A trajetória de Adones de Oliveira, jornalista incentivador do tropicalismo

De LN

Há muitas décadas não tinha mais notícias de Adones de Oliveira, jornalista e crítico musical.

Mas guardo o maior carinho dele quando, com 19 anos, participei da Feira Permanente de Música Popular, da TV Tupi, festival montado por Fernando Faro.

Minha música, em parceria com Joao Kleber Jurity, era “Congresso Internacional do Medo”. Vínhamos do interior e encontramos, no festival, o embate entre os tradicionalistas – representados pelos grandes Jorge Ben, Paulinho da Viola, -a nova geração mais conhecida – Gonzaguinha, Abilio Manuel, Renato Teixeira -, e os novos desconhecidos, como Suely Costa. Além de grupos de vanguarda, representados pela Escola Paulista de Medicina.

Vencemos a eliminatória de julho, empatado com Suely Costa e fomos para a final, concorrendo com duas músicas de Paulinho da Viola (“Foi um rio que passou em minha vida”, e “Papéis”), duas de Jorge Ben (“Domingas”), mais a da Suely Costa.

Me sensibilizou a grandeza de Adones de, ao lado de Julio Medaglia e Willy Correa de Oliveira, votar em um grupo desconhecido e não convencional – nossa música misturava de marcha rancho, polifonia e dixieland, além da introdução gravada da “Cavalgada das Valquirias” de Wagner.

Da Folha

ADONES ALVES DE OLIVEIRA (1936-2014)

Incentivou artistas no começo do tropicalismo

ANDRESSA TAFFAREL

Adones de Oliveira não era apenas um jornalista que entendia de música e cultura popular brasileira. No início do tropicalismo, incentivou o trabalho dos baianos, dos quais se tornou amigo.

Várias vezes, até pagou o almoço dos artistas, que começavam na carreira e não tinham tanto dinheiro.

Seus conhecimentos na área o levaram ao júri do Festival da Música Popular Brasileira e do Festival Internacional da Canção, muito populares nos anos 1960 e 70.

Formado em filosofia e letras, começou a carreira no Rio, como repórter da revista “Radiolândia”. Na década de 60, mudou-se para São Paulo, onde trabalhou no jornal “Última Hora” e, depois, na Folha, nas funções de repórter, redator, colunista e crítico de rádio, televisão e música.

Passou ainda por “O Estado de S. Paulo”, TVs Globo e Bandeirantes e revistas como “Isto É” e “Nova”, além de ter sido assessor de prefeitos paulistanos e da Secretaria Municipal de Cultura.

Bonitão, estilo galã, na juventude participou de fotonovelas e do filme “Bebel, Garota Propaganda”, dirigido por Maurice Capovilla.

Contava histórias de seus entrevistados, mas pouco falava de sua vida, inclusive para os filhos, apesar de ter protagonizado casos curiosos, como quando seu casamento foi “anunciado” em um diálogo da novela “Beto Rockfeller”, da extinta TV Tupi.

Morreu na quarta (23), aos 77, de infarto. Deixa os filhos, Felipe e Fernando, e as netas, Isabel e Laura, além de um irmão. Às 19h de hoje (30/7), haverá uma missa do sétimo dia na capela do colégio Sion, em Higienópolis, São Paulo.

Redação

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