A origem da palavra batuque e os rituais de jeje

Do site Percussionista

Os Rituais de Jeje

Não há movimento sem ritmo

A vida tem um ritmo que mantem-se em constante movimento.

Quando pensamos na palavra Batuque, normalmente lembramos de uma percussão rústica, a batucada, mas, na verdade, a palavra tem origem na religião, não na percussão.

Batuque é uma religião afro-brasileira de culto aos Orixás. No Brasil é encontrada principalmente no estado do Rio Grande do Sul, de onde se estendeu para países vizinhos como Uruguai e Argentina.

A religião deriva de crenças dos povos da Costa da Guiné e Nigéria, como as nações Jeje, Ijexá, Oyó, Cabinda e Nagô.

A palavra “Batuque” se originou da palavra “Batukajé”, um termo Bantu, numa referência ao bater dos tambores típico das cerimônias da religião.

Os rituais são próprios e originais e, embora tenham alguma semelhança com o “Xangô de Pernambuco”, são muito diferentes dos do Candomblé da Bahia.

Os rituais de Jeje têm suas rezas próprias. Ainda se vê este belo ritual em dois grandes terreiros na cidade de Porto Alegre. As danças são executadas de par, um de frente para o outro. Há, também, muitas casas que seguem os fundamentos da nação Oyó, que se aproxima muito do Ijexá, já que estas duas provém de regiões próximas na Nigéria.

https://www.youtube.com/watch?v=lVPLIuBy9CY ]

Cada Babalorixá ou Ialorixá tem autonomia na prática de seus rituais. Não existem nomenclaturas de cargos como há no Candomblé. Os Babalorixás exercem plenos poderes em seus Ilês. Os Filhos de Santo se revezam nos cumprimentos das obrigações. No mínimo uma vez por ano, são feitas homenagens com toques para os Orixás, mas as festas grandes são de quatro em quatro anos.

https://www.youtube.com/watch?v=W3tKFLafu3s

No Dia do Serão (dia da obrigação de matança), todos os Orixás recebem sacrifícios de animais. Os cabritos e aves são preparados com diversos temperos e servidos a todos que participarem dos rituais, onde tudo é aproveitado, inclusive o couro dos animais, que sevem para fazer os tambores usados nos dias de toques.

Os Eguns, assim como os Orixás, tem suas rezas (cânticos) próprias, feitos na linguagem Yorubá, e em dias de obrigações recebem toques ao som de tambores frouxos e com o acompanhamento de Agê (instrumento feito com uma cabaça inteira trançada com cordão e contas diversas).

[video:https://www.youtube.com/watch?v=A3o30YJiWsc

Vamos manter vivas as manifestações populares brasileiras de matriz africana, como o Batuque que faz parte da nossa cultura bdas nossas raízes.

Redação

12 Comentários

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  1. Vida Selvagem

     

    Arte do desenhista, pintor e escultor Alan Ainslie

    Thabo Mbeki, ex-presidente da África do Sul, e Festus Mogae, ex-presidente de Botswana

    Na inauguração do Parque Transfronteiriço de Kgalagadi, o primeiro Parque da Paz Transfronteiriço da África do Sul, Mbeki e Mogae revelam a escultura feita em bronze, em tamanho natural, de Alan Ainslie, no dia 12 de maio de 2000.

    Kgalagadi Transfrontier Park

  2. Aos meninos maluquinhos

    Beleza de post. Essas séries de fotos e batuques me fizeram lembrar do espetaculo de teatro de onde derivou a animação “Princes et Princesses” do excelente Michel Ocelot ( Kiroukou e sua Africa fantastica, Azur et Asmar, Les Contes de la Nuit…) , que tanto encantou a mim e ao curumim. Tenho certeza de que encantara Jejê, Lulu e Jones 😉

     

     

    1. Raizes

       

      MÃE ÁFRICA

               Homens que erguestes padrões, que destes nomes a cabos!
               Homens que negociastes pela primeira vez com pretos!
               Que primeiro vendestes escravos de novas terras!
               Que destes o primeiro espasmo europeu às negras atônitas!
               Que trouxestes ouro, missanga, madeiras cheirosas, setas,
               De encostas explodindo em verde vegetação!
               Homens que saqueastes tranqüilas povoações africanas,
               Que fizestes fugir com o ruído dos canhões essas raças,
               Que matastes, roubastes, torturastes, ganhastes
               Os prêmios de Novidade de quem, de cabeça baixa,
               Arremete contra o mistério de novos mares! Eh-eh-eh-eh-eh!

      ‘Ode Marítima’ foi garimpada no diário de bordo pintado, em detalhes, pelo imorrível Pessoa, 
      com suas impressões de viagem pelo mar da adolescência que lhe foi dado atravessar.

      [video:http://youtu.be/VT2J1Ot9N5c width:600 height:450]

      Núcleo de ferro plana

      Vara Cliff

      Imagens do fotógrafo viajandão Thomas Barbey

  3. Mestre Descartes Gadelha

     

    Maracatu Cearense o Batuque do Ceará

    Do blog Tapuias e Abaunas | 12 de setembro de 2012

    Em 28 de março de 2011 voltamos novamente a Associação Cultural Solidariedade e Arte – Solar, Quintal de Batuque do Maracatu Solar no bairro de Benfica em Fortaleza para conversar e entrevistar o artista plástico, pesquisador cultural, compositor e mestre Descartes Gadelha.

    Tivemos a oportunidade e o privilegio de ter uma verdadeira aula de cultura com esse magistral chefe de batuque, que estava passando seus conhecimentos aos percussionistas Delano e Natali, falando sobre a origem do Maracatu, a simbologia, a etnia, a religiosidade, o ritmo, na teoria e na prática e muito mais do que se possa imaginar.

    Eu e Jô Milli fizemos um registro de tudo, imagens e sons valiosíssimos que com certeza só enriqueceram o nosso documentário e reafirmam para todos que o Maracatu Cearense, o Batuque do Ceará é único, original e maravilhoso.

    http://tapuiaseabaunas.blogspot.com.br/2012_09_01_archive.html

  4. Batuque Cearense

    Lenda Estrela Brilhante

    No dia 26 de Março de 2011, estive na Associação Cultural Solidariedade e Arte – SOLAR, sede do Maracatu Solar, à convite do cantor e compositor Pingo de Fortaleza, que eu ainda não tinha tido a satisfação de conhecer pessoalmente, para o lançamento do livro “Lenda Estrela Brilhante” do griot Descartes Gadelha.

    “Quando eu for eu vou sem pena. Pena vai ter quem ficar.” – Paulo Vanzolini

    [video:http://youtu.be/ZpKy5JigLlU width:600 height:450]

  5. Bela postagem!
    A diversidade

    Bela postagem!

    A diversidade de sentidos da palavra “batuque” certamente origina-se do fato apontado pelo antropólogo Arthur Ramos de que “a dança e a música que os africanos introduziram no Brasil tiveram origem religiosa e mágica”. Assim como Batuque designa em Porto Alegre (RS) “uma modalidade de candomblé” a palavra também designa cultos afro-brasileiros no Pará e Amazonas.

    Em muitos outros lugares do Brasil batuque é denominação equivalente a samba-de-roda. A professora Yeda Pessoa de Castro em seu livro de referência Falares Africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro, RJ: Topbooks, 2001 assegura que a palavra “batuque” é de origem banto (África Central). Batuque deriva de vutuki. O folclorista Luis da Câmara Cascudo define “batuque” como dança com sapateado e palmas acompanhadas só de tambor ou também de viola e pandeiro. “Os instrumentos de percussão, de bater, membranofones deram batismo à dança que se originou no continente africano, especialmente pela umbigada, batida de pé ou vênia para convidar o substituto do dançador solista. Batuque é denominação genérica para toda dança de negros na África”. Assegura o pesquisador do Rio Grande do Norte que uma lei do rei d. Manuel proibiu o batuque em Portugal quinhentista.

    Conta Cascudo que o naturalista alemão Georg Wilhelm Freyreiss (1789-1825), falecido no Sul da Bahia, descreveu em 1814-15 uma viagem que fez a Minas Geraes quando assistiu a um batuque e registrou: “Entre as festas merece menção a dança brasileira o batuque. Os dançadores formam roda e, ao compasso de uma guitarra (viola) move-se o dançador no centro, avança e bate com a barriga na barriga de outro da roda, de ordinário pessoa de outro sexo”. Batuque foi também nome de uma luta popular, no passado, nos municípios baianos de Cachoeira e Santo Amaro, que também foi chamada de “pernada” e era aparentada com a capoeira.

    É ainda Câmara Cascudo quem informa que o príncipe de Wied-Neuwied (Viagem ao Brasil, 1815), hospedado numa praia na região do Rio Doce, entre Espírito Santo e Bahia, relata que o filho do seu hospedeiro fabricava violas; e quando tocava “o resto da meninada dançava o batuque, entregando-se a estranhas contorções do corpo, batendo palmas e estalando dois dedos de cada mão (…) Quando a nossa gente dançava o batuque nas noites de luar tocando a viola e acompanhando sempre com palmas, estas eram repetidas pelos selvagens do outro lado da lagoa”. Informa o folclorista que estes “selvagens” eram os Botocudos, antigos Aimorés,  “nimigos irreconciliáveis do grupo que bailava fora do alcance de seus arcos implacáveis. Mas na hora da dança colaboravam à distância”.

  6. O termo Jêje ou Gêge oriundo

    O termo Jêje ou Gêge oriundo da palavra yorubá Djedje que significa “estrangeiro” usada para se referir aos originários do antigo reino de Dahomey que abrange mais ou menos o território da atual Republica do Benin mais se referindo especificamente os povos das Éwé-Fon-Mina, que conviviam com povos Yorubanos e lhe são semelhentes em alguns costumes.

    Aqui na Bahia há casa tradicionais de Candomblé Jeje como o Bogum no Engenho Velho da Federação e também o Kwe Cejá Hundé no reconcavo. Há ainda as casas de candomblé jeje e ashati do Maranhão.

    É importante notar que embora o termo Candomblé seja de origem bantu, as tradições mais conhecidas são as yorubanas sob a forma do Candomblé Ketu da Bahia que absolveu as demais nações yorubanas por aqui e que serve de base para os candomblés do sudeste e ritos mistos tal como a Umbanda e assemelhados que têm forte inspiração Bantu e sofrem de influência Kardecista.

    Há ainda vários ponto de contato entre o Candomblè Ketu e o Jeje, tal como algumas divindades que oriundas dos povos Jeje e que são cultuadas pelos povos yorubas, Vodum Sakpata conhecido como Obaluaê ou Omolú, o Vodum Dã sob a denominação de Oxumarê, termos como Gbesen, a saudação deste orixá o “Arroboboi” são dos dialetos Jejes, ou ainda O Vodum Nanã Buruku.

    Enfim, há muitas influências cruzadas entre as nações do candomblé baiano e é bem possivel que existam também nas outras formatações que os cultos de matriz africana tomoram pela diáspora a fora.      

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