Argentina não consegue negociar e entra em calote técnico

Jornal GGN – Pela segunda vez em 12 anos, a Argentina entrou em default. As esperanças de acordo com os credores “holdouts” se esgotaram após reunião realizada nesta quarta-feira (30) e o prazo se encerrou. Para hoje (31), espera-se uma queda abrupta de preços de ações e bônus do país, o que aumenta, e muito, as chances de uma recessão para o segundo semestre de 2014.

Foram mais de sete horas de discussões em Nova York entre os chamados “fundos abutres” e o ministro argentino da Economia, Axel Kicillof. Os representantes da NML e Aurelius rejeitaram de novo a oferta de aderirem à troca com as mesmas condições que os credores reestruturados.

De acordo com o representante sul-americano, além de negarem, tampouco aceitaram o pedido da Argentina para que peçam à Justiça que suspenda a ordem que impede ao país pagar sua dívida externa se não fizer o mesmo com os “holdouts”.

Os efeitos para o país já se mostram devastadores: espera-se uma elevação nos custos de financiamento das empresas, aumento das pressões sobre o peso, que já sofria com fortíssima desvalorização desde 2013, uma espécie de dreno para os recursos das reservas internacionais e, de quebra, uma das taxas de inflação mais altas do mundo.

 
A falta de acordo que permitiria que a Argentina pagasse os demais credores coloca o país dentro do chamado “calote técnico”. Os dois pagamentos – a estes fundos e os demais credores, que representam mais 90% dos afetados pelo calote de 2001 – acabaram vinculados por decisão do juiz de Nova York, Thomas Griesa.
 
Griesa determinou que os outros credores que haviam aceitado a oferta do país de pagamento de títulos da dívida somente poderiam receber se os fundos especulativos também recebessem o que pediam. A sentença congelou o depósito que a Argentina já tinha feito para pagamento dos outros credores, cujo prazo de carência terminava nesta quarta. O impasse jurídico durou mais de um ano.
 
De acordo com Kicillof, os fundos abutres não aceitaram as propostas, porém, esta é uma situação nova e a Argentina não está em calote porque o país fez o depósito para o pagamento que venceu dia 30 e vai continuar pagando. Mas para ele, o que classificou como exigências ilegais como a dos fundos que querem receber muito mais que os outros credores, não poderão ser aceitas. O país mostrou-se aberto ao diálogo, mas, segundo o ministro, exige pagamentos equitativos e dentro da lei.

 

Redação

30 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. muito feio…

    o uso de uma bandeira argentina nessas condições, suja…………………..

    a nota de 2 pesos tudo bem, mas a bandeira, beira à ofensa

  2. sem falar que já estivemos nestas mesmas condições…

    tendo nossas entranhas sendo arrancadas por estes mesmos abutres………………….

    e não me lembro de terem feito coisa igual com a nossa bandeira

  3. Se fossem receber o que

    Se fossem receber o que querem, os fundos abutre teriam um lucro de 1600%. O governo argentino propôs pagar-lhes igual que os 93% que aceitaram a renegociação. Ganhariam 300% em relação ao preco que pagaram pelos papéis da dívida. Honrando seu nome de abutres, não aceitaram.

     

    Emir Sader

    1. Não entendi, eles estariam

      Não entendi, eles estariam recebendo pelo que está escrito nos papéis ou não?

      E aproveitando, não entrando no mérito de quem comprou os papéis, salvo engano fundos de aposentadoria – nossos inclusives- remuneram devido a estes e outros papéis. Se a moda pega, como ficariam os “velhinhos”?

      1.   Papeis e bônus não são

          Papeis e bônus não são cédulas. Há o valor de face e o valor negociado; inclusive a justificativa sempre utilizada para o mercado exigir altos juros (como fez com a Argentina em 2001) é o “prêmio do risco”. Entra nisso quem quer, não é para amadores nem caderneta de poupança de “velhinhos”.

          De mais a mais, o calote de 2001 foi fato consumado, e a negociação posterior levou ao acerto com 93% dos valores em mãos dos credores; os 7% restantes, que estão tentando melar tudo, compraram os títulos DEPOIS do calote, ao preço do papel em que os títulos estavam impressos, e agora estão praticando chantagem.

          Nesse história não tem velhinho, tem VELHACO.

         

        1. continuo ignorante

          1) Fundos de pensão não investem neste tipo de “papel” (ou bônus, sei lá)?

          2) Te citando : “… ao preço do papel em que os títulos estavam impressos…”. Como ficam os 1600% citados?

          1. Fundos de pensão investem em

            Fundos de pensão investem em títulos de dívida pública sim. Aqui no Brasil, previ, funcef e petros, 3 dos maiores fundos são grandes credores do Governo Brasileiro. Mas fundos de pensão não fazem o que os tais fundos abutres fizeram, não investem nesses papéis em momentos de moratória (calote ou renegociação de dívidas), não tentam comprar esses papeis muito mais baratos para especular.

            Os 1600% citados se referem à rentabilidade que os fundos abutres teriam comprando os títulos bem baratos ( no momento da moratória, mas antes da renegociação final, aonde ocorrem incertezas, por isso alguns detentores vendem a preços muito baixos) e recebendo agora, o valor de face ( ou seja, o valor antes de declarada moratória).

            Ou seja, temos 3 valores básicos para os títulos:

            1: Valor de face, antes do País declarar moratória. É o maior valor de todos.

            2: Valor pago pelo fundo abutro no momento da moratória, mas antes da renegociação da dívida. É o menor valor de todos.

            3: Valor atual dos títulos da dívida, que é o valor pós moratória e pós renegociação.

             

            Ex:

            Eu devo 93 para A e 7 para B e  venho pagando regularmente os juros.

            Entro em situação financeira dificil e declaro que não mais pagarei os juros ou mesmo a dívida total.

            Eu  e meus credores entramos em renegociação de dívidas e, paralelamente, no mercado, o valor da dívida total, cai de 100 para 10. O credor B, no desespero, vende a sua dívida, por 0,7 para o novo credor, C (fundo abutre). O credor A continua negociando comigo.

            Chego a um acordo com A em diminuir a dívida de 93 para 53. É oferecido valor proporcional a C, o fundo abutre, algo como uns 4, mas ele não quer saber de acordo e entra na justiça para receber os 7 integralmente.

            É isso que está ocorrendo. A rentabilidade muito alta seria 7 em relação a 0,7 pelo meu exemplo. A rentabilidade moderada seria 4 em relação a 0,7.

             

            Ou seja, qualquer dívida, no mundo inteiro, está sujeita a não ser paga e ser renegociada, é um principio do capitalismo. Mesmo os aposentados podem tomar calote sim, mas não tem nada a ver com o que está ocorrendo.

             

             

          2. 1) Fundos de pensão compram

            1) Fundos de pensão compram títulos esperando serem ressarcidos pelo combinado. Quando fatos como este acontece vai faltar no futuro. Ou não? Abandono então minha previdência privada? Ou aceito o risco.

            2) Devo não nego e pago o que dá não é boa prática, Argentina está sentindo na pele. Essa prática não é o que volta e meia acontece – salvaguardadas diferenças óbvias – quando governo lança os REFIS da vida?

            3) Que os fundos pretendem ganhar 1600% sobre valor pago é verdade, não há como negar. Mas pombas, papel de bicheiro tem mais valor? 

            4) Ainda bem que não veio com a história de governos irresponsáveis, todos são se bem procurarmos.

          3. Toda forma de investimento,

            Toda forma de investimento, aplicação, empréstimo, etc, existem riscos. Nada é totalmente garantido, evidentemente. Mesmo se deixar o dinheiro em casa é perigoso ser roubado e a inflação vai corroendo o principal. Então não tem muito para onde correr.

            Boa prática não é, mas sempre acontece e sempre vai acontecer, por um ou outro motivo. Quem quebra a confiança paga muito caro por isso de outras formas.

             

      2. Antes da moratória Argentina

        Antes da moratória Argentina o valor (de face) dos títulos, era um. Após a moratória e renegociaçaõ da dívida, que contou com participação  e aceitação de 93% dos credores, o valor passou a ser outro, menor. Foi ai que entraram esses fundos comprando papéis. Provavelmente compraram, no meio da moratória, por um valor menor ainda do que o negociado entre os credores que aceitaram.

        No mundo todo o negócio de empréstimos possui risco. Mesmo para os velhinhos. Se um País ou qualquer outro devedor não consegue pagar, não há alternativa, senão renegociar. O que estão querendo fazer é uma artimanha juridica para “melar” a negociação da dívida, que foi bem feita no passado. Se a Argentina quiser pagar apenas os credores regulares, que aceitaram a renegociação, o dinheiro pode ser sequestrado para o pagamento aos abutres, esse é o grande problema. Se aceitar pagar tudo ( o antigo valor de face) aos abutres, os demais credores, poderiam, em tese, pleitear também esse recebimento integral. É o grande problema.

  4. Fácil de resolver.

    O Brasil empresta e a Argentina paga com commodities, por 20 anos.

    São 20 anos sem o Brasil plantar trigo por exemplo. 

    1. Banco dos Brics.

      Dragoeira,

      É uma bela alternativa. O dineiro seria para comprar algo, que também pode ser trocado. O escambo não era isso?

      Podemos e devemos ajudar os nossos vizinhos. Sem eles nós perdemos também. É a hora de mostrar solidariedade e um começo de nova ordem internacional e mandar para pqp aqueles que só querem ganhar qualquer que seja a situação.

      Talvez o banco do  Brics possa ajudar a afundar esta economia que cada vez mais tem se mostrado abutre.

    2. ÓTIMA IDÉIA, E O QUE VAMOS

      ÓTIMA IDÉIA, E O QUE VAMOS FAZER COM OS PRODUTORES NACIONAIS DE TRIGO (DENTRE OS QUAIS ME INCLUO COM UM ÁREA DE 20 HECTARES, PRA NÃO DIZEREM QUE SOU LATIFUNDIÁRIO) O MERCADO DE TRIGO JÁ ESTÁ TOTALMENTE PARADO NO BRASIL, O PREÇO JA CAIU EM TORNO DE 35% AO PRODUTOR NOS ULTIMOS 12 MESES, AINDA TIVEMOS ISENÇÃO DA TEC (TARIFA EXTERNA COMUM DE 10%) PARA COMPRAS FORA DO MERCOSUL POR ISSO OS MOINHOS ESTÃO ABASTECIDOS COM TRIGO AMERICANO E CANADENSE E JÁ COJITAM FICAR FORA DO MERCADO NOS PRÓXIMOS MESES, JUSTAMENTE QUANDO SE INICIA A COLHEITA NO PARANÁ, MAIOR PRODUTOR NACIONAL.

       

       

  5. Pois e…. falta educação mesmo !!

    Pois é Peregrino…

    Realmente o fato de usar uma bandeira suja é uma verdadeira falta de respeito para com os nossos vizinhos.

    Bom…. queriamos o quê ?, para um povo que foi ao estádio e vaiou o hino da Croácia no primeiro dia da copa

    do mundo eu sinceramente não esperaria outra coisa.

     

    1. São nossos vizinhos !

      Tem nada   a ver esta sua comparação. E  de qq forma, solidariedade é ajudar o outro a se encontrar.

      Não se esqueça que a os brasileiros, tão educadinhos mandaram a nossa presidenta  TNC. Acho que os argentinos forammais educados do que os brasileiros. Não concorda ?

  6. Sem essa de “fundos

    Sem essa de “fundos abutres”,são homens. Economistas, com as necessidades de abutres das milicias econômicas, que mistificaram a suas divisões especulativas em relação com a jurisdição do Estado.

    Esses economistas ainda armam forças em prol de expressões ilusórias do dinheiro – calote sem o lastro da manufatura dos homens – contra um Estado representativo, roubado em seu poder.

    As poucas mas importantes funções administrativas do governo foram suprimidas.

  7. Campanha

    É pessoal, aposto que o candidato Aócio que já expressou seu alinhamento com a casta capitalista norte-americana irá apoiar esses predadores cujo objetivo é privatizar os lucros e socializar os prejuízos.

  8. Bolivarianismo

    Que o governo brasileiro, que está de partida, não ouse ajudar o país caloteiro com o dinheiro nosso.

    A Argentina colhe as consequencias de seu governo falastrão e inconsequente. Em outros governos bolivarianos contratos são rompidos, como a Bolívia dando balão no Brasil.

    Mas os Estados Unidos possuem um judiciário firme, que recolocou a verdade nos trilhos.

    Virá a recessão, por irresponsabilidade dos argentinos, que não sabem votar.

    1. Caramba, quanta abobrinha em

      Caramba, quanta abobrinha em um só comentário…

       

      Se existisse faculdade para ser falastrão, você teria doutorado…

      1. It is nothing like putting

        It is nothing like putting together a jigsaw puzzle , one piece at a time, with little sense of urgency.

        Você precisa aprender a montar as peças, Jigsaw.

    2. Pegam dinheiro emprestado,

      Pegam dinheiro emprestado, como velhacos não pagam, e depois vem dizer o credor é abutre….

      A Argentica é uma conhecida Senhora Velhaca, e o pior é que  a sua desastrada política econômica contamina o resto do  subcontinente. 

      Argentina é um mal exemplo para todos nós…

       

  9. Impressionante a cara de pau

    Impressionante a cara de pau e má fé dos que criticam a Argentina, como se ela simplesmente estivesse ficando sem pagar as dúvidas, e a culpa fosse do atual Governo.

    O que ocorre é o seguinte: o País entrou em moratória, bem negociada e bem sucedida em 2005, por erros principalmente do Governo anterior ao de Néstor Kirchner, totalmente contrário ao grupo que hoje está no poder. A grande maioria dos credores (93%) aceitou renegociar as suas dívidas e reduzir as perdas, evidentemente como se faz em todo o mundo, no que se refere a crédito e empréstimos, nada demais. Qualquer empresa que entra em recuperação judicial propoe a redução de suas dívidas, qualquer pessoa que fique sem pagar o cartão de crédito a propia operadora nos procura, querendo reduzir e negociar a dívida. É evidente que neste caso, nunca haverá 100% de aceitação, mas normalmente quando a maioria dos credores aceita – e no caso 93% é a grande maioria – os demais são obrigados por lei a seguir também.

    No caso da Argentina, fundos especuladores compraram esses títulas de dívidas, com super desconto e entraram na justiça dos EUA para que recebem os títulos com os valores de face – sem os descontos pactuados com todos os outros. E o inrível é que parece que um juiz maucos dos EUA aceitou a tese deles. Essa decisão judicial é absurda. Esse credor deveria ser obrigado a concordar com o acordo, assim como a maioria dos outros fizeram. Essa decisão representa uma grande insegurança juridica nos EUA.

    E o impressionante são os setores da imprensa, com extrema má vontade e má fé ( assim como alguns comentaristas daqui), comentando com se a culpa fosse inteirinha da Argentina. Como se não houvesse riscos na atividade de se emprestar dinheiro. Como se um País inteiro tivesse que se ajoelhar e ficar refém de fundos abutres e especulativos, que nada contribuem com o desenvolvimento.

    A saida para a questão não é fácil, mas talvez o ideal seja o País tentar rolar o restante da dívida em outras jurisdições e não pagar os abutres.

     

    1. O caso mundialmente exemplar

      O caso mundialmente exemplar é o de Lula. Pagou toda dívida externa sem pedir um centavo de desconto.

    2. Os credores, muitos deles

      Os credores, muitos deles fundos de pensão de trabalhadores de outros países, não tiveram opção : aceitavam a merreca que a Argentina pretendia pagar ou não recebiam nada.

      Os fundos que entraram na justiça resgatam a confiança no sistema de títulos da dívida pública. Estão cobrando aquilo que estava nos contratos.

      Qualquer outro caloteiro, daqui por diante, pensará muito antes de fazer uma proposta indecente.

      Aliás, o que torna os juros do crédito para as pessoas físicas tão alto aqui é exatamente esse procedimento de aceitar que caloteiros liquidem seus débitos por uma parcela do devido. A lei precisava ser mais dura permitindo, por exemplo, que a casa do indivíduo fosse a leilão, de forma rápida e simples, para satisfação dos credores.

  10. Só Dilma por salvar a

    Só Dilma por salvar a Argentina. Via banco dos Bricados, poderia começar com verdadeiro negócio da China comprando toda dívida ou exigir que o Satãnder faça isso como pedido de desculpas

  11. Jesus Maria José!

    As eleições não estão ganhas. Não foi com a “ajuda” da crise de 29 que a Aliança Liberal chegou ao poder !? Se a Argentina for para o brejo, com inflação no pico dos Andes, nossa economia sera sacudida mais uma vez. 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador