As dúvidas sobre o dono da CAOA

A força tarefa da Zelotes surpreendeu-se ao constatar que Carlos Alberto de Oliveira Andrade, o dono da CAOA, mantinha R$ 2,5 milhões em casa e não tinha conta em banco.

Essa prática é antiga. Carlos Alberto montou seu império fundado em alguns princípios basilares: um deles é que qualquer cobrança de dívida é por princípio ilegítima.

Alguns anos atrás estive com um grande advogado paulista, credor de Carlos Alberto. Ele moveu mundos e fundos, ações de todos os tipos e não conseguiu bloquear um centavo nas contas do devedor, porque sequer cartão de crédito ele utilizava.

Outra característica de Carlos Alberto foi se meter em todos os grandes rolos recentes do mercado financeiro.

Tinha R$ 180 milhões com o Banco Santos. Os interventores passaram seis meses discutindo valores com ele. No meio do caminho ele apresentou um recibo, assinado por dois procuradores do Banco Santos, devidamente autenticados em cartório, comprovando que havia investido o dinheiro em empresas não financeiras do Santos.

Tudo certinho, a não ser por um detalhe: os papéis foram periciados e descobriu-se que os selos utilizados só foram criados um ano depois da data que constava do recibo.

Mesmo tentando fraudar o próprio BC, Carlos Alberto tentou adquirir o BVA, banco que quebrou e está no centro da operação Zelotes. Era o maior credor do banco, com R$ 750 milhões depositados.

Não consta que tenha sido processado por falsidade ideológica.

A operação foi abortada quando se revelaram suas jogadas com o Santos.

Sua relação de rolos não termina por aí. Dono de uma rede de revendas, impõe conflitos permanentes com montadoras estrangeiras das quais conseguiu a representação – como a Renault e a Hyundai.

A fábrica de Goiás sempre despertou suspeitas, mas não propriamente por medidas provisórias de incentivos, mas pelas dúvidas se cumprem as pré-condições para receber os incentivos: o PPB (Processo Produtivo Básico). Apesar dos incentivos, inclusive para importação, até algum tempo atrás hoje nenhum jornalista especializado conseguiu ver sua instalações.

Seria um bom local para entender onde está o problema.

Seu trunfo político junto ao governo foi a contratação, alguns anos atrás, do seu presidente Antônio Maciel, executivo que chegou a altos cargos no país. Maciel se deu bem em empresas que necessitavam de boas costuras políticas com a área federal – como a Cecrisa e a ferrovia de Olacir de Moraes. Mas se deu mal com cargos que exigiam fôlego executivo, como a presidência da Ford e da Suzano.

Convidado por Dilma para compor o Conselho de Gestão – uma de suas muitas ideias que não saiu do papel – logo foi contratado por Carlos Alberto para se tornar uma uma das pernas políticas da CAOA.

Luis Nassif

16 Comentários

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  1. Fazer negócios no Brasil não é para principiantes
    E se vocês acham que o pessoal que sobrevive hoje no mercado são como freiras carmelitas, podem ir tirando o cavalo da chuva.

    Para melhorar a situação de negócios é preciso o exemplo de cima, O BNDES não serve para nada de bom, tem de ser extinto e no seu lugar se implantar uma agência de desenvolvimento com grana no caixa. Este é um dos exemplos mais visíveis, mas desvios existem em todos os lugares, basta focar e eles aparecem.

    Quebrar o Brasil não é algo que interesse aos brasileiros, as soluções têm de ser estruturadas e consensuais, quem perde e quem ganha, quanto custa e qual o lucro com a mudança, porque mudar para piorar, muito obrigado.

    Mas a coisa tem de melhorar no todo, do jeito que está hoje, os estrangeiros estão recusando até monopólios lucrativos.

    Dilma, acorda!

  2. Banco Santos, um antro de falcatruas

    Banco Santos, um antro de falcatruas

    Ano de 2004, primeiro semestre. Uma empresa exportadora possui um limite de crédito de R$ 50 milhões todo utilizado em ACC (Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio), no total possui um endividamento de R$ 250 milhões com todos os bancos. Está em dificuldades. A empresa entra com uma carta-consulta diretamente no BNDES, no valor de R$ 10 milhões, para financiamento a exportação. A carta é aprovada, falta agora achar os agentes financeiros que queiram fazer a operação, ou seja, que assumam o risco. Na saída do BNDES, lá dentro mesmo, o empresário é abordado por um “preposto” do Banco Santos, que faz a seguinte proposta: Eles topam financiar metade, R$ 5 milhões, com uma condição, metade seria liberado na conta, e os outros R$ 2,5 milhões ficariam aplicados em um fundo de investimentos offshore, localizado nas Ilhas Cayman, pelo prazo da operação. Segundo detalhe: o fundo de investimentos não era do Banco Santos, mas de um terceiro. Ou um laranja do Banco Santos.

    O empresário chama o BB e apresenta o negócio, a carta-consulta aprovada, e diz que gostaria que o BB financiasse os 100%, para não ter de fazer negócio com o Banco Santos, ele não havia gostado das condições. Ou, na pior das hipóteses, que financiasse metade, os R$ 5 milhões. Os representantes do BB ouvem, e por se tratar de cliente importante, pedem um prazo de 1 dia para responder. Mas deixam um conselho, uma recomendação ao empresário: mantenha-se bem longe do Banco Santos.

    O BB correu da operação como o diabo da cruz. É provável que o empresário tenha cedido e feito aquela operação de alto risco. A empresa quebrou no carnaval de 2008, com um endividamento superior a R$ 2 bilhões, na época o quinto maior exportador na sua modalidade. No final de 2004 o Banco Santos quebrou, sofreu intervenção e foi liquidado. E deixou um rombo na praça. Curiosidade: descobriu-se que o Banco Santos era o campeão de repasses do BNDES, naturalmente sob a modalidade fifty-fifty. 

  3. Um personagem sinistro!

    Personagem sinistro, além das intermináveis suspeitas de fraude e gangsterismo empresarial tem contra sí a forte suspeita (do MP da Suécia) de ter mandado assassinar o irmão (Robert Olivier) de um grande amigo (Patrick Hallqvist) por um mero capricho sentimental pelo simples fato de ter sido preterido por uma namorada. É um psicopata que não admite perder e que precisa desesperadamente de dinheiro para conseguir impor seu estilo de vida predatório. CAOA, cedo ou tarde, sua hora chegará…

     

     

    São Paulo, terça-feira, 25 de junho de 1996Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

    Empresário é ouvido sobre assassinato

     

    DA REPORTAGEM LOCAL

    A polícia está investigando a suposta participação do empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, 52, no assassinato do empresário Robert Olivier Hallqvist, 27.
    O crime aconteceu em 4 de setembro de 1995. Hallqvist foi morto a tiros, no escritório de sua empresa, na Ceagesp (zona oeste).
    Ontem, Andrade negou ter qualquer participação no crime e também disse ser inocente da acusação de ter corrompido policiais que investigam o caso em troca de informações sobre o inquérito.
    A Divisão de Homicídios apura a suposta relação que o crime teria com uma ex-namorada de Andrade Luciana Figueiredo Lobo, 26.
    Luciana havia namorado Hallqvist por dois anos. Separaram-se em 1993. Pouco depois, ela teria começado a namorar Andrade, dono do grupo Caoa, que controla concessionárias Ford e Renault no Brasil.
    O relacionamento dos dois durou cerca de um ano e meio. Pouco tempo após, Luciana voltou a namorar Hallqvist.
    Dois meses e meio depois, Hallqvist, que tinha dupla nacionalidade (sueca e brasileira), foi assassinado. 

     

  4. o mal inteligente
    Caramba! Esse cara é um tipo de “mago do mal”, que deve conhecer muito e intimamente, todo o melindre e todo o funcionamento do sistema financeiro, como também as regras e as que regulam esse mercado. Então, como resultado para sua pesquisa e determinação deve ter conseguido identificar, e aplicar, a seu favor, as brechas e as fragilidades existentes no exercício do uso e da regulação desse dinâmico mundo financeiro. Daí, com todo esse know-how conquistado, ele deve ter criado algumas rotas de fuga jurídica que, estrategicamente, o mantém longe de ser alcançado pelas garras da lei. É claro que a lei e a justiça terminarão por derrotá-lo, porém, ainda assim, não há como não reconhecer e exaltar o seu oportuno, inteligente e sábio raciocínio, ainda que a favor do mal.

  5. O Banco Central demorou a intervir no Banco Santos
    Qualquer Zé Mané que trabalhasse no mercado financeiro, e que tivesse ao mínimo 2 neurônios funcionando, sabia das trampolinagens do Banco Santos. Era notório. Vc ia visitar uma usina de açúcar e álcool que moia 3,3 milhões de toneladas de cana de açúcar por safra e a conversa sempre terminava no Banco Santos. Era uma troca de figurinhas. Eles relatavam as operações esdrúxulas e pouco ortodoxas que os representantes do Banco Santos iam propor para as empresas. Quem era sério recusava. Os menos sérios – ou quebrados -, embarcavam.

    CAOA e Banco Santos, tudo a ver. Siameses.

  6. Este tem história para contar

       A história da entrada do Dr. CAOA no mercado automobilistico é conhecida, parece até um “causo” , mas é real, a da troca da concessão FORD em Campina Grande ( Vepel ), para as mãos dele, porque o anterior dono da concessão não tinha entregue um veiculo por ele encomendadado ( um Landau ), tinha gasto o dinheiro estava falido, devendo para clientes ( carros não entregues mas pagos ) e para a montadora, e Dr. Carlos lhe fez um favor, assumiu a concessão, e as dividas, não entendia nada de comércio de automoveis, mas tinha dinheiro, era rico, dono da melhor clinica particular de Campina Grande, e um cara muito inteligente. ( como uma vez ele disse para uma amiga em comum, médica paraibana colega de “turma” – Eu achava que era rico quando médico, dono de hospital, descobri que era pobre ).

        O “paraiba/baiano” e a ABRADIF/SP * : Nos ’80 ( 84 – 85 ), quem mandava na ABRADIF/SP , era uma curriola de “santos” conservadores, entronados há décadas, empresas familiares, como: Zarif, Souza Ramos, Sonnervig e Caltabiano, todos imigrantes, mas como bons “paulistanos”, extremamente preconceituosos em relação a nordestinos, aí em 1985, após adquirir a “falecida” Ibirapuera Veiculos e  a Borda do Campo, apareceu em São Paulo o DR. CAOA, com sua educação peculiar, um “jeitinho” sutil, falou : serei o maior concessionário Ford do Mundo, todos ficaram pasmos com a irreverencia do “paraiba” –  após poucos anos ele era ( a frase : “vcs. são uns merdas, nunca pressionam a montadora, só querem migalhas ” – é bem do estilo, nunca ninguem tinha falado tal coisa na ABRADIF ).

         Já quando foi liberado o mercado para os importados ( anos Collor ), no primeiro momento Dr. Carlos ficou frio, analisou corretamente, pois a maioria dos que se tornaram importadores não eram do ramo, e iriam quebrar, como os Reginos (BMW), Mesbla ( Mazda ), e o maior deles, o Grupo Garavelo, que pegou a Hyunday, investiu na “marca”, e pipocou levando todas as empresas do Grupo junto, e o Dr. Carlos adquiriu a concessão, tipo na “bacia das almas”.

          Trabalhar para ele, mesmo em consultoria ( 1988 com o Consórcio CAOA ), é ótimo,. desde que vc. cumpra o que foi acordado, sem enrolação, papo furado, vc. irá receber até alem do combinado, em dinheiro – sem cheque, depósito em conta, TEF….etc.

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