A ressaca pós-crise de dívida de longo prazo na economia, por Carmen Reinhart

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Economista diz que países seguem sobrecarregados por dívidas

Jornal GGN – A última reunião dos ministros das finanças e líderes dos Bancos Centrais do G-20 foi finalizada com uma nota amarga, diante da redução das perspectivas de crescimento global em meio a uma série  de riscos vindos dos países desenvolvidos e em desenvolvimento.

“Os participantes da reunião declararam – mais uma vez – a necessidade de maior coordenação de políticas, mais estímulo fiscal, e uma variedade de reformas estruturais”, explica Carmen Reinhart, professora da Universidade de Harvard, em artigo publicado no site Project Syndicate. “A discussão se tornou mais urgente dada a opinião generalizada de que a política monetária não deixou muita munição, e que as desvalorizações competitivas fariam mais mal do que bem”.

Mas diante de um quadro em que as maiores economias, quase oito anos após a crise financeira global, seguem sobrecarregadas por elevados níveis de dívidas públicas e privadas, a articulista diz que “é desconcertante que uma abrangente reestruturação não seja figura proeminente entre o menu de opções políticas. De fato, para a economia global, a reestruturação da dívida é o elefante proverbial na sala”.

A economista explica que, durante as fases iniciais da crise em 2008/2009, a recuperação de graves crises financeiras são assuntos prolongados, por levar tempo para as famílias e empresas a trabalharem as dívidas acumuladas durante o boom. “Ao mesmo tempo, os bancos, ao serem confrontados com uma onda de empréstimos inadimplentes e balanços comprometidos, podem mostrar-se incapazes ou hesitantes em se envolver em novos empréstimos. Atrasos na limpeza de balanços estão entre os fatores que impedem a recuperação e fazer recuperações pós-crise diferente da normalmente mais nítidas rebotes do ciclo de negócios”.

Um estudo de acompanhamento elaborado por Reinhart em conjunto com o economista Kenneth S. Rogoff pela Universidade Harvard, efetuou a documentação da trajetória de renda per capita após as 100 piores crises financeiras desde a década de 1860. “Descobrimos que levou-se um pouco mais de sete anos, em média, para as economias avançadas (como são definidas atualmente) para atingirem o nível pré-crise; a recuperação mediana levou cerca de seis anos”, pontua a articulista. O declínio na renda per capita a partir de seu pico no início da crise à sua calha na parte inferior da recessão, em média, foi de aproximadamente 9,6% para este grupo, e os colapsos de saída relacionados com a crise para os mercados emergentes foram piores.

Como a experiência pós-crise pode ser comparada aos seus homólogos históricos? Por meio do último relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional), que oferece projeções para o crescimento do PIB per capita (entre outros dados) até 2021 para a maioria das economias do mundo. “França, Alemanha, Grécia, Islândia, Irlanda, Itália, Holanda, Portugal, Espanha, Reino Unido, e os Estados Unidos tiveram crises financeiras sistémicas. Dois dos 11 (Alemanha e os EUA) tinham um trajeto mais curto para a recuperação do que a experiência histórica para as economias avançadas. Irlanda e Reino Unido são os próximos na recuperar a renda perdida”, diz Carmen.

Se as projeções do FMI são tomadas pelo seu valor nominal, o tempo médio que leva para chegar ao nível pré-crise de renda para o grupo de 11 países serão de aproximadamente nove anos. Até 2021, a renda per capita grega e italiana vai ficar em cerca de 14% e 9%, respectivamente, ficando abaixo do seu nível de 2007. A crise grega, que está longe de terminar, está empatada em décimo lugar entre os 100 piores crises históricas.

“Mesmo deixando de lado a reestruturação mais carregada e controversa da dívida soberana, o write-off da dívida privada incorridos durante o boom (muitas vezes sob um conjunto muito animadoras de suposições sobre a renda futura dos mutuários e riqueza) tem sido uma parte integrante da resolução de crises bancárias através de grande parte da história conhecida”, pontua a professora de Harvard. As exceções notáveis ​​incluem a “perenização” de empréstimos bancários ao longo dos anos no rescaldo da crise do Japão no início de 1990 e da crise em curso da Europa, que está se aproximando rapidamente a marca década.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

2 Comentários

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  1. é nesse papo aí europeizado

    é nesse papo aí europeizado que o governo temerlão, o tirano,

    cujos seguidores são todos ladroes, entrará se realmente  o golpe se concretizar…

    na radicalização da finaneirização da economia…

    aí terceirizam o governo para a banca, que dominará tudo, como já

    aconrtece em boa parte do mundo……

    o verbo atemorizar será mudado na noviíngua para atemerizar…

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