Após a euforia de abril, expectativa é que maio seja mais calmo

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – Após um primeiro trimestre de movimento praticamente zero, o mês que se encerrou esta semana deixou uma boa impressão: uma arrancada de aproximadamente 10% no Ibovespa, puxada pela entrada de investidores financeiros brasileiros, que fizeram disparar em até 48% ações da Vale e da Petrobras – que sofreram relativa queda, ao final do período, mas acumularam bons ganhos, ao longo das últimas quatro semanas.

Foi um período de euforia, mas que deve ser mais calmo daqui para diante. Maio chega prometendo tranquilidade e especialistas já avisam que não deve repetir os feitos do mês anterior.

O movimento de abril foi influenciado pelo mercado externo, com juros ainda muito baixos, deflação na Europa, indefinições sobre as taxas de juros norte-americanas e liquidez abundante. Porém os pilares internos ainda precisam de reforços e a confiança nos ajustes fiscais e medidas anunciadas pelo governo devem se assentar, dizem os economistas.

A economia brasileira ainda deixa rastros de preocupação, o que dificulta a entrada de investimentos estrangeiros no país. Os dados fiscais do país ainda continuam ruins, o que pode abafar um pouco o otimismo do mercado em relação a Joaquim Levy, atual ministro da Fazenda de Dilma Rousseff.

O setor público, por exemplo, teve um superávit primário de R$ 239 milhões no mês de março – as estimativas estavam em torno de R$ 5 bilhões. Mesmo com o resultado positivo, o déficit ainda está na casa do dos R$ 69 bilhões, cerca de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto).

Nesse 1o de maio, Dilma evitou as câmeras de TV e preferiu falar sobre o Dia do Trabalho apenas nas redes sociais. Num momento delicado, de greve de professores estaduais e conflitos por direitos, a presidente reservou-se a falar, em um minuto e 15 segundos, sobre a valorização do salário mínimo em seu governo e o poder de compra do trabalhador, que segundo ela, aumentou no último período. Ainda de acordo com Dilma, o dia do trabalhador seria uma data para “avaliar e celebrar as vitórias da classe”.

Seja lá como for, maio promete ser um mês menos atribulado nos mercados, após alta acentuada das ações da Petrobras, especialmente após a divulgação de seu balanço e da mudança do conselho de administração, anunciada nos últimos dias. Já a Vale não teve a mesma “sorte”: ao contrário da valorização de quase 50% da Petrobras, a empresa viu suas ações despencarem e levarem consigo o índice Ibovespa, bem como foi rebaixada pela segunda vez no ano pela agência de classificação de riscos Standard & Poor’s.

Para analistas, o pior já ficou para trás

Após um abril considerado “gentil” com os investidores, porém cruel com os trabalhadores (desemprego em nível mais alto em três anos e taxas de juros no maior patamar em seis), é preciso ter cautela. O Brasil saiu da beira do colapso, mas ainda não está pronto para avançar, dizem os economistas. Ainda há sinais de recessão e o Banco Central continuará restringindo crédito, o que sugere uma recuperação longa, mesmo com o apetite dos mercados pelos ativos do país.

Dilma prometeu fazer o necessário para reduzir o déficit fiscal, trazer a inflação para a meta de até 6% e criar condições para que a Petrobras volte ao jogo, após o escândalo que praticamente a consumiu. Porém, terá de executar tudo isso num ambiente de baixa popularidade de seu governo e enfrentando uma forte resistência parlamentar às suas propostas. O cenário é de uma contração que não se via há quase 25 anos no país e analistas consultados pelo próprio Banco Central já imaginam uma queda de 1,1% no PIB deste ano – o pior desempenho brasileiro desde 1990.

“Em suma, os agentes vislumbraram que, no agregado, o pior já havia ficado para trás e passou a enxergar perspectivas melhores para o Brasil, apoiadas também no afastamento da possibilidade de rebaixamento da nota soberana. Assim, o mercado distanciou sua visão de um cenário mais pessimista, que antes vinha sendo estimado, inclusive no que tange a parte política, onde, gradualmente, as medidas fiscais que vem sendo propostas pelo governo estão sendo negociadas no Congresso e tendem a ser efetivadas”, dizem os analistas do BB Investimentos.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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