Abertura de banco dos BRICs é alvo de elogios e perspectivas favoráveis

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – Em meio a uma série de acordos fechados, o principal anúncio da 6ª Cúpula do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, envolveu a criação de um Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), anunciada para que países em desenvolvimento dependam menos de outros organismos multilaterais, como o Fundo Monetário Mundial (FMI). A decisão tomada foi cercada de elogios e de perspectivas otimistas tanto por parte dos envolvidos na operação como por economistas e analistas. 

“Eu tenho uma visão bastante positiva. Acho que os BRICs criaram identidade própria, embora existam tantas divergências e diferenças nas suas economias e culturas”, explica o economista Celso Grisi, diretor presidente do Instituto Fractal de Análises de Mercado. “Ele se constitui em uma alternativa interessante na medida em que o mundo desenvolvido cresce lentamente, e os países procuram obter vantagens recíprocas nas trocas que fazem entre si e nas demais trocas com o mundo, e até porque seria uma forma de aumentar a força desse grupo de países”.

O economista também acredita que o bloco precisava de uma instituição semelhante uma vez que, para Grisi, “não é qualquer banco que tem interesse em fortalecer essas relações comerciais, na medida em que as fortaleça faz com que países ou regiões em que esses bancos estão se enfraqueça”.

O economista explica ainda que a utilização de moedas locais nas trocas entre os países é um outro fator que não deve ser descartado do debate. “Quando você tem a valorização do dólar ante essas moedas, perde-se a competitividade lá fora. Como todos perdemos, em relação a nós mesmos é como se nada tivesse acontecido. E se isso atinge a moeda nacional, também atinge outros países”. Neste caso, a reserva internacional em moedas locais mantida pelo Brasil faz co que o país tenha alguma independência em fluxos comerciais em moeda forte. 

E por conta desse cenário de fortalecimento de postura, o economista diz que existem países não muito afeitos ao reforço dos BRICs, e o fato de se realizar operações comerciais com países em sua moeda local “será um alerta para que os países pensem que nossas moedas não são conversíveis, e que outros bancos tem dificuldade em aceitar. Os bancos comerciais não gostam de ficar operando em outras moedas porque falta a conversibilidade necessária a uma moeda que se dispõe a ser internacional. Por isso, a operação de troca nos alerta para que a conversibilidade é algo importante e que precisa ser concedido pelo estabelecido. Uma ordenação completa da vida dos países só contribuiria para o Brasil e para a saúde financeira dos demais países, até atingir conversibilidade de nossas moedas e podermos disputar em pé de igualmente com outras moedas do mundo”. 

Pelos termos estabelecidos em acordo, o Brasil poderá indicar o primeiro presidente do Conselho de Administração do banco, enquanto a Índia terá o direito de indicar o primeiro presidente e, a Rússia, o presidente do Conselho de Governadores. A China venceu a disputa para sediar a instituição, que ficará em Xangai, e a África do Sul vai sediar o Centro Regional Africano do banco. O NBD terá capital inicial autorizado de US$ 100 bilhões e capital subscrito de US$ 50 bilhões, igualmente distribuídos entre os cinco países que integram o Brics. 

O Conselho de Administração terá entre suas funções decidir sobre planos de investimento e de expansão. O Conselho de Governadores vai ser responsável por supervisionar o cumprimento de diretrizes, mas também haverá uma diretoria que vai analisar os projetos apresentados e implementar os empréstimos. 

Além disso, haverá rotatividade na presidência do banco. Depois da Índia, o Brasil terá direito a chefiar a instituição, seguido por Rússia, África do Sul e China. Os mandatos serão de 5 anos. A criação do banco precisa ser aprovada pelos Congressos dos países para sair do papel.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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