina em 2001 pelas “viradas de mesa” dos provedores privados de financiamento externo”.

      Imaginar que a realidade hoje é diferente por causa da internet é não saber ler a história. Sobre isso vale reproduzir três frases que nas crises são muito lembradas:

      “Os Bourbons não aprenderam nada, não esqueceram nada”;

      “Quem não conhece a sua história está condenado a repeti-la” e

      “A história se repete, a primeira vez como tragédia e depois como farsa”.

      O que Luiz Gonzaga Belluzzo alerta é que todos nós conhecemos esta história da crise e ela se repete invariavelmente e sempre como tragédia.

      É claro que talvez a proposta de John Maynard Keynes não seja a solução a se almejar, tendo em conta o seguinte artigo do economista radicado na China Michael Pettis “O privilégio exorbitante dos EUA” e que pode ser visto no endereço mostrado a seguir:

      http://www.bresserpereira.org.br/terceiros/2011/11.09.O_Privil%C3%A9gio_exorbitante_dos_EUA.pdf

      No artigo que foi publicado no Valor Econômico de quinta-feira, 15/09/2011, Michael Pettis critica a “afirmação, feita pela primeira vez por Valéry Giscard d’Estaing, em 1965, de que o domínio do dólar americano como moeda global de reserva deu aos Estados Unidos um “privilégio exorbitante””.

      De todo modo ainda que haja bons questionamentos ao privilégio exorbitante do dólar assinalado por Valéry Giscard d’Estaing, a internet é muito pequena para ter a relevância de ser mencionada em uma discussão sobre a crise de moedas que não possuem o privilégio exorbitante de ser reserva de valor.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 04/04/2015

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