As diferentes visões na condução da campanha de Dilma, por Ricardo Kotscho

Enviado por Assis Ribeiro

“Por mais que Lula e Dilma jurem fidelidade eterna, o fato é que os assessores de um e de outro entraram em rota de colisão ao definir os rumos da campanha. De um lado, Franklin Martins e Gilberto Carvalho, mais próximos a Lula, defendem uma estratégia ofensiva contra a oposição e a mídia aliada; de outro, os colaboradores mais próximos de Dilma, tendo à frente o marqueteiro João Santana, preferem tocar o barco sem fazer marola até começar a propaganda na TV”

Do Balaio do Kotscho

Dilma sozinha na estrada; Aécio vira vidraça

A apenas 76 dias da abertura das urnas e 24 do início do horário eleitoral na televisão, Dilma Rousseff continua liderando as pesquisas, mas a presidente me parece cada vez mais sozinha na estrada, com a campanha à reeleição mostrando rachaduras no governo, no partido e na base aliada.

Mais do que os números preocupantes do último Datafolha, que mostraram crescimento nos índices de rejeição da candidata e desaprovação ao seu governo, já apontando para um segundo turno contra Aécio Neves, é o quadro econômico desfavorável a principal razão das defecções nos Estados e dos atritos entre dilmistas e lulistas no comando da campanha.

A semana começa com a projeção do PIB para este ano caindo pela primeira vez abaixo de 1% (0,97%), mantendo a curva descendente registrada nos últimos meses. A este crescimento abaixo das previsões do governo, soma-se a renitente taxa de inflação, que no momento aponta para 6,44% no ano. Estes constituem os principais adversários de Dilma nas eleições de 2014, já que Aécio Neves e Eduardo Campos, na mesma pesquisa, não saem do lugar.

Por mais que Lula e Dilma jurem fidelidade eterna, o fato é que os assessores de um e de outro entraram em rota de colisão ao definir os rumos da campanha. De um lado, Franklin Martins e Gilberto Carvalho, mais próximos a Lula, defendem uma estratégia ofensiva contra a oposição e a mídia aliada; de outro, os colaboradores mais próximos de Dilma, tendo à frente o marqueteiro João Santana, preferem tocar o barco sem fazer marola até começar a propaganda na TV, em que a presidente tem o dobro do tempo de seus principais concorrentes juntos.

A solidão de Dilma fica mais patente quando se nota que raros são os que saem em defesa das políticas do governo, mesmo entre seus ministros. Boa parte das lideranças empresarias e sindicais que apoiaram a presidente em 2010 agora estão na moita ou pularam para o outro lado, como acontece com muitos aliados do PMDB, um partido ainda de caciques regionais que procuram, em primeiro lugar, salvar a própria pele.

Até aqui, o candidato tucano nadou de braçada no embalo da mídia amiga, ao centrar sua campanha em denúncias de corrupção no governo e críticas à política econômica de Dilma, sem apresentar propostas viáveis para os problemas que o país enfrenta.

Algo, porém, fugiu do controle no último final de semana, e pode alterar o cenário até aqui favorável desenhado pelas pesquisas. Não por acaso, a “Folha”, único dos grandes grupos de mídia que não faz parte do Instituto Millenium, rompeu a rede de proteção montada para Aécio Neves, ao dar em manchete uma grave denúncia contra o candidato do PSDB, algo até então inédito na nossa isenta imprensa.

Segundo o jornal, já no fim do seu segundo mandato, Aécio gastou R$ 14 milhões do governo mineiro para construir um aeroporto em terras da sua família, no município de Cláudio. Em longa nota divulgada por sua assessoria, o candidato contesta a reportagem: “Todas as atitudes do governo de Minas Gerais referentes ao aeroporto de Cláudio se deram dentro da mais absoluta transparência e lisura”. Aécio só não explicou por que as chaves do aeroporto ficam com seu tio-avô Múcio Guimarães Tolentino, dono da área desapropriada pelo governo.

O caso da desapropriação está na Justiça e o Ministério Público de Minas Gerais anunciou que vai abrir inquérito civil para investigar a construção do aeroporto. Em política, sabe-se, já entra perdendo quem precisa se defender em histórias no mínimo controversas como a desta obra público-privada.

Resta saber como vai reagir o candidato tucano, agora que passou de estilingue a vidraça, ele que se habituou conviver com uma mídia familiar sempre dócil, parceira dos seus projetos políticos.

Muita água ainda vai correr por baixo da ponte nesta campanha eleitoral. A imprensa prestaria um bom serviço ao país se agisse sempre assim, mostrando os prós e contras de todos os candidatos, com a mesma régua. Não custa nada sonhar, mas a julgar pela parca repercussão do assunto nos outros veículos, ainda estamos longe disso.

Vida que segue.

Redação

16 Comentários

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  1. Acho que o Kotscho jah foi

    Acho que o Kotscho jah foi devidamente rebatido pelo ex presidente Lula, que disse que tem gente que nao sai da sala de ar condicionada para conversar com as pessoas e fica fazendo analise sem saber das coisas”. Esse racha, segundo Lula, nao existe.

  2. EXTRA! EXTRA! EXTRA!

    EXTRA!  EXTRA! EXTRA!

    Mas precisa de confirmação.

    Acabo de receber de um amigo pernambucano a seguinte mensagem:

    “Dilma acaba de ser inocentada, por um juiz do Tribunal de Contas da União, o pernambucano José Jorge de Vasconcelos
    (antigo arenista e que foi secretário de Educação da direita, aqui em Pernambuco), no caso da compra de Pasadena. A presidente, disse o ministro do TCU, que examinou 26 relatórios, dossiês ou coisa que o valha, é INOCENTE.

    E Aécio? É difícil, gente, cobrir o sol com uma peneira. Se tem algo que pode prejudicar Dilma, tornando sua eleição mais difícil do que a gente supõe, é o agravamento da situação econômica. E só”.

    É como diria o Galvão Bueno: as coisas já estiveram melhores para o Aécio Neves.

  3. Ibope?

    Sei que é fora de tópico, seu Nassif, mas… nenhuma palavra até agora sobre a pesquisa do Ibope, amplamente favorável à Dilma? Nem o doutor especialista oficial achou graça nela?

  4. A análise de Kotscho está

    A análise de Kotscho está correta sim. Estamos vendo uma paradeza, uma molenguice muito grande daqueles que deveriam blindar a Presidenta. Ministros, secretários, deputados e senadores da base aliada devriam estar mostrando juras de amor a este governo que até agora lhes deu de tudo. Mas não. Estão na moita aguardando o tempo melhorar, a propaganda política começar e os indices de rejeição diminuirem. Ou não. estão aguardando outro cavalo passar arriado para pular em cima!!

  5. que nada…

    tropa do governo segue unida………………..

    viajar por acontecimentos recentes, nesta altura do campeonato, e concluir que há um racha no front, simplesmente repete o que já estava sendo dito desde o início do governo Dilma

     

     

  6. esta história de que Dilma precisa ser blindada…

    no meu entender é proposital…………………….

    difamação besta da parte daqueles que se julgam espertos

     

    blindagem política só serve para piorar, mascarar o governo, a Democracia

  7. O Kotscho, na campanha

    O Kotscho, na campanha passada, escreveu artigo citando “erros na campanha de Dilma”, com base no que lia no PIG. parece estar no mesmo caminho.

  8. já é tempo de parar com essa tal de blindagem política…

    foi esta porcaria, trazida por FHC, que nos levou a precisar de uma base aliada, não de políticos de verdade, mas sim de representantes de interesses particulares

  9. Vambora, Dilma que esses “

    Vambora, Dilma que esses ” rachas” do PT são mais velhos que andar pra frente! Finge que não tá vendo e deixa eles se matando… Não consigo imaginar Franklin Martins e Gilberto Carvalho, olhando na mesma direção mas vamos lá…

    1. Cristiana, é tática de

      Cristiana, é tática de guerrilha . Cada um olha prum lado para ver bem de onde pode vir o ataque inimigo. O diabo é quando um olha pro outro, daí vem o tal fogo amigo.

      1. Hahaha desse jeito, mesmo,

        Hahaha desse jeito, mesmo, Nira. Pior é que são rancorosos ( não falo desses dois ) e passam o resto da vida rosnando um para o outro mesmo à distância. É um saco!

  10. A Folha não faz parte do

    A Folha não faz parte do Milenium, mas faz parte do Sistema Serra de Comunicação. Será que não estão pensando numa troca de última hora?

    A verdade é que o Aécio tem um telhado de vidro que o pig não consegue proteger. Tá dificl. Já o vidro do Serra é “inquebrável”, só não é a prova de bolinha de papel.

     

    1. Concordo, Juliano. Esta

      Concordo, Juliano. Esta atitude da Folha detonando o Aécio é estranha. Só vejo duas explicações: ou é um álibi para justificar uma feroz fuzilaria contra Dilma daqui até a eleição, ou tem o propósito de substituir o candidato tucano, nem preciso dizer por quem. Aliás, este episódio não lembra o abate da Roseana Sarney em 2002? Na época comentou-se sobre a possibilidade do envolvimento do Serra .

  11. “Colaboradores”


    Na minha opinião, de leigo no assunto, os “colaboradores mais próximos de  Dilma”, citados por Kotscho, são os segundos maiores responsáveis pela situação a que ela e seu governo chegaram, com alta rejeição e dificuldades eleitorais. Segundos maiores porque ela é a maior responsável por ter lhes dado ouvidos até agora, sem se preocupar com a máxima já provada e comprovada de que “quem cala, consente”.  Tomara que eu esteja errado e a propaganda oficial de TV seja suficiente para suplantar a propaganda extra oficial da oposição, que a mídia pratica, impunemente, nas barbas do MPE e TSE, 24 horas por dia.

  12. kotschas

    “A imprensa prestaria um bom serviço ao país se agisse sempre assim, mostrando os prós e contras de todos os candidatos, com a mesma régua.”

    …E aí o sonho de Kotscho revelaria um pesadelo matemático-eleitoreiro: D + A + E = 0.

  13. Para que fazer marolas? Acho

    Para que fazer marolas? Acho que isso é coisa da cabeça do Kotscho. É ficar na moita, esperar a propaganda na tv, que espero seja bem feita, e encerrar o processo logo no primeiro turno. Só espero que os traíras do Pmdb, Pp, etc. Não tenham espaço no próximo governo.

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