As dificuldades da Educação em olhar o “diferente”

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Denúncia de maltrato à menina com síndrome de down, em São Paulo, ganha novo capítulo no Ministério Público

Jornal GGN – A denúncia por maus tratos contra uma professora de uma tradicional escola infantil em Santo André (SP), envolvendo uma menina de seis anos com Síndrome de Down, acaba de ganhar um novo capítulo. O Ministério Público do Estado decidiu, após uma audiência de conciliação infrutífera, remeter os autos à delegacia de polícia para que outras mães sejam ouvidas sobre as suspeitas de negligência e agressões físicas por parte da instituição e seus profissionais.

O caso foi reportado pelo GGN em setembro de 2015 graças a Floriza Fernandes, mãe da pequena Lívia, alvo da agressão. Floriza, bacharel em Direito e perita em falsidade documental, moveu uma ação que corre em segredo de Justiça após uma outra profissional da instituição de ensino andreense revelar que sua filha havia sido “chacoalhada pelo bracinho, colocada para fora da sala de aula” e recebido gritos da professora, classificada por outras mães como “severa” e “rigorosa”. A denunciante foi demitida e a escola, procurada pela reportagem ainda no ano passado, não quis se manifestar sobre o assunto.

Este mês, o promotor de Justiça Roberto Weder Filho tentou promover um acordo entre as partes, mas a professora acusada de agressão contra Lívia recusou as ofertas de pedido de desculpas e doação de brinquedos a entidades que cuidam de jovens carentes. O promotor, então, decidiu pelo retorno dos autos à delegacia de polícia, e indicou três mulheres que trocaram mensagens ou cartas com Floriza, para serem chamadas a depor.

Leia mais: As dificuldades a serem enfrentadas na educação inclusiva

Em uma das mensagens, a advogada H.A.C.M., mãe de uma menina na faixa dos seis anos, demonstra preocupação ao descobrir o caso de Lívia, e afirma que sua filha também estuda com a mesma professora acusada de agressão. Esta última é classificada na conversa como “histérica”.

Em outra carta, P.R.S. relata a suspeita de agressão física sofrida em 2012 pela filha portadora de paralisia facial com déficit cognitivo leve, e vários outros episódios de negligência e falta de atenção com o currículo da menina por parte do corpo docente. A aluna foi matriculada em outro local em 2015, após uma série de tratativas sem sucesso com a direção da escola em Santo André.

Na terceira carta anexada aos autos, A.P.G.C, mãe de um garoto de cinco anos, também conta os motivos que a levaram a retirar seu filho da escola. O menino chegou a permanecer na classe da professora acusada de maltratar Lívia. Ela teria constrangido o garoto – “diagnosticado” pela própria instituição de ensino como psicologicamente “problemático” – levando-o para uma classe com crianças de dois anos, para que ele “entendesse” que não se comporta “adequadamente”. A mesma professora teria dito à mãe que fez essa “intervenção” sem se preocupar com o que os pais achariam.

Ao GGN, Floriza comemorou a vitória inicial no Ministério Público, que dará sequência à investigação, abrangendo outras crianças que podem ter sido vítimas de maus tratos.

“Como se vê nas cartas, no colégio tem muitos problemas. Na verdade, durante a audiência [de conciliação] do dia 11 [de janeiro], o promotor disse que ia denunciar a professora, porém mudou de idéia e pediu novas diligências. Foi foi ótimo para o caso da Livia, já que há provas contundentes de que a professora é reincidentes. Ela já maltratou a Lívia em março e, mesmo após a ciência do inquérito, maltratou outra criança em junho”, comentou Floriza.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

2 Comentários

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  1. mais fácil a  professora ter

    mais fácil a  professora ter reconhecido o erro.

    evitaria esse monte de problemas a ela e à escola…

    mas é bom lembrar da  escola base….

    punir exageros, sim…

    sem   exagerar;;;

  2. Tenho Síndrome de Dow, mas não sou doente.

     

     

     

     

     

    Tenho Síndrome de Dow, mas não sou doente.

    Fiquei por nove meses a
    espera de chegar ao mundo. 
     
    Todos me aguardavam…
    Meus pais pouco se importavam em
    saber qual sexo seria, queria apenas
    que eu fosse saudável.
     
    E o momento tão esperado chegou.
    Nasci silenciosa e diferente.
     
    Tenho Síndrome de Dow,
    mas não sou doente.
     
    Minhas capacidades são mais
    lentas, mas não sou doente.
     
    Posso ir à escola e andar
    iguais outras crianças, posso
    correr dançar, escrever.
     
    Tenho Síndrome de Dow,
    mas não sou doente.
     
    Posso derrubar os obstáculos que houver a minha
    frente, mas se eu não tiver apoio, amor carinho e
    paciência eu não chegarei a lugar algum.
     
    Afinal, quem chega a algum lugar
    ou pode ter um destino bom e feliz
    sem essas coisas?
     
    Tenho Síndrome de Dow,
    mas não sou doente.
     
    Tenho alegrias, decepções, tristezas como você,
    mas a diferença entre mim e você é que eu tenho
    mais amor, mais carinho, menos maldade, não
    vejo os homens com a mesma indiferença com
    que você me vê.
     
    Tenho Síndrome de Dow,
    mas não sou doente.
     
    Não tenho orgulho e não me
    envergonho de aceitar ajuda.
     
    Sou apenas um pouco diferente,
    penso de um jeito diverso.
     
    Lido com as emoções de outra
    forma eu não vejo as coisas do mesmo
    modo do que você que se diz ser normal.
     
    Sei que também às vezes reajo de maneira
    imprevista e posso até surpreender.
     
    Sou original sou criativo, preciso
    apenas de incentivo e oportunidade
    para que essas minhas características
    apareçam.
     
    Tenho Síndrome de Dow,
    mas não sou doente.
     
    Somente peço a Deus para que ninguém seja apático
    comigo que eu não encontre o vazio na
    minha morte e nem que me deixe partir antes
    que eu tenha feito o bastante.

    21/08/2006
    SBernardellihttp://www.recantodasletras.com.br/poesias/222475

     

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