ABTA prevê crescimento zero de assinantes de TV paga no país

 
Jornal GGN – No segundo trimestre deste ano 600 mil pessoas abandonaram as operações da TV paga e viraram assinantes de conteúdo televisivo via internet nos Estados Unidos. O fenômeno se repete no Brasil. O número de assinantes de TV paga no país crescia cerca de 30% ao ano, até 2012. A partir de 2013 essa proporção foi derrubada, baixando para 11,3%, naquele ano, para 8,7% em 2014, com projeção de crescimento zero em 2015, segundo levantamento da ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura).
 
Para o presidente-executivo da ABTA, Oscar Vicente Simões de Oliveira, a forte redução deste ano reflete a crise econômica, isso porque a TV paga no Brasil ainda teria espaço para crescer, diferente do mercado norte-americano. Porém, essa não é a análise do ex-ministro das Comunicações e consultor Juarez Quadros, apontando que os brasileiros já buscavam alternativas de entretenimento via internet desde antes da crise.
 
Folha de S.Paulo
 
 
Atrações de televisão na internet, como séries, filmes e futebol ao vivo, crescem nos EUA e no Brasil e oferecem ao espectador alternativas à TV paga
 
NELSON DE SÁ
TÁSSIA KASTNER
DE SÃO PAULO
 
De uma hora para outra, há muito para ver na televisão sem passar pela TV paga. Isso nos Estados Unidos, onde até canais tradicionais de séries e filmes, como HBO, seguem a trilha aberta pelo serviço de vídeo por demanda Netflix, bem como a transmissão de esportes, ESPN inclusive.
 
Mas o Brasil volta a queimar etapas e já avança nas duas maiores frentes de transformação: séries e filmes por demanda e esportes ao vivo.
 
Nos EUA, a crescente oferta de conteúdo televisivo via internet resultou num número inesperado, no segundo trimestre: 600 mil assinantes abandonaram as operadoras de TV paga (cabo e satélite).
 
No Brasil, o número de assinantes de TV paga vinha crescendo em torno de 30% ao ano, até 2012. Em 2013, o crescimento baixou para 11,3%. Em 2014, para 8,7%. Em 2015, o resultado no primeiro semestre levou a ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura) a projetar crescimento zero no ano.
 
“A razão nos parece ser claramente a crise econômica, as pessoas estão apreensivas”, diz o presidente-executivo da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura), Oscar Vicente Simões de Oliveira. Ele argumenta que no Brasil a TV paga ainda tem espaço para crescer, em contraste com o mercado já maduro dos EUA.
 
Já para o consultor Juarez Quadros, ex-ministro das Comunicações (governo FHC), os assinantes brasileiros estavam pensando em desativar a TV paga e buscar alternativas via internet antes da crise. “As operadoras tentam manter presença com descontos, mas a desativação continua. Hoje o interesse no pacote é a banda larga.”
 
SÉRIES & ESPORTES
 
Em setembro, a Netflix completou quatro anos de Brasil, país que se tornou o quarto maior mercado do serviço, hoje crescendo mais fora dos EUA. É o que vem estimulando as produções próprias em outras línguas, caso de “Narcos”, série da Netflix sobre o traficante colombiano Pablo Escobar, feito pelo brasileiro Wagner Moura.
 
Uma pesquisa divulgada na quinta (1º) pela Conecta, empresa do Ibope, apontou que um em cada três internautas brasileiros (34%) já assistem a filmes e programas de TV por demanda pelo menos uma vez por semana.
 
Mas é da segunda frente de transformação que vem o que o analista americano Ken Doctor, referência nas mudanças da mídia, avalia como “avanço maior para o consumidor, no Brasil e em outros lugares”: o streaming de esportes.
 
Desde o dia 15 de setembro, o canal Esporte Interativo apresenta ao vivo pela internet todos os jogos da Liga dos Campeões, com Barcelona, Chelsea, Real Madrid, clubes hoje com torcida no Brasil.
 
Para Fábio Medeiros, diretor de conteúdo do canal, assistir a esportes on-line “é uma tendência forte no país” e abrange desde os serviços ao vivo de NBA e NFL até os canais pagos tradicionais brasileiros e as operadoras.
 
Diferentemente desses canais e operadoras, o Esporte Interativo oferece o campeonato via internet sem exigir uma assinatura da TV paga. Isso estaria na origem da resistência das duas maiores operadoras do país, Net e Sky, em colocar o canal na grade. É o que argumenta a Globosat, do Premiere, serviço de futebol pela internet, concorrente do Esporte Interativo, mas que exige a TV paga.
 
O Esporte Interativo não está sozinho na briga contra Net, Sky e Globo. Neste ano, o controle do canal foi adquirido pela Time Warner e suas transmissões se tornaram a atração da Apple TV no país. O console, que conecta internet e televisor e acaba de ganhar uma nova versão, já homologada no Brasil, oferece aplicativos como a Netflix e seu concorrente, o Crackle.
 
Outro equipamento popular por aqui para ligar web e TV, o Chromecast, ganhou nova versão, que o Google diz que não demora a chegar no Brasil. A atual faz pouco mais do que conectar o smartphone ao televisor, enquanto a nova, a exemplo da Apple TV, vem com apps, como uma Netflix com acesso mais rápico.
 
ADAPTAÇÃO
 
Segundo Márcio Carvalho, diretor de marketing da Net, o modelo de negócio da TV paga é estabelecido por quem produz conteúdo. “É o modelo que faz sentido para eles”, diz, acrescentando porém que “é preciso trabalhar para ir adaptando o modelo”.
 
Uma adaptação que já começou com o Now, serviço da Net que oferece vídeos também on-line, como a Netflix. Ricardo Sanfelice, vice de marketing da Vivo, que tem o serviço Play TV, vai pela mesma linha, mas prevê mudança mais lenta que nos EUA, pois “aqui não há oferta de banda larga tão abrangente”.
 
Por enquanto, a atitude da TV paga é mais de resistência do que adaptação. Em agosto, a ABTA atacou o fato de a Netflix não pagar os mesmos impostos da TV paga. E há duas semanas a Câmara dos Deputados aprovou projeto acrescentando a Netflix aos serviços tributados por ISS.
 
O relator justificou a proposta dizendo que, enquanto a TV paga recolhe ICMS, o faturamento de “quase R$ 500 milhões” da Netflix não era tributado. Questionada, a Netflix não quis comentar.
 
Ken Doctor, analista ligado ao Nieman Lab, de Harvard, diz que é preciso atenção com “o potencial estrangulamento de acesso e preços que as empresas de TV paga, banda larga e telefonia móvel visam”. De todo modo, “o poder está se movendo cada vez mais para o público”, o consumidor.– 
Redação

9 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Pacotes enfiados guela abaixo…

    Uma enormidade de porcarias das diversas operadoras com pacotes hororrosos  fez com que eu cancelasse ha anos a tv paga. Não assisto desenho, series ou futebol. Pra assistir a TV5 e TV espanha que me interresa fora alguns de filmes preciso assinar o pacote mais caro e receber uma enormidade de lixo.

  2. Eu acabei de desassinar a net e estou muito feliz com

    a minha decisão. TV paga no Brasil, assim como a internet, telefone, conta de luz, etc, é de péssima qualidade e extremamente cara. 

  3. E o livre mercado???

    E aí Dona Globo, cadê a defesa ao livre mercado???? Vai acusar o Netflix de “esquerdismo lulopetista” e lutar pra manter esse oligopólio podre via Poder Legislativo e Judiciário??? É daí que provém esse ódio ao Executivo, pois agora a população tem acesso a várias fonte através da Internet, apesar da grande influência que esses grupos de comunicação ainda posssuem.

  4. Quero falar sobre lugares

    Quero falar sobre lugares  que não pega tv aberta.=

    Assim sendo é obrigado assinar net ou outra.

    Meu cientisra pra pulbos capilares, vulgamente chamado de barbeiro, assinou net por 69 reais mensais.

    SEM UM UNZINHO CANAL FECHADO.Só os abertos.

      Evidente que te oferecem canais fechados por ”uns troco a mais”

               Aí te oferecem uns 50 canais( que vc não assistirá nenhum ) por uma miséria a mais,

                    É claro que vc compra

                    Mas se vc quiser um, canal específico da Net , te oferecem um pacote pra comprar. Ou nada

                  Voltemos ao início:

                 Como ainda existe lugar aonde a tv aberta não pega ?

                     E estou falando do Tatuapé chamado nobre.

                          Que dirá os cantões..

                         Até quando,hein ?

     

  5. Eles se esquecem dos preços

    Eles se esquecem dos preços abusivos, da qualidade do serviço, da péssima qualidade de seus call-centers e da escaça variedade de canais, claro, é muito mais fácil culpar a crise.

    Spotify, Netflix e Steam já mostraram que, se o serviço é muito bom, o peço passa a ser secundário.

    Infelizmente, para o mercado, só eles enxergaram isso.

  6. Eles se esquecem dos preços

    Eles se esquecem dos preços abusivos, da qualidade do serviço, da péssima qualidade de seus call-centers e da escaça variedade de canais, claro, é muito mais fácil culpar a crise.

    Spotify, Netflix e Steam já mostraram que, se o serviço é muito bom, o peço passa a ser secundário.

    Infelizmente, para o mercado, só eles enxergaram isso.

  7. Aqui no Brasil o preço faz a

    Aqui no Brasil o preço faz a diferença. TV por assinatura cara e de péssima qualidade. Se assina meia dúzia de canais por 70 reais e recebe 2 dúzias de rádio. Um absurdo.

  8. Globo Goebbels

    A Globo vem caindo consistentemente desde os anos 1980. De 2005 para cá despencou. Quanto vocês apostam que será a audiência média da Globo Goebbels em 2025? E da TV aberta? E o que será da imprensa em 2025? Um pequeno nicho? Vejam a luta política que a mídia nacional tradicional faz hoje. O furor de fim dos tempos. Se Lula Magno voltar em 18, poderá ser o fim do poder que um dia eles usaram e abusaram, esfregaram e ainda esfregam com violência em nossas faces. Não tem como a mídia se radicalizar mais. Basta ver as capas de Veja, Época e Istoé desse fim de semana. E todas as outras antes disso. E as que virão. Em 2019, Franklin Martins e Regulação da Mídia. Um mundo tecnológico vai perecendo, é preciso regular o que vem. 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador