Além do caixa, USP terá que rever segurança dentro do campus

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – A USP enfrenta outros problemas além daqueles relacionados com a gestão de recursos. Matéria veiculada no Estadão de hoje evidencia o aumento de roubos dentro da Cidade Universitária, entre 2010 e 2014, na ordem de 220%. A USP tem convênio com a Polícia Militar, o que não resolveu o problema e nem livrou a instituição de críticas internas. A USP admite falhas e a necessidade de rever as estratégias. A PM se notabilizou no período pela truculência. Leia a matéria a seguir.

do Estadão

Roubos crescem 220% na Cidade Universitária entre 2010 e 2014

Victor Oliveira

Convênio entre USP e PM não conseguiu reduzir os crimes no campus Butantã; ocorrência passaram de 25 para 80

SÃO PAULO – Apesar do convênio da Universidade de São Paulo (USP) com a Polícia Militar, o número de roubos no câmpus Butantã cresceu 220% entre os oito primeiros meses de 2010 e o mesmo período deste ano, segundo a reitoria. O total de ocorrências subiu de 25 para 80. O trabalho da corporação na Cidade Universitária, iniciado em setembro de 2011, é alvo de críticas internas. O setor responsável pela segurança da USP admite falhas e a necessidade de rever as estratégias de prevenção. 

Nilton Fukuda/Estadão

Reitoria da Cidade Universitária

Nas últimas semanas, a crise de violência na USP se agravou com a morte de um rapaz em festa do grêmio da Escola Politécnica e o assalto, seguido de agressão, de uma atleta na frente do campus, na zona oeste. No balanço anual, o total de ocorrências também subiu. Entre 2010, ano anterior ao convênio, e 2013, a alta foi de quase 106%.

Além dessas ocorrências, que consideram roubos a pessoas e de veículos, a USP teve seis sequestros ou sequestros relâmpagos em 2014. No ano passado, não houve registros desse tipo; em 2010, foram três. As estatísticas não levam em consideração os furtos, quando objetos são levados sem uso de violência. Os dados podem ser ainda maiores pela falta de comunicação entre PM e USP no registro dos casos.

“Os dados mostram que esse convênio (com a PM) não resolveu o problema de segurança no câmpus”, reconhece a superintende de Proteção e Prevenção Universitária, Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer. Há seis meses no cargo, a professora substituiu um coronel da reserva, colocado à frente da segurança na USP pela gestão passada.

O convênio foi firmado logo após o assassinato de um aluno no estacionamento da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, que chocou a comunidade universitária. A presença da PM no câmpus foi mais forte nos meses seguintes ao crime, com blitze e rondas de viaturas, criticadas por movimentos estudantis. 

Segundo Ana Lúcia, a permanência da PM no câmpus diminuiu nos últimos anos. “Houve esmorecimento desse convênio, que só teve a faceta mais repressiva representada.” Para ela, mais do que patrulha, a ajuda da PM deve ser no treinamento da Guarda Universitária da USP e no intercâmbio de dados.

Reestruturação. Ana Lúcia afirma que a expectativa é manter a parceria com a PM, mas com outro formato. A corporação seria acionada somente nos casos mais graves. A superintendência também quer aumentar a estrutura de vigilância e qualificar os guardas. As medidas devem ser antecipadas.

Para a USP, a escalada de roubos em São Paulo, sobretudo no entorno do câmpus, também explica o problema. Entre 2010 e 2013, o total de roubos (contando com veículos) na capital subiu 21,5%, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública.

A pasta diz que o policiamento na Cidade Universitária é feito por uma Base Comunitária, além do 16.º Batalhão, que prendeu em flagrante 214 pessoas, apreendeu 9 adolescentes e retirou de circulação 3 armas de fogo, de janeiro a agosto de 2014. A SSP esclarece que uma maior atuação do policiamento dentro do campus depende da USP. 

O Sindicato dos Trabalhadores da universidade reclama que o corte de vigilantes terceirizados em 2014, reflexo da crise financeira, ajudou na piora. 

A superintendência informa que o total de postos de vigilância foi reduzido em um terço, de 900 para 600, mas que são estudados o reposicionamento de guaritas, a troca de câmeras e o aperfeiçoamento na comunicação entre os funcionários. 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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