Agenda de país 1: a lógica das políticas públicas

A construção de uma agenda de governo é como um puzzle onde, a partir da definição da missão – os valores que a integram, os objetivos a serem perseguidos – vão se juntando as peças até se enxergar o todo.

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O país encerra os ciclos da estabilização e da inclusão dispondo de uma estrutura de país maduro, com instituições, aparatos legais, organizações no Estado e na sociedade civil, acervo de diagnósticos e de protagonistas, grandes multinacionais e mercado de capitais e organizações sociais distribuídas por todo o país.

Os direitos sociais avançaram de forma irreversível e se tornaram um dado objetivo da realidade. Logo, a nova etapa exigirá o aprofundamento da democracia social e a redução das desigualdades.

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Ao contrário de ser um custo, a incorporação dos direitos sociais na nova matriz econômica será um fator de estímulo para o upgrade que a economia necessita. Essa redução das desigualdades exigirá a melhoria na prestação de serviços públicos e  na qualidade do emprego.

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Não se atingirão esses objetivos sem uma economia dinâmica. E, aí, se exigirá uma estratégia que permita a inserção competitiva do país na economia global. As etapas centrais são a melhoria do ambiente econômico e o foco em setores nos quais o país é competitivo.

A melhoria do ambiente econômico demandará mudanças na parte fiscal, da gestão pública, na modernização dos sistemas de controle,  na desburocratização, no aprimoramento de instrumentos de mercado, na criação de mecanismos de financiamento de longo prazo etc.

Essas avanços modernizantes não podem prescindir do cuidado com políticas horizontais relevantes: como inclusão social, meio ambiente, direitos das minorias.

Não são áreas fim, são áreas meio, valores a serem incutidos em cada programa de governo, desde a sua elaboração, inclusive para prevenir futuros óbices legais e regulatórios.

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A demanda por melhores serviços cria a oportunidade do país se desenvolver como fornecedor de serviços e produtos em áreas-chaves especialmente nos mercados emergentes.

A demanda por melhores empregos exigirá investimentos pesados em educação, formação e inovação, nos mecanismos de financiamento do investimento, mercado de capitais.

Ao mesmo tempo, haverá necessidade da melhoria ampla do ambiente de negócios e foco nas áreas com vantagens competitivas.

agronegócios

energia, especialmente a verde

petróleo e gás

indústrias do bem estar.

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Finalmente, há a necessidade de articular os elementos que compõem uma política industrial moderna, o principal dos quais é a garantia de demanda para o empresário privado.

Aí entram as compras públicas – especialmente nas áreas de saúde e educação -, as políticas de conteúdo nacional – na cadeia de petróleo e gás -, a infraestrutura e logística e o mercado internacional – commodities agrícolas e minerais.

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E como todo esse desenho depende de um Congresso antenado com os objetivos de país, completa-se o ciclo com uma reforma política que elimine a excrescência do financiamento privado de campanha.

Enfim, tem-se hoje no país todos os instrumentos de uma orquestra sinfônica. Falta apenas o maestro acordar.

Luis Nassif

13 Comentários

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  1. Agenda de País

    Excelente metáfora.

      Serve também para ilustrar a distonia de pensamento entre a esquerda e a direita Brasileira:

     Enquanto nós, os Patriotas Esquerdistas acreditamos, e enxergamos a grandeza de nossos instrumentos (Recursos Naturais, Parque Industrial, Terras Férteis, Meios de Produção, enfim), e também o talento de nossos músicos (Povo – em todos os seus setores da sociedade). Para assim executarmos o “Espetáuclo do Crescimento”.

     Os Direitistas submissos, preferem entregar a condução e regência aos maestros extrangeiros, na vã expectattiva de assistir a  execução do ” Show de Uma nota So” num camarote enquanto põem o povo a limpar o teatro. no máximo.  

    Os planos do Maestro extrangeiro é tão somente executar uma pequena apresentação solo de teclado eletrônico e vulgar enquanto seus asseclas limpam o teatro. Pilham, saqueiam as cortinas, o telhado e até os bancos do teatro, levam nossos instrumentos, raptam nossos melhores músicos que estão subaproveitados em tarefas menores, enquanto a “elite” fica em torpor opiáceo proporcionado pela pésima execução do maestro solo, desde que seja em inglês.

    Posso citar quatro grandes Maestros Brasileiros: Getúlio, JK, Lula, e a Dilma, sim.

    O enorme esforço dos PIG’s em desconstruir a imagem de toda liderança Patriota tem como exemplos:

    José Genoíno, Palocci, José Dirceu, e tantos outros, vítmas de factóides e ataques à sua honra e moral, e também da ignorancia nacional, que aceitou estes ataques como sendo verdades.

     Imaginem o que farão contra as próximas lideranças, as que surgirem cada vez mais capazes de reger a orquestra.

    Colocando-me sempre à disposição, desde já, agradeço;

    João Teodoro.

  2. Bonita metáfora, mas não

    Bonita metáfora, mas não totalmente verdadeira. As base para quebrar o subdesenvolvimento (altos índices de desigualdade social, regional e setorial) não estão postas, longe disto..

    A disitância entre a renda dos 20% mais ricos e os 20% mais pobres no Brasil é de 17,63 vezes. Na UE é de 5 vezes. O rendimento médio do trabalho no nordeste é 80% menor que o rendimento médio no sudeste. Também a renda no campo é significativamente menor que a renda na cidade. Isto significa permanente migração e todas suas consequencias sobre qualidade dos servços públicos nos centros que atraem migrantes; achatamento geral dos salários; desajuste das famílias que foram arrancadas do seu entorno habitual (alcoolismo; desagregação familiar e por aí)..

    Por onde começar? Mais do que quebra-cabeças, acredito no xadrez. Identificar aquele lance que impacta sobre todos os outros. Este lance, para mim, está situado no campo. Elevação de renda no campo (que implica em política de preços defindios regionalmente); criação de logística para o pqequeno produtor (investimento na malha mundicipal, centrais de armazenamento e distribuição local e regional); assistencia técnica maciça direcionada ao pequeno e médio produtor. Resultado: ativação dos mercado locais e regionais; dinamização das pequenas cidades como consequencia da dinamização da atividade rural; reversão do fluxo migratório e elevação da renda para todo o segmento trabalhador.

    Nada disso faz sentido se não houver vontade política. Tivemos uma sucessão de 3 governos que priorizaram a redução das desigualdades. Ganharam as eleições para presidente, mas não tinham força nos governos estaduais ou municipais. Ou seja,conquistaram uma maioria no plano eleitoral, mas ficaram longe de conquistar uma hegemonia nos mais diversos níveis do Estado.. Assim, o PT  governou baseado na composição com grupos nem um pouco identificados com seu programa e tendo que lançar mão dos expedientes tradcionais da política brasileira, a troca de favores, etc. Seu partido, o PT, está sob ataque. Se já era dificil ser maestro diante da falta de respaldo nos diversos níveis institucionais, mais dificil ainda na atual situação política.

    Reverter o momento atual exige colocar em cena novos jogadores, ou se quiser, novo(s) maestro(s).  Criar uma ampla frente política com uma agenda para o país capaz de unificar e não dividir. Algo como o Syriza. Esta frente já está se desenhando. É sentar na mesa, dar um nome e definir as lideranças que darão visibilidade. O esteio desta frente seriam os partidos. A liderança teria que ser claramente suprapartidária.

  3. Correção do penúltimo parágrafo !!!

    E como todo esse desenho depende de um Congresso antenado com os objetivos de país, completa-se o ciclo com uma reforma política que elimine a excrescência do financiamento público de campanha???

    É isso mesmo Nassif ?

    Eu acho que este trecho do texto merece correção imediata !

  4. “O país encerra os ciclos da

    “O país encerra os ciclos da estabilização e da inclusão dispondo de uma estrutura de país maduro, com instituições, aparatos legais, organizações no Estado e na sociedade civil, acervo de diagnósticos e de protagonistas, grandes multinacionais e mercado de capitais e organizações sociais distribuídas por todo o país.”

    Certeza, Nassif, que os aparatos legais e as instituições funcionam no país?

    Será esse o mesmo país onde dois partidos políticos fazem uso de caixa 2, financiado por um banqueiro ladrão que não quer ser incomodado. Um dos dos partidos tem todos os seus líderes principais presos, alguns sem provas, e para tanto fabricam provas de que roubaram dinheiro público. No outro partido ninguém foi preso. E seus líderes tem o despudoramento de provarem inocência porque não foram condenados.

    Mais para a frente aparece uma denúncia chamada de trensalão. Um promotor esquece por anos um pedido da Suiça para não pegar os corruptos do Psdb. Sai a sentença e fica provado que houve cartel. Culpados somente os executivos que denunciaram o cartel. Autoridades do Psdb não tem conhecimento algum do que aconteceu.

    Outra escândalo aparece. Desta vez é o cartel na Petrobrás. A Policia Federal atua no caso como polícia política, os promotores e o juiz instituem leis próprias que violam os principios legais e só liberam quem acusa um só grupo político. Quando um dos delatores diz que a corrupção na Petrobrás começou antes do PT, um dos promotores diz que isso não vem ao caso. No mesmo escândalo é dito que o Psdb levou 10 milhões para não fazer CPI, PSB levou quase 20 milhões por roubo mesmo do falecido safado Eduardo Campos. Preso somente o tesoureiro do PT. Presa também foi sua cunhada e envolvida sua mulher porque ia todos os  meses transferir seu pagamento para um outro banco. A filha do tesoureiro do PT, que é médica, teve o seu sigilo quebrado. Enriqueceu em 4 anos  por que comprou um apartamento.

    Na semana passada os promotores já mandaram telegrama cifrado:  não vamos fazer nada contra o presidente da Câmara , Eduardo Cunha, porque não tem denúncia contra ele. Os delatores é que são culpados. O Zé Dirceu, entretanto, está na reta de novo.

    Enquanto isso o ininputável Eduardo Cunha viola todas as regras do parlamento e refaz ao seu gosto a votação sobre o financimento dos partidos políticos, fonte de toda corrupção no país. É ilegal, dizem PSol e PT. Entram na Justiça e a ministra que condena porque pode diz que não é com ela. O mesmo se repete na votação  da questão sobre a maioridade penal. E na virada do outro dia um dos deputados revela que mudou o voto porque ameaçaram mandar menores invadir a sua casa em Santa Catarina.

    Enquanto isso no Supremo um juiz senta em cima do julgamento do financiamento público de campanha por quanto tempo ele quiser e o que se noticia é que o Presidente do CNJ, ministro Lewandovski está bravo com a Dilma porque a presidente disse que não vai chancelar o oportunismo do Senado que deu um aumento de 78% para o Judiciário.

    E falta falar da Petrobrás, a jóia da coroa. A empresa quase afundou quando bancos americanos e europeus se negaram a lhe dar empréstimo para financiar investimentos por que 4 funcionários roubaram a empresa. Mas esqueceram da China. Então  um senador insuspeito por sua decência e honestidade entrou com um projeto no Senado para ajudar a Petrobrás. Vamos liberar o pré-sal porque a crise do país e da empresa está na não privatização de suas reservas (eu vi o José Serra defendendo o seu projeto com esse argumento).

    Como disse o Coronel Aureliano Buendia, quando Macondo vira de ponta cabeça e seus habitantes sofrem violências sem fim com a invasão dos brancos plantadores de banana que invadem a cidade.

    “-Olhem a confusão em que nos metemos – costumava então dizer o Coronel Aureliano Buendia – só por termos convidado um americano para comer bananas.”

    E Nassif … Durante o regime militar os aparatos legais e as instituições também funcionaram. Funcionaram, é claro, para condenar e exterminar quem ia contra o poder que os militares representavam. Agora ocorre o mesmo, o método é tão cruel quanto antes e o poder esta com a imprensa e com o Judiciário. Membros do PT não estão presos, mas não podem sair as ruas sem serem agredidos. São prisioneiros em suas casas e a presidente é vítima de violências absurdas. As insituições funcionam que o seu principal líder país, o que ousou “encontrar bananas”, seja preso.

    Ah! Mas essa Vera é petista fanática. Não sou não. Sou patriota, odeio injustiças e que construam verdades para me manipular.

     

     

     

     

     

  5. Molho secreto

    Bom apanhado Nassif, não faria melhor.

    Agora só falta o molho secreto para o cozido cair no gosto.

    Mãos à obra, Dilma.

  6. O Joaquim Levy já pode comemorar junto com seu maior parceiro.

    Email envido aos parceiros de imobiliárias:

    Este quadrado pequenino abaixo é da logomarca. 

    Prezados Parceiros, boa tarde,

    Informo que o NOSSO CANAL da REGIONAL DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO ITAÚ está em clima de comemoração!

     O Canal Imobiliárias foi destaque de produção no Brasil inteiro neste 1º semestre. Somos agora o Banco líder em FINANCIAMENTOS DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO, desbancando a CEF (que se encontra em 5º lugar) e os demais bancos privados. Detemos atualmente a maior fatia do mercado e as melhores condições de financiamento ao nosso cliente em comum,”

  7. Há todos os instrumentos (e

    Há todos os instrumentos (e os músicos?)? É só o  maestro acordar? Então precisa explicar porque não temos nem tivemos essa orquestra operando, porque não temos maestro, etc. Essa explicação do “só falta o maestro” não faz sentido. Meio sebastianista.

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