Além de Maria do Rosário, Bolsonaro também agrediu duas jornalistas

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – O episódio vivenciado pela deputada Maria do Rosário (PT-RS) não foi uma ação isolada de prática de Jair Bolsonaro (PP-RJ) de agressão contra a mulher. O deputado perguntou, da mesma forma, a duas jornalistas se elas mereciam ser estupradas. 
 
O fato ocorreu logo após as declarações contra Maria do Rosário, quando as jornalistas da EBC entrevistaram Bolsonaro sobre as declarações. “Ela [Maria do Rosário] recebeu o catraco que ela mereceu naquele momento”, disse o deputado a uma repórter, que perguntou: “você acha que alguém merecia isso?”. “Não, inclusive… Você merece ser estuprada?”, disse, repetindo a pergunta, com nervosismo: “estou perguntando! Responda!”.
 
O Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro repudiou a agressão de Bolsonaro, que, de acordo com a entidade, intimidou, desestruturou e prejudicou o livre exercício profissional, afrontando, além da situação de gênero, a liberdade de imprensa. 
 
“Às vésperas dos 20 anos da Conferência Mundial sobre os Direitos Mulher e no mês de aniversário dos 66 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é inadmissível que um representante do parlamento, em hipótese alguma, estimule práticas de violação de direitos”, disse o Sindicato.
 
O Sindicato dos Jornalistas irá encaminhar o áudio e a transcrição da entrevista à Comissão de Direitos Humanos e Liberdade de Imprensa da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), para a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, para a Procuradoria-Geral da República (PGR) e para a Comissão de Ética do Congresso Nacional, que já abriu processo contra o deputado por quebra de decoro parlamentar.
 
A entidade também lembrou que não é a primeira vez que Jair Bolsonaro se dirige de maneira depreciativa a mulheres jornalistas. Em abril deste ano, ao ser questionado sobre a ditadura no país, o deputado chamou uma repórter da Rede TV de “idiota” e “analfabeta”.
 
Leia a nota, na íntegra, do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, aqui.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

7 Comentários

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  1. Este deputado é mais um dos

    Este deputado é mais um dos intocáveis da República.

    Podem fazer a denúncia que for que não vai dar em nada!

  2. Por muito menos, feministas

    Por muito menos, feministas cairam sobre o Nassif.

     

    Onde estão elas?

     

    Estou achando que a atuação do movimento feminista está fraca nesse caso Bolsonaro.

  3. Bolsonaro, miséria das eleições brasileiras.

    Prestem atenção: Bolsonaro tem tudo para ser um Hitler tupiniquim, apoio político e midiático, ele tem de sobra. Se não for cassado e processado, a Democracia no país corre sério risco. Um pervertido nazista como esse não pode ter assento num parlamento que se queira democrático.

  4. A inválida estratégia de defesa de Bolsonaro

    Bolsonaro tem como maior argumento de defesa o fato de supostamente ter sido chamado de estuprador primeiro por Maria do Rosário, no longínquo ano de 2003, quando a discussão original com a deputada aconteceu. Esse argumento é falso. Isso não aconteceu do jeito que ele e seus apoiadores na imprensa, entre eles pessoas como Olavo de Carvalho e a apresentadora de telejornal do SBT, Rachel Sheherazade, a pretendente a ser a Ann Coulter brasileira, sem a mesma capacidade intelectual e desenvoltura na exposição das ideias, frise-se, disseram.

    A discussão original foi diferente da versão apresentada por Olavo de Carvalho (ele escreveu sobre o caso no blog de Reinaldo Azevedo e em sua página pessoal no facebook) e por Rachel Sheherazade.

    Maria do Rosário não chamou expressamente Bolsonaro de estuprador. Em nenhum momento isso aconteceu. O que aconteceu foi que ele estava dando uma entrevista à Rede TV falando sobre a redução da maioridade penal para alguns crimes e Maria do Rosário estava perto, aguardando também ser entrevistada. No meio da fala de Bolsonaro, Maria do Rosário retrucou alguma coisa que ele disse e comentou que ele é quem promovia a violência. Como ele estava falando sobre o caso de estupradores, citando o menor de idade Champinha, que supostamente tinha participado de um crime bárbaro contra um casal de namorados em São Paulo, ele perguntou a Maria do Rosário se ele “era estuprador agora”, isso em meio ao que ela tinha dito sobre ele promover a violência com o discurso dele. Ela meio que se referiu ao que havia dito antes e ele emendou perguntando se ele agora era estuprador. Como ela estava confirmando que ele promovia a violência, ela continuou a se referir à frase anterior e atingiu o ponto onde ele perguntava sobre se ele era estuprador. Então foi o Bolsonaro quem cavou a situação de ter sido acusado de estuprador e usou isso para atacar na hora a Maria do Rosário, chamando inclusive a deputada de vagabunda. Bolsonaro agiu de má-fé desde o início e cavou a acusação de que ela o chamou de estuprador, quando isso não aconteceu expressamente. Típica estratégia de um reacionário provocador.

    As imagens disponíveis, pelo menos as que eu conheço do caso, são essas:

    [video:http://youtu.be/atKHN_irOsQ%5D

    Essa discussão ocorreu originalmente há muito tempo, em 2003. Podem rever o vídeo e verão que em nenhum momento Maria do Rosário chama expressamente Bolsonaro de estuprador. Não existe essa afirmação. Ela se refere ao que havia dito antes sobre ele promover a violência. Essa foi a afirmação. E aí, em meio ao que ela fica repetindo sobre isso, ele emenda perguntando se agora ele era estuprador. Ou seja, ele cavou a situação, de má-fé, tudo para dizer que não a estuprava porque ela não merecia. Bolsonaro se referiu ao caso recentemente, muitos anos depois, somente para atacar mais uma vez a deputada Maria do Rosário. A atitude dele agora, de relatar no plenário da Câmara a versão dele daquela discussão original, que já estava superada, é grave e teve a única intenção de provocar.

     

  5. Bolsonaro é a cara da direita

    Bolsonaro é a cara da direita brasileira, como se pode perceber nas manifestações de apoio de figuras como o Motta Araújo Bolsonaro.

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