Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Ajuste fiscal e a construção da confiança, por André Araújo

Por André Araújo

Os economistas de mercado vislumbram um cenário onde os investimentos privados voltarão após uma política econômica ortodoxa baseada no ajuste fiscal e no combate à inflação.

É uma fantasia. O investimento privado só voltará após haver o recomeço da DEMANDA de bens e serviços na economia, o ajuste fiscal e a política de juros altos no combate à inflação não criam demanda nova E SEM DEMANDA NÃO HÁ RAZÃO PARA INVESTIMENTO. O investidor não vem só porque confia na política econômica, ele virá se enxergar OPORTUNIDADES em uma economia de demanda aquecida. Quem fará uma fábrica nova se não sabe se irá vender os produtos?
 
A criação de demanda precede portanto o investimento novo que poderá fazer a economia voltar a crescer. Essa demanda renascida vem do INVESTIMENTO PÚBLICO em infraestrutura, saneamento, moradia. Para esse novo investimento, será necessária expansão monetária e uso da liquidez já existente na economia, que aparecerá com a baixa dos juros básicos, liberando recursos aplicados em títulos públicos para investimentos produtivos.

 
Situações semelhantes ocorreram na história econômica. Após o início da Grande Depressão de 1930, o Chanceler da Alemanha Heinrich Bruning lançou-se a uma política ortodoxa para restabelecer a confiança dos investidores. Só aprofundou a recessão e o desemprego chegou a 40%, abrindo caminho para os nazistas, que venceram a eleição de 1933, entregando a economia a Hjalmar Schacht, o equivalente alemão de Keynes, que acabou com a hiperinflação alemã de 1924 através de um plano que, 70 anos depois , serviu de base ao Plano Real, cópia do Plano Schacht.
 
Os nazistas aplicaram uma política de expansão monetária que, em três anos, acabou com o desemprego na Alemanha, usando essa expansão para financiar o rearmamento. Bruning emigrou para os EUA ,onde se aposentou como professor de economia na Universidade de Harvard. O fracasso de sua política econômica abriu o caminho para Hitler.
 
Nos EUA, o Presidente em 1930, Herbert Hoover, definiu uma política ortodoxa para criar confiança e enfrentar a recessão. Não conseguiu, aprofundou a recessão que virou Depressão, com o desemprego a 25% e perdeu as eleições de 1933 para Franklin Roosevelt. O novo Presidente seguiu a política de expansão monetária, para isso demitindo o Chairman do Fed, Eugene Meyer (a independência do Fed é uma lenda) e subindo artificialmente o preço do ouro em 50%, com isso gerando emissão de mais dólares, então lastreados em ouro. Com a expansão monetária, financiou a Reconstruction Finance Corp. para recuperar empresas e setores (inclusive a borracha do Amazonas) e o Civilian Conservation Corps para gerar 6 milhões de empregos imediatos, em  limpar estradas, parques nacionais e prédios públicos.
 
Para sair de uma recessão, não basta reconstruir a confiança na economia, é preciso DAR PARTIDA ao crescimento através de expansão monetária e juros baixos, mesmo correndo o risco de alguma inflação, que não ocorrerá com a economia desfrutando de larga capacidade ociosa como é o caso da brasileira, hoje com ampla folga de produção em cimento, siderurgia, material de construção, bens de capital, sobram engenheiros, técnicos e operários.
 
Mero ajuste fiscal e a continuação da política de juros altos não será suficiente para relançar a economia brasileira.
 
Esse verdade histórica, contudo, não chegou aos economistas de mercado, que pregam que basta restaurar a confiança na política econômica para que os investimentos venham fazer a economia crescer. É uma miragem, mera ilusão, autoengano.
Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

21 Comentários

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  1. Passado recente

    Oi André,

     

    Num próximo artigo sugiro ligar estes fatos com nosso passado recente, o Plano Levy, que custou o mandato da Dilma.

     

    Abraço,

     

    M.

    1. Com ou sem o Plano Levy, o

      Com ou sem o Plano Levy, o mandato da Dilma já estava na mira. A destituição da presidente é o complemento do golpe, já devidamente sacramentado pela atuação do Congresso Nacional com o apoio do judiciário. A saída da Dilma é só um detalhe.

  2. Pertinente

    Acho o seu comentário muito pertinente. No tocante a confiança, sabemos que ela é muito relativa e, pelo fato de ser uma situação excepcional, sem legitimidade, haverá uma desconfiança geral, principalmente externa e em decisões de longo prazo. Investimentos privados irão voltar sim, em determinados setores, embora não muito substanciosos. Sabe-se que a FIESP e, através desta outros sectores (notadamente a mineração), represaram os seus investimentos e despesas corriqueiras esperando o apito do Temer (e do golpe), tentando criar uma atmosfera de “salvação nacional”. Haverá mais propaganda que ação efetiva, pois, como AA afirma, a tal de retomada segue uma inércia muito complexa e com muitos russos para combinar. 

  3. É uma miragem, mera ilusão, autoengano.

    Caro Andre…..permita-me discordar…….Trata-se ,senão de pura sacanagem ideológica,PICARETAGEM,assalto ao tesouro…………..

     

  4. Como André Araújo

    Como André Araújo corretamente colocou os seus economistas deveriam devolver os diplomas. Eu represento investidores e posso dizer com absoluta segurança que quem prefere investir em produção e infra estrutura não virá correndo em um eventual governo Temer. Pelo contrário, os que provavelmente irão aparecer serão a “banda podre” dos investidores: Os que aparecem para conseguir exclusivamente ganhos no mercado financeiro e que vão embora tão rápido quanto surgiram (e acreditem em mim, vocês não querem negócios com essa turma).

    Um possível governo Temer será exclusivamente para os financistas e rentistas, e isso será um mau negócio tanto para mim quanto para vocês brasileiros.

  5. Ao empresariado
    Ao empresariado PRODUTIVO,recomendo RUPTURA com setores
    financistas,ao qual submete-os a juros extorsivos para manterem
    seus comércios e fábricas, ACORDEM,toda essa situação de crise
    só favorece a BANCOS e o novo governo q se forma reflete isso!
    O POVO COM DINHEIRO FAVORECE AOS PRODUTIVOS DO PAÍS!

  6. contrato

    André,

    Sinceramente, pode-se confiar num país que não respeita contratos? Não!

    O que se faz em países assim? Especula-se o quanto dá. 

    Um país que ignora seu principal contrato, e vai tornando maleáveis as interpretações dos códigos jurídicos, que confiança pode dar a quem pretenda investir a longo prazo*? Nenhuma.

    Os únicos estrangeiros que terão segurança aqui para investir são os ligados àqueles nas mãos de quem come a fina flor da política nacional… o que foi mesmo o aloisio fazer aos estados unidos?

    O seu texto parece as conversas do stf. Discute o processo, e concordo com o que escreveu, e não mérito da questão. A gente sabe que você tem leitura para fazer mais.

     

     

    *e não seja cidadão dos estados unidos

     

     

  7. Infelizmente André fala para ouvidos moucos…

    >>>Os economistas de mercado vislumbram um cenário onde os investimentos privados voltarão após uma política econômica ortodoxa baseada no ajuste fiscal e no combate à inflação.

    Olha, André. Já nem sei se vislumbram não.

    É como vc falou no outro post: a voz “do mercado” é apenas a voz das finanças e de uma escola de pensamento econômico.

    Eles DIZEM que assim o investimento privado vai bombar.

    Mas será que ACREDITAM nisso mesmo?

    Talvez pensem mais no ganho de curto prazo com (1) juros altos, (2) câmbio valorizando, (3) baixissima inflação.

    Até o país ir pro buraco eles ja se reposicionaram.

    Ganham sempre.

    Na ida e na volta.

    Com a perda dos demais, logico.

    Quem dera os decision-makers em BSB te ouvissem.

     

    1. Falta comprovação empírica em
      Falta comprovação empírica em todas suas afirmações…

      Gostaria de exemplos de países com déficits fiscais recorrentes e inflação alta que recebam investimentos.

      Exemplos contrários vão longe… Existem inúmeros países ajustados do ponto de vista fiscal, com inflação baixa, moeda forte, pouca intervenção governamental na economia (tanto na política monetária quanto no aspecto de respeito a contratos) que estão com crescimento econômico, ao contrário do Brasil.

      Achar que mais déficit e mais inflação vai fazer bem não faz nenhum sentido. Nem na teoria e nem na prática

      1. Paises virtuosos HÁ LONGO

        Paises virtuosos HÁ LONGO TEMPO são exemplos de boas politicas MAS estamos falando de uma grave recessão no Brasil

        e o exemplo da normalidade não cura doença aguda. Estamos em uma CRISE e é necessário buscar o remedio para essa crise

        como se trata de uma doença. Se vou tratar de um fumante na UTI tenho que operar um processo de tratamento, não adianta

        dizer “olha como está sadio o seu vizinho que não fuma” preciso tratar agora de um doente, o exemplo de quem é sadio não traz o remedio para a crise aguda e é disso que se trata. Não adianta agora trazer o exemplo da Finlandia, precisamos tratr da crise no Brasil com os instrumentos à mão agora e não aqueles que darão resultado, se derem, daqui a dez anos.

        1. Exato. Andre ja respondeu por

          Exato. Andre ja respondeu por mim.

          Apenas indago onde recomendei inflaçao e deficit como fatores de atraçao “per se” de investimentos?

          Faltou interpretaçao de texto.

          Talvez falte vivencia tb das sucessivas crises e recuperaçoes brasileiras do Real pra ca.

          Como disse Andre, estamos discutindo o Brasil e nao a Finlandia.

          Conhecemos bem o Brasil e como sua economia reage a choques monetarios e fiscais.

          1. Gostaria de manter o debate
            Gostaria de manter o debate em alto nível. Dizer que faltou interpretação de texto e sugerir que falta-me experiência não é argumentação, é somente tentar desqualificar seu interlocutor, sem entrar no mérito do tema debatido.

            “Talvez pensem mais no ganho de curto prazo com (1) juros altos, (2) câmbio valorizando, (3) baixissima inflação.” criticar essas 3 coisas me parece enaltecer o contrário. Não faz sentido? Por favor interprete para mim.

            Pedi um exemplo empírico que comprovasse sua teoria. Somente.

            A meu ver me parece claro que o aumento de gastos do governo só pode ter como consequência o aumento da dívida. A seguir as únicas coisas que podem acontecer são: aumento de impostos ou inflação (ou direta por emissão de dinheiro ou indireta por emissão de títulos).

            Antes que você me peça a empiria ao contrário, me adianto: estude o caso da Irlanda. Sofreu a crise de forma tão grave quanto Espanha, Portugal e Grécia. Vamos aos números: crescimento econômico de 5,2 e 7,8% nos últimos 2 anos. PIB per capta de 43k euros (maior que antes da crise), inflação muito bem controlada, aumento das exportações em 14% sem manipular a moeda, pois está na zona do euro, aumento de 28% nos investimentos, desemprego de 8,8%.
            Tudo isso em um cenário em que se partiu de um déficit fiscal de 33% para 1,8% do PIB e de um gasto público da ordem de 66% que, após um continuo corte de gastos NOMINAIS, caiu para 34% do PIB.
            Me parece um bom exemplo de como a redução de gastos e consequentemente do déficit, associados a uma baixa carga tributária (12% de IR para pessoa jurídica) e ao respeito às leis podem fazer um país sair da crise. Ainda mais em um cenário em que Espanha e Portugal tomaram medidas semelhantes às sugeridas no artigo e o resultado não foi satisfatório.

            De novo: gostaria de um exemplo que embasasse suas afirmações romulos.

            No aguardo.

          2. >>>”Talvez pensem mais no

            >>>”Talvez pensem mais no ganho de curto prazo com (1) juros altos, (2) câmbio valorizando, (3) baixissima inflação.” criticar essas 3 coisas me parece enaltecer o contrário. Não faz sentido? Por favor interprete para mim.

            >>>Pedi um exemplo empírico que comprovasse sua teoria. Somente.

            Ora, ou faltou interpretação de texto ou sobrou até demais. E isso não é ataque pessoal. É uma constatação a partir da sua extrapolação – errada – de que minha frase acima recomenda o oposto como fator de atração de investimento.

            Desculpe-me mas logica binária é para aparelhos digitais, não para a economia.

            Sobre vivência, disse talvez. Peço que vc confirme se sim ou se não.

            Você lê em inglês? Se sim, dê uma olhada no report sobre FDI da UNCTAD. O de 2016 ainda nao saiu entao veja o de 2015:

            http://unctad.org/en/PublicationsLibrary/wir2015_en.pdf

            Ele todo vale a pena. Mas para a discussão vá a pagina 2 e ss.

            Veja quem são os 20 primeiros.

            Entre os 10 primeiros vai encontrar Cinha (1 e 2 tb, com HK), Brasil (6) e India (9).

            Entre os 20 ainda Russia, Indonesia e Mexico.

            Espero que vc tenha usado o exemplo da Irlanda de boa fé. E que tenha esquecido o infame – e muito criticado dentro da UE – “free ride” e dumping fiscal que o país faz para atrair investimento em detrimento dos outros paises da UE.

          3. OK, então está claro o que
            OK, então está claro o que você não recomenda. Gostaria que deixasse claro também o que recomenda, através de alguns exemplos, se possível.

            Se interpretei bem, você usou de exemplos China, HK, Brasil e índia, seguidos de Rússia, indonésia e México. Comentarei mais abaixo apenas para responder na ordem.

            Sim, tenho vivência da hiperinflação e dos planos econômicos desde o Sarney. Com certeza vivência menor do que a sua e do AA, mas não vejo qual a importância disso… Você poderia especificar qual a relevância desse fato? Em trabalhos estatísticos o nível de evidência de um argumento baseado em experiência pessoal é tido como o menor de todos. Evidentemente com impacto menor que a empiria.

            Li as partes citadas do relatório (não o li inteiro) e me parece que ele mostra exatamente o que estou dizendo. Na introdução fala que os investimentos estrangeiros na África ficaram estagnados (muitos exemplos de governos intervencionistas e economia fechadas e deficitárias); houve queda de 52% nos investimentos na AL (mais governos intervencionistas e economias fechadas); e houve aumento de investimentos no sudeste asiático (agora governos que respeitam a legislação, com estabilidade monetária, liberdade econômica e impostos baixos).

            Em relação ao ranking: me parece natural que paises com grande população e extensão territorial (todos os seus exemplos), ainda não desenvolvidos recebam investimentos estrangeiros em uma situação de alta liquidez monetária como a de atualmente. HK foi um exemplo infeliz de sua parte, pois depõe contra o seu argumento e a favor do meu, ou vamos negar que HK tem moeda forte, pouca intervenção estatal na economia, impostos baixos, governo que não incorre em déficits, inflação sob controle, etc?

            Ainda dissecando o ranking, não te parece interessante que paises como HK, reino unido e Cingapura estejam entre os 5 primeiros? Expandindo para os 20 primeiros entram na lista: Canadá, Holanda, Chile, suíça e Finlândia.
            Todos países muito menores territória e populacionalmente. Transforme esse investimento externo em investimento per capta e veja a enorme diferença. O número absoluto acaba sendo distorcido e favorecendo os países com maior população.

            Somente para concluir, se essa lista foi seu exemplo, ele continua embasando o meu ponto: países livres economicamente, com poucos impostos, moeda forte, respeito à lei, pouca burocracia são mais atraentes para o investimento. Independente da teoria do estado indutor da economia, que pela empiria vem se mostrando ineficaz.

            Em relação à Irlanda, gostaria que você me mostrasse qual o problema do dumping fiscal. Não vejo nada de errado um estado diminuir seu tamanho e seu déficit a quase zero e ao mesmo tempo, por causa disso, conseguir diminuir impostos, estimulando a economia sem intervenção estatal. O que pode estar errado em fechar a conta, criar empregos, aumentar exportações sem desvalorizar a moeda e aumentar seu PIB per capta? Imagino que os irlandeses estejam mais satisfeitos com seu governo que os espanhóis e os gregos. Não preciso citar os brasileiros.
            Não comentarei o “free ride” porque não entendi o que você quis dizer.

          4. Otimo comentario!

            Caro,

            Lamento muito q vc nao seja um usuario cadastrado e nao possamos discutir mais vezes.

            Primeiramente isso impede que eu seja notificado quando vc responde a um comentario meu, como agora.

            Nao tivesse voltado eu aqui (o q nem sempre faço) nao teria visto o seu rico comentario.

            Ainda mais agora que, fora o trabalho, gasto meu tempo livre cobrindo a crise politica no Brasil no meu blog aqui no GGN e no twitter (veja meus posts, como o que esta hj no blog do Nassif, e comente!)

            Pensamos de maneira bem diferente, mas nao sou dogmatico e admiro pessoas inteligentes e que sabem argumentar – independentemente de sua posiçao.

            É importante uma direita liberal verdadeira no Brasil para o debate politico.

            O que temos é uma direita fisiologica que não é nada liberal – adora Estado – e nada responsavel fiscalmente.

            Infelizmente voces liberais verdadeiros nao tem nenhuma representaçao no espectro politico atualmente.

            Empobrece muito o debate.

            Esse caminho atual de tentar replicar a estratégia do Partido Republicano/Tea Party e tentar casar agenda econômica liberal com conservadorismo extremado e fascistoide em temas morais/minorias para ter viabilidade eleitoral pode funcionar.

            Mas é deletéria para o progresso da sociedade.

            Como pessoa raroavel que vc parece ser, não acredito que vc embarque de coração na ladainha ridícula de Olavos/Constantinos contra aborto, foro de SP, Celso Daniel, ditadura gayzista, feminazis, etc.

            Entendo a estratégia.

            Mas o potencial deletério é muito forte.

            Admiro liberais econômicos que são libertários tb nos valores, como Ayn Rand. Posso discordar diametralmente dela, mas admiro a coerência.

            Tomara que vc seja da mesma escola!

            ***********

            Espero que tenha te animado a se cadastrar. De qualquer forma, se quiser manter o contato siga-me no twitter (indicado abaixo na minha assinatura).

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            Voltando ao seu comentario:

            >> Em relação ao ranking: me parece natural que paises com grande população e extensão territorial (todos os seus exemplos), ainda não desenvolvidos recebam investimentos estrangeiros em uma situação de alta liquidez monetária como a de atualmente.

            Exato. Vc entendeu o meu ponto. Mas nao basta ter “grande populaçao”. Tem que ter um grande mercado, com poder de consumo. E com perspectiva de crescimento – e nao retraçao – para atrair novos investimentos.

            Concordo com o que vc disse sobre macroeconomia em HK. E nao, nao depoe contra o meu argumento. A massa do FDI em HK nao vai para la busanco a sua macroeconomia (naquele territorio infimo nao ha 1 fabrica). HK é apenas um anteposto para “set shop” e investir na China gozando de maiores proteçoes juridicas e privilegios comerciais dado o livre comercio entre HK e mainland China.

            O que atrai é o mercado chinês. Mais uma vez – so atrai NOVOS investimentos se tiver perspectiva de crescimento e não de retração.

             

            Dumping fiscal

            Levado às ultimas consequências, leva ao que se chama de “race to the bottom” entre os Estados, levando fatalmente a um nível de tributação que não permitira ao “vencedor” cumprir suas obrigações mínimas.

            Vc como liberal pode achar esse enxugamento máximo do Estado bom.

            Eu não.

            We agree to disagree, ok?

             

            Sobre “free riding” da um google e ve o que significa na literatura econômica.

            **********

            Qual seu background? Economista?

            Abs e tente manter contato

          5. Ótimo! Se agree to desagree,
            Ótimo! Se agree to desagree, rsrsrsrsrs.

            Sim, a leitura foi correta: abomino Constantinos e afins, assim como a direita atual, que é na realidade facista e não liberal. Realmente com um potencial deletério absurdo.

            Pior, sou um recém liberal! Rsrsrsrsrs. Ex comunista até 1 ano atrás, qdo fui estudar a economia pregada pelos liberais até me fazer uma única pergunta: existe mais valia? Rsrsrsrsrs. A partir daí foram leituras diárias sobre o tema. Não sou economista, sou médico.

            Vou me cadastrar sim!

            Abs

          6. Aí vc entra em uma discussao

            Aí vc entra em uma discussao bem complexa.

            Se existia mais valia, existe cada vez menos e fatalmente deixara de existir.

            Pq a produçao vai conseguir em determinado momento prescindir completamente do trabalho.

            E ai? Como dividir o bolo s/ Estado e tributaçao?

            *************

            Que bom que vai se cadastrar, dr! Tenho muitos amigos medicos.

            Espero que vc nao tenha passado de comunista para liberal logo depois de se formar e começar ganhar dinheiro e pagar IR.

            Tenho um amigo muito proximo anestesista que fez exatamente essa trasiçao.

            Como disse, nao tenho nada moralmente contra liberais.

            Mas alguem que vira liberal imediatamente apos começar a ganhar dinheiro e pagar imposto me passa pequenez moral.

            Inclusive pq o amigo, que ganha agora muito bem, ganhou seu meio de vida confortavel estudando em universidade federal sem nada pagar.

  8. Algumas críticas AA:
    1- seu
    Algumas críticas AA:

    1- seu texto não deixa claro que Schact acabou com a hiperinflação na década de 20, dando a impressão que isso só ocorreu em 33, na sua 2a passagem no governo. E pior, deixa a entender que foi a política expansionista quem acabou com a hiperinflação… Quando na realidade ele acabou com a hiperinflação (criada anteriormente pela expansão monetária desenfreada) atrelando a moeda ao ouro. Impossível mais ortodoxia que isso, correto?

    2- em sua segunda passagem no governo não houve tempo para haver as consequências da expansão monetária (que na década de 20 também causaram uma expansão econômica inicial, mas seguida de inflação). Observar somente a expansão econômica inicial e tomá-la como eterna/indefinida não é o correto. Após essa expansão ocorreu a 2a GM, impossível afirmar que ela seria bem sucedida no longo prazo, quando na verdade as experiências prévias mostram o contrário.

    3- em relação ao new deal às vezes o keynesianismo parece uma questão de fé… Veja alguns números:
    A- “O produto interno bruto real por adulto, que estava 39 por cento abaixo da média histórica no auge da Depressão em 1933, permaneceu 27 por cento abaixo dessa mesma média histórica em 1939”, escrevem os autores. E “De maneira similar, as horas de trabalho na iniciativa privada estavam 27 por cento abaixo da média em 1933 e permaneceram 21 por cento abaixo da média em 1939” Harold L Cole e Lee Ohanian.
    B- desemprego de 17% em 1939, PIB per capta de 39 igual ao de 33 US census Bureau
    C- base monetária dobrou de 33 a 39
    D- impostos triplicados no período

    Aí após a guerra acontece o inesperado: orçamento federal de 98bi em em 45 caiu para 33bi em 48 e ao mesmo tempo e desemprego caiu (mesmo com centenas de milhares de homens voltando da guerra), o investimento privado aumentou e a depressão acabou.

    Agora como manter essa linha de raciocínio mesmo os números mostrando o contrário? Ou seja, como dizer que o governo é indutor da economia se a depressão só se prolongou durante o período de estímulos e só se recuperou quando o orçamento federal diminuiu?

    Aguardo sua resposta.

    Att

    1. Agradeço o inteligente e

      Agradeço o inteligente e judicioso comentario.

      Obviamente me expressei mal. Minha tese neste e em outros mais de 20 artigos na mesma linha é que não é possivel operar politicas economicas de grandes paises com as limitações de uma linha de pensamento economico, tampouco vejo a escolha como binaria, ou se é desenvolvimentista ou se é ortodoxo. Será preciso fazer COMINAÇÕES de linhas.

      No enxugamento de gastos publicos sou ORTODOXO. O orçamento da União tem IMENSOS desperdicios de dinheiro publico, assim como os orçamentos dos Estados, do Poder Judiciario, do Congresso e dos municipios.

      As folhas de salarios tem aberrações como os supersalarios, não são poucos, são dezenas de milhares, de funcionarios ganhando dez vezes o que valem, são aposentadorias mal calculadas e encavaladas, a legislação confusa e as  decisões judiciais permitem vencimentos de 100 mil Reias para gente que vale 3 mil no mercado competitivo. As absurdas “autonomias” financeiras para Universidades, MP, Legislativos permitem construções inacreditaveis de predios publicos que custam duas ou tres vezes mais que o razoavel , alugueis absurdos, terceirizações malcheirosas, beneficios cheios de fraudes como a bolsa Pescador, o bolsa familia onde o TCU encontrou 515 mil fraudes, etc.

      Mas todas essas correções necessarias não induzem por si só o crescimento.

      Sou um admirador do personagem historico Hjalmar Schacht, do qual tenho todas as biografias publicadas, algumas bem recentes. Schacht é o exemplo do meu ponto. Foi ORTODOXO no combate à hiperifnflação de 1923-1924 mas foi HETERODOXO na criação dos bonus MEFO para pagar o rearmamento e nos “marcos de compensação” para permitir ao Terceiro Reich comprar materias primas sem moeda forte. Nesse contexto seguiu a linha de Keynes que era alto funcionario do Tesouro britanico, templo mundial da ortodoxia mas foi HETERODOXO nos conelhos à Roosevelt que criaram o New Deal, começando pela carta aberta publicada no New York Times de 31 de maio de 1933.

      O Keynes do Tesouro e o Schacht da hiperinflação deram lugar por causa das CIRCUNSTANCIAS à heterodoxos para enfrentar problemas que a ortodoxia não poderia resolver no rescaldo da grande Depressão.

      No meu livro MOEDA E PROSPERIDADE trato à exaustão desses paradoxos e da necessidade do pensamento economico flexivel para tratar de problemas complexos. Delfim sempre foi flexivel antecipando um nova visão de economia que hoje surge em grande estilo no Institute for New Economic Thinking, de Nova York, reação de mentes inteligentes à crise de 2008, crise que enterrou a maioria das percepções que hoje ressuscitam com velhos nomes que rebrotam na midia como escolhas do novo governo,  todos da velha escola monetarista dos anos 70, hoje peça de museu após a onda de juros negativos na União Europeia e Japão, da injeção de liquidez de 85 bilhões de dolares/mês pelo Fed nos EUA, o Brasil é hoje o unico pais do mundo que paratica a politica de juros altos, os novos ventos não chegaram ainda a Brasilia.

      1. Ótima resposta!
        O raciocínio
        Ótima resposta!

        O raciocínio é perfeito e concordo com quase tudo. Explico: a meu ver, o governo secando gastos onde é ineficiente e investindo onde aqueceria a economia (infra estrutura acho que foi seu exemplo) é uma situação utópica.

        Isso acontece porque, dando-se poderes a políticos designarem qual obra deve ser feita, abre-se espaço para conchavos, lobby e corrupção. Além disso ainda há o problema de um governo burocratizado que cria inúmeras regras e dificulta a entrada da concorrência (será que de forma proposital?) garantindo oligopólios – vide telefonia, internet, aviação, rádio e TV, etc.

        Mesmo que esse efeito colateral não acontecesse, por que proteger alguns nichos de mercado? Por exemplo: o governo não aqueceria mais a economia deixando aéreas estrangeiras operar vôos nacionais? E na telefonia? O mercado não estaria mais aquecido se não fossem tantos impostos e tanta burocracia emperrando a entrada da concorrência? Transporte público a mesma coisa. Por que garantir o cartel para algumas poucas empresas com ligações com políticos? O uber, totalmente desregulamentado não aqueceu o mercado?

        Governo como indutor é totalmente aceitável, desde que deixe o mercado aberto para a concorrência. E nós sabemos que via de regra o setor público não é mais eficiente que o privado.

        Abs

  9. Parabens

    Andre, da uma olhada na discussao com o colega ai embaixo.

    Seus posts atraem leitores bastante qualificados, mesmo que com opinioes divergentes.

    Parabens.

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